Depois de um bom tempo de espera, as oficinas culturais do Ponto de Cultura Juventude e Cidadania. As primeiras que estão
acontecendo são as de Rap, Teatro, Dança Urbana e Audiovisual. Estas acontecem na
Escola Estadual Júlia Teles. Nos próximos meses daremos inicio as oficinas de
Dança Moderna, Grafite e DJ. Aqui também incluindo o Colégio Leão Magno Brasil.
As oficinas culturais do Ponto de Cultura
Juventude e Cidadania, tiveram inicio em 2012 e duraram até meados de 2013. Depois retornam no segundo semestre de 2014
e após uma parada de tempo razoável, recomeçam agora no segundo semestre de 2016.
Essa iniciativa deita raízes em
duas ações realizadas a partir do ano de 2001 no Conjunto Jardim, a Rede de
Agentes Culturais do Conj. Jardim, inspirada em experiência semelhante desenvolvida na época pelo Sebrae, e o Projeto Estatuto da Criança e do Adolescente com Arte (Ecarte).
Estas ações foram realizadas a
partir de uma descoberta realizada pelo
professor Zezito de Oliveira, na época responsável pelo Programa de
Desenvolvimento da Escola no Colégio
Leão Magno Brasil - uma
participação expressiva de alunos da escola em grupos culturais - em especial da
área de dança.
Essa participação distinguia estes
alunos dos demais, por causa de uma melhor auto-estima, de relações saudáveis de amizade com outros da mesma idade,
propiciado pelo participação coletiva em
atividades culturais, maior senso de
pertencimento a comunidade, aquisição de
conhecimentos importantes para melhorar
o relacionamento com a família, professores,
comunidade e o futuro profissional, protagonismo e
liderança, além de outros benefícios e conquistas etc., e isso é bastante considerando pelos
educadores progressistas ou humanistas, que consideram
a contribuição da arte e da cultura, como um dos fatores imprescindíveis para a superação da chamada crise da educação
e por extensão da atual crise de civilização.
A rede de agentes culturais,
durante algum tempo, reuniu
representantes de diversos grupos para iniciativas conjuntas, em especial a
elaboração de projetos para captar
recursos financeiros e/ou realizar parcerias que tornassem possível, trazer profissionais da área artística para
aprimorar ou aperfeiçoar o trabalho desenvolvido na comunidade.
Daí, decorre a criação do projeto
Ecarte que existiu até 2006, o qual se
consolidou no bairro, com uma grande produção de trabalho na área de dança moderna, sob a batuta da dançarina, coreógrafa e professora, Cristiane
dos Anjos. O projeto Ecarte teve o patrocínio inicial da Coordenadoria Ecumênica de Serviço, tendo
posteriormente, recebido um
pequeno aporte financeiro de uma
missionária católica suíça radicada no Brasil e do diretor da escola em um
certo momento, além do trabalho voluntário constante de algumas pessoas.
A partir de 2004, os grupos culturais de iniciativa dos jovens
do bairro, começam a decair por conta de
problemas referentes a falta de apoio em termos de estrutura financeira e
espaços físicos para ensaios, decorrente da
falta de politicas públicas no município e no estado para favorecer a
permanência, ou a criação de novos grupos culturais juvenis.
Diante dessa situação, a
experiência da criação da rede de agentes culturais do conjunto Jardim, não
mais existente, é incorporada a criação
de uma rede de agentes culturais formada em Aracaju em 2004, para fortalecer a
mobilização pela criação do Programa de Valorização de Iniciativas
Culturais (VAI), o qual é aprovado pela câmara municipal de Aracaju (Lei 3173/04)
, porém nunca colocado em prática pelas administrações dos prefeitos Marcelo
Déda e Edvaldo Nogueira, sendo o VAI –Aracaju,
espelho de uma lei existente em São Paulo, aprovada na administração da então prefeita
Marta Suplicy.
O PAPEL DO MINISTÉRIO DA CULTURA, RECRIADO PELO TROPICALISTA GILBERTO GIL EM 2003
O PAPEL DO MINISTÉRIO DA CULTURA, RECRIADO PELO TROPICALISTA GILBERTO GIL EM 2003
Por outro lado, no ano de 2004 é
lançado em Brasilia, por iniciativa do
ministro Gilberto Gil, o emblemático Programa Cultura Viva – Pontos de Cultura. A proposta do programa veio de encontro à
situação de mortandade de muitas iniciativas
culturais que acontecia país afora, inclusive no Jardim, como citado.
Com base nisso, Gilberto Gil disse em 2003 na Câmara dos Deputados, pretender
criar : “Um vasto programa de apoio às
iniciativas culturais que nascem, e na maior parte das vezes morrem, nas
periferias e no interior do nosso país, sem que o Brasil possa se dar conta de
quanto talento é capaz o seu povo. É um projeto que irá ao encontro da
criatividade popular não apenas para levar apoio institucional e técnico,
oferecendo aos grupos locais condições reais de expressão, desenvolvimento dos
talentos e métodos modernos de comunicação, mas sobretudo a troca de
informações e experiências que permitirão livrá-los do anonimato e dos guetos a
que estão confinados.”
Com reuniões que tiveram inicio
em 2002 no Conjunto Jardim, e já
conectada com a idéia do ministro Gilberto Gil, foi criada no ano de 2004 na
cidade de Aracaju, a Associação Cultural ou Ação Cultural como é mais
conhecida. Essa iniciativa também utilizou a experiência acumulada no Jardim,
como a Rede de Agentes Culturais e o Projeto Ecarte. Como coroamento desse
esforço, no ano de 2010/2011, a Ação
Cultural concorreu e foi uma das organizações escolhidas na seleção pública de projetos, para realizar
oficinas culturais com o apoio financeiro do
Ministério da Cultura, e acompanhamento da Secretaria Estadual de Cultura.
Para esta seleção foi apresentado
o projeto Oficinas Culturais Juventude e
Cidadania, cujo objetivo atualizado em 2016 é: “Através desse projeto, a Ação Cultural pretende, por meio de
oficinas de teatro, dança, audiovisual,
rap, grafite e DJ, ampliar e qualificar a participação de
adolescentes em iniciativas culturais nos municipios de Socorro e Aracaju. Em
termos quantitativos, se pretende
atingir 110 adolescentes/ jovens/ano. Para divulgar os resultados e aumentar a adesão
da sociedade, serão organizadas cineclube, sarau multicultural, mostra cultural juventude e
cidadania, boletim informativo impresso, além dos canais já existentes
na internet, como blog da Ação Cultural,
canal do Ponto de Cultura Juventude e Cidadania no youtube e páginas no
facebook."
Para cumprir com esse objetivo está sendo realizado
o repasse da segunda parcela do recurso financeiro, o qual é destinado para o
pagamento de professores/oficineiros, assistente de produção, aquisição de equipamentos
complementares para a oficina de audiovisual e de DJ , além da compra de
material cênico, pedagógico e etc..
A expectativa é concluirmos a
realização dessa etapa, com a
apresentação do trabalho final das oficinas em um Sarau Multicultural, como realizado no ano de 2014, no Teatro Lourival Baptista. E depois prestar contas,
quando pretendemos receber a terceira e última parcela, a ser utilizada no ano
de 2017, para concluirmos o planejamento trienal que realizamos, ao participarmos
do edital de 2010/2011.
O QUE ESPERAMOS DOS NOVOS PREFEITOS E VEREADORES ELEITOS EM 2016
O QUE ESPERAMOS DOS NOVOS PREFEITOS E VEREADORES ELEITOS EM 2016
Da mesma maneira, esperamos da
parte dos novos prefeitos e vereadores eleitos este ano, um apoio efetivo,
através da destinação de recursos financeiros por meio do orçamento público,
para atividades culturais com jovens da periferia, nos moldes do que acontece
em São Paulo com o Programa VAI e com a Lei de Fomento a Cultura da Periferia, esta
última recentemente sancionada pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad em
20 de julho de 2016, com previsão de investimento inicial no valor de 9 milhões, a ser distribuído para os grupos
culturais que forem selecionados pelo edital, cujo lançamento está previsto
para o dia 2 de agosto do corrente ano.
Um dos aspectos mais importantes
dessa lei, assim como da Lei VAI SP e VAI Aracaju, foi a participação dos
ativistas culturais na discussão e formatação da mesma. Segundo noticia publicada no portal da
Rede Brasil Atual. “O projeto foi redigido e estruturado com participação de
artistas das periferias durante a Conferência Municipal de Cultura, em 2013.
Desde então, houve uma série de reuniões com representantes da prefeitura e
vereadores.”
Com os exemplos acima, queremos
apresentar um conjunto de sugestões (Pontos de Cultura, Programa VAI e a Lei de
Fomento a Cultura da Periferia) para quem quer agir como os melhores
legisladores e prefeitos, àqueles que pensam no presente e no futuro das
populações das cidades, quando buscam
ocupar os bairros da periferia com equipamentos e serviços culturais,
esportivos e de formação profissional, os
quais direta e indiretamente, melhoram os padrões de ensino, a convivência, a
saúde e previnem situações de insegurança e de violência, tudo
isso beneficiando quem mora em toda parte da cidade, também no centro e na zona
sul.
SONHANDO E REALIZANDO
SONHANDO E REALIZANDO
A esse propósito, o jornalista e poeta Araripe Coutinho publicou em 2014, pouco
tempo antes de falecer, o manifesto contra a morte de jovens na periferia: “A escalada da
violência no município de Aracaju não é uma surpresa para quem acompanha a
cidade e se debruça sobre seus indicadores. A maioria dos bairros não tem
nenhuma biblioteca pública, não tem nenhum equipamento esportivo público, os
postos de saúde não têm, na sua maioria, medicamentos; as delegacias, fim de
semana, estão fechadas e não há nenhum centro cultural. Em todo o município, há
proliferação de favelas, enquanto centenas de jovens entre 15 e 19 anos estão
fora da escola, metade da população jovem, entre 15 a 24 anos, está
desempregada e milhares de crianças (170 mil) necessitam de vaga em creche
pública.”
Neste
sentido, vale considerar as oficinas
culturais do Ponto de Cultura Juventude e Cidadania como uma ação que soma com
o sonho do poeta. Pois como disse outro poeta, Raul Seixas “Sonho que se sonha só / É só um sonho que se sonha só / Mas sonho que se sonha junto é realidade .”
E aí,
quem mais pode ou quer somar?
P.S.: Após a conclusão do artigo acima, recebo a informação acerca da 2ªedição do Programa Agente Comunitário(a) de Cultura, que tem por objetivo
apoiar iniciativas artístico-culturais desenvolvidas por moradores e moradoras
da cidade de São Paulo que já atuem como agentes culturais há, pelo menos, dois
anos. Serão selecionados 70 candidatos que vão receber R$ 1.000 por mês, ao
longo de 12 meses, para executar suas ações, especialmente nos territórios
periféricos. O edital está aberto até o dia 05 de agosto, e iniciativa é da Secretaria
Municipal de Cultura de São Paulo.
Idéia semelhante foi apresentada no 2º Fórum Comunitário de Politicas Públicas realizado no Conjunto Jardim, no ano de 2003.
Bolsa Jovem –
Sugestão apresentado pelo jornalista Gilberto Dimenstein, coordenador da Cidade
Escola Aprendiz, através da internet aos candidatos a Presidência da Republica.
A proposta inspirada no programa bolsa escola e Peti, propõe destinar um salário mínimo para os adolescentes e jovens
estudantes que estejam envolvidos com a promoção de atividades artísticas e
desportivas.
A proposta foi acatada, mas foi sugerido em termos
emergenciais o seguinte:
Que o Estado e a Prefeitura contratem jovens
protagonistas da ação cultural no Conjunto Jardim, para desenvolver trabalhos
nas Escolas, sendo que metade do tempo será dedicado as atividades de apoio à
administração, e a outra metade será destinada ao trabalho artístico com as
crianças, adolescentes e jovens.
Esta proposta busca evitar que os coordenadores dos
grupos desistam do trabalho com arte e cultura , em virtude da necessidade de
buscar trabalho no mercado formal ou informal.
O principal argumento de defesa da idéia, é o fato
do trabalho desenvolvido pelos grupos, representar um beneficio para toda a
sociedade, na medida que evita o envolvimento de muitos adolescentes com
drogas, com furtos e assaltos, previne a gravidez precoce, aumenta a auto
estima etc.. Por isso, é justo que o poder publico colabore desta forma"
Zezito de Oliveira - Educador e Produtor Cultural de Iniciativas de Base Comunitária.
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