No dia 08 de janeiro de 2014 participei de uma visita coletiva ao Centro
Cultural da Juventude (CCJ), como parte da programação alternativa do Curso de
Verão 2014, cujo tema foi "Juventudes em foco, por politicas
públicas inclusivas em educação, trabalho e cultura."
Na visita guiada que realizamos, fomos orientados por jovens monitores
que além de trabalharem como mediadores culturais, realizam formação no campo
da gestão cultural, ofertadas por um programa da secretaria municipal de
cultura, o qual o CCJ é vinculado.
A maioria do público que
frequenta este espaço é formado por adolescentes e jovens, antes havia uma
exclusividade das ações voltadas para essa faixa de etária, porém na atual gestão
houve uma ampliação, "um espaço
grande e repleto de atividades destinado às juventudes de todas as caras, de
todas as cores, de todas as idades", conforme o boletim escrito
distribuído na recepção.
Esta ampliação do público para outras faixas etárias, pude constatar in-loco em razão da quantidade de pessoas adultas e idosas na
oficina de forró, cerca de 70%, visto a olho nu, acontecendo na tarde da visita em local aberto.
O espaço oferece : biblioteca, anfiteatro, teatro de arena, sala de
projetos, internet livre em banda larga, laboratório de idiomas, laboratório de
pesquisas, estúdio para gravações musicais, ilhas de edição de vídeo e de
áudio, ateliê de artes plásticas, sala de oficinas e galeria para exposições,
além de uma ampla área de convivência. Todas as atividades são gratuitas e
podem ser utilizadas por toda a população.
Uma preocupação destacada pelo monitor de apelido "Fino", que me acompanhou em um dos
sub-grupos formados para a visita, é exatamente a questão da ampliação
da presença do público, o que, a despeito de uma série de atrativos que o
espaço oferece, ainda é pouco, considerando a quantidade de moradores
residentes na região do bairro Vila Nova Cachoeirinha e entorno.
Há também interesse em atrair mais moradores de outros bairros, tendo em
vista o fato do CCJ ser um centro especializado cujos objetivos e abrangência não
se restringe somente aos moradores do entorno.
Mesmo porque, dispõe de espaços
que são únicos em termos de estado de São Paulo, como é o caso do estúdio para
a gravação gratuita de arquivos digitais de áudio e vídeo, com equipamentos profissionais
e o acompanhamento de técnicos qualificados, sendo este um dos serviços que
mais atrai artistas e grupos culturais de regiões mais distantes.
Segundo o monitor Fino, há uma equipe do CCJ que está visitando grupos culturais e organizações comunitárias
e escolas para apresentar a proposta de
trabalho da nova gestão ancorada nos
seguintes principios: “a. O acesso a uma programação elaborada e contratada por seus
gestores; b. A
oferta de seus espaços e recursos para a produção artística e cultural dos jovens; c. A reflexão sobre a pertinência
e a qualidade das iniciativas – públicas ou privadas – voltadas para o público
jovem. Por meio de seus programas e projetos culturais gratuitos, os jovens se
reconhecem como sujeitos de direitos, ampliam seus repertórios e, assim, podem
realizar escolhas com maior autonomia.”.
Em resposta ao que disse o monitor, lhes falei que, em razão da grande quantidade de alternativas
da programação cultural, qualidade da estrutura física, equipamentos e profissionais,
percebi que a questão principal é a comunicação e a criação de estruturas
formais e informais de participação e neste sentido a nova direção do CCJ está
no caminho certo em realizar visitas aos agentes e grupos culturais e/ou
comunitários, criar fóruns comunitários de participação ativa, por utilizar
recursos para colher a opinião de frequentadores do espaço, como o livro de
sugestões, no qual deixei registrado uma contribuição, além de um bom uso das
ferramentas on-line.
Fiquei “estupefato”
com a pouca utilização do espaço do CCJ, pelas escolas do entorno, ainda
mais por este diálogo entre o grupo e o monitor acontecer em uma HQteca, parte
de uma biblioteca que possui um acervo para consulta local e empréstimo com
mais de 15 mil exemplares entre livros, álbuns de HQ’s, mangás, periódicos e
material audiovisual.
Vale lembrar que este problema da dificuldade da escola em
acessar espaços e oportunidades culturais, também nos foi colocado por ocasião
de uma visita que realizei ao CEU localizado em Itaim Paulista, no ano de
2009, e neste caso, mais grave ainda porque tratava-se da própria escola situada
dentro da área física do próprio CEU.
Conversando com
outros dois participantes do curso de verão residentes em São Paulo, nos
foi lembrado que o problema de relacionamento das escolas com os equipamentos
culturais, esbarram em questões de picuinhas partidárias, gestão municipal PT X
gestão estadual PSDB e os pacotes instrucionais fornecidos pelas
secretarias de educação, contribuindo para engessar e limitar a autonomia e a
criatividade do professor.
Zezito de Oliveira - Educador e Produtor Cultural
Zezito de Oliveira - Educador e Produtor Cultural
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