10.2.2015 - 10:51
Dias
atrás realizei meu último ato como secretário municipal de Cultura de
São Paulo. Já ministro da Cultura, estive com o prefeito Fernando Haddad
e com o secretário Estadual de Cultura, Marcelo Araújo, no lançamento
da SP Cine, a empresa de audiovisual que criamos articulando as três
esferas da República.
Ao sair da
cerimônia, cruzei a esquina da avenida Ipiranga com a São João e me pus a
pensar nos dois anos que aqui passei. São Paulo me proporcionou um
ótimo período, no qual aprofundei a compreensão sobre o desafio global
das grandes cidades. Sou grato ao prefeito, a quem servi convicto de
integrar o mais importante processo de renovação institucional da
esquerda brasileira.
Haddad
é um político contemporâneo que se dedica a mudar o padrão
civilizatório da cidade. São Paulo precisa - e muito- dessa ousadia,
para se reconstruir depois de décadas de equívocos urbanísticos.
Superar esse modelo excludente é um imperativo e isso só ocorrerá com a
afirmação da cultura como elemento central. Esse foi o mantra que
entoei. Sinto que ele reverberou. Cheguei e permaneço convicto de que
uma política cultural abrangente é um essencial instrumento de
construção de uma nova cultura política, que promova o convívio humano e
a colaboração.
Muito foi feito. E ainda falta
um longo caminho a percorrer. A chegada de Nabil Bonduki é garantia de
que seguiremos avançando. No próximo ciclo, a SP Cine injetará recursos
vultosos na produção cultural audiovisual e se construirá uma rede
pública de cinemas, ampliando, assim, o acesso nas regiões mais carentes
da cidade.
No cinema, também reabrimos o
Belas Artes, um patrimônio que a especulação imobiliária havia
emparedado. No teatro e na dança, os recursos de fomento foram ampliados
e diversificados e avançamos para constituir editais para outras
importantes linguagens, como o circo e a literatura.
Na cultura digital, realizamos com as secretarias de Direitos Humanos e
de Serviços o maior edital dessa modalidade, em uma ação que permitirá
uma ocupação cultural avançada das praças digitais, dos telecentros e
dos Pontos de Cultura.
Dois anos atrás, vale
lembrar, São Paulo não tinha rede municipal de Pontos de Cultura e hoje
tem a maior do país, com 75 projetos apoiados financeiramente, sendo a
maioria nas regiões sul, norte e leste.
Essa
rede compõe uma política de cidadania cultural que vem reorganizando a
relação da secretaria com a periferia. Um trabalho também composto pelos
programas VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) e VAI 2, pelo
Agente Comunitário de Cultura, que premia cidadãos, e pelo programa
Aldeias, voltado aos indígenas do município.
As
periferias da capital foram uma de nossas prioridades e, por isso,
insisti tanto na retomada da gestão das Casas de Cultura, na co-gestão
das áreas culturais dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e em um
novo modelo de gestão para o Centro de Formação Cultural da Cidade
Tiradentes.
Tudo isso é realidade hoje e
assim conseguimos estender a rede de equipamentos culturais para as
regiões mais afastadas do centro onde a presença do poder público é mais
diluída.
Investimos também na excelência da
programação do Theatro Municipal, conformando um modelo de gestão que
tem se mostrado vitorioso. Essa gestão está resolvendo passivos
trabalhistas e investindo em qualidade. Também administra a Praça das
Artes, um complexo cultural maravilhoso que tem recebido exposições
concorridíssimas.
Haveria mais por enumerar.
Mas paro por aqui. Fernando Haddad e Nabil Bonduki sabem que têm em mim
um parceiro. E São Paulo que tem em mim mais um baiano que lhe curte
numa boa.
JUCA
FERREIRA, 66, é ministro da Cultura, cargo que já ocupou entre 2008 e
2010. Foi secretário municipal da cultura de São Paulo.
Fonte: Artigo publicado em 10.2.2015 no jornal Folha de S.Paulo
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