terça-feira, 31 de julho de 2018

Brasil. O que querem os professores? O que querem os alunos?



Professores consideram qualificação e escuta como medidas principais para valorizar a profissão

Em pesquisa do Itaú Social e do Todos pela Educação, docentes apontam falta de continuidade de políticas e desconexão entre programas e sala de aula
Metade dos professores brasileiros consideram que a profissão está desvalorizada e não a recomendam para as novas gerações. Para eles, a reversão deste cenário exige medidas que aprimorem a formação continuada (69%) e a escuta dos docentes para a formulação de políticas educacionais (67%), além de restaurar a autoridade e o respeito à figura do professor (64%) e garantir melhor remuneração (62%).
Os dados são da pesquisa “Profissão Docente”, iniciativa do Itaú Social e do Todos pela Educação, realizada pelo Ibope Inteligência em parceria com a Conhecimento Social. O levantamento entrevistou 2.160 professores da Educação Básica das redes públicas municipais e estaduais e da rede privada de todo o país, com o objetivo de ouvi-los a respeito do trabalho, da formação e do que consideram mais importante para a valorização da carreira. A amostra respeitou a proporção de docentes em cada rede, etapa de ensino e região do país, considerando os dados do Censo Escolar da Educação Básica (MEC/Inep).
Para 78% dos professores, a afinidade com a profissão foi o aspecto que os levou à escolha da carreira. Entretanto, 33% dizem estar totalmente insatisfeitos com a docência, e apenas 21% totalmente satisfeitos.
Formação
A pesquisa demonstra que há um forte desejo de aprimoramento profissional dos docentes, uma vez que 77% deles têm cursos de especialização. Somente 29% dos professores concordam que a formação inicial os preparou adequadamente para começar a dar aula. Nesse sentido, além de políticas voltadas a melhorar a formação inicial, a formação continuada é determinante para o aprimoramento da prática docente.
Os professores entendem que é papel da Secretaria de Educação oferecer oportunidades de formação continuada (76%), mas não concordam que os programas educacionais como um todo estão bem alinhados à realidade da escola (66%). Apontam ainda que falta um bom canal de comunicação entre a gestão e os docentes (64%), e que não há envolvimento dos professores nas decisões relacionadas a políticas públicas (72%). Também consideram aspectos ligados à carreira mal atendidos, como o apoio à questões de saúde e psicológicas (84%) e o salário (73%).
Segundo o levantamento, a remuneração média atual no país é de R$ 4.451,56. A grande maioria dos docentes (71%) tem a principal renda da casa e 29% deles mantém atividade complementar como fonte de renda. Além disso, 58% dos professores afirmam ter tempo remunerado fora da sala de aula, mas somente cerca de 30% deles dispõem de um terço ou mais de sua carga horária para atividades extra-classe, como planejamento de aula, conforme determina a Lei do Piso do Magistério.

Pela educação

SBPC envia carta ao governo pedindo revogação da reforma do ensino médio

Os cientistas pedem ainda uma nova Base Nacional Comum Curricular, elaborada com participação social, e a garantia do cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação
por Redação RBA publicado 01/08/2018 20h17, última modificação 01/08/2018 20h26
CPERS/Sindicato dos Professores do RS
reforma do ensino médio
Cientistas, professores e estudantes são contra a reforma do Ensino Médio imposta por medida provisória de Temer
São Paulo – A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) encaminhou hoje (1º) ao governo e ao Congresso Nacional carta em que pede a revogação da reforma do ensino médio, a revisão da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e a garantia do cumprimento das 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE). Receberam cópia do documento o presidente Michel Temer, o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Conselho Nacional de Educação, Eduardo Deschamps.
A moção foi votada e aprovada por unanimidade na Assembleia Geral Ordinária de Sócios da SBPC, no último dia 26, durante a 70ª Reunião Anual da SBPC, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió.
Para a entidade, a reforma do ensino médio e a Base Nacional Comum Curricular, que implementa na prática a reforma, “têm características excludentes e que podem levar a um aprofundamento das desigualdades sociais, ao contrário do exposto em propagandas oficiais”.
Os cientistas que aprovaram a moção entendem que a educação pública necessita de significativos aportes financeiros, e que o PNE para o decênio 2014-2024, apesar de ter excluído pontos importantes para o progresso da educação, como as questões étnico-raciais e de gênero, constitui um importante aporte à educação brasileira. Isso porque equaciona os principais problemas enfrentados pelo sistema público e propõe soluções por meio de metas ligadas à universalização do atendimento em todos os níveis, à educação em tempo integral, à valorização, carreira e formação dos professores e ao financiamento público da educação, entre outros.
E por entenderem que o PNE tem tido suas metas sistematicamente descumpridas pelo governo, propõem a revogação da Lei no 13.415, que estabelece a reforma do ensino médio, bem como um amplo debate sobre a reestruturação desse nível de ensino, no qual participem todos os setores envolvidos. Além disso, defendem que a BNCC do ensino médio, atualmente em avaliação pelo Conselho Nacional de Educação, seja devolvida ao MEC para reavaliação de sua estrutura e conteúdo – o que deve ser feito com a participação de estudantes, professores e demais trabalhadores do setor, gestores e entidades científicas.

Dia D

O documento da SBPC foi entregue na véspera do que o governo Temer tem chamado de Dia D – dia nacional de debates sobre a BNCC em todas as escolas do país. Para o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial no Estado de São Paulo (Apeosp), a data será de atos contrários à medida.
A reforma do ensino médio foi encaminhada ao Congresso por meio de medida provisória. A princípio, pretendia desobrigar o ensino de Filosofia, Artes, Educação Física e Sociologia, mas a pressão de estudantes e professores conseguiu alterar o projeto original, que manteve outros problemas: a possibilidade de 40% da grade curricular ser ministrada a distância, e de os recursos públicos serem destinados a empresas privadas, além da contratação de “profissionais com notório saber”, sem licenciatura, no lugar de professores. “E a imposição da BNCC neste momento tenta consolidar a reforma."
Saiba por que os professores são contra a reforma:
tabela apeoesp.jpg
 Fonte: Apeoesp

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