segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Conversas com quem compreende ou quer compreender o conceito de Cidade Educadora

CIDADE EDUCADORA PARA QUE?

O conceito de Cidade Educadora não deixa de considerar a escola como um espaço de educação privilegiado, porém insuficiente. 

As mudanças ocorridas nos últimos anos, em especial no campo dos avanços tecnológicos e dos meios de comunicação e de transporte, fazem com que a situação de confinamento ao mundo fechado da escola, não seja mais possível. 

Em que pese o acesso ao mundo externo da educação “positiva” extramuros seja desigual, a depender das condições socioeconômicas, localização territorial e etc.

Em muitas regiões do Brasil esse entendimento é transformado em politica pública. Aqui em Aracaju e nos demais municípios sergipanos não conheço algo desse tipo. Se isso ocorrer, será bom para as escolas e para os espaços e iniciativas culturais. 

Os primeiros tem um grande público, mas sedentos de uma educação mais viva. Os segundos tem arte e cultura pulsante, mas não tem público suficiente, na maioria das vezes.

Enquanto isso não acontece, como professores do ensino regular, muitos de nós acompanhamos alunos para fazer visita a museus e centros históricos e , enquanto agentes culturais, quando é o caso, acompanhamos aprendizes crianças, adolescentes e jovens dos Pontos de Cultura e outras iniciativas semelhantes, para participarem de uma série de atividades extramuros, como passeios fotográficos, idas a cinema de arte ou cinema “cultural”, como um deles afirmou recentemente, entrevistas com mestres da cultura popular, ida a debates com temáticas ligadas ao campo da cultura, educação e cidadania e etc.

Que não demore a compreensão de nossos dirigentes politicos, gestores, técnicos e colegas professores acerca da importância desse tipo de ação, para que mais estrutura e recursos possam ser destinados a ações que considerem a cidade como espaço educativo, podendo também ser um lugar terapêutico, porque não. 

Pode estar nisso, uma das grandes possibilidades para começarmos a diminuir a violência nas escolas e em nossas comunidades. E muito mais.

P.S.: Detalhe importante, como toda "boa idéia" no Brasil, pode ocorrer um desvirtuamento dessa proposta, quando os dirigentes politicos e/iu gestores escolares, utilizam essa estratégia como medida de compensação para o não investimento na estrutura fisica ou material das escolas. Neste sentido, a idéia de cidade educadora não pode ser para dividir pobreza, mas para somar riquezas. Por exemplo: A escola não possui quadras de esporte e nem busca investimentos para isso, então se improvisa utilizando a única quadra do entorno da escola, cheia de problemas, podendo até expor alunos e professores a situações de vulnerabilidade, dependendo do contexto. Fazendo isso utilizando o conceito de cidade educadora, de forma empobrecida e reduzida. Fazendo com que este deixe de ser potência de expansão, para ser compensação limitadora.

Zezito de Oliveira - Educador e Agente/Produtor Cultural

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CONSTRUINDO PONTE E VIADUTOS MENTAIS PARA APROXIMAR A CIDADE PARTIDA

 Circulando por diversos territórios de nossa cidade partida, no dia de ontem, sábado, 26/08/2017, periferia, centro e zona sul. Construindo ou reforçando pontes ou viadutos no plano cultural, a começar por dentro de mim.

De manhã no Conj. Jardim acompanhando o último ensaio/encontro da oficina de teatro do Ponto de Cultura Juventude e Cidadania, nesta fase da parceria com a Secult-Se e MINC.

Pela tarde, fazendo uma visita rápida a oficina de RAP e acompanhando 5 meninos (as) para assistir a estréia nacional de “Filme de Cinema", no Cine Vitória. São egressos da oficina de audiovisual já encerrada, mas retroalimentada através de ações como essa.

A noite na Reciclaria, espaço cultural alternativo localizado na zona sul de Aracaju ,assistindo ao show do excelente The Baggios, com a participação de Joésia Ramos, Patricia Polayne e Alex Santana, outros excelentes artistas sergipanos convidados. Com direito a Fora e Morra Temer! Mas sem a resposta magnifica que veriámos em outros locais, por razões óbvias. 

Este última ação, na companhia da amada companheira. Revejo pessoas legais conhecidas, vejo muitas que não conheço e até uma pessoa que me conheceu nos tempos de jovem, lá pelas bandas do Bairro América, como ativista social e cultural nos idos dos anos de 1980 e 1990. Esta pessoa morou fora de Aracaju durante um bom tempo. 

Isso de circular por diversas territórios da "cidade partida", na feliz expressão do jornalista e escritor carioca Zuenir Ventura, começa antes do bairro américa e merece texto a parte.

Nossos agradecimentos especiais a amiga Maria Rosali que colaborou com a cessão dos 5 ingressos para o Cine Vitória. 

Quem for parceiro do Cine Vitória por meio do cartão fidelidade e quiser colaborar com doação de ingressos, estará participando desse esforço de aproximar os Brasis.

E assim, vamos fazendo desse lugar um bom país, esperando a mudança dos ventos de Brasilia, Mas que não mudará se não começarmos a fazer isso em nossos bairros e cidades. 

Quem foi citado direta ou indiretamente aqui nesse texto já faz isso. Lembrando um poema de Fernando Pessoa
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”


Zezito de Oliveira - Educador e Agente/Produtor Cultural


http://educacaointegral.org.br/glossario/cidade-educadora/


Cidade Educadora



A concepção de Cidade Educadora remete ao entendimento da cidade como território educativo. Nele, seus diferentes espaços, tempos e atores são compreendidos como agentes pedagógicos, que podem, ao assumirem uma intencionalidade educativa, garantir a perenidade do processo de formação dos indivíduos para além da escola, em diálogo com as diversas oportunidades de ensinar e aprender que a comunidade oferece.

Movimento das Cidades Educadoras
Este conceito ganhou força e notoriedade com o movimento das Cidades Educadoras, que teve início em 1990 com o I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, realizado em Barcelona, na Espanha. Neste encontro, um grupo de cidades pactuou um conjunto de princípios centrados no desenvolvimento dos seus habitantes que orientariam a administração pública a partir de então e que estavam organizados na Carta das Cidades Educadoras, cuja versão final foi elaborada e aprovada no III Congresso Internacional, em Bolonha, na Itália, em 1994.
A carta é ainda hoje o referencial mais importante da Associação Internacional de Cidades Educadoras, que reúne mais de 450 cidades em 40 países do globo.
O movimento compreende a educação como um elemento norteador das políticas da cidade e o processo educativo como um processo permanente integrador que deve ser garantido a todos em condições de igualdade e que pode e deve ser potencializado pela valorização da diversidade intrínseca à vida na cidade e pela intencionalidade educativa dos diferentes aspectos da sua organização: do planejamento urbano, da participação, do processo decisório, da ocupação dos espaços e equipamentos públicos, do meio ambiente, das ofertas culturais, recreativas e tecnológicas.
Leia também: 19 elementos que você pode encontrar em uma cidade educadora
Na Carta, o movimento afirma:“A cidade educadora deve exercer e desenvolver esta função paralelamente às suas funções tradicionais (econômica, social, política de prestação de serviços), tendo em vista a formação, promoção e o desenvolvimento de todos os seus habitantes. Deve ocupar-se prioritariamente com as crianças e jovens, mas com a vontade decidida de incorporar pessoas de todas as idades, numa formação ao longo da vida. As razões que justificam esta função são de ordem social, econômica e política, sobretudo orientadas por um projeto cultural e formativo eficaz e coexistencial”.

  • Créditos: RA2 Studio/FotoliaImagem: RA2 Studio/Fotolia
Ainda para o importante teórico do movimento, Jaume Trilla Bernet, em uma perspectiva educadora, a cidade pode ser considerada a partir de três dimensões distintas, mas complementares: “Em primeiro lugar como entorno, contexto ou contida de instituições e acontecimentos educativos: “educar-se ou aprender na cidade” seria o lema que descreve esta dimensão.Em segundo lugar, a cidade é também um agente, um veiculo, um instrumento, um emissor de educação (aprender da cidade). E em terceiro lugar, a cidade constitui em si mesma um objeto de conhecimento, um objetivo ou conteúdo de aprendizagem: aprender a cidade. De fato se trata de três dimensões conceitualmente diferentes e que em algumas ocasiões convém diferenciar por motivos metodológicos, mas que na realidade se dão notavelmente mescladas: quando aprendemos de e na cidade aprendemos simultaneamente a conhecê-la e a usá-la”.
Assim, o movimento de Cidades Educadoras confere centralidade à educação como elemento norteador das ações e políticas de todas as áreas, na medida em que é compreendida como basilar para o desenvolvimento humano e social.
Referências bibliográficas
APRENDIZ, Associação Cidade Escola.Entrevista com Ladislau Dowbor. In:
Pesquisa-ação comunitária, São Paulo: Editora Moderna, 2011.
ARROYO, Miguel.O direito a tempos-espaços de um justo e digno viver. In: MOLL, Jaqueline (org.), Caminhos da educação integral no Brasil: direito a outros tempos e espaços educativos. Porto Alegre: Penso, 2012.
BERNET, J. T.Introdução. In: E. A. Educadores, La Ciudad Educadora = La Ville Éducatrice Barcelona, Barcelona: Ajuntament de Barcelona, 1990 (pp. 6-21). Carta das cidades Educadoras.Acesso online em  24/04/2012.
TEIXEIRA, Anísio. O ensino cabe à sociedade. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, v.31, n.74, 1959. p. 290-298.




Para saber mais

Portal Aprendiz, site que reúne notícias e textos opinativos sobre experiências de educação na cidade.

Cidades Educadoras, programa da Cidade Escola Aprendiz.



Site da Associação Internacional de Cidades Educadoras, com informações e notícias sobre a organização e sobre o tema.

Banco de Documentos
de Cidades Educadoras, indicando experiências realizadas pelos municípios associados em diferentes países do globo.

A relação escola-cidade garante uma Cidade Educadora?, texto da Diretora geral da Associação Cidade Escola Aprendiz sobre o tema.

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