Como chegamos aqui? | com Boaventura de Sousa Santos
247 - Um dos mais respeitados e citados sociólogos do mundo, o português Boaventura de Sousa Santos entende que a nova geração de lideranças europeias chegou ao fundo do poço. Para ele, os mandatários do velho continente são limitados intelectualmente, inabilidosos na diplomacia, ingênuos na subserviência aos EUA e caminham para um desastre anunciado, ao endossarem políticas de estrangulamento econômico a uma potência nuclear.
Boaventura ainda destaca e lamenta a falta de visão histórica que deveria aproximar a Europa da Rússia e não o contrário. O sociólogo condena a invasão da Ucrânia, mas sublinha que não há mocinhos neste cenário - e que a falta de habilidade em contornar esse conflito trágico pode levar a Europa a uma situação perigosa de dependência aos EUA.
Segundo Boaventura,
José GoulãoJosé Goulão
POR JOSÉ GOULÃO
SÁBADO, 26 DE FEVEREIRO DE 2022
A partir de agora o mundo nunca mais voltará a ser o que foi desde o início da década de noventa do século passado, quando os Estados Unidos assumiram isoladamente o comando planetário.
Referências internacionais independentes para entender o conflito Rússia-Ucrânia e cobertura mundial
Marcus Atalla compartilhou uma lista de referências de veículos independentes internacionais para entender o conflito da Rússia e Ucrânia
Sem Rússia, sem pão!
Para quem está caindo na lábia do "vilão" e do "mocinho" na questão Rússia e Ucrânia, deixo apenas um exemplo do que vai acontecer ao Brasil caso a proposta do Reino Unido, que visa banir a Rússia do sistema global de pagamentos, seja aprovada:
O Brasil depende da Rússia para que o agronegócio possa produzir, e, consequentemente, possamos vender nossas commodities ao mercado internacional. Sem um sistema de pagamentos, ficamos sem fertilizantes, e sem fertilizantes, que já estão escassos no mercado, não há produção.
A Rússia é um dos maiores exportadores de trigo do mundo, se estiver fora do sistema global de pagamentos, deixará de vender o cereal, o que encareceria ainda mais o preço de seus derivados e faria subir a inflação dos alimentos no mundo todo. Lembrando que a produção de trigo cairia a nível mundial, pois faltaria fertilizante aos países produtores do grão.
A Rússia fornece mais de 40% do gás natural que a Europa consome. Os alemães literalmente morreriam de frio sem o gás russo. Não haveria tempo hábil para que outro país exportasse gás liquefeito de petróleo para suprir todo o consumo europeu, sem falar no alto custo do produto se comparado ao gás natural.
Nós não estamos falando da frágil Venezuela, cujos embargos assolam e matam o povo, e que faz pouca diferença no peso da balança econômica mundial. Tampouco da pequena Cuba, vítima dos desmandos ianques, que sobrevive de forma hercúlea às sanções do norte. Estamos falando da Rússia, uma potência global, expressiva não apenas na economia, mas na geopolítica mundial.
A quem interessa retirar a Rússia "malvada" do sistema global de pagamentos? Quais nações serão mais prejudicadas caso essa ideia infeliz prospere? Quem pagará mais caro pelo pão de cada dia? O brasileiro ou o britânico?
Não existe "mocinho" onde quem manda é o dinheiro!
Por Patrick Mateus
A cobertura aterrorizante do jornalismo brasileiro na guerra da Ucrânia, com José Arbex
Venezuela: EUA usam Colômbia e Otan para iniciar guerra semelhante à russo-ucraniana
Ação busca alimentar tensão no país pela importância geopolítica e estratégica devido acesso a reservas de petróleo, gás, água e minerais
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O papel da mídia na questão Rússia x Ucrânia (Estados Unidos, OTAN, União Europeia, ONU)
Cobertura europeia da compilação da guerra na Ucrânia por Alan MacLeod:
1. A BBC - "É muito emotivo para mim porque vejo pessoas europeias com olhos azuis e cabelo loiro sendo assassinado" - Procurador-chefe da Ucrânia, David Sakvarelidze
2. Noticias de CBS
"Isto não é o Iraque ou o Afeganistão... Esta é uma cidade relativamente civilizada, relativamente europeia" - CBS correspondente estrangeiro Charlie D'Agata
3. Al-Jazeera
"O que é convincente é olhar para eles, a forma como estão vestidos. Estas são pessoas prósperas da classe média. Obviamente, esses não são refugiados tentando se afastar do Médio Oriente... ou o norte de África. Parecem qualquer família europeia que você viveria ao lado. "
4. TV BFM (França)
"Estamos no século 21, estamos em uma cidade europeia e temos fogo de mísseis de cruzeiro como se estivéssemos no Iraque ou no Afeganistão, já imaginou!? ”
5. O Daily Telegraph
Dessa vez a guerra está errada porque as pessoas parecem a gente e tem contas do Instagram e Netflix. Já não está em um país pobre e remoto. - Daniel Hannan
6. ITV (Reino Unido)
"O impensável aconteceu... Esta não é uma nação do terceiro mundo em desenvolvimento; isto é a Europa! "
7. TV BFM (França) (de novo)
"É uma pergunta importante. Não estamos falando de sírios fugindo... Estamos falando de europeus. "
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