Ontem 6 de outubro, após uma reunião
com um certo nível de tensionamento, causado por uma questão ligada aos
trâmites do rito de encaminhamento para
a escolha do novo representante dos
professores no conselho escolar,
participei de uma outra reunião pedagógica, cujo objetivo foi iniciar a discussão do projeto da semana da
consciência negra .
Quase ao final da reunião disse a colega que organiza ou sistematiza as diretrizes e as ações do projeto, que aquela é o tipo de reunião pedagógica que eu gosto de participar. E, reuniões “felizes” como tal, às vezes é muito raro, parafraseando uma música do Jota Quest.
Quase ao final da reunião disse a colega que organiza ou sistematiza as diretrizes e as ações do projeto, que aquela é o tipo de reunião pedagógica que eu gosto de participar. E, reuniões “felizes” como tal, às vezes é muito raro, parafraseando uma música do Jota Quest.
Esta segunda reunião também foi
marcada por alguma tensão, o que às vezes é salutar e necessário desde que vá
se dissipando para não obstruir o trabalho criativo e as relações interpessoais. A tensão se deu por conta da escolha do método
de discussão acerca dos fundamentos do projeto. O que defendo está baseado nos princípios paulofreiriano e por isso
requer a escolha problematizada dos marcos fundantes ou dos termos conceituais,
os quais embasarão ou fundamentarão os
argumentos lógicos do projeto. Detalhe: Para facilitar uma
participação mais ampla em termos de público e de uma maneira mais objetiva neste
momento inicial, podemos discutir os
marcos a partir de problemas , utilizando para isso a técnica conhecida como árvore de problemas
Como uma das contribuições que
trouxemos da prática com educação popular, e que foi
relativamente utilizada na reunião acima citada, podemos citar a técnica da
tempestade de idéias. A qual lança um
tema e uma pergunta para que as pessoas falem sem censura. Esta técnica implica
no principio de que sendo o projeto coletivo e horizontal, todos tem direito a
colocar suas idéias sem discussão
inicial e depois com argumentos contra e
favor, algumas propostas sugeridas ficam e outras saem.
Como o tema do projeto é
“Consciência Negra” sugeri que os marcos conceituais fossem definidos, pois é com base nestes que um projeto coletivo
precisa ser pensado. O marco conceitual funciona como colunas ou alicerces de fundação.
Havendo um bom acordo neste momento, toda a construção argumentativa pode ser realizada contemplando a média dos desejos , necessidades e vontades
de cada individuo. Os marcos conceituais escolhidos inicialmente foram
etnocentrismo, racismo, auto estima das pessoas negras e território. No
decorrer das discussões, o primeiro e o
último marco foram retirados , embora permaneçam inclusos ou
incluídos nos dois marcos restantes, o racismo e auto estima da pessoa negra.
No decorrer da discussão também
percebeu-se ser necessário discutir os marcos metodológicos. Como por exemplo:
Fazer atividades com competição, ao estilo gincana ou fazer atividades que não
tenham a competição como um dos
componentes principais? A questão da folclorização do tema consciência negra,
destacando apenas questões ligadas ao aspecto cultural, estético ou lúdico ou
considerar outros aspectos também relevantes
e importantes, como a questão dos
pensadores e cientistas afro-descendentes. A questão da redução da quantidade
de tema e/ou objetos, para não favorecer a dispersão
ou a desconecção, fazendo recortes
temporal e espacial, ou seja, focar em um determinado ou poucos períodos de tempo e em um ou poucos territórios. Outro marco metodológico discutido esta ligado a
despersonalização do projeto, o que significa, projeto
não dever ser nominado, mesmo que culturalmente seja dificil a mudança deste hábito, o que quer dizer,
não pode ser o projeto do professor Fulano ou do professor Beltrano, tanto por
razões éticas, como por razões pedagógicas, lamentavelmente isso acontece com
frequência.
Em outro momento podemos abordar com mais detalhes as consequências negativas da folclorização, da fragmentação e da personalização em projetos escolares, bem como acerca das estratégias necessárias para a superação disso.
Em outro momento podemos abordar com mais detalhes as consequências negativas da folclorização, da fragmentação e da personalização em projetos escolares, bem como acerca das estratégias necessárias para a superação disso.
Por ora, posso dizer que
participei de dois projetos este ano na
escola, os saraus multiculturais, arte contra a ditadura e Gonzaga vida e obra, cujo aprendizagem e grau de qualidade estética dos produtos apresentados, alcançaram um nível de qualidade surpreendente, a despeito das questões de disputa
de egos que precisam ser melhor trabalhada
no campo da educação socioemocional e de outros limites e desafios que podem ser superados.
Já no caso do projeto do dia da consciência negra, penso que o processo começou bem, e poderá
ser melhor no próximo ano, caso insistamos
em utilizar os princípios e as técnicas de construção coletiva e colaborativa
de projeto, inclusive de forma mais abrangente, incluindo alunos funcionários e até pais, porque não?
Mas para isso, algumas questões precisam ser motivos de reflexão, isso considerando as escolas públicas de uma maneira em geral. Será que temos a coragem e a firmeza necessária para avançar a democracia em ação e em atitudes, mais do que em palavras? Falo isso no lugar de professor. Será que a crise da educação e do ensino médio em particular não parte de uma tradição pedagógica e de gestão que se preocupa muito mais em convencer e/ou induzir os outros (as), do que propriamente ouvir primeiro os anseios e as expectativas de todos (as) para depois traçar as diretrizes dos programas e dos projetos? Como criar uma escola detradição democrática com um grau de solidez/coesão necessária, que possa fazer valer os ideais deautonomia e de criatividade que constam na LDB e em outros tipos de legislação?
Mas para isso, algumas questões precisam ser motivos de reflexão, isso considerando as escolas públicas de uma maneira em geral. Será que temos a coragem e a firmeza necessária para avançar a democracia em ação e em atitudes, mais do que em palavras? Falo isso no lugar de professor. Será que a crise da educação e do ensino médio em particular não parte de uma tradição pedagógica e de gestão que se preocupa muito mais em convencer e/ou induzir os outros (as), do que propriamente ouvir primeiro os anseios e as expectativas de todos (as) para depois traçar as diretrizes dos programas e dos projetos? Como criar uma escola detradição democrática com um grau de solidez/coesão necessária, que possa fazer valer os ideais deautonomia e de criatividade que constam na LDB e em outros tipos de legislação?
E pegando emprestado a poesia de Marcos Valle, prossigo perguntando, será que poderemos mesmo fazer com que o futuro comece ? Que os nossos sonhos se tornem realidade? Que a festa seja de todos (as)? Ou será que estamos contentes com essa realidade? Mesmo ouvindo as criticas e as resistências dos alunos (as)? Será que iremos continuar acreditando que o professor individualmente é o responsável pelos fracassos ? Os sucessos que obtemos como os dois projetos citados, saraus multiculturais, arte contra a ditadura e Gonzaga vida e obra, além de outros, são suficientes, já que estes momentos são realizado de forma pontual e como escape ou fuga momêntanea do modelo superado da tradicional aula expositiva e/ou fechada em disciplinas?
E como realizar aulas mais dinâmicas, interativas e criativas sem laboratórios, sem auditório e/ou sala multiuso para artes, sem espaços para práticas de esportes, recreação e lazer?
Com o tanto de questões para responder como essas, será que faz sentido debater o projeto escola sem partido, dentro dos limites rasteiros e equivocados de quem propôs?
Como diz a letra da canção:
E como realizar aulas mais dinâmicas, interativas e criativas sem laboratórios, sem auditório e/ou sala multiuso para artes, sem espaços para práticas de esportes, recreação e lazer?
Com o tanto de questões para responder como essas, será que faz sentido debater o projeto escola sem partido, dentro dos limites rasteiros e equivocados de quem propôs?
Como diz a letra da canção:
Um Novo Tempo
Hoje é um
novo dia
De um novo tempo que começou
Nesses novos dias, as alegrias
Serão de todos, é só querer
Todos os nossos sonhos serão verdade
O futuro já começou
De um novo tempo que começou
Nesses novos dias, as alegrias
Serão de todos, é só querer
Todos os nossos sonhos serão verdade
O futuro já começou
Hoje a
festa é sua
Hoje a festa é nossa
É de quem quiser
Quem vier
A festa é sua
Hoje a festa é nossa
É de quem quiser
Quem vier...
Hoje a festa é nossa
É de quem quiser
Quem vier
A festa é sua
Hoje a festa é nossa
É de quem quiser
Quem vier...
A experiência da Escola Amorim Lima-SP foi citada "an passant" durante a reunião. Aqui segue um vídeo para apresentar a Amorim Lima.
Assim como a experiência do projeto Âncora em Cotia-SP.
Outra experiência que merece ser conhecida:
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