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sábado, 20 de julho de 2013
Expulso por traficantes, AfroReggae encerra suas atividades no Complexo do Alemão
"Nunca sofremos retaliação do tráfico, mas
desde que comecei a denunciar o pastor começaram os ataques. Uma pessoa disse
que se não sairmos vão explodir a sede e nos matar. Diante do receio, teremos
que encerrar as atividades. Não temos como garantir a segurança de
ninguém", disse José Júnior, do AfroReggae.
Sede do AfroReggae permaneceu fechada neste sábado
Foto: Fabiano Rocha
Cíntia Cruz
Fonte: Jornal "O Globo"
A sede do AfroReggae e a pousada da ONG, na Rua Joaquim de Queiroz,
na Grota, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, amanheceram fechadas
na manhã deste sábado. Normalmente, aos sábados, a sede funciona até as
16h. A ausência de funcionários e integrantes do projeto no imóvel
confirmam a informação publicada hoje em reportagem da revista “Veja” de
que o AfroReggae teria sido expulso pelo tráfico. Incêndio no Alemão atinge pousada do AfroReggae e redação de jornal comunitário Ferido em incêndio em pousada do AfroReggae no Alemão teve 30% do corpo queimados; ele está internado na UTI Responsáveis por incêndio em pousada foram os mesmos por trás de tiroteio antes de corrida no Alemão, diz José Junior
Segundo a publicação, os bandidos chegaram a fazer ameaças à ONG,
dizendo que “a desobediência seria punida com a explosão da sede e uma
chacina”. Em seu twitter, o coordenador do AfroReggae, José Júnior,
disse que daria neste sábado uma “péssima notícia”: “Tenho uma pessima
noticia pra dar + q muito me orgulha de não omitir. Já comunicamos as
autoridades do nosso estado e país. Post amanhã”. No início da tarde,
ele postou o link da reportagem e acrescentou a frase “Não dá pra deixar
assassinarem inocentes”.
Policiais da UPP do Alemão andam com armas em punho pelas vielas da comunidade
Foto:
/
Fabiano Rocha
De acordo com a revista, o motivo da expulsão
tem nome, sobrenome e título religioso: pastor Marcos Pereira, líder da
Assembleia de Deus dos Últimos Dias, preso desde o início de maio sob a
acusação de estuprar fiéis.
Ele seria ligado a
Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que cumpre pena no presídio
de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná. Duas irmãs do traficante
frequentam a igreja de Marcos.
— Nunca sofremos
retaliação do tráfico, mas desde que comecei a denunciar o pastor
começaram os ataques. Uma pessoa disse que se não sairmos vão explodir a
sede e nos matar. Diante do receio, teremos que encerrar as atividades.
Não temos como garantir a segurança de ninguém — disse José Júnior à
“Veja”.
Apesar da aparente tranquilidade e do policiamento na comunidade, moradores e comerciantes evitam falar sobre o assunto.
—
Não estou sabendo de nada. Soube pela televisão do incêndio —disse uma
moradora da Rua Joaquim de Queiroz, que não quis se identificar. Jornal muda de sede
Rene Silva, editor do jornal “Voz da comunidade”, explica que redação vai mudar de lugar
Foto:
/
Fabiano Rocha
A reportagem diz ainda que o evento "Arraiá da Paz" mudou para
"Arraiá do Alemão", a pedido do tráfico. Rene Silva, fundador do jornal
comunitário, negou e disse que a mudança tem a ver com a estrutura da
festa, que está em seu terceiro ano:
— Se o tráfico tivesse
mandado mudar o nome, já teria mudado desde o início. Mudamos o nome
agora porque mudou a equipe e a estrutura. O nome "Arraiá do Alemão" tem
mais a cara da comunidade.
Rene contou ainda que o incêndio na pousada do AfroReaggae só acelerou a ida da equipe do jornal para outro espaço:
—
Já queríamos ter o jornal em um espaço só nosso. O que aconteceu só
acelerou isso. Alguns pais de jovens da equipe pediram para sairmos de
lá, mas não estamos com medo.
Segundo Rene, a Prefeitura do Rio vai doar um terreno no Morro do Adeus para a construção da nova sede do jornal comunitário.
A Organização Não Governamental (ONG)
AfroReggae decidiu hoje (20) encerrar as atividades no Complexo do
Alemão, zona norte do Rio, depois de sofrer ameaças de traficantes
(Riotur / Ascom)
Rio de Janeiro - A Organização Não Governamental (ONG) AfroReggae
decidiu hoje (20) encerrar as atividades no Complexo do Alemão, zona
norte do Rio, depois de sofrer ameaças de traficantes. O anúncio foi
feito menos de uma semana depois do incêndio que destruiu a sede da ONG
na comunidade. A ação ocorreu terça-feira (16) e é investigado pela
Polícia Civil.
O coordenador da organização, José Júnior, disse que foi informado das
ameaças por um líder comunitário, que passou a mensagem do tráfico de
drogas. A comunidade conta com uma Unidade de Polícia Pacificadora
(UPP). Na opinião de Júnior, se o grupo decidisse permanecer os
criminosos poderiam atacar a instituição com bombas, o que implicaria
também riscos para os funcionários ou usuários dos projetos do
AfroReggae.
“Recebemos ameaças de morte, disseram que ia matar a gente, pessoas
inocentes, iam [jogar] bomba”, revelou o coordenador. “A gente não pode
colocar ninguém em risco, por isso, decidimos fechar as portas”,
completou. Segundo ele, depois do aviso do líder comunitário, moradores
do Alemão confirmaram as ameaças dos traficantes, o que deixou a
instituição sem saída.
O AfroReggae está há 12 anos no Alemão onde atendia 350 jovens, com
aulas de percussão, grafite, música e teatro, um esforço para manter
jovens longe do tráfico de drogas e oferecer possibilidades de
capacitação profissional e valorização.
Para a organização, o pastor Marcos Pereira, preso por estuprar fiéis, é
um dos chefes do tráfico de drogas na favela e está por trás das
ameaças e ataques ao AfroReggaes. “Ele é um dos líderes do crime no
Rio”, disse Júnior.
Edição: José Romildo
Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0
O que aconteceu acima, "bate" com uma reflexão que fiz ainda há pouco, com base em uma artigo de Hildegard Angel. (Zezito de Oliveira - Educador e Produtor Cultural).
Mesmo
discordando em alguns aspectos do artigo abaixo e concordando com outros,
não posso deixar de compartilhá-lo, porque retoma uma questão que tenho
falado/presenciado há algum tempo. Fica o convite para que a questão
abaixo seja aprofundada por meio de outros articulistas e por estudos
acadêmicos, bem como nas instâncias de poder que querem protestar para
avançar e não retroceder. Interessante lembrar o que aconteceu
recentemente no Egito, quando as manifestações levaram ao poder a
irmandade muçulmana e depois de mais uma onda gigantesca de protestos,
os militares. “As únicas lideranças com poder de mobilização no país
na atualidade são: 1) o crime organizado; 2) as seitas pentecostais
(igrejas evangélicas). Escolha seu líder… O Crime Organizado já
disse a que veio nas manifestações. São as milícias que vandalizam, a
Polícia Federal já identificou. Há vídeo de policiais trocando as fardas
por roupa de civis para em seguida se misturarem às passeatas. Na
agitação com coquetel molotov em frente do Maracanã, no dia do jogo da
Copa das Confederações, o grupo era de milicianos, a Polícia apurou.”
Eu
concordo e falei isso desde o início. Muitos debocharam, me chamaram de
paranóico outros até hoje me chamam de cego. Pode ser, mas continuo
repetindo que ninguém chega a lugar nenhum se não souber onde quer ir e
que sem um liderança forte todo esse esforço pode ser aproveitado por
qualquer oportunista de plantão. O pior é que há uma parte da
esquerda que resolveu fazer coro com aqueles que não se conformam de
alguém da base ter chegado ao topo do mundo, e há um oportunismo
revanchista que que quer se aproveitar: milicias, crime organizado,
pseudo anarquistas, e alguns desocupados que acham que quanto pior
melhor, afinal como eles sempre forram sustentados por alguém, pouca
diferença faz... Se queremos dias melhores e para todos é bom que
encontremos um caminho e uma liderança, dentro de valores democráticos e
legais para ter pelo menos uma parcela da população apoiando as
mudanças, do contrário voltamos para um tempo que tenho me esforçado
muito para esquecer.
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