segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

O protagonismo militar no governo Bolsonaro e o descrédito das Forças Armadas. Florestan Fernandes Jr.


O detalhe é que essa fala de 2018, acima, foi  para dar sustentação a prisão injusta do Lula

 É hora de colocar os militares no espaço que a Constituição Federal lhes reservou e determina, para que nunca mais se arvorem de tutores da República

9 de fevereiro de 2024, 19:24 h

As investigações da PF sobre a fracassada tentativa de golpe de estado articulada por Bolsonaro revelam ao país o pântano em que oficiais de alta patente se meteram e o abismo em que quase nos lançaram. Não só eles. O fato é que, em maior ou menor grau, todos os militares, sejam eles generais, almirantes, tenente-brigadeiros, oficiais de baixa patente, que nos últimos anos se curvaram aos caprichos ditatoriais de um presidente tosco, violento, limitado intelectualmente e ligado às milícias cariocas, têm seu grau de participação nesse estado de coisas violento e golpista que vivenciamos nos últimos anos.

O vídeo da reunião ministerial de 5 de julho de 2022, mesmo já estando todos nós bem conscientes da verve golpista de Bolsonaro – vide a reunião anterior, do "passar a boiada" - é estarrecedor, mas também revelador. Escancara como crimes, coações, manipulação e ofensas se enraizaram no cotidiano de militares durante o governo Bolsonaro. Cito aqui a fala do General Augusto Heleno, que sem o menor constrangimento, afirmou que iria infiltrar agentes da ABIN nas campanhas eleitorais dos opositores, ao que foi repreendido por Bolsonaro – não pela gravidade e ilegalidade da pretensão, mas por receio de que a fala “vazasse”.

Não muito diferente foi a conduta do General Braga Netto, que perseguiu, coagiu e ofendeu o então Comandante do Exército, General Freire Gomes, chamado de “cagão”, por não ter aderido ao projeto golpista. As ações ilícitas dos fardados instalados no (des)governo foram muitas: o ajudante de ordens da presidência, tenente-coronel Mauro Cid e seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, que se envolveram na venda ilegal, a pedido de Bolsonaro, de joias presenteadas ao estado brasileiro pela Arábia Saudita. Isso sem falar em Pazuello, Bento Albuquerque e tantos outros.

Durante o governo anterior, milhares de fardados ocuparam cargos em órgãos da administração pública e estatais, superando até mesmo o período da ditadura militar. Nessa militarização do serviço público civil, só quem se beneficiou foram os próprios militares, que acumularam ganhos e vantagens. Obviamente, sonhando em preservar suas “boquinhas” e privilégios, foram presas fáceis do projeto golpista dos Bolsonaro. Como Mauro Cid, que até falsificou carteira de vacinação da COVID para o chefe e sua família.

Entrar no pântano foi fácil, difícil será sair dele, enlameado e longe de uma possível condenação. A expectativa de um perdão da Nação pela participação, ativa ou não, em um projeto de derrubada do Estado Democrático de Direito, espero, se frustrará. Não nos esqueçamos de que toda essa trama golpista contou com a participação de oficiais das forças armadas. Prova disto foi a operação Tempus Veritatis, que domina os noticiários desde quinta-feira. Houve efetivo envolvimento dos militares: o fato de terem ouvido a trama golpista e não terem prendido quem propôs, é crime e é grave; o fato de terem silenciado quando sabiam do propósito, é crime também, e é grave.

A frase da vez é a mesma: “sem anistia!”. Não devemos nada aos militares. Estejamos certos de que Bolsonaro não é causa, é consequência da ação dos fardados e da falta de um acerto de contas histórico com as forças armadas. Eles nos devem. Nos devem vidas perdidas no passado remoto e no passado recente, nos devem explicações. Mesmo após a ditadura, nos acossaram, nos ameaçaram – quem se esqueceu do tweet do ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, intimidando o STF na véspera do julgamento do habeas corpus impetrado pelo então ex-presidente Lula?

Ou seja, militares formados e remunerados à custa do meu, do seu, do nosso dinheiro, preparados em estratégias especiais de guerra para a defesa do país contra possíveis inimigos externos, se lançam contra o próprio Estado, tentando reiteradamente solapar a democracia. 

Desta vez, o golpe falhou, e falhou feio. É hora de um acerto de contas histórico, não falo de perseguição e revanchismo, mas de reestruturação, de finalmente se colocar e manter os militares no espaço que a Constituição Federal lhes reservou e determina, para que nunca mais se arvorem de tutores da República.

Quem são os "crianças pretas"

https://www.youtube.com/watch?v=VmQb21-PVig

 Institucionalmente, a situação é grave. As recentes ações da polícia federal (2024) e o registro desse grupo especial do exército chamados de "Kids pretos" chega a ser assustador e ao mesmo tempo comprova que dentro das forças armadas, a ditadura pós-64 nunca saiu. Nos 60 anos do golpe de 1964, precisaríamos de mais ação da sociedade civil, movimentos sociais, universidades, centrais sindicais e todo um movimento de opinião pública para criar um clima no tecido social brasileiro para a gravidade do momento. Só o governo Lula, não conseguirá. Atentemos!!! Recomendo esse vídeo da revista Piauí. Um documento!!!

Romero Venâncio (UFS)


Crônicas de um historiador 2. está se sentindo encantado.
Lute como uma garota.
Essa é a diferença entre uma guerrilheira feminista de esquerda e um militar fascista e covarde, Dilma sofreu as piores torturas nas mão dos militares covardes que governaram o Brasil por 21 anos. O fascista do Tenente-Coronel Guilherme Marques que participou da articulação de um golpe de Estado com Jair Bolsonaro para implantar um nova Ditadura Militar no Brasil desmaiou diante da polícia Federal.

João Cezar de Castro Rocha: 'Brasil precisa estar em alerta diante das ameaças dos militares'


País não aceita nostálgicos de 64, do AI-5, da tortura e do terror de Estado

Vídeo sobre a conspiração bolsonarista contra eleições de 2023 é prova clara de crime contra a democracia

AQUI


Articulista de diversos sites da mídia independente, Jeferson Miola, pesquisa desde 2018 sobre o papel dos militares brasileiros na política do país. Suas iniciativas, seus recursos, seu modo de atuar, seu comportamento no golpe de 2016 e no governo de Jair Bolsonaro são temas das pesquisas de Miola.

Através do Portal da Transparência, ele descobriu que o maior cliente da empresa israelense Cognyte no Brasil, não é a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como se pensava, mas as Forças Armadas. Ainda não se sabe qual a finalidade dos serviços contratados.

A Cognyte ficou conhecida por produzir o software espião FirstMile que monitorou irregularmente celulares de políticos, policiais, jornalistas e até juízes, segundo a investigação da PF. Mas Abin sequer ocupa o 2º lugar na lista de compradores da companhia, este lugar foi preenchido pela Polícia Rodoviária Federal, dirigida pelo hoje preso Silvinei Vasques.

Jeferson Miola foi o entrevistado desta semana no podcast De Fato, produzido pelo @brasildefato.

domingo, 15 de janeiro de 2023

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