Charge acima, capa da cartilha: Violência contra a Escola. De quem é a culpa?    AQUI

Fonte do texto: Site do Psol-Aracaju.
*por Alexis Pedrão
Nas últimas semanas temos acompanhado um crescimento das denúncias de violência das escolas. A ausência de uma política eficiente de segurança pública é um problema generalizado e a escola não escapa a essa situação. Foram mais evidenciados os casos da escola Augusto Ferraz, no Bairro Industrial, Francisco Rosa, no Bugio e Dom Luciano, no centro da cidade. A questão da violência no âmbito da escola não é uma novidade, mas chama atenção a quantidade de casos que têm sido denunciados recentemente. Precisamos dar um basta nessa insegurança discutindo melhor essa questão, a partir da ótica da política do governo para a educação e a luta dos funcionários de escola.
Em primeiro lugar, a maioria das escolas, senão todas estão com o quadro incompleto de funcionários vigilantes. E isto vem acontecendo por conta, principalmente da redução da carga horária dos vigilantes, que de forma vitoriosa conquistaram o direito de trabalhar igual a todos os demais funcionários da educação, apenas 30h semanais. Os vigilantes trabalhavam mais do que 30h, mas ganhavam o mesmo que um funcionário de 30h. Muitos, inclusive entraram com ação contra o estado para cobrar as horas extras trabalhadas e não remuneradas. Com isso as lacunas que já existiam, por conta da necessidade de mais funcionários no quadro efetivo, ficaram ainda maiores. Na escola Alceu Amoroso, por exemplo, estamos sem vigilante nos turnos da manhã e da tarde, para priorizar que os poucos que tem trabalhem nas noites e nos finais de semana.
Em segundo lugar, precisamos entender que a política de segurança pública é pensada somente a partir da ótica da repressão. Dessa forma ganham força discursos conservadores que querem guardas municipais e policiais dentro das escolas. Sabemos já desde muito tempo que a política de prevenção ao crime deve ser a prioridade se comparada com a repressão, pois além de ser mais barato é mais eficiente. O correto seria termos investimentos públicos maciços em educação, saúde, transporte e moradia, para começar. A falta de políticas públicas que garantam um mínimo de garantia dos direitos sociais para a população é sem dúvidas uma das raízes da própria violência que se volta contra a comunidade escolar. O PROINVEST é um bom exemplo dessa inversão de prioridades. Enquanto para o pagamento de juros e amortizações da dívida estão previstos R$145 Mi, para a educação o montante é de R$44,1 Mi e para a segurança R$27,6 Mi.
Dessa forma os sucessivos governos que passaram pelo comando do Estado de Sergipe deixaram de investir na educação pública e hoje chegamos a níveis alarmantes de descaso e falta de compromisso com o futuro do nosso povo. Não foi feito o pagamento do piso dos professores, falta merenda em muitas escolas, há um déficit de vigilantes, merendeiras, oficiais administrativos e auxiliares de serviço geral e uma grande desvalorização salarial e de condições de trabalho, pois os funcionários recebem menos de um salário mínimo por mês, não tem plano de carreira, periculosidade ou insalubridade. Infelizmente o governo segue de olhos fechados para os trabalhadores caminhando sempre no sentido contrário. A maior prova disso, além do descaso permanente com os servidores e professores, é a insistência em querer terceirizar as funções de apoio, privatizando de vez a escola pública.
Assim, ao invés de defender prioritariamente o componente repressivo da política de segurança pública, devemos defender mais investimentos públicos em educação, realização de concurso público para preencher o quadro efetivo, pagamento de periculosidade aos vigilantes, que já é lei para os vigilantes do setor privado, e plano de carreira para todos os funcionários de escola. A luta contra a violência na escola é uma luta de toda comunidade e também dos servidores da educação. Sem dúvidas, mais investimentos e mais funcionários tornam a escola um local mais seguro. Precisamos nos unir e cobrar de quem deve dar respostas: o governo, os parlamentares e a justiça.
Para tanto, só seremos vitoriosos se estivermos organizados. Realizar atos, assembleias, paralisações e quem sabe até uma greve, pois a situação é muito urgente. A luta é a nossa única chance de diminuir a violência nas escolas e conquistar melhores condições de salário e trabalho. Os estudantes do Francisco Rosa e do Dom Luciano organizaram espaços de discussão e protestos. Os professores, por meio do SINTESE, indicaram paralisação de três dias para os dias 23, 24 e 25 de abril. Agora chegou a vez dos funcionários de escola também mostrarem a sua indignação. Vamos à luta!
*Alexis Pedrão é funcionário de escola, oposição ao SINTRASE e presidente do PSOL Aracaju.


 Um bom tema para a midia e para pesquisadores. Não tanto para a apresentação de denúncias, tão somente, mas, sobretudo para apresentar o que está sendo feito para minimizar ou resolver estes tipos de situação. Com ações de curto, médio e longo prazo, tanto no campo da prevenção , as mais importantes, em minha opinião, assim como no campo das politicas repressivas, as quais  na opinião da maioria da população, resolve, inclusive muitos colegas professores pensam assim também, resquicios fortes da herança de violência do longo periodo da escravidão em nosso país. Também é um tema que precisa de mais estudos acadêmicos e interdisciplinar para ajudar no encontro de respostas e saídas mais criativas e inteligentes. Zezito de Oliveira

Um exemplo:
Clipping SE - A Crianca e o Adolescente na Midia em Sergipe

Seminário apresenta dados que poderão contribuir com o combate à violência em Sergipe

O Núcleo de Análises e Pesquisas em Políticas Públicas de Segurança e Cidadania (Napsec), da Secretaria de Segurança Pública (SSP), realizou na manhã de ontem, 17, o 1º Seminário de Pesquisas sobre Violência e Criminalidade em Sergipe com o intuito de apresentar aos gestores dos órgãos e secretarias envolvidas no projeto o resultado preliminar das pesquisas encomendadas à Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica (Fapitec/SE), no primeiro semestre do ano passado. De acordo com a diretora da Naspec, Abigail Souza, os dados não poderão ser divulgados a população nesse primeiro momento, mas servirão como base para ajudar a polícia sergipana no combate à violência. Para a pesquisa pioneira foram selecionados oito temas, dentre eles assuntos que caracterizam a realidade de muitas crianças e adolescentes no Estado, como: Diagnóstico Rápido das Unidades de Privação de Liberdade de Adolescentes no Estado de Sergipe e o Consumo de Substâncias Psicoativas e Aspectos de Violência por Adolescentes Escolares de Aracaju. “As pesquisas foram realizadas a partir de um acordo entre a SSP e a Fundação de Amparo à Pesquisa, órgão vinculado a Fapitec, onde fazemos um financiamento para as pesquisas tecnológicas. Temos acordo com mais de 10 secretarias e a SSP está sendo pioneira em promover investimentos em pesquisas de auxílio ao combate da criminalidade. Estamos coletando todos os dados que podemos, inclusive do IBGE, para fornecermos uma informação estruturada que será usada como apoio à gestão pública, dando base para a Secretaria de Segurança e os Núcleos de Apoio a Crianças e Adolescentes para que consigam solucionar os principais problemas”, explica o presidente da Fapitec, José Ricardo de Santana.
 Legal saber,  se a SEED já solicitou algo semelhante e mais abrangente relativo a violência contra a escola, a começar por aquela perpretada pelo próprio órgão. Ou alguém em sã consciência acredita que as causas geradoras da violência no seio da escola, estão ligadas tão somente a aspectos  de natureza pessoal, familiar ou comunitária. O pior é que tem muita gente que pensa assim, inclusive dentro do próprio "sistema de ensino".  Complicado!!!

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