"Tudo que não presta morre por si mesmo" O fascismo foi a ruína do
próprio fascismo. O ódio que o neofascismo propaga e agora parte para as
vias de fato é tão intenso que conseguirá reunir todos contra ele, assim como foi com os nazifascistas na década de 1940.
O Barbeiro bozofascista, de 36 anos, negro, cor parda, como eu sou,
iniciou uma discussão política com o dono de um bar, defendendo o bozo e
acabou assassinando na madrugada no dia 08/010/18, a facadas, o Mestre
de Capoeira Romualdo Rosário da Costa, 63, conhecido como Moa do
Katendê, querido por todos, e ferindo seu primo.
O enterro do Mestre, em Salvador, transformou-se em ato contra o bozonazifascista. Uma lição que este assassino não aprendeu é que, gente com inclinação ao nazismo não gosta de negro e se posar ao lado de um, é por tática de campanha eleitoral.
Este crime é um de muitos que poderão acontecer se a sociedade não despertar para o pesadelo que poderá vir.
Consideremos emblemática esta morte do mestre de capoeira, que também era ativista cultural e uma pessoa de paz, que, na discussão argumentou auxiliando o dono do bar, um defensor do candidato Haddad. Portanto, de um lado pacifistas e do outro um homem animado pelo seu candidato que prega a violência até com o uso de arma de fogo.
É da intolerância, da prepotência e da incapacidade de argumentar que os fascistas sacam seus impulsos bestiais e atacam. Eles têm dificuldade de conviver com opiniões divergentes, pois preferem as respostas físicas que fulminem seus interlocutores e lhes garantam a prevalência de uma pretensa ideia absoluta. Mortos não argumentam. Fascistas são sociopatas.
O enterro do Mestre, em Salvador, transformou-se em ato contra o bozonazifascista. Uma lição que este assassino não aprendeu é que, gente com inclinação ao nazismo não gosta de negro e se posar ao lado de um, é por tática de campanha eleitoral.
Este crime é um de muitos que poderão acontecer se a sociedade não despertar para o pesadelo que poderá vir.
Consideremos emblemática esta morte do mestre de capoeira, que também era ativista cultural e uma pessoa de paz, que, na discussão argumentou auxiliando o dono do bar, um defensor do candidato Haddad. Portanto, de um lado pacifistas e do outro um homem animado pelo seu candidato que prega a violência até com o uso de arma de fogo.
É da intolerância, da prepotência e da incapacidade de argumentar que os fascistas sacam seus impulsos bestiais e atacam. Eles têm dificuldade de conviver com opiniões divergentes, pois preferem as respostas físicas que fulminem seus interlocutores e lhes garantam a prevalência de uma pretensa ideia absoluta. Mortos não argumentam. Fascistas são sociopatas.
Antônio da Cruz - operário aposentado, artista plástico e ativista cultural.
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Uma canção para este momento. São poucos dias para garantir o pouco de conquistas sociais, trabalhistas e democráticas que custaram a vida de milhões de brasileiros desde as lutas contra a escravidão e contra a dominação portuguesa.
Em homenagem a memória do mestre de capoeira Moa do Katendê, assassinado covardemente por manifestar livremente o seu direito de opinião, garantido pela constituição, mas ameaçado por uma das candidaturas que disputam o voto neste segundo turno das eleições de 2018.
Esta e outras canções para pensarmos melhor sobre nossas escolhas nesse segundo turno.
https://acaoculturalse.blogspot.com/2018/10/play-list-para-um-brasil-em-transe.html
Sobre o mestre:
Pra te lembrar do Moa do Katendê
“Fale
o que for mas não esqueça que...” Essa foi a canção que projetou, nos
idos de 1977, a carreira de Romualdo Rosário da Costa, o Moa do Katendê,
como compositor de blocos afros e que deu origem ao nome daquele afoxé
mar azul que fundou, juntamente com o seu grupo Jovens Loucos, no dia 13
de maio de 1978, na Curva do Asilo, no Engenho Velho de Brotas, bairro
onde nasceu, se criou, se fez artista e, infelizmente, foi morto.
A canção Ilê Aiyê/ Bloco Beleza, também chamada de
Badauê por causa do refrão que fazia subir poeira na quadra de ensaios
do mais belo dos belos, dizia assim: “sua criolada engalanada / 100%
emocionada / delirando toda massa cantando assim – Badauê ê ê, Bada bá
auê auê...”. Antes de se consagrar no Curuzu, ‘do Katendê’ já havia
composto e saído vitorioso de muitos festivais em blocos carnavalescos
da cidade, como do bloco Os Românticos, em 1976. Recordou Moa: “eles
lançaram o tema ‘Tourada em Madri’, né, e em seguida, no ano seguinte,
eu viajo para a Espanha. Pra mim foi muito engraçado porque eu faço a
música e ganho o carnaval e, de repente, eu tô lá na Espanha vendo a
tourada e tudo.... nossa...”.
Foi
no Apaches do Tororó, onde apareceu pela primeira vez como compositor
entre 1974/1975. E ganhou prestígio, em 1979, depois do sucesso do Afoxé
Badauê que, em seu primeiro desfile, despontou como campeão no
carnaval, com o tema ‘Explosão Afro Cultural’ e uma homenagem ao Filhos
de Gandhy. Naquele ano, Caetano Veloso, gravou seu ijexá Badauê, no
emblemático disco Cinema Transcendental: “misteriosamente, o Badauê
surgiu, sua expressão cultural, o povo aplaudiu”. Também nesse LP, o
nome do afoxé foi evocado pela canção Sim/Não, de autoria do próprio
Caetano: “No Badauê, toda grandeza da vida no sim/não”.
Desde que inauguramos, em 2013, junto com Jorjão
Bafafé, um dos seus parceiros da época do afoxé, o Movimento Pra te
Lembrar do Badauê, tivemos muitos encontros onde ele me narrava a sua
trajetória artística e suas andanças pelo mundo, o percurso dos blocos
afros e afoxés e compartilhávamos ideias e sonhos. Sobre o nome Badauê,
Moa me confidenciou: “não sei se foi algum sopro espiritual que mandou
eu falar isso, Badauê, eu só sei que veio junto, eu só sei que veio
mesmo...” Nas artes negras, Mestre Moa era bruxo, na capoeira, na
percussão, na dança afro, na composição, no canto. E não cansava de
dizer que a Liberdade foi sua grande inspiração.
Depois que saiu do Badauê, no carnaval de 1984, com o
tema Mito Sagrado, o Mestre Moa tornou-se um peregrino da cultura
afro-baiana, difundindo-a para os quatro cantos do Brasil e do mundo.
Volta e meia me mandava uma mensagem pelo Face ou Zap dizendo que estava
em São Paulo, dois dias depois já estava na Alemanha, depois em Belo
Horizonte, no Rio Grande Sul, na França. Às vezes, também me fazia uma
surpresa e batia na minha porta pra gente prosear, molhar a palavra (com
cerveja) e me contar o que tinha lembrado dos tempos do Badauê, pra
contribuir com a escrita da minha dissertação. E cantarolava alguma
canção da época áurea do Afoxé, que ele ia recordando aos poucos, ou
alguma que acabara de compor, como foi a BrownMaChi, um presente que me
deu: “Brown fez esta canção/ só pra te lembrar/ hoje é nossa inspiração/
foi Mateus Aleluia quem/ pediu a Chicco Assis/ acordar o Badauê...”
E lá se ia Moa, com seu mocó cheio de cabaças,
agogôs, caxixis, xequerés, colares, de conhecimento sobre capoeira,
ijexá, afoxé, negritude, baianidade jêje banto e nagô. “Bê bê bê bê bê,
A/ Bê bê bê bê bê, Fó/ Bê bê bê bê bê, Xé / Bê bê bê bê bê, Ba/ Bê bê bê
bê bê, Dá/ Bê bê bê bê bê Auê/ Afoxé Badauê/ Afoxé Badauê...” Agora,
ele se foi de vez, sem se despedir e não temos dimensão da bagagem que
ele levou com ele. Pegaram o velho capoeira na crocodilagem, na traição,
na covardia e com brutalidade. Mas, capoeira, que é bom, não cai... Com
certeza, ele seguirá tocando e dançando seu ijexá, inspirando novos
afoxés, jogando sua capoeira no Orum, junto a sua ancestralidade.
Mestre Moa do Katendê hoje é ancestral, mas seu
legado, sua obra, seus ensinamentos permanecem como uma toalha para
enxugar nossas lágrimas. Por isso cantamos assim:
“Não chore Gandhy/ não chore não/ você é um bom irmão/ eternamente será lembrado/ seu mundo é abençoado”.
#moadokatendêpresente
Chicco Assis é gestor, produtor, pesquisador
cultural e artista. Defendeu dissertação de mestrado sobre a memória do
Afoxé Badauê no Pós-Cult da UFBA e atualmente assume a Gerência de
Equipamentos Culturais da Fundação Gregório de Mattos.
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/pra-te-lembrar-do-moa-do-katende-1/
Barbárie Caetano: brasileiros não podem ter 'medo da responsabilidade da civilização'
Compositor baiano lamenta
assassinato de Moa do Catendê, esfaqueado em Salvador por eleitor de
Bolsonaro. Gilberto Gil fala em "devastadora onda de ódio"
por Redação RBA
publicado
09/10/2018 19h21,
última modificação
09/10/2018 19h34
Reprução O Globo e Instagram
São Paulo – O cantor e compositor Caetano Veloso postou vídeo em que se mostra indignado com o assassinato do mestre de capoeira Moa
do Catendê em Salvador. Ele já havia se declarado "de luto" pela morte
de Moa, seu amigo, "uma das figuras centrais na história do crescimento
dos blocos afro de Salvador".
No vídeo, Caetano lembra que Moa foi fundador do afoxé Badauê e
cantarola música sobre o grupo, que gravou há décadas: "Misteriormente/ O
Badauê surgiu/ Sua expressão cultural/ O povo aplaudiu". E lamenta o
momento por que passa o país.
"Ele (Moa) foi assassinado por causa de uma discussão política",
disse Caetano, lembrando que o mestre de capoeira havia declarado seu
voto no PT e foi esfaqueado 12 vezes por um "bolsonarista fanático". Ele
acabou sendo preso.
"Isso dá a impressão que a mente brasileira está num estado que
precisa ser superado. É verdade que todo mundo precisa colocar pra fora
um monte de coisa pra ver se muda o modo de ser da mente do brasileiro,
do inconsciente coletivo. Pra isso acontecer, a gente tem de se
reconhecer que a gente está maduro o suficiente para não se entregar a
coisas como essa. porque isso é muito simbólico do que está se esboçando
no Brasil", prossegue Caetano, cujo tom de voz vai aumentando na parte
final da fala.
"A mente de todos os brasileiros que são capazes de pensar, acalmar a
cabeça para receber as coisas, o coração para metabolizar os
sentimentos humanos, precisa reconhecer que não pode reduzir o Brasil a
essa coisa bárbara", diz, irritado. "O assassinato de Moa do Catendê é
um sinal de que a gente não deve seguir com força no caminho que as
pessoas ilusoriamente pensam que é superação, quando é atraso, é volta, é
medo da responsabilidade da civilização."
Gilberto Gil também postou em rede social mensagem em que lamenta o
episódio. "Mestre Moa do Catendê foi morto ontem, em Salvador, por um
homem tomado de fúria assassina em meio a uma discussão sobre as
eleições que acabavam de acontecer. (...) Ele, homem de dedicada atuação
entre as comunidades da cultura popular da cidade, foi o idealizador do
bloco Afoxé Badauê que encantou os carnavais de rua da Bahia, alguns
anos atrás. Torna-se uma das primeiras vítimas fatais dessa devastadora
onda de ódio e intolerância que nos assalta nesses dias de hoje",
escreveu.
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