novas ideias
Coletivo anarquista responderá por mandato de vereador em Alto Paraíso de Goiás
Grupo de cinco pessoas se elege
para ocupar uma das nove cadeiras da Câmara Municipal. Mandato será
feito com trabalho voluntário e salário de vereador, destinado a
benefícios para a comunidade.
por Helder Lima, da RBA
publicado
06/10/2016 18:19
arquivo facebook
Mandato coletivo: Yuji (2º a partir da dir) será o representante formal do mandato a ser compartilhado
São Paulo – A próxima legislatura na
Câmara Municipal de Alto Paraíso de Goiás será marcada por uma
experiência de mandato coletivo que, a depender de bons resultados,
poderá inspirar mudanças na política, do atual modelo de democracia
representativa para outro de caráter participativo. No pequeno município
com 10 mil habitantes, localizado na área da Chapada dos Veadeiros,
nordeste do estado, a 412 quilômetros de Goiânia, um grupo de cinco
pessoas será corresponsável por uma das nove cadeiras do parlamento, na
perspectiva de proporcionar à população maior proximidade com a prática
política.
“Para a justiça eleitoral é um candidato normal, representado por
mim. Mas temos um contrato entre nós, garantindo todo o processo de
tomada de decisão, porque cada voto a ser proferido no plenário, cada
projeto a ser apresentado será sempre deliberado pelo grupo”, afirma o
advogado paulista e assessor jurídico da câmara João Yuji, que vive
desde 2010 na cidade e agora tem o desafio do novo mandato ao lado de
Ivan Anjo Diniz, que vai cuidar de turismo e meio ambiente; Laryssa
Galantini, também voltada ao meio ambiente; Sat Nam, educação,
agroecologia e assentamentos; e Luis Paulo para turismo e comércio.Segundo Yuji, o compromisso do grupo é desenvolver um trabalho voluntário em benefício da cidade, razão pela qual o salário de vereador, de cerca de R$ 5 mil, será todo destinado a projetos em benefício da população. Isso foi possível, segundo ele, porque cada participante do grupo tem disponibilidade de tempo para o trabalho voluntário e também sua própria atividade profissional para garantir a sobrevivência.
“Todos os cinco estarão no plenário, para acompanhar as sessões”, afirma Yuji. Em regra, as decisões serão tomadas em reuniões prévias, mas está previsto no regulamento do coletivo que se ocorrer, por exemplo, de o presidente da Câmara apresentar uma pauta surpresa, a decisão será convencional, mas como uma exceção, “porque em regra o que buscamos é definir por consenso em reuniões prévias”, afirma em entrevista à RBA.
Yuji conta que a primeira vez que teve contato com mandato coletivo foi em 2014, quando participou da Rede, em São Paulo, partido que lançou o nome de Marina Silva para as eleições presidenciais de 2014. “Lá havia alguns candidatos que lançaram a ideia, só que eram projetos diferentes do formato do mandato coletivo aqui em Alto Paraíso”, afirma. “A maioria eram conselhos de mandato, que é mais um resguardo do candidato do que propriamente a coletivização do mandato”, diz.
Depois que houve uma dissidência da Rede, que criou outro partido, o Raiz, Yuji e seu grupo fundaram o 'Movimento Ecofederalista', inspirado na filosofia política do anarquista francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), que basicamente prega a descentralização do poder. “Nós temos uma inspiração anarquista. No final da vida, Proudhon, em vez de usar a palavra anarquismo, falava já em federalismo, que é um termo mais diplomático, mas na prática é a mesma coisa, é a descentralização do poder”, afirma.
“Tirar o poder que está concentrado no Congresso Nacional e trazer para as câmaras municipais”, diz Yuji sobre o objetivo que move a iniciativa do projeto do mandato coletivo. “E fazer um trabalho junto com os outros vereadores, seja de que linha for, de fortalecimento das câmaras municipais”, defende ainda.
Segundo o vereador eleito para o mandato coletivo, as principais demandas por serviços públicos na cidade estão relacionadas às áreas de saúde e meio ambiente, que vão necessitar de articulação com a prefeitura no próximo mandato para serem atendidas. Yuji diz que o atendimento à saúde é bastante precário na cidade, e que na área ambiental há um lixão a céu aberto que aguarda providências, ainda que a cidade esteja em área de preservação e tenha potencial turístico por conta de seus recursos naturais.
Um dos projetos do coletivo, no entanto, será tocado de forma independente da prefeitura, com os recursos do salário de vereador, que serão destinados à cidade. Trata-se de um serviço para oferecer conexão de internet aberta à população. “Queremos trazer um provedor em sistema de autogestão”, afirma, destacando que o coletivo nesta primeira semana após as eleições já está empenhado em criar um serviço que seja permanente. “E fazer uma coisa autônoma à prefeitura, essa é a lógica anarquista, é resolver a situação pela autogestão, e o povo assumindo a responsabilidade pelo que hoje é ocupado pela prefeitura”, afirma.
Conheça a página do mandato coletivo no Facebook.
Eleições 2016
A bancada ativista no facebook.
O site da bancada ativista
E se a cidade fosse nossa?
Eleições 2016
Bancada Ativista: os candidatos das pautas progressistas
Grupo reúne militantes dos movimentos feminista, negro e LGBT em oito candidaturas a vereador de São Paulo pelo PSOL e pela Rede
por Débora Melo
—
publicado
20/09/2016 04h26,
última modificação
03/10/2016 12h55
Julia Leite/CartaCapital
Todd Tomorrow, Marina Helou, Pedro Markun e Marcio Black conversam com eleitores na Av. Paulista
Entre os 55 vereadores de São Paulo,
apenas cinco são mulheres e nenhum dos parlamentares é assumidamente
homossexual. Essa realidade, que se repete em todo o Brasil, não deve
sofrer grandes alterações em 2016, visto que o sistema eleitoral
continua o mesmo e o conservadorismo avança no País.
Ainda assim, algumas pessoas decidiram lutar contra a maré e entrar na
disputa por uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo adotando bandeiras
progressistas.
A iniciativa começou a ser discutida em março, sob o nome de
“comitê cívico independente”. Mais de 30 pessoas, entre jornalistas,
advogados, produtores culturais e outros profissionais, se propuseram a
dar suporte a alguns candidatos que defendem os direitos humanos e incentivam a participação da sociedade civil na política.
Há ativistas dos movimentos negro, feminista e LGBT e defensores de princípios de sustentabilidade e transparência nas atividades do poder público. Daí nasceu a Bancada Ativista, grupo que reúne oito candidatos a vereador pelo PSOL e pela Rede.
Além de defenderem princípios semelhantes e serem militantes, os candidatos têm em comum o fato de nunca terem ocupado um cargo eletivo. A ideia é aumentar a diversidade no espaço institucional, mas sem perder a independência diante dos financiadores de campanha. Por isso, a Bancada Ativista definiu práticas em nome de uma nova forma de disputa política, e uma das diretrizes é que nenhuma doação específica ultrapasse 50% do valor total de doações ao final do processo eleitoral.
Disputa ideológica
Feminista e defensora da legalização das drogas, a advogada Isa Penna, de 25 anos, candidata pelo PSOL, afirma que a atual conjuntura política exige representantes combativos. “Precisamos eleger pessoas que estejam na política para, de fato, defender interesses coletivos, e que façam uma luta diária de enfrentamento à bancada da bala, à bancada da especulação imobiliária, à bancada fundamentalista”, afirma.
Para ela, o "debate ideológico" é essencial na disputa política. “Isso fortalece a esquerda. Acho que foi a ausência dessa disputa, tanto em âmbito federal quanto em âmbito municipal, que nos fez chegar ao retrocesso de consciência que permitiu que o golpe fosse consumado”, avalia.
Militante do movimento negro e de cursinhos populares, o professor da rede pública Douglas Belchior (PSOL), de 37 anos, concorda. “Na atual conjuntura, a nossa candidatura também pretende fazer frente à direita, que está mais fortalecida. A expectativa é que nós tenhamos uma Câmara Municipal mais conservadora do que a atual, então neste momento é muito importante eleger candidaturas de esquerda, de movimentos populares”, afirma Belchior, que é blogueiro de CartaCapital.
O local de disputa é o Legislativo
A Bancada Ativista ecoa as críticas ao sistema político brasileiro, mas seus representantes defendem que a resposta à crise de representação deve ser mais participação, e não menos. Feminista com um histórico de militância no movimento estudantil, a funcionária pública Sâmia Bomfim (PSOL), de 27 anos, afirma que a crise do sistema exige a entrada de “pessoas comuns” no poder.
“O grande número de políticos profissionais que a gente tem levou a sociedade à condição atual, de falência completa do sistema eleitoral e de uma imensa falta de representatividade, onde mandatos são utilizados para interesses particulares ou de empresas, enquanto os serviços públicos são sucateados e há perda de direitos”, diz.
Militante do movimento negro e professora da rede municipal, a candidata Adriana Vasconcellos (PSOL), de 43 anos, afirma que a crescente ameaça aos direitos conquistados lhe incentivaram a entrar na política.
“Um total de 150 mil jovens negros ingressaram em universidades públicas [desde a criação da Lei de Cotas, em 2012]. É um número ainda pequeno, mas muito significativo da história do País. Agora, com esse golpe, os direitos que nós conquistamos com muita luta estão ameaçados. Então a gente precisa estar lá dentro”, diz Vasconcellos.
Pedro Markun, candidato pela Rede Sustentabilidade, também defende mais participação política. Programador e hackativista de 30 anos, ele afirma que a atual conjuntura o incentivou a sair da “posição cômoda” de militante. Markun manifesta, entretanto, preocupação quanto ao sistema partidário e se diz um “candidato independente” de sua sigla. “Estou disposto a construir uma candidatura independente com a Rede, mas saber que eu posso sair do partido caso a gente chegue a um ponto em que não há conciliação me dá tranquilidade.”
Em grande medida, a motivação dos integrantes da Bancada Ativista é a constatação de que algumas mudanças só ocorrerão quando seus defensores tiverem representação política. É o caso da questão racial. “Precisamos disputar o espaço parlamentar para fazer a luta política e defender os movimentos ligados à luta antirracista, à desmilitarização [da Polícia Militar]”, diz Douglas Belchior.
Marcio Black, cientista político e produtor cultural de 37 anos, também ativista do movimento negro, afirma que o direito à cidade passa necessariamente pela questão racial. Para ele, que é candidato pela Rede, as conquistas das minorias estão sob ataque e é preciso fazer frente à sub-representação da população negra nos espaços de poder.
“Por mais que eu venha da periferia de Osasco, hoje eu sou um homem negro de classe média. E, na maior parte das vezes, sou o único negro circulando por esses espaços", diz. "Cheguei aqui e senti o quanto esta é uma cidade racista, o quanto ela não está preparada para receber negros e negras. Olha à sua volta. Estamos na Avenida Paulista, em horário de pico, e quase não há negros por aqui.”
Ativista LGBT, o internacionalista Todd Tomorrow (PSOL), de 35 anos, considera importante a eleição do que chama de “mandatos de resistência". “Eu sou gay, e minha principal pauta é direitos humanos. Temos esse viés de enfrentamento à bancada evangélica, inclusive para denunciar quando a pauta LGBT for usada”, diz.
Tomorrow lembra que em 2015 a Câmara paulistana aprovou o Plano Municipal de Educação sem a menção à palavra “gênero”, e o projeto foi sancionado sem vetos pelo prefeito Fernando Haddad (PT). “Pessoas e mandatos que se colocavam como progressistas nos traíram”, diz.
Mudança de práticas
Os candidatos ativistas também propõem modificar as práticas atuais dos vereadores. Formada em administração pública, a candidata Marina Helou (Rede), de 29 anos, tem como bandeiras a promoção de iniciativas sustentáveis e a inclusão de pessoas com deficiência.
Ela também quer resgatar a conexão entre Legislativo e sociedade civil e defende a justificativa de votos. "Estou me comprometendo a justificar o voto. Parece simples, mas é importante que os eleitores saibam em que seu representante está votando e por quê."
Adepto do “ativismo radical pela transparência”, Pedro Markun afirma que sua principal bandeira é exercer na prática aquilo que recomenda aos parlamentares. “Eu recomendo, por exemplo, não fazer votação simbólica, que tira o compromisso do representante com a sua posição política”, diz. Ele lembra o episódio no qual a Câmara concedeu uma “Salva de Prata” às Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), em setembro de 2013. Na ocasião, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) pediu votação nominal e abriu uma crise na Casa, visto que o acordo inicial previa votação simbólica.
"A votação foi adiada por semanas, e quando o projeto finalmente foi votado, as galerias estavam cheias de gente: gente contra e gente a favor”, conta. “A ‘Salva de Prata’ foi aprovada, e tudo bem. Eu votaria contra, acho que ‘Salva de Prata’ é uma idiotice, e ‘Salva de Prata’ para a Rota é pior ainda. Mas quando eu vi aquelas galerias cheias... É claro que o resultado da votação me importa, mas me importa muito mais que tenhamos de fato um debate público, com pessoas prestando atenção a esse debate. Só assim a gente reaviva a potência da democracia”, diz.
Ainda que os candidatos ativistas demonstrem confiança, sabem que estão lutando contra uma maré conservadora. E que o projeto precisa ser continuado para ter sucesso. “Uma andorinha não faz verão", diz Todd Tomorrow. "Então, por exemplo, se eu for eleito, de nada vai adiantar se eu não tiver mais pessoas comigo. Porque a gente sabe que as nossas pautas e os nossos direitos são rifados constantemente”, diz.
Há ativistas dos movimentos negro, feminista e LGBT e defensores de princípios de sustentabilidade e transparência nas atividades do poder público. Daí nasceu a Bancada Ativista, grupo que reúne oito candidatos a vereador pelo PSOL e pela Rede.
Além de defenderem princípios semelhantes e serem militantes, os candidatos têm em comum o fato de nunca terem ocupado um cargo eletivo. A ideia é aumentar a diversidade no espaço institucional, mas sem perder a independência diante dos financiadores de campanha. Por isso, a Bancada Ativista definiu práticas em nome de uma nova forma de disputa política, e uma das diretrizes é que nenhuma doação específica ultrapasse 50% do valor total de doações ao final do processo eleitoral.
Disputa ideológica
Feminista e defensora da legalização das drogas, a advogada Isa Penna, de 25 anos, candidata pelo PSOL, afirma que a atual conjuntura política exige representantes combativos. “Precisamos eleger pessoas que estejam na política para, de fato, defender interesses coletivos, e que façam uma luta diária de enfrentamento à bancada da bala, à bancada da especulação imobiliária, à bancada fundamentalista”, afirma.
Para ela, o "debate ideológico" é essencial na disputa política. “Isso fortalece a esquerda. Acho que foi a ausência dessa disputa, tanto em âmbito federal quanto em âmbito municipal, que nos fez chegar ao retrocesso de consciência que permitiu que o golpe fosse consumado”, avalia.
Militante do movimento negro e de cursinhos populares, o professor da rede pública Douglas Belchior (PSOL), de 37 anos, concorda. “Na atual conjuntura, a nossa candidatura também pretende fazer frente à direita, que está mais fortalecida. A expectativa é que nós tenhamos uma Câmara Municipal mais conservadora do que a atual, então neste momento é muito importante eleger candidaturas de esquerda, de movimentos populares”, afirma Belchior, que é blogueiro de CartaCapital.
O local de disputa é o Legislativo
A Bancada Ativista ecoa as críticas ao sistema político brasileiro, mas seus representantes defendem que a resposta à crise de representação deve ser mais participação, e não menos. Feminista com um histórico de militância no movimento estudantil, a funcionária pública Sâmia Bomfim (PSOL), de 27 anos, afirma que a crise do sistema exige a entrada de “pessoas comuns” no poder.
“O grande número de políticos profissionais que a gente tem levou a sociedade à condição atual, de falência completa do sistema eleitoral e de uma imensa falta de representatividade, onde mandatos são utilizados para interesses particulares ou de empresas, enquanto os serviços públicos são sucateados e há perda de direitos”, diz.
Militante do movimento negro e professora da rede municipal, a candidata Adriana Vasconcellos (PSOL), de 43 anos, afirma que a crescente ameaça aos direitos conquistados lhe incentivaram a entrar na política.
“Um total de 150 mil jovens negros ingressaram em universidades públicas [desde a criação da Lei de Cotas, em 2012]. É um número ainda pequeno, mas muito significativo da história do País. Agora, com esse golpe, os direitos que nós conquistamos com muita luta estão ameaçados. Então a gente precisa estar lá dentro”, diz Vasconcellos.
Pedro Markun, candidato pela Rede Sustentabilidade, também defende mais participação política. Programador e hackativista de 30 anos, ele afirma que a atual conjuntura o incentivou a sair da “posição cômoda” de militante. Markun manifesta, entretanto, preocupação quanto ao sistema partidário e se diz um “candidato independente” de sua sigla. “Estou disposto a construir uma candidatura independente com a Rede, mas saber que eu posso sair do partido caso a gente chegue a um ponto em que não há conciliação me dá tranquilidade.”
Em grande medida, a motivação dos integrantes da Bancada Ativista é a constatação de que algumas mudanças só ocorrerão quando seus defensores tiverem representação política. É o caso da questão racial. “Precisamos disputar o espaço parlamentar para fazer a luta política e defender os movimentos ligados à luta antirracista, à desmilitarização [da Polícia Militar]”, diz Douglas Belchior.
Marcio Black, cientista político e produtor cultural de 37 anos, também ativista do movimento negro, afirma que o direito à cidade passa necessariamente pela questão racial. Para ele, que é candidato pela Rede, as conquistas das minorias estão sob ataque e é preciso fazer frente à sub-representação da população negra nos espaços de poder.
“Por mais que eu venha da periferia de Osasco, hoje eu sou um homem negro de classe média. E, na maior parte das vezes, sou o único negro circulando por esses espaços", diz. "Cheguei aqui e senti o quanto esta é uma cidade racista, o quanto ela não está preparada para receber negros e negras. Olha à sua volta. Estamos na Avenida Paulista, em horário de pico, e quase não há negros por aqui.”
Ativista LGBT, o internacionalista Todd Tomorrow (PSOL), de 35 anos, considera importante a eleição do que chama de “mandatos de resistência". “Eu sou gay, e minha principal pauta é direitos humanos. Temos esse viés de enfrentamento à bancada evangélica, inclusive para denunciar quando a pauta LGBT for usada”, diz.
Tomorrow lembra que em 2015 a Câmara paulistana aprovou o Plano Municipal de Educação sem a menção à palavra “gênero”, e o projeto foi sancionado sem vetos pelo prefeito Fernando Haddad (PT). “Pessoas e mandatos que se colocavam como progressistas nos traíram”, diz.
Mudança de práticas
Os candidatos ativistas também propõem modificar as práticas atuais dos vereadores. Formada em administração pública, a candidata Marina Helou (Rede), de 29 anos, tem como bandeiras a promoção de iniciativas sustentáveis e a inclusão de pessoas com deficiência.
Ela também quer resgatar a conexão entre Legislativo e sociedade civil e defende a justificativa de votos. "Estou me comprometendo a justificar o voto. Parece simples, mas é importante que os eleitores saibam em que seu representante está votando e por quê."
Adepto do “ativismo radical pela transparência”, Pedro Markun afirma que sua principal bandeira é exercer na prática aquilo que recomenda aos parlamentares. “Eu recomendo, por exemplo, não fazer votação simbólica, que tira o compromisso do representante com a sua posição política”, diz. Ele lembra o episódio no qual a Câmara concedeu uma “Salva de Prata” às Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), em setembro de 2013. Na ocasião, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) pediu votação nominal e abriu uma crise na Casa, visto que o acordo inicial previa votação simbólica.
"A votação foi adiada por semanas, e quando o projeto finalmente foi votado, as galerias estavam cheias de gente: gente contra e gente a favor”, conta. “A ‘Salva de Prata’ foi aprovada, e tudo bem. Eu votaria contra, acho que ‘Salva de Prata’ é uma idiotice, e ‘Salva de Prata’ para a Rota é pior ainda. Mas quando eu vi aquelas galerias cheias... É claro que o resultado da votação me importa, mas me importa muito mais que tenhamos de fato um debate público, com pessoas prestando atenção a esse debate. Só assim a gente reaviva a potência da democracia”, diz.
Ainda que os candidatos ativistas demonstrem confiança, sabem que estão lutando contra uma maré conservadora. E que o projeto precisa ser continuado para ter sucesso. “Uma andorinha não faz verão", diz Todd Tomorrow. "Então, por exemplo, se eu for eleito, de nada vai adiantar se eu não tiver mais pessoas comigo. Porque a gente sabe que as nossas pautas e os nossos direitos são rifados constantemente”, diz.
O site da bancada ativista
E se a cidade fosse nossa?
Essa é a pergunta que nos une em
movimento na luta por uma cidade de direitos, em que a promoção da
cidadania seja o princípio de todas as políticas públicas, e as pessoas
possam decidir sobre os assuntos que impactam em suas vidas, como Saúde,
Moradia, Educação, Transporte e Segurança. Queremos um Rio de direitos,
mais humano, em que a vida esteja acima do lucro.
É deste sentimento que o PSOL Carioca
lança o movimento “Se a Cidade Fosse Nossa”, aberto a todas e todos que
desejam se organizar em torno deste ideal. Nosso objetivo é criar uma
estratégia de mobilização popular para superar o atual modelo de cidade,
baseado na falta de transparência pública, na desigualdade social, na
destruição ambiental, no patrimonialismo, no racismo, no machismo, na
homofobia e no fundamentalismo religioso.
Nossa proposta é construir uma rede de
ações, ampla e transversal às políticas setoriais, para promover a
justiça socioambiental, a participação popular e defender as liberdades
daqueles que são oprimidos em função de sua classe, gênero, raça,
sexualidade, religião, idade, cultura e corpo. Trata-se de um trabalho
em aberto e em permanente produção.
Vamos organizar um ciclo de seminários
temáticos e encontros de bairro que, aliado a uma plataforma virtual,
nos permita elaborar um projeto alternativo junto com você.
Acreditamos, assim, que outra cidade é possível!
Defendemos o fortalecimento da
democracia em todos os espaços públicos, através da consolidação e
ampliação de mecanismos de acesso à informação, de consulta popular e de
controle social nos processos de tomada de decisão. Mais do que uma
reforma institucional, almejamos a transformação do poder e da forma de
exercê-lo.
Queremos ouvir as vozes das ruas e
construir um novo modelo de governo com e para as pessoas. Para isso,
não há dúvidas, o poder público não pode se comportar como um balcão de
negócios, subordinando as políticas públicas aos interesses das grandes
corporações. Ao contrário, deve funcionar como um instrumento de
promoção do interesse público. Da arte ao lazer, da saúde à educação, da
segurança à mobilidade, do esporte ao carnaval, nossa meta é trabalhar
por uma cultura de direitos que nos permita superar o atual modo de
produção, consumo e descarte e construir um novo futuro para o Rio de
Janeiro.
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