blog da Cultura
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terça-feira, 17 de junho de 2025
Forró Romântico das antigas - Playlist
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Cineclube Realidade encerra as sessões propostas para a 14ª mostra difusão cinema e direitos humanos com alunos da Escola Neyde Mesquita em São Cristóvão (SE)
Foi boa, a quarta e última sessão do Cineclube Realidade proposta para a 14ª Mostra Difusão Cinema e Direitos Humanos que aconteceu nesse dezesseis de maio chuvoso e um pouco frio para padrões nordestinos, a exceção de umas poucas cidades no interior de clima frio mais constante.
Os filmes escolhidos retratam duas realidades de violência capacitista (1) e de racismo, o que infelizmente está bastante presente no cotidiano de nossos adolescentes, tanto na escola, como fora dela.
Os filmes exibidos, “Sobre amizade e bicicletas” e “Sem Asas”, passaram por uma análise prévia de sinopse e do trailer , junto com os outros dez filmes selecionados pela curadoria nacional da 14ª mostra difusão cinema e direitos humanos, e os dois citados, escolhidos no âmbito da escola pela coordenadora pedagógica no turno da manhã, Marta Goes, em comum acordo com o professor Zezito de Oliveira, também professor na escola, além de curador (2) e produtor do Cine Realidade, uma iniciativa independente do coletivo Ação Cultural.
O que salta aos olhos, os dois filmes conseguem abordar temáticas fortes de violência com uma linguagem sensível que deixa a quem assiste, duplamente impactado pelo tema em si e pela maneira imaginativa e poética como as questões são apresentadas.
Decerto , não traria o mesmo impacto de surpresa e de satisfação, se o filme “Sem Asas”, por exemplo, com sua abordagem diferenciada do racismo e da violência policial, fizesse da maneira como os programas de televisão, em especial os sensacionalistas, e mesmo muitos documentários “mais do mesmo” com estética de programa de reportagem.
Por exemplo: No filme “Sem Asas” o policial que faz a abordagem do menino negro por meio de uma arma apontada e de perguntas provocativas, não aparece na tela, e depois que atira, o elemento surpresa, com o impacto do som alto e estouro da bolsa contendo a farinha de trigo que escorre pelo corpo do menino Zu, a mesma comprada por ele no mercadinho do bairro a pedido da mãe, o que levou a reação de um dos alunos que assistia, por sinal da mesma idade e cor do personagem.
-Pôxa! O que foi isso, eles atiraram no moleque?
Outra solução interessante foram as asas que aparecem visualmente como extensão dos braços do menino Zu, nos dois dois momentos em que ele mostra que entendeu as palavras do pai e da mãe sobre o poder do estudo e da auto aceitação para quem é negro e periférico.
E o pai de Zu? Quando sai de casa abordado por policiais depois do retorno do menino para casa, quando recebe os primeiros cuidados da mãe. O filme termina, mas a pergunta fica no ar, porque só aparece esta cena sem continuidade. Uns dois alunos no corredor da escola me perguntaram. E aí, será que ele foi preso? Houve até o que me perguntou, será que o pai de Zu foi morto pela policia? Dei uma resposta rápida em função do tempo, mas vou retomar a conversa com os dois alunos sobre a cena e o que ele quer nos comunicar, isso no retorno das aulas, pós recesso de meio de ano.
Já o filme “Sobre Amizades e Bicicletas”, tem uma abordagem também com surpresas interessantes, a primeira pela aproximação de duas crianças com problemas de deficiência física, o menino com os pés um pouco retorcidos para dentro e a menina com baixa visão. A coragem dela com a vontade de aprender bicicleta com ele na garupa, e com o uso de tornozeleiras e cotoveleiras bem acolchoadas para se proteger após a primeira queda, enquanto aprende.
Outra surpresa da menina Cecilia é a participação em uma corrida de bicicletas, o que finaliza o filme, sem uma conclusão final, mas com a promessa que ele fez ao coleguinha que poderia vencer porque conhece um atalho, a corrida é livre não determina um caminho único, apenas ponto de partida e de chegada.. Precisa dizer com quem fica a preferência do público? Ainda mais porque a menina intrépida não deixa de levar seu coleguinha na garupa, o qual gostaria de poder andar de bicicleta sozinho, mas já que não pode e encontrou Cecilia... Aqui também um menino e uma menino que juntos, ganharam asas....
(1) Você já ouviu falar sobre o termo “capacitismo”? Ele não é muito conhecido, mas possui uma grande importância. Para entendê-lo, é simples, vamos fazer uma analogia com outros tipos de preconceitos: assim como o machismo se refere ao preconceito contra a mulher, e o racismo àquele que envolve a raça, o capacitismo significa a discriminação de pessoas com deficiência.
“Essa palavra vem da ideia de enxergar o outro como incapaz, a partir de uma dedução de quais são as capacidades de uma pessoa que tem deficiência” – explica Giovana Santos, Analista de Geração de Renda do PAF – Plano De Ação Familiar.
Mais informações AQUI
Zezito de Oliveira
Textos selecionados de alunos que participaram da sessão. Seleção realizada pela agente jovem cultura viva, Iasmin Santos Feitosa, sob a supervisão de Zezito de Oliveira.
• Isis Gabrielly [8° A, 13 anos]
“Em um lugar onde não há atividades culturais, a violência vai reinar”. Achei a frase bastante interessante, por isso quis destacar.
Clip Cineclube Realidade
Crianças, adolescentes e telas – programa criado para falar e tirar dúvidas sobre a relação entre as telas, os adolescentes e crianças.
Crianças, Adolescentes e Telas – Guia sobre usos de dispositivos digitais
Filme Amizade e Bicicletas – O filme fala sobre uma amizade de uma garota e um garoto, ambos deficientes, que juntos, conseguiram participar do campeonato de bicicletas que era um sonho de ambos.
Na minha opinião, o filme se resume na seguinte frase: “A amizade faz a força”.
• Kethyllin [8° A]
“2° filme – Sem Asas / Tema: Racismo”
O filme fala sobre um menino negro que foi comprar farinha pra mãe, e no caminho ele entra na casa de uma mulher pra pegar uma pipa, mas os policiais abordam o menino e acham que a farinha era droga. Então, o policial atira no menino, mas por sorte pega de raspão. Enquanto a mãe está limpando o menino, os policiais também abordam o pai do menino.
Quando o menino está no quarto pensando no que aconteceu, ele ganha asas. Esse filme mostra realidades que acontecem toda hora, em qualquer lugar, e essa realidade é bem pior do que a que mostra no filme. Isso é racismo, e racismo é crime.
• Maria Aliny [8° A, 12 anos]
“Em um lugar onde não há atividade, a violência vai reinar”.
O filme fala sobre o bullying, é sobre uma amizade entre um garoto e uma garota que tem deficiência, e podem provar que mesmo com sua deficiência, eles conseguem ser como as outras pessoas e serem felizes.
Isso prova que nem sempre a gente deve ligar para os comentários dos outros, e sim para a nossa própria opinião.
• Nicole [8° B, 14 anos]
“Tema: Direitos Humanos”
Guia que ajuda crianças e adolescentes, garantindo segurança das crianças e adolescentes das telas de aparelho, sempre sendo atualizado para as pessoas, ensinando como combater o bullying.
Sobre Amizades e Bicicletas – O filme retrata a história de um garoto com deficiência, tendo um grande sonho de poder participar de uma corrida de bicicleta. Thiago no jardim triste pelas vozes dos amigos o maltratando de forma verbal, mas ele conhece uma garota chamada Cecília, que o mostrou que nada é impossível, que iria ajuda-lo contra o bullying. Ambos viram bons amigos, mas em um determinado momento se separaram por conta das zoações e zombaria das demais crianças. Ambos têm uma briga, mas voltam a ser amigos. Decididos a participarem da corrida, juntos contra muitas pessoas, mesmo que não ganhassem, mas estariam felizes juntos.
• Daniel Yan [8° C, 13 anos]
“Filme: Sobre Amizade e Bicicleta”
É um mini filme sobre dois personagens, Thiago e Cecília, eles têm deficiência, mas mesmo com esse problema eles conseguem superar, e participam de uma corrida de bicicleta. Eles sofreram bullying, mas seguiram em frente.
• Nayr Victoria
“Esse filme conta a história de duas crianças que sofrem por suas condições físicas, e que sofrem também com diversos julgamentos que as crianças de sua rua fazem. Mas quando se juntam, fazem aquilo que não era possível por conta de suas condições.
As fotos e o suporte técnico da exibição foi realizado pelo agente jovem cultura viva Raoni Smith.
Nossos agradecimentos a equipe diretiva da Escola Estadual Neyde Mesquita e aos alunos monitores da mesma que deram total apoio ao evento, assim como os demais que atenderam ao convite para participar da sessão.
Também nossos agradecimentos ao Ministério da Cultura, ao Ministério da Cidadania e dos Direitos Humanos e a Universidade Federal Fluminense pela iniciativa e qualidade da seleção dos filmes e pela metodologia da 14ª Mostra Difusão, assim como pela atenção e disponibilidade como foram tratados os responsáveis pela exibição nas escolas e comunidades , em outros lugares a mostra segue até 22 de junho. A destacar a disponibilidade para ouvir e acatar sugestões que melhoraram sobremaneira o acesso aos filmes para um maior número de pessoas.
Sobre o acesso a mais pessoas aos filmes selecionados e mesmo para quem asssistiu, aguardamos com grande expectativa a inauguração do serviço de disponibilização de filmes brasileiros de forma gratuita ao público por meio do streaming do ministério da cultura, conforme matéria veiculada no inicio deste ano através de diversos meios de informação.
"O Ministério da Cultura (MinC) lançará uma plataforma de streaming pública e gratuita chamada Tela Brasil, com o objetivo de ampliar o acesso à produção audiovisual nacional. A plataforma, desenvolvida pela Secretaria do Audiovisual, terá um catálogo exclusivo de produções brasileiras, incluindo curtas, médias e longas-metragens. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2025.
A plataforma também visa atender a Lei Federal 13.006/2024, que prevê a exibição de filmes nacionais como componente curricular complementar nas escolas. Além disso, a Tela Brasil buscará disponibilizar conteúdo para espaços de difusão não comerciais, como cineclubes, pontos de leitura e bibliotecas públicas. "
STREAMING
Ministério da Cultura investe R$ 3,8 milhões em licenciamento de obras audiovisuais para plataforma pública de streaming
sexta-feira, 13 de junho de 2025
Cine Realidade apresenta filmes "Sobre Amizades e Bicicletas" & "Sem Asas" a alunos do ensino fundamental em São Cristóvão (SE).
sábado, 14 de junho de 2025
quinta-feira, 5 de junho de 2025
domingo, 15 de junho de 2025
Morre Maria Angelina de Oliveira, liderança histórica da JOC
Faleceu Maria Angelina de Oliveira, uma das mais importantes lideranças da Juventude Operária Católica (JOC) no Brasil e no mundo, cuja trajetória foi marcada por uma vida inteira dedicada à luta da classe trabalhadora, dos movimentos populares e da economia solidária. Sua partida enche de pesar familiares, amigos, militantes e organizações sociais que conviveram e aprenderam com seu exemplo.
Com um olhar sempre voltado para a formação e a organização da juventude operária, Angelina expandiu sua militância além das fronteiras nacionais. Em 1964, assumiu o trabalho de extensão da JOC na Colômbia e, em 1966, foi responsável pelo Serviço de Formação e Extensão do movimento, atuando na Ásia, África e América Latina. No Conselho Mundial da JOC, realizado no Líbano em 1969, foi eleita vice-presidente da JOC Internacional, função que consolidou sua relevância no movimento operário mundial.
De volta ao Brasil em 1971, Angelina se estabeleceu em Recife (PE), onde trabalhou na fábrica de tecidos Tacaruna. Foi presa pela Ditadura Civil-Militar, e após sua libertação, passou sete meses em Crateús (CE), até retornar à sua terra natal, João Pessoa.
Sua trajetória seguiu marcada pelo engajamento social. Em 1976, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, acolhida por Sila e pelo padre Agostinho, integrou-se à Pastoral Operária, à Central de Favelas e a Associações de Moradores. Três anos depois, em 1979, ajudou a fundar o Centro de Ação Comunitária (CEDAC), voltado para a formação de jovens, apoio a organizações populares, movimentos sociais, povos indígenas e comunidades marginalizadas.
Angelina também foi uma das articuladoras da construção da economia solidária no Brasil. Participou, em 2000, dos debates que resultaram na criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) e do 1º Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES).
Em 2011, retornou a João Pessoa e, pouco depois do falecimento de sua mãe, se estabeleceu em Recife, onde seguiu ativa na militância. Mesmo com idade avançada, seguiu participando de eventos nacionais e internacionais. Esteve no II Colóquio Internacional da JOC, em 2016, na Alemanha, e, em 2018, ajudou na organização do Encontro Nacional de Militantes e Antigos Militantes da JOC-B (ENAJOCISTA), realizado em Nova Lima (MG).
Até seus últimos dias, vivendo em Camaragibe (PE) com as irmãs Nena e Gorette, Angelina manteve seu apoio político e financeiro à JOC em nível local, regional e nacional, com especial atenção aos adultos extensionistas no Nordeste.
Sua trajetória permanece como exemplo de coragem, dedicação e compromisso com a classe trabalhadora e os movimentos populares. Sua Páscoa, como dizem seus companheiros e companheiras de caminhada, não representa um fim, mas a continuidade de sua inspiração viva nas lutas presentes e futuras.
A Coordenação Nacional da JOC Brasileira manifestou, em nota, solidariedade à família, destacando: “Nosso coração e nossa memória guardam lembranças das suas palavras, do seu testemunho de vida e militância na JOC. Seguirá presente, inspirando nossa caminhada militante e o trabalho contínuo da JOC.”
JOC significa "Juventude Operária Católica". É um movimento internacional de jovens trabalhadores, inspirado nos princípios da Igreja Católica, que busca promover a justiça social e a dignidade humana no ambiente de trabalho e na sociedade em geral.
A JOC surgiu na Bélgica, fundada pelo padre Joseph Cardijn, e se espalhou por diversos países, incluindo Portugal, onde chegou em 1935. No Brasil, a JOC também teve um papel importante, especialmente durante a ditadura militar, quando seus membros enfrentaram perseguições e prisões.
O movimento da JOC se baseia no método "Ver, Julgar, Agir", que incentiva os jovens a observar a realidade em que vivem (Ver), analisar os problemas à luz da fé (Julgar) e agir para transformá-la (Agir). A JOC busca construir uma sociedade mais justa e fraterna, onde a dignidade de cada pessoa seja respeitada e valorizada, especialmente a dos jovens trabalhadores.
Em resumo, a JOC é um movimento de jovens católicos que se dedicam à ação social e à transformação da realidade, buscando a justiça e a dignidade humana no mundo do trabalho e além.
07. Gustavo Bezerra- Juventude Operária Católica
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sábado, 14 de junho de 2025
Cineclube Realidade exibe os filmes Sem Asas e Marés da Noite no Centro Integrativo Social Carajás no municipio de Socorro (SE).
No dia 11 de junho, o Cineclube Realidade ocupou o Centro Integrativo Social Carajás, no Marcos Freire II (Socorro), com a exibição de dois filmes que não deixam margem para neutralidade: Sem Asas e Marés da Noite (Tragédia de São Sebastião). Duas produções que provocam, comovem e nos forçam a olhar para as dores de um país que ainda insiste em silenciar as vozes negras e periféricas.
O Centro integrativo social carajás , atua no município de Nossa Senhora do Socorro desde 2013 iniciando suas atividades como associação de Moradores, em 2019 passa ser uma instituição de abrangência em todas áreas da cidade, trabalhando em rede com instituições locais e de outros territórios.
Hoje conta com público de 200 pessoas assistidas, ofertando acolhimento, orientação e cuidados em saúde.
Fomenta o empreendedorismo institucional com artesanato e economia solidária.
Promove ações relacionadas ao fomento da cultura.
A exibição de Sem Asas (1) acendeu o debate sobre o racismo estrutural e a desumanização diária enfrentada por famílias negras no Brasil. A pergunta lançada ao público — “Como vocês captaram o que foi passado no filme?” — abriu espaço para reflexões potentes:
— “É uma realidade muito presente. A cor negra é muito discriminada, é algo que ainda se passa de geração a geração, infelizmente.” — Osmar.
— “Trouxe uma questão intrigante: será que a discriminação social vem antes do racismo? Pessoas negras bem vestidas são, às vezes, tratadas com mais respeito do que aquelas em situação precária. Isso diz muito sobre a nossa sociedade e como as autoridades ainda agem seletivamente.” — Audisséia.
Já Marés da Noite, que trata da tragédia em São Sebastião (2), tocou fundo em cada pessoa presente. Já a segunda pergunta da noite foi direta: “O que lhes foi transmitido através desse filme?”. As respostas, carregadas de emoção, mostraram a força do cinema como denúncia e memória:
— “Transmitiu muitos sentimentos intensos, tristes, mas também esperança. A narradora acreditava que a cidade voltaria ao normal.” — Cremildes.
— “Não precisou mostrar cenas de impacto. As falas por si só já mostraram a realidade. O começo depois do meio... é o recomeço.” — Osmar.
— “Foi uma mensagem explícita que transmitiu luto, denúncia, escancarou o abandono, a desigualdade e o descaso com as pessoas, as vítimas daquela região.” — Iasmin.
Foram momentos de silêncio respeitoso, seguidos de falas fortes, que reafirmaram o compromisso do Cineclube com a memória, a justiça e a escuta sensível. Porque resistir também é isso: reunir, assistir, refletir — e não deixar que a dor alheia seja esquecida.
A exibição faz parte da 14º Mostra Difusão Cinema e Direitos Humanos é realizada pelos Ministérios da Cultura (MinC) e dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). No Estado de Sergipe, conta com 11 pontos de exibição credenciados, incluindo o Cineclube Realidade, como parte dos 320 credenciados em todo o Brasil. A iniciativa teve inicio em 15 de maio e se encerra em 22 de junho.
Com a temática “Viver com dignidade é direito humano”, a Mostra reforça a importância deste evento como um espaço de diálogo e reflexão sobre questões fundamentais que afetam nossa sociedade. Viver com dignidade pressupõe um conjunto de fatores que passam pelo direito à moradia, educação, saúde, cultura e lazer.
Iasmin Santos Feitosa - Agente Cultura Viva.
P.S.: Por Zezito de Oliveira
(1) A sessão realizada com um grupo pequeno de pessoas, cinco no total, garantiu um espaço maior de liberdade para no debate pós exibição do filme "Sem Asas", surgir uma voz representativa de um grande contingente de brasileiros influenciadas por um pensamento conservador do status quo de injustiças e desigualdade a que somos submetidos desde a época da colonização, trata-se de um pensamento que não reconhece a existência de racismo no Brasil e a não necessidade de cotas raciais para reparar a injustiça de uma abolição incompleta e inconclusa.
No debate foram trazidos alguns exemplos que confirma a existência do racismo com base na REALIDADE, como a violência da discriminação sofrida por negros quando vão fazer compras em supermercados, quando são observados com maior ênfase e seguidos por vigilantes, muitas vezes também negros.
Foi citado em defesa das cotas raciais, por ser uma forma de reparação pela abolição da escravidão ter sido realizada sem indenização aos escravos libertos, o que poderia ser feito pelo menos por meio da cessão de terras públicas, em razão da grande extensão territorial do Brasil, o contrário do que aconteceu com um grande contingente de imigrantes europeus que chegaram ao país nos anos finais do séc. XIX e inicio do século XX recebendo doação de terras, garantia de pagamento de passagens, acomodação e ferramentas de trabalho, para trabalhar e "embraquecer" a terra brasilis...
Assista AQUI a uma palestra do historiador Luiz Antonio Simas, partindo da ideia da história a contrapelo, questionou o ensino conformista da história, eurocentrado até quando fala de africanos e índios, e discutiu o racismo epistemológico que fundamenta a intolerância religiosa, inclusive nas escolas, apresentando alternativas para combatê-lo.
(2) Antes da apresentação do filme Marés da Noite, fizemos uma rápida contextualização da questão de fundo que o filme traria por meio de animação e um belo texto narrado e escrito como um quase poema.