Fonte: Folha de São Paulo
DA EFE, EM NOVA YORK
O brasileiro "Febre do Rato", de Cláudio Assis, ganhou o prêmio Havana
Star de melhor filme do Festival de Cinema de Havana de Nova York, que
foi encerrado na última sexta-feira (19) com a projeção do premiado
longa uruguaio "7 Cajas".
No total, o festival reuniu desde 12 de abril 45 filmes da Argentina,
Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, México, Estados Unidos,
Espanha e Venezuela.
Daniela Nader/Divulgação | ||
Irandhir Santos faz um poeta que tenta conquistar a jovem estudante vivida pela atriz Nanda Costa em "Febre do Rato" |
O prêmio de melhor diretor foi para o chileno Fernando Lavadeiros, por
"Las Cosas Son Como Son", e o de melhor roteiro homenageou o argentino
"Paisajes Devorados", de Eliseo Subiela.
No encerramento da edição deste ano, o público prestou homenagem a
Alfredo Guevara, fundador do Instituto de Cinema de Cuba e presidente do
Festival Internacional de Novo Cinema Latino-Americano, que morreu na
sexta-feira aos 87 anos de idade.
A imersão por este mundo livre, leve e solto ao qual Zizo pertence é a grande proposta apresentada pelo diretor Cláudio Assis em seu novo filme. Uma viagem feita não apenas de palavras, explorando os versos e brados proferidos pelo protagonista, mas especialmente através de costumes e imagens. Fiel à máxima de que o ser humano é sexo, já explorada tanto em Amarelo Manga quanto em Baixio das Bestas, Assis não poupa o espectador de cenas do tipo. Praticamente todos os atores têm cenas de nudez, várias delas frontais e algumas que chegam a incomodar. É este o grande objetivo do diretor: retirar do sexo qualquer tipo de nobreza, tornando-o mero instinto a ser saciado. Assim vive Zizo e boa parte dos seus amigos, com uma liberdade que vai do próprio corpo aos relacionamentos que mantém. Para os demais, anárquico. Para ele, absolutamente normal.
O mundo de Zizo começa a ruir quando conhece Eneida. Não por ser amor à primeira vista, termo romântico demais para o universo de Cláudio Assis, mas por ter um tesão imediato assim que a vê. Eneida, entretanto, o provoca. Apesar de interessada no poeta, o recusa. Cria um jogo onde vê-lo castrado é o que mais lhe excita. Ele, por sua vez, fica cada vez mais vidrado pelo desprezo afetivo dela. É neste ponto que Febre do Rato se diferencia dos demais filmes do diretor, por abordar a questão do gozo impedido e suas consequências, tanto pelo lado do instinto quanto de impacto sobre a mente.
Além do ambiente de certa forma hipnótico – para quem aceita a liberalidade do corpo, é importante frisar -, Febre do Rato tem como grande trunfo a belíssima fotografia em preto e branco de Walter Carvalho. Seja através de panorâmicas da cidade de Recife ou nas imagens aéreas, mostrando os movimentos dos personagens sob um ângulo pouco usual, ela tem um importante papel nesta história que conta com personagens que vivem fora da sociedade convencional. Destaque também para a enorme atuação de Irandhir Santos, mergulhado na pele de Zizo, e o corajoso trabalho de Nanda Costa, intérprete de Eneida, pela exposição provocada pela personagem.
Febre do Rato é um bom filme que traz em seu DNA a linguagem cinematográfica, no sentido da construção de um universo particular. Peca pela gratuidade de certas cenas, na intenção de chocar o espectador, sem ter uma função na trama além de compor a ambientação entre os personagens. Entretanto, quem conhece o cinema de Cláudio Assis não irá se surpreender. Goste-se ou não dele e de suas teorias, é inegável que de cinema ele conhece bem.
Anarquia e sexo
De Francisco Russo
Febre do rato é uma expressão típica do Nordeste, que significa
estar fora de controle. Metáfora apenas aparente para Zizo, personagem
principal de Febre do Rato,
o filme. Poeta por vocação, ele dedica a vida à publicação de seu
jornaleco, cujo nome é o mesmo do título. O objetivo é expor suas
ideias, repletas de propostas anárquicas que valorizam o livre arbítrio
das pessoas, sem se prender às amarras morais impostas pela vida
civilizada. Quem não conhece o mundo de Zizo pode imaginar que ele
esteja com a febre do rato, ou seja, fora de controle. Só que a verdade é
justamente o oposto.De Francisco Russo
A imersão por este mundo livre, leve e solto ao qual Zizo pertence é a grande proposta apresentada pelo diretor Cláudio Assis em seu novo filme. Uma viagem feita não apenas de palavras, explorando os versos e brados proferidos pelo protagonista, mas especialmente através de costumes e imagens. Fiel à máxima de que o ser humano é sexo, já explorada tanto em Amarelo Manga quanto em Baixio das Bestas, Assis não poupa o espectador de cenas do tipo. Praticamente todos os atores têm cenas de nudez, várias delas frontais e algumas que chegam a incomodar. É este o grande objetivo do diretor: retirar do sexo qualquer tipo de nobreza, tornando-o mero instinto a ser saciado. Assim vive Zizo e boa parte dos seus amigos, com uma liberdade que vai do próprio corpo aos relacionamentos que mantém. Para os demais, anárquico. Para ele, absolutamente normal.
O mundo de Zizo começa a ruir quando conhece Eneida. Não por ser amor à primeira vista, termo romântico demais para o universo de Cláudio Assis, mas por ter um tesão imediato assim que a vê. Eneida, entretanto, o provoca. Apesar de interessada no poeta, o recusa. Cria um jogo onde vê-lo castrado é o que mais lhe excita. Ele, por sua vez, fica cada vez mais vidrado pelo desprezo afetivo dela. É neste ponto que Febre do Rato se diferencia dos demais filmes do diretor, por abordar a questão do gozo impedido e suas consequências, tanto pelo lado do instinto quanto de impacto sobre a mente.
Além do ambiente de certa forma hipnótico – para quem aceita a liberalidade do corpo, é importante frisar -, Febre do Rato tem como grande trunfo a belíssima fotografia em preto e branco de Walter Carvalho. Seja através de panorâmicas da cidade de Recife ou nas imagens aéreas, mostrando os movimentos dos personagens sob um ângulo pouco usual, ela tem um importante papel nesta história que conta com personagens que vivem fora da sociedade convencional. Destaque também para a enorme atuação de Irandhir Santos, mergulhado na pele de Zizo, e o corajoso trabalho de Nanda Costa, intérprete de Eneida, pela exposição provocada pela personagem.
Febre do Rato é um bom filme que traz em seu DNA a linguagem cinematográfica, no sentido da construção de um universo particular. Peca pela gratuidade de certas cenas, na intenção de chocar o espectador, sem ter uma função na trama além de compor a ambientação entre os personagens. Entretanto, quem conhece o cinema de Cláudio Assis não irá se surpreender. Goste-se ou não dele e de suas teorias, é inegável que de cinema ele conhece bem.
Assista o trailler AQUI
Assista: AQUI "O surf rock brega iê-iê- iê "Passione" tema composto por Junio Barreto com Jorge Du Peixe, sobre a base levada pelo Mombojó (destaque para o teclado de Chiquinho e a guitarra de Felipe S), para a trilha sonora do filme "Febre do Rato" de Claudio Assis."
PASSIONE (letra e música - Jorge du Peixe e Junio Barreto)
PERFUME DO MEU PARAÍSO
BONITA ESTRAGO DO MEU CÉU
QUE ATÉ ME CUSTE, VALHA A VIDA
VOU TE AMAR, VOU TE AMAR
PASSIONE, TENHO POR TU
TANTO GUARDADINHO AMOR
AGRESSIVE NÃO
SAFADA, ÉS MEU VÍCIO
MORRO EM VOCÊ
PRA VIVER EM MIM
Um comentário:
Na semana passada participei de um festival de cinema organizado por Eukanuba. Eram filmes independentes e documentários sobre animais. Percebi que há muitos jovens que estudam cinema e há grandes cineastas independentes. Eu não sei se existe um mercado para eles.
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