terça-feira, 29 de abril de 2025

Tarcísio cria mais 100 escolas militares e PMs darão aula de política. ABSURDO E BIZARRICE

Excrescência educacional da extrema direita se expande no estado mais populoso do país e policiais aposentados sem formação darão orientação política aos jovens.


Créditos: Pablo Jacob / Governo do Estado de SP


O governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já definiu que o estado criará mais 100 escolas cívico-militares a partir do segundo semestre deste ano. As unidades integram um universo de 302 escolas cujos diretores manifestaram-se interessados na excrescência educacional que virou moda entre os gestores de extrema direita. Dessas, 132 conseguiram aprovar a ideia em “reuniões com a comunidade escolar, formada por pais, alunos e professores”, sendo que 100 delas serão convertidas para esse modelo ainda em 2025.

Pelas regras do “currículo paulista das escolas cívico-militares”, PMs aposentados farão papel de professores dos jovens alunos e darão aulas a eles de política e ética. Sim, você não leu errado. Servidores militares de uma corporação considerada uma das mais violentas e letais do Brasil, alinhada de primeira hora do bolsonarismo, e sem qualquer formação acadêmica ou pedagógica, ficarão responsáveis por ensinar à juventude preceitos políticos e noções de ética na sociedade.

No modelo, essas aulas serão consideradas atividades extracurriculares e os mesmos PMs, que trabalharão desarmados, serão os responsáveis pela segurança da unidade e pela entrada e saída dos alunos. O formato descabido de “escola” já se mostrou um fracasso em números e foi descontinuado pelo governo federal após uma decisão do presidente Lula (PT). No documento que pôs fim a essas escolas, o MEC constatou que elas induzem ao desvio de finalidade das Forças Armadas e das forças de segurança.

A longa luta árdua e renhida pela educação humanista e democrática em nosso país

Estamos claramente diante de dois projetos de educação e de país para serem discutidos a partir de agora e cuja decisão acontecerá em 2026 . Ou de três, um mais  autoritário, representado pela corrente de extrema -direita. O outro menos autoritário, representado pelo pensamento neoliberal visando a formação de uma grande multidão de trabalhadores, "empreendedores" e consumidores, alienados e passivos e o terceiro, democrático e humanista, o que vem sendo perseguido desde as escolas Parque idealizadas por  Anísio Teixeira, anos 1930 e 1950 no Rio de Janeiro e na Bahia, até os CEUs da Marta Suplicy (primeira década deste século), passando pelo Sistema de Ensino Vocacional , existente em plenitude, antes do golpe militar de 1964, e que conseguiu resistir até o final da década de 1960 em São Paulo sob a liderança de Maria Nildes Mascellani, e pelos  CIEPS no Rio de Janeiro , liderados pela dupla Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.

Logo, mais uma vez, em 2026, estaremos diante da disputa  de um projeto de educação e de país que passa pela  escolha entre civilização e barbárie. A lembrar , se trata de uma escolha que envolve não apenas a disputa pela presidência, como pelo parlamento. Do contrário, poderemos continuar tendo que conviver com ministros da educação que representem o pensamento menos autoritário , mas também, das fundações empresariais que tratam a educação pública como um grande negócio a serviço da formação de uma  força de trabalho e consumidora passiva e alienada ou pior, com o pesadelo que pode representar a expansão para todo o país do que está sendo implantado no Estado de São Paulo por Tarcisio de Freitas, a lembrar,  antecedido pelo que foi implantado pelos governos do PSDB durante vários anos, inclusive culminando com ocupação de escolas pelos estudantes   entre novembro de 2015 e o início de 2016.  

Zezito de Oliveira



domingo, 27 de abril de 2025

Por que é importante as prefeituras fazerem adesão ao ciclo 2 da politica nacional de cultura Aldir Blanc (PNAB)? Quais prefeituras de Sergipe já fizeram até 25/04/2025

A adesão das prefeituras ao segundo ciclo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) é crucial por vários motivos.  Aqui estão os principais pontos que explicam sua importância:

1. Acesso a Recursos Federais para a Cultura

O Ciclo 2 da PNAB garante repasses financeiros significativos da União para estados e municípios, destinados ao fomento de políticas culturais locais.

Esses recursos financiam editais, manutenção de equipamentos culturais e projetos artísticos, fortalecendo a economia criativa local.

2. Autonomia e Flexibilidade na Gestão

As novas diretrizes da PNAB, estabelecidas pela Portaria MinC n.° 195/2025, eliminam burocracias anteriores, como:

Fim da obrigatoriedade de adequação orçamentária em 180 dias.

Possibilidade de usar integralmente os recursos, desde que 60% sejam executados até 30 de junho de 2025 .

Isso permite que os municípios adaptem os investimentos às suas realidades, sem pressões indevidas.

3. Fortalecimento da Participação Social e Democracia Cultural

A PNAB exige que os gestores municipais consultem a sociedade civil para definir prioridades, como:

Realização de oitivas com produtores culturais (exemplo de Mauá) .

Reativação de conselhos municipais de cultura (caso de Maceió) .

Essa abordagem assegura que os recursos atendam às demandas reais da população, promovendo inclusão e diversidade.

4. Continuidade de Políticas Públicas Estruturantes

A adesão ao Ciclo 2 consolida a PNAB como uma política de estado (não apenas de governo), com repasses regulares por quatro anos. Municípios como Maceió destacam a oportunidade de corrigir falhas do ciclo anterior e implementar projetos de longo prazo . Além disso, o Ministério da Cultura oferece suporte com tutoriais, cartilhas e plantões tira-dúvidas para facilitar a execução .

5. Articulação Federativa e Cooperação entre Entes

O MinC promoveu diálogos com fóruns de gestores municipais e estaduais para alinhar as regras do Ciclo 2, garantindo:

Transparência nas regras de aplicação dos recursos.

Engajamento de prefeituras, como destacado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) .

Essa colaboração reduz desigualdades regionais e fortalece a gestão cultural em escala nacional.

Conclusão

A adesão à PNAB é estratégica para municípios que buscam recursos financeiros, autonomia gerencial e legitimidade social em suas políticas culturais. Cidades como Maceió, Mauá e Tangará da Serra já demonstram os impactos positivos dessa iniciativa, desde a valorização de artistas locais até a revitalização de equipamentos culturais .

Para mais detalhes, gestores podem acessar o site oficial da PNAB ou entrar em contato via e-mail: pnab@cultura.gov.br.

Aracaju e outras cidades que não fizeram adesão precisam apressar o passo.  O prazo para adesão ao ciclo 2 na plataforma transfere gov é até 26 de maio. Até 30 de junho é a execução  de no mínimo 60% do ciclo 1 para garantir o recebimento da parcela do ciclo 2.

É nessa hora que precisa entrar em ação: Conselhos de Cultura, Fóruns de Cultura, Vereadores pró cultura, jornalistas que compreendem a importância da PNAB para a cultura na base da sociedade, academias literárias, sindicatos  ligados a área da cultura junto com sindicatos de áreas afins, como  educação e comunicação, associações de quadrilhas juninas e etc.

Escritório do MinC Sergipe informa:

Adesão ao ciclo 2 da Política Nacional Aldir Blanc - Municípios de Sergipe - Dados da plataforma Transferegov em 25/04/2025)

01- Estado de Sergipe ✅

02- Arauá ✅

03- Brejo Grande 🆑

04- Campo do Brito🆗

05- Canindé de São Francisco 🆗

06- Capela 🆗

07- Carira 🆑

08- Carmópolis🆑

09- Divina Pastora ✅

10- Feira Nova🆑

11- Frei Paulo ✅

12- General Maynard ✅

13- Graccho Cardoso ✅

14- Ilha da Flores ✅

15- Itaporanga ✅

16- Japoatã 🆑

17- Macambira ✅

18- Malhador ✅

19- Maruim ✅

20- Moita Bonita ✅

21- Monte Alegre de Sergipe 🆗

22- Muribeca 🆑

23- Neópolis 🆗

24- Nossa Senhora Aparecida✅

25- Nossa Senhora de Lourdes ✅

26- Pedra Mole 🆗

27- Pedrinhas ✅

28- Pinhão 🆗

29- Porto da Folha 🆗

30- Propriá✅

31- Riachuelo ✅

32- Ribeirópolis ✅

33- Rosário do Catete ✅

34- Salgado ✅

35- Santana do São Francisco 🆑

36- Santo Amaro das Brotas ✅

37- São Cristóvão 🆗

38- São Francisco 🆑

39- Siriri ✅

40- Tobias Barreto🆗

41- Tomar do Geru ✅

42- Umbaúba 🆗

Legenda:

Autorizado🆗

Análise Concluída▶

Enviado para Análise✅

Em Complementação 🆑


Para a produção desse post contamos com a colaboração da IA deepseek e do escritório estadual do MINC (Sergipe). 

29 de abril, às 15h

Coloque na Agenda 

https://www.instagram.com/p/DI6GnEaxkqG/?igsh=MWdxNTRvaGtpcTVtaQ==

📢 A ABM convida prefeitos, prefeitas e gestores culturais para um debate essencial sobre a Lei Aldir Blanc! No dia 29 de abril, às 15h, vamos esclarecer como acessar e aplicar corretamente os recursos destinados à cultura, com orientações diretas do Ministério da Cultura.

🔍 Principais temas abordados:

✅  Implementação da Lei Aldir Blanc nos municípios;

✅  Prazos, procedimentos e repasses de recursos;

✅  Cultura como vetor de desenvolvimento local.

🎤 Com a participação de:

Fábio Riani Costa Perinotto (Coordenador-Geral de Orientação e Capacitação do Ministério da Cultura).

📌 Como participar?

A transmissão será ao vivo no YouTube da ABM, com espaço para perguntas!

📅 29/04 | ⏰ 15h (horário de Brasília)

📍 Link: youtube.com/watch?v=vSF85N8_f24

💡 Participe e fortaleça a gestão cultural da sua cidade!

Atualização em 27/04/2025

#ABM #Podcast #DiálogosFederativos #LeiAldirBlanc #Cultura #GestãoMunicipal #DesenvolvimentoLocal

A cidade de Quixelô, no Ceará, já aderiu o novo ciclo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) garantindo quase 600 mil reais para o município até 2027.

Além disso, o secretário da cultura Guilherme Guedes, apresentou duas produções de livros de artistas locais que foram possibilitadas a partir do recurso da Lei Paulo Gustavo. É o Ministério da Cultura nos 4 cantos do Brasil!

Márcio Tavares


Quixelô tem muito a mostrar e ainda fazer. Em nome da professora e escritora Neide Nascimento, dos artistas plásticos Ruy Relbquy e Arivanio Alves quero saudar toda a nossa produção cultural em Quixelô. Estamos juntos! 

Guilherme Guedes

As conquistas culturais no Brasil inteiro por conta da Lei Paulo Gustavo, anterior a PNAB

segunda-feira, 6 de maio de 2024

#FrutosLPG Com a Lei Paulo Gustavo o Brasil redescobre o Brasil.


Atualização em 29/04/2025

Escritório do MinC Sergipe informa:
Adesão ao ciclo 2 da Política Nacional Aldir Blanc - Municípios de Sergipe - Dados da plataforma Transferegov em 29/04/2025)

1. Estado de Sergipe 🆗
2. Arauá 🆗
3. Areia Branca 🆗
4. Barra dos Coqueiros ✅
5. Boquim - ✅
6. Brejo Grande ✅
7. Campo do Brito🆗
8. Canindé de São Francisco 🆗
9. Capela 🆗
10. Carira 🆗
11. Carmópolis 🆗
12. Divina Pastora 🆗
13. Estância ✅
14. Feira Nova 🆗
15. Frei Paulo 🆗
16. Gararu ✅
17. General Maynard 🆗
18. Graccho Cardoso 🆗
19. Ilha da Flores 🆗
20. Itabaianinha 🆗
21. Itaporanga 🆗
22. Japoatã ✅
23. Lagarto ✅
24. Laranjeiras 🆗
25. Macambira 🆗
26. Malhador 🆗
27. Maruim 🆗
28. Moita Bonita 🆗
29. Monte Alegre de Sergipe 🆗
30. Muribeca 🆗
31. Neópolis 🆗
32. Nossa Senhora Aparecida 🆗
33. Nossa Senhora da Glória 🆗
34. Nossa Senhora de Lourdes 🆗
35. Nossa Senhora do Socorro 🆗
36. Pedra Mole 🆗
37. Pedrinhas 🆗
38. Pinhão 🆗
39. Pirambu 🆗
40. Poço Redondo ✅
41. Porto da Folha 🆗
42. Propriá 🆗
43. Riachão do Dantas ✅
44. Riachuelo 🆗
45. Ribeirópolis 🆗
46. Rosário do Catete 🆗
47. Salgado 🆗
48. Santana do São Francisco 🆗
49. Santo Amaro das Brotas 🆗
50. São Cristóvão 🆗
51. São Domingos 🆗
52. São Francisco ✅
53. Simão Dias ✅
54. Siriri 🆗
55. Tobias Barreto🆗
56. Tomar do Geru 🆗
57. Umbaúba 🆗

Legenda:
Autorizado🆗
Análise Concluída▶
Enviado para Análise✅
Em Complementação 🆑

Atualização em 28/04/2025

IMPORTANTE PNAB SERGIPE🎭🎨🎼


O Escritório do MinC Sergipe informa os municípios que executaram pelo menos 60% dos recursos da Política Nacional Aldir Blanc - PNAB e estariam aptos a receber os recursos do segundo ciclo da PNAB.📊

Arauá - 72,62%
Canhoba - 77,32%
Carira - 99,98%
Frei Paulo - 95,00%
Indiaroba - 100%
Moita Bonita - 71,26%
Nossa Senhora Aparecida - 88,67%
Nossa Senhora da Gloria - 90,68%
Pedra Mole - 63,23%
Porto da Folha - 92,94%
Riachão do Dantas - 98,67%
Santo Amaro das Brotas - 99,96%
São Cristóvão - 88,09%
São Miguel do Aleixo - 99,86%
Umbaúba- 100%

⚠Os municípios que ainda não atingiram o percentual mínimo, têm até o dia 30 de junho.

(Dados fornecidos pelo Ministério da Cultura em 28/04/2025. A plataforma será atualizada com novos dados em 01/05/2025)

📊 Escritório MINC Sergipe informa: 🎭🎨🎼

SERGIPE possui hoje a MAIOR ADESÃO percentual ao segundo ciclo da PNAB. 

PANORAMA DE ADESÃO AO CICLO 2 DA PNAB DOS MUNICÍPIOS DE CADA ESTADO
ACRE (AC) 45,45%
ALAGOAS (AL) 22,55%
AMAZONAS (AM) 20,97%
AMAPÁ (AP) 6,25%
BAHIA (BA) 21,10%
CEARÁ (CE) 22,28%
ESPÍRITO SANTO (ES) 7,69%
GOIÁS (GO) 8,13%
MARANHÃO (MA) 24,88%
MINAS GERAIS (MG) 15,24%
MATO GROSSO DO SUL (MS) 26,25%
MATO GROSSO (MT) 18,31%
PARÁ (PA) 20,83%
PARAÍBA (PB) 46,64%
PERNAMBUCO (PE) 26,63%
PIAUÍ (PI) 59,82%
PARANÁ (PR) 13,78%
RIO DE JANEIRO (RJ) 19,57%
RIO GRANDE DO NORTE (RN) 29,34%
RONDÔNIA (RO) 9,62%
RORAIMA (RR) 20,00%
RIO GRANDE DO SUL (RS) 33,80%
SANTA CATARINA (SC) 17,97%
SERGIPE (SE) 62,67%
SÃO PAULO (SP) 18,27%
TOCANTINS (TO) 27,34%

Dados fornecidos pelo Ministério da Cultura em 28/04/2025.

CONJUNTURA RELIGIOSA EM CONVERSA COM MEUS BOTÕES. Romero Venâncio (UFS)

Li apenas um livro-entrevista de um dos "papáveis" quando desenvolvia pesquisa sobre a extrema direita católica nas redes digitais. Trata-se de: "A noite se aproxima e o dia já declinou" (editora Fons Sapientiae. Com distribuição pela Paulus) do Cardeal Robert Sarah. Muito citado por grupos da direita católica e youtubers brasileiros. Vi, ainda, algumas entrevistas concedidas por ele. Um homem nitidamente de mentalidade conservadora (tradição e magistério da Igreja regem seu pensamento). Os principais temas que ele chama a atenção: parte de um diagnóstico básico: o nosso mundo está à beira do abismo. As razões: crise de fé e a crise da Igreja, o declínio do Ocidente, a traição de suas elites, o relativismo moral, o globalismo sem limites, as novas ideologias, o esgotamento político, os descaminhos do totalitarismo islâmico (isto é palavra dele). Reparemos que a saída é o tradicionalismo. Em todo o tempo da entrevista no livro, o Cardeal Sarah não hesita em defender a tradição e a "sujeição" (do mundo e dos católicos ao poder magisterial). Em temas culturais e de costume: um prelado reacionário. E direto. Casamento e família como ele acredita que Deus fez...

Um exercício de imaginação (o que pode não ocorrer!). A eleição ao cargo de Papa de um homem como o Cardeal Sarah ou Cardeal Burke (acho pouco provável) ou ainda algum desses conservadores, será um baque grande no que vive a Igreja Católica hoje após o magistério de Francisco. Insuportável para um grupo grande de padres e leigos/leigas; muito difícil para a vida religiosa consagrada e um desafio para um grupo de bispos que via no pontificado de Francisco um avanço da Igreja no mundo moderno. A roda da história não volta pra trás, por certo. Mas podemos lembrar a última década do papado de Pio XII e os últimos e melancólicos anos de João Paulo II. Num projeto como esse, a teologia e seus teólogos/teólogas sofreram uma série de restrições que significará a impossibilidade do ofício na liberdade que lhe cabe. Em termos litúrgicos, voltaremos a uma discussão anacrônica de hóstia na boca ou na mão ou ainda (e com força) missa em latim (que eles chamam equivocadamente de "missa de sempre"). 

Uma ironia da história: o extremo oposto do cardeal africano Sarah é um Filipino. Trata-se de Luis Antonio Tagle. De avós chineses, um homem de orientação cosmopolita a partir de uma matriz asiática de pensamento. Nas entrevistas e palestras que vi, percebo uma figura contundente e bem antenada com o que ocorre no mundo. Não tem referência tradicionalista, apesar de ser um homem de contemplação. Um orador extraordinário. Tem uma impressionante capacidade comunicação. A situação de ser considerado o oposto dos conservadores, poderá ser um péssimo caminho para o Cardeal Tagle. 

Diante dessa oposição: Sarah/Tagle (África/Ásia), poderá surgir (como sempre surge na Igreja Católica) a "coluna do meio". Voltaríamos a Itália que teria dois ou três cardeais com este perfil. Acredito que o Papa Francisco tentou até o fim preparar a transição de um papado a outro. As nomeações de cardiais foram muitas, mas isto não significa muito em termos de poder na Igreja. Afinal, Francisco está morto para os cardeais. Uma coisa é certa: trata-se de um absurdo milhões de católicos/católicas espalhados pelo mundo ter a principal liderança espiritual e política da Igreja decidida por 135 homens... Chega a ser constrangedor. Paciência.

 "Se é para vir um papa negro, que seja um Francisco" | Jornal TVT News Primeira Edição


Frei Betto responde questões sobre papa Francisco e novo papa | Jornal TVT News Primeira Edição


Morte do Papa Francisco: novo papa será conservador ou progressista? - Ivone Gebara - 20 Minutos


Leonardo Boff: o tema central da mensagem de Francisco é a misericórdia!






sábado, 26 de abril de 2025

Plantando uma árvore por Francisco e pelo planeta terra..

 



Lembro de ter falado recentemente sobre isso como um gesto concreto simples, mas importante e necessário, em uma formação sobre a Campanha da Fraternidade na paróquia São Pedro Pescador, aqui em Aracaju. 
Como a campanha da fraternidade prossegue até o final do ano, até dezembro esse gesto pode ser reforçado, associando ao Papa e mais a  outras datas comemorativas, em  junho, setembro, outubro e etc..
Quem é parlamentar ou executivo pode fazer um gesto público dessa maneira. Como Ação Cultural, estaremos buscando nesse e nos próximos anos diversas maneiras de articular arte e ecologia integral, o que já iniciamos  no ano passado com os filmes do cineclube,  que apresentaram a vida do Papa Francisco e a encíclica Laudato Si .
Além de um gesto público, parlamentares e executivos podem realizar mais , muito mais. A prefeita de Aracaju deve prestar contas no final do ano sobre o plano de arborização prometido para  a nossa cidade. O vereador Iram Barbosa, que promoveu a audiência pública sobre a Campanha da Fraternidade este ano, pode promover outra sobre a mesma temática, ecologia integral, mais focada em Aracaju.
 A imprensa local deve pautar com mais frequência essa questão da ecologia integral e por aí vai. A rádio da arquidiocese de Aracaju,  a Cultura e emissoras públicas principalmente. A rádio UFS, por exemplo.
Zezito de Oliveira

O Que Significa Plantar Uma Árvore no Dia do Enterro do Papa?


EM SERGIPE
Neste sábado, 26 de abril, após um momento de oração, a Cáritas Diocesana de Estância e a paróquia Senhor do Bonfim (Salgado ) plantou uma árvore frutífera em homenagem ao Papa Francisco. 
Francisco foi um Papa de gestos luminosos e proféticos. Hoje, esse pequeno gesto é nossa maneira de dizer: obrigada Francisco por semear esperança, beleza, ternura, paz.  Por escutar o grito da Terra e o grito dos pobres, por nos comunicar a reconfortante alegria do Evangelho.

Na manhã deste sábado, 26 de abril, após a Missa em sufrágio do Papa Francisco na Catedral Metropolitana de Aracaju, o Arcebispo Dom Josafá Menezes da Silva realizou um gesto simbólico e cheio de significado: plantou um pau-brasil em homenagem ao Papa Francisco.

Francisco deixa como legado seu compromisso com a ecologia integral e a defesa da natureza. Sua encíclica Laudato Si’ marcou profundamente a Igreja e a sociedade ao afirmar que “não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental”. Francisco sempre destacou a urgência de uma conversão ecológica, chamando todos à responsabilidade pelo cuidado da Casa Comum, especialmente em defesa dos mais pobres e vulneráveis, que são os mais afetados pela degradação ambiental.

O pau-brasil, árvore nativa da Mata Atlântica, é símbolo nacional e carrega consigo a história e a identidade do nosso país. Além de ter dado nome ao Brasil, representa força, perseverança e resistência diante dos desafios ambientais.

Plantar um pau-brasil é também um chamado à preservação da nossa biodiversidade e à esperança de um futuro mais sustentável.

Que este gesto inspire todos nós a seguirmos o exemplo do Papa Francisco, promovendo o cuidado com a criação e a solidariedade com toda a humanidade.

Somos solidariedade, somos Cáritas!

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) organizou, neste sábado, 26, um ato simbólico em homenagem ao Papa Francisco.

O plantio foi realizado no Assentamento Quissamã, em São Cristóvão. Quem prestigiou o evento foi o senador Rogério Carvalho.

(Fonte: Coluna Domingueira - Narcizo Machado. 27/04/2025)

BRASIL

Neste 27 de abril, em agenda na comunidade de Linha Alto Solteiro, em Saudades, o deputado Padre Pedro Baldissera levou uma muda de árvore para ser plantada junto com a comunidade, em homenagem ao querido Papa Francisco.

No dia em que a Igreja e o mundo se despedem de um pastor que pregou o amor, a esperança e a justiça, num lugar que já carrega o nome de Saudades, foi plantada vida, fé e memória.

Para Padre Pedro, o Papa Francisco parte, mas suas sementes de fraternidade e cuidado seguirão florescendo em cada gesto de solidariedade e paz.

Adeus, Papa Francisco. Tua semente viverá.

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🌱ARVORES PARA FRANCISCO (TO) 

O Acampamento Por Terra e Pela Vida, em frente a Superintendência do INCRA em Palmas, celebram a vida e a esperança com um gesto simbólico: plantar árvores em homenagem ao Papa Francisco. "Não deixem que lhes roubem a esperança" são palavras que ecoam em nossos corações, inspirando a luta pela terra e a defender a natureza.

As árvores plantadas hoje são um símbolo da resistência e da esperança, um lembrete dos ensinamentos do Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum, a biodiversidade e a preservação da natureza. São um exemplo da memória do Papa Francisco, que perpetuará por gerações e gerações, e com o plantio dessas árvores, que darão fruto e serão um exemplo em sua memória.

#FranciscoVive #AcampamentoPorTerraEPelaVida #ProduzirAlimentosSaudáveis #MSTTocantins

Pastoral de Ecologia Integral Diocesana - Mogi das Cruzes e a Catequese se uniram para homenagear Francisco, na cidade de Poá - SP.


A vida e a despedida de Francisco de Roma em imagens

 FRANCISCO, O AMIGO DE TODOS: DAS PESSOAS, DOS ANIMAIS E DA NOSSA CASA COMUM

"Na missa presidida pelo Padre Jonas, na noite de terça-feira, um visitante escolheu este lugar inusitado! Não é novidade que eles estão em várias missas na Catedral, mas desta vez surgiu uma cena quase 'poética': aos pés da imagem de São Francisco de Assis, geralmente aparece o lobo de Gúbio; aos pés de Francisco de Roma, surge um cachorro, certamente de rua. Ficou ali, quietinho, durante toda a Celebração. Coincidência? Acaso? Francisco, o amigo de todos: das pessoas, dos animais e da nossa Casa Comum!"

Padre Marcos Costa (Diocese de Lages/SC)






sexta-feira, 25 de abril de 2025

25 de abril sempre! Fascismo nunca mais...Viva a Revolução dos Cravos nos seus 51 anos.

 




Sobre o cinquentenário da Revolução dos Cravos aqui no blog

Documentarista brasileiro produz novo filme sobre a Revolução dos Cravos em Portugal

‘No dia 25 de abril, em Portugal, me senti dentro do famoso quadro A Poesia está na rua’, conta Carlos Pronzato.


MEMÓRIAS DO 25 DE ABRIL, 50 ANOS DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS



O dia mais bonito ❤️
25 de Abril Sempre ! 
O Dia da Liberdade
Este dia é um canteiro
com flores todo o ano
e veleiros lá ao largo
navegando a todo o pano.
E assim se lembra outro dia febril
que em tempos mudou a história
numa madrugada de Abril,
quando os meninos de hoje
ainda não tinham nascido
e a nossa liberdade
era um fruto prometido,
tantas vezes proibido,
que tinha o sabor secreto
da esperança e do afeto
e dos amigos todos juntos
debaixo do mesmo teto.”
José Jorge Letria

atualização em 26/04/2025

A forma como estão se despedindo de Francisco, católicos, cristãos de outras denominações , pessoas de outras religiões, agnósticos e ateus comprova, quando o verdadeiro evangelho é bem vivido, ninguém fica indiferente.


ASSIM NA MORTE COMO NA VIDA

Em um gesto que reflete o próprio legado do Pontífice, pobres e sem-teto serão os primeiros a prestar homenagens ao Papa Francisco durante seu sepultamento. De acordo com apuração da vaticanista Mirticeli Medeiros, eles estarão posicionados nas escadarias da Basílica de Santa Maria Maior, onde aguardarão, em reverência, a chegada do cortejo fúnebre que partirá da Basílica de São Pedro. O corpo do Santo Padre será sepultado em um local dentro da Basílica que antes era utilizado para guardar candelabros, reforçando a simplicidade que marcou seu pontificado. É preciso que se diga: num raro momento da história do catolicismo romano, o Papa foi melhor do que a Igreja. O que não é comum na história da Igreja. Atentemos!


O CARDEAL NO METRÔ. SOBRE UMA FOTO

O Papa Francisco foi Cardeal um dia. Morou em Buenos Aires e foi importante sem se preocupar com a importância (afinal, o que é a glória deste mundo???). O Ser mais importante que ele, entrou triunfante em Jerusalém num jumento e acolhido por galhos de mato. Pode ser vista nestas redes digitais uma foto marcante do Cardeal Bergoglio na sua Argentina sentado num banco de metrô como qualquer argentino. A direita católica adora condenar esta foto. Para estas boquinhas de hóstia, um cardeal deveria ter carro oficial e ser bajulado como os poderosos de plantão. A direita católica não suporta cristão. Ela só tolera fascista egocêntrico. Paciência. O cardeal Bergoglio se tornou Papa. Francisco de nome público. Combateu o bom combate, guardou a fé no pobre de Nazaré e seguiu sua Páscoa. Sem mais.

Romero Venâncio (UFS)

Choro e beijo enviado com a mão, irmã Geneviève saúda Francisco: "Ele era um irmão"

Pela quarta vez, a religiosa irmãzinha de Jesus, pessoa querida do Pontífice, voltou a prestar homenagem ao Papa, cuja foto viralizou no dia da trasladação com suas lágrimas. "Muitas pessoas me disseram: quando você for ver o Papa, leve-nos com você. Eu chorei por elas também."

Salvatore Cernuzio – Vatican News

«Ele era um pai, um irmão, um amigo. Ele fará falta a todos.»

Com sua mochila verde, sapatos gastos e o véu azul na cabeça combinando com seus intensos olhos azuis, a irmã Geneviève Jeanningros entrou na fila na manhã desta quinta-feira, 25 de abril, na Via della Conciliazione entre 128 mil fiéis e peregrinos que se dirigiam à Basílica Vaticana para prestar homenagem ao Papa. Ao seu lado estava a exuberante e muito simpática Laura Esquibel, do Paraguai: «Fui a primeira transexual a apertar a mão do Papa Francisco. Eu o vi sete vezes, almoçamos juntos. "O Papa, aliás, lembrava-se dela de vez em quando e elogiava os pastéis que fazia: "Ah, sim, claro, de vez em quando eu os fazia e enviava a ele. Gostava muito dele."

Os telefonemas, as ajudas, as brincadeiras

A irmã Geneviève, religiosa das Irmãzinhas de Jesus, anjo dos circenses e dos ciganos, pobres e transgêneros, em Óstia, ouve, acena e sorri. Ela, a “boa menina”, o “enfant terrible” de quase 82 anos, era uma pessoa querida de Francisco, que lhe telefonava, a ajudava e, por vezes, até brincava carinhosamente com ela. Como daquela vez, durante a visita de 31 de julho ao Luna Park, em Óstia, onde a religiosa passou anos e anos do seu trabalho pastoral, quando o Pontífice perguntou aos circenses: "Expliquem-me uma coisa: o que é que a irmã Geneviève faz aqui? Ela doma leões?" Ou ainda quando - durante uma das muitas audiências gerais em que a religiosa estava na primeira fila, levando ao Papa grupos daquela humanidade sofredora da qual ela cuida, Francisco, ao vê-la com uma faixa no braço, lhe perguntou: "O que a senhora fez?", "Santo Padre, eu caí". Ele respondeu: "E o chão se machucou?". Uma brincadeira que se refere ao espírito forte dessa mulher de pouco mais de um metro e meio de altura, maneiras gentis e um coração simples.

O choro diante do caixão

A imagem dela que viralizou, no entanto, é a de quarta-feira, dia da trasladação do corpo do Papa para a Basílica, quando, quebrando todo o protocolo, ela se desvencilhou da fila e foi até um canto chorar. Braços cruzados, lenço nos olhos, olhar voltado para o Papa, "amigo e irmão".

Irmã Geneviève não quer comentar sobre esse momento: "Não aguento", disse ela do lado de fora da Basílica de São Pedro, com os olhos ainda brilhando. Esta é a quarta vez que ela vai ver o Papa, mas ele sempre tem a mesma reação. Hoje, todos a procuraram para uma entrevista ou uma lembrança: "Não, não aguento. Não quero falar com ninguém, peço desculpas", repete ela com seu forte sotaque francês. As irmãs divulgaram um depoimento em vídeo de um minuto em sites, rádio e TV.

"Eu gostava muito dele"

A religiosa concorda em compartilhar uma breve lembrança com a mídia vaticana, não para se gabar de uma relação especial, mas apenas - ressalta ela - para prestar homenagem a um "grande" Papa. «Não consigo fazer isso porque é demais, sabe? Eu gostava muito dele. É assim."

A irmãzinha disse que sentirá falta de Jorge Mario Bergoglio "de seus olhos, do seu olhar", de "quando me dizia para ir em frente. E também da ajuda", disse ela. "Tivemos muita ajuda. Sim, sim. Mas talvez mais uma ajuda moral, veja bem, nós viemos muitas vezes, sua acolhida não tinha limites. E também muita esperança".

Pai, irmão, amigo

"Eu sempre digo que ele era um pai, um irmão, um amigo. Sentiremos sua falta. Isso é evidente!" "Fico emocionada ao ver tanta gente", diz ela, afirmando que sua comunidade está “triste”: “Viemos ontem à noite, hoje Laura está aqui. Espero os outros também.”

Na manhã desta sexta-feira, a irmã Geneviève rezou em frente ao caixão do Papa Francisco e, no final, mandou-lhe um beijo. Outro gesto de ternura depois das lágrimas de três dias atrás: "Muitos me disseram: quando você for ver o Papa Francisco, leve-nos com você. Então,  confiei todos a ele." https://www.vaticannews.va/.../irma-genevieve-jeanningros...




O papa bom

Para Marília Fiorillo, apenas o papa João XXIII superou o papa Francisco em popularidade e afeição.

A edição desta coluna da professora Marília Fiorillo é, toda ela, dedicada ao papa Francisco, cujo velório acontece em Roma. Ela abre sua coluna observando que a comoção provocada pela morte do papa Francisco “foi, para devotos e até não devotos, o luto pela morte de um verdadeiro cristão preocupado com a injustiça social, com a segregação dos imigrantes, a matança na Palestina, a guerra na Ucrânia”. Para a colunista, só um outro papa o superou em popularidade e afeição por motivos parecidos: o italiano Angelo Giuseppe Roncalli, que passou para a história com o nome de João XXIII.

“Reformistas moderados, tanto o argentino Bergoglio como o italiano Roncalli não davam muita bola para a pompa do cargo, para as intrigas da Cúria ou para o galardão de chefe da instituição mais longeva e influente do mundo. Nenhum partido ou ideologia usufruiu de tamanho inabalável poder durante 2000 anos, só a Igreja Católica. Esse aspecto tem sido comentado à exaustão, mas há outra afinidade entre Bergoglio e Roncalli: o bom humor. Vale ler o ensaio de Hannah Arendt sobre João XXIII, na coletânea Homens em Tempos Sombrios, título, aliás, emprestado de um poema de Brecht. Arendt discorre sobre os diários espirituais de Roncalli, que define como um livro didático sobre como fazer o bem e evitar o mal. Simples assim.”

“Muitas anedotas corriam na época de João XXIII sobre ele e que mostram o que as pessoas comuns pensavam a seu respeito. Uma delas é sobre um grupo de encanadores que fazia consertos no Vaticano. Um dos encanadores não parava de praguejar, usando os nomes de toda Sagrada Família. Roncalli foi até o ‘boca suja’ e delicadamente perguntou: ‘Você tem de fazer isso? Não pode apenas dizer merda, como nós?’ Como Bergoglio, e mais atrevido, Roncalli escreveu, em 1948, dez anos antes do seu pontificado, ‘a descortesia com os humildes me faz contorcer de dor’ e investia contra ‘os sabichões deste mundo e mentes astutas’, inclusive as da diplomacia do Vaticano, que fazem má figura diante da graça e singeleza de Jesus.”

“Outra história sobre sua audiência com Pio XII, quando ele era um núncio recém-indicado, em 1944; Pio XII estava com pressa e avisou que só tinha sete minutos para ele. Roncalli não se abalou – ‘nesse caso, os seis minutos restantes são supérfluos’. João XXIII desprezava algumas convenções, para desespero dos conservadores. Comenta-se que tentaram proibi-lo de passear à vista do público pelos jardins do Vaticano. Ele ironizou: ‘Mas por que as pessoas não deveriam me ver? Eu não me comporto mal, comporto?’ A melhor das histórias aconteceu num banquete do corpo diplomático. Um dos convivas, um certo senhor N, para deixá-lo embaraçado, passou pela mesa a foto de uma mulher nua. Roncalli não titubeou. Ao receber a foto, comentou polidamente: ‘Ah, é a senhora N, suponho’. Esse era il papa buono. Como é buono o Francisco de agora, um papa bom e um papa que sabe rir”, finaliza Marília.

https://jornal.usp.br/radio-usp/o-papa-bom/

Luxo, heresia e guerra: reforma de Francisco será testada no conclave

Jamil Chade, UOL

Assim que tomou posse em 2013, o papa Francisco convocou nove cardeais e lhes deu uma tarefa: limpar o lugar. Eles teriam a missão de identificar tudo o que existia de exagero, corrupto ou que desviasse da missão da Igreja. Mas, acima de tudo, desenhar uma nova constituição para a Santa Sé e transferir poder e responsabilidades da Curia Romana para as conferências locais de bispos. Seria um verdadeiro terremoto.

Ele assumia no lugar de Bento 16, que ganhou o apelido de "Papa Prada" por seu gosto por itens de luxo e sapatos de pele. Dois meses depois, Francisco decidiu fazer uma "inspeção" de surpresa a sua própria garagem e teria ficado impressionado com o valor e luxo da frota. Sua ordem foi para que os carros fossem vendidos e trocados por modelos mais baratos.

Sete meses depois de assumir o trono de São Pedro, o pontífice decidiu que, pela primeira vez em 125 anos, o mundo saberia o que estava nos cofres do Vaticano e ordenou a instituição a publicar seu primeiro balanço. Outro terremoto.

Em encontros privados e públicos, Francisco não disfarçou seu desprezo pela Cúria. Num encontro com freiras, ainda no final de 2013, ele admitiu que não concordava com o grupo que administrava a Santa Sé e que, por séculos, acumularam direitos e luxo.

"Os chefes da igreja sempre foram narcisistas, lisonjeados e emocionados por seus cortesãos. A corte é a lepra do papado", disse.

O momento mais crítico de sua luta contra esses privilégios ocorreu em dezembro de 2015. Ao se reunir com a Cúria para a mensagem de Natal, o papa os acusou de "hipocrisia".

Havia outro fato que Francisco considerava como intolerável: a existência de mendigos nos arcos do Vaticano, repleto de ouro e arte. Depois de instalar chuveiros, banheiros e de ordenar a distribuição de comida e roupas para as centenas de mendigos e sem-teto que dormem todas as noites sob as pilastras do Vaticano e por Roma, o papa abriu uma barbearia gratuita para os mais miseráveis.

Quando a iniciativa foi anunciada, cabeleireiros e voluntários de Roma deram à Santa Sé dezenas de tesouras, pentes, espelhos e cadeiras para que os novos clientes pudessem ser atendidos. Francisco ainda comemorou seu aniversário distribuindo 400 sacos de dormir para os mendigos e sem-teto, e convidou 200 deles para jantar no Vaticano.

O vendaval que causava Francisco parecia não ter fim. Quatro meses depois de sua posse, ele quebrou um tabu - mas não alterou dogmas - quando disse: "quem sou eu para julgar os homossexuais?". Ele continuou causando indignação das alas mais radicais da Igreja ao lavar os pés de uma refugiada muçulmana. Sua missão, dizia ele, era acolher e usava a imagem da Igreja como um hospital de campanha, que atendia a todos, sem perguntar.

O centro de sua reforma era simples: a Igreja deveria servir aos fiéis e ao mundo. E não a ela mesma, sob o risco de ser irrelevante.

A guerra interna

Os gestos foram amplamente aplaudidos fora de Roma. Mas houve quem tenha resistido. "Um palhaço". Foi assim que uma ala mais tradicional da Santa Sé começou a chamar Jorge Bergoglio.

Francisco tinha pressa. Desde o início de seu pontificado, ele confessava a pessoas próximas a ele que temia que seu percurso seria curto. Precisava, assim, agir em dois sentidos: abrir o debate sobre temas sensíveis dentro da Igreja e, ao mesmo tempo, nomear cardeais progressistas para que sua obra não terminasse com o fim de seu pontificado.

Francisco, assim, acelerou a escolha desse novo governo da Santa Sé, proliferando nomeações de mais de cem religiosos de um total de 71 países, algo jamais visto na história do Vaticano.

O papa ainda usou um documento publicado por João Paulo 2º, Donum Veritatis, como base de um processo de demissões. O texto, que pedia a submissão da vontade e do intelecto e impedia que teólogos discordassem em público de seus superiores, tinha sido elaborado para permitir ao polonês uma ação contra dissidentes.

Alguns dos herdeiros de João Paulo 2º descobriram que a arma tinha, agora, se virado contra eles. Num dos gestos mais enfáticos, o papa argentino excomungou uma comunidade de franciscanos, acusados de manipulação do evangelho, de ensaiar uma aliança com a extrema direita e que promovia missas apenas em latim.

Mas fez muitos inimigos quando iniciou o debate sobre temas de fundo. Atacou o capitalismo, saiu em defesa de imigrantes e questionou toda a teoria econômica pela qual a liberdade do mercado garantiria que a pobreza fosse combatida. Ele ainda montou uma intensa campanha pela defesa do meio ambiente, acolheu e abraçou o cacique Raoní e transformou seu gabinete num espaço de diálogo com outras religiões.

Em 2019, ao organizar o Sínodo da Amazônia, permitiu que os documentos trouxessem a ideia de flexibilizar protocolos.

Algumas das propostas aprovadas pelos bispos chacoalharam a praça São Pedro: a avaliação de uma eventual participação das mulheres na liturgia, a criação de um pecado ecológico e a possibilidade de que homens casados possam ser ordenados padres.

Tudo isso para que a Igreja volte a ter um papel na Amazônia. Se não bastasse, a presença de pessoas de pele escura, com outras tradições e vestimentas pelas salas do Vaticano deixaram os mais conservadores incomodados, e a crise entre tradicionalistas e reformistas ainda mais explícita. Uma estátua indígena que representava a fertilidade e que fora usada numa igreja de Roma ainda foi roubada e jogada num rio.

As propostas não vingaram. Mas, pela primeira vez, entraram nas discussões oficiais.

O argentino deixou claro que não aceitaria ser "prisioneiro de um seleto grupo", classificando seus adversários de "elite católica". Para questionar esse grupo, o papa citou os trabalhos de Charles Péguy que, há um século, escreveu "Nota Conjunta sobre Descartes e Filosofia Cartesiana".

"Por que lhes falta a coragem de assumir assuntos terrenos, eles acreditam que estão assumindo os de Deus. Por que têm medo de fazer parte da humanidade, pensam que são parte de Deus. Por que não amam ninguém, iludem-se pensando que amam a Deus", disse.

Divórcio dividiu a Igreja

Foi, acima de tudo, sua exortação apostólica Amoris Laetitia que causou uma rebelião. No documento, estrategicamente ambíguo, a nota de rodapé 351 deixa uma sugestão de que pessoas divorciadas e casais que tenham se casado de novo possam comungar.

Nela, o papa afirma que algumas pessoas vivendo num segundo casamento "podem estar vivendo na graça de Deus, podem amar e também podem crescer na vida de graça e caridade, enquanto recebem a ajuda da Igreja para esse fim".

"Em certos casos, isso pode incluir a ajuda dos sacramentos. Por isso, quero lembrar aos sacerdotes que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas sim um encontro com a misericórdia do Senhor. Eu também gostaria de salientar que a Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um poderoso remédio e alimento para os fracos", completou. "Ao pensar que tudo é preto e branco", acrescenta Francisco, "às vezes fechamos o caminho da graça e do crescimento", alertou.

Não demorou para que os grupos se organizassem. O mal-estar era de tal dimensão que, ainda em 2015, a revista Newsweek estampou em sua capa uma manchete que causou um profundo mal-estar no Vaticano. A publicação americana trazia uma foto do papa com uma pergunta. "Francisco é mesmo católico?".

A reportagem mostrava quanto ele e seus dissidentes estavam distantes nas ações públicas sobre tantos temas. Não era possível, segundo a revista, que ambos os grupos fossem da mesma religião.

Papa herético?

A partir de 2016, essa oposição decidiu ir ao ataque. Numa carta naquele ano, um grupo de teólogos denunciava Francisco por "heresia" no documento Amoris Laetitia.

Em 2019, uma segunda carta surgiu, acusando o papa por uma "rejeição abrangente do ensino católico sobre o casamento e a atividade sexual, sobre a lei moral e sobre a graça e o perdão dos pecados". Assinada por mais de mil teólogos e religiosos, ela insistia que Francisco teria cometido o "delito canônico de heresia", definido como o ato de alguém agir contrariamente a um ensinamento revelado por Deus.

Se Francisco não se arrependesse publicamente, a carta pedia que os bispos declarassem que ele cometeu heresia e deveria "sofrer as consequências canônicas desse crime". Essas consequências deveriam incluir a destituição do cargo.

Meses depois, surgiu nas livrarias romanas o livro Papa Ditador, escrito por um pseudônimo que escolheu um nome renascentista: Marcantonio Colonna. A obra, supostamente de um detrator, contava uma suposta ditadura imposta por Francisco, sem provas ou evidências.

A acusação de heresia também foi costurada por um cardeal que se transformou, na primeira metade do pontificado de Francisco, como seu adversário mais vocal. Raymund Burk havia sido demitido pelo papa do sistema de cortes do Vaticano e foi colocado no conselho de uma obscura entidade de caridade. Mesmo em seu novo cargo, Burke voltou a se chocar com o papa e teve seus poderes ainda mais reduzidos.

Sua retaliação foi publicar uma lista de perguntas e abrir o debate sobre Amoris Laetitia e se o papa estava violando as escrituras sagradas.

Ultraconservador, Burke mantinha uma relação de amizade com Steve Bannon, articulador de Donald Trump. Foi o cardeal quem convidou o estrategista americano de extrema direita a proferir um discurso no Vaticano, em 2014.

Quatro anos depois de assumir, o papa vinha ainda sofrendo uma campanha de desinformação e de ataques públicos. Numa certa manhã de 2017, postes e muros da cidade de Roma acordaram com cartazes criticando o pontífice.

Escritos em dialeto romano local, os pôsteres acusavam o papa de ter "removido padres; decapitado os Cavaleiros de Malta e ignorado os cardeais". Dias depois, o argentino rebateu: "Não perco o sono por isso".

Ao longo de seu percurso, Francisco manteve seu plano de reforma. Não realizou todas as transformações que desejava. Os escândalos não desaparecem por completo, com casos de corrupção envolvendo um prédio comprado pelo Vaticano em Roma avaliado em 140 milhões de euros, suspeitas de abusos sexuais persistentes e o uso de recursos para renovações milionárias de residências de cadeias.

Ainda assim, Francisco rompeu com uma estrutura de poder, de luxo e de privilégios que marcaram a Santa Sé nas últimas décadas.

"É isso que está em jogo no Conclave, uma vez mais", admitiu um cardeal latino-americano, na condição de anonimato.

Janja chora ao falar do papa e diz que ele ajudou Lula a superar desesperança na prisão



Eu e Janja estivemos há pouco, 14h de 25/04/2025,  em comitiva na Basílica de São Pedro, em Roma, na nossa primeira despedida ao Papa Francisco, compartilhando a emoção e a devoção com todos que vieram prestar as merecidas homenagens ao Santo Padre. Que sua sabedoria, coragem e compaixão sigam iluminando os corações de todos nós.

Estiveram conosco nessa primeira despedida a ex-presidenta Dilma Rousseff, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente da Câmara, Hugo Motta, ministros e parlamentares.

Francisco contra a idolatria do capital. Artigo de Michael Löwy

Bergoglio não foi, é claro, um papa marxista. Mas a encíclica Laudato si’ é uma contribuição preciosa e inestimável diante da catástrofe socioambiental. Papa foi lúcido, ao questionar elites e a “ecologia de mercado”. Cabe à esquerda completar seus diagnósticos com propostas radicais.

O artigo é de Michael Löwy, diretor de pesquisa em sociologia no Centre nationale de la recherche scientifique (CNRS), publicado por A Terra é Redonda, 23-04-2025.

https://www.ihu.unisinos.br/651096-francisco-contra-a-idolatria-do-capital-artigo-de-michael-loewy


"O axé recebe o amor"

Hoje, nossa ancestralidade se emociona com essa imagem simbólica: o Papa Francisco sendo recebido no Orum por Oxalá — Orixá da criação, da paz e da sabedoria.

Vestidos de branco, em respeito, luz e espiritualidade, eles se encontram além da matéria, onde o sagrado é união e não separação.

Francisco, um homem de fé que estendeu a mão ao diferente, que falou de amor, justiça e humildade — foi recebido como se recebe um irmão de luz.

Porque o axé reconhece o amor.

E o amor reconhece o axé.

Que essa imagem inspire mais respeito entre as religiões, mais pontes e menos muros.

Saravá,

Axé, Papa Francisco.

Paz e Bem #2347 - Francisco, Papa amado e cercado de inimigos (Mauro Lopes e Pedro Vasconcellos)




Leia aqui
Abaixo, reprodução da Carta Capital desta semana.


Nas ruas lotadas de Roma, o testamento vivo de Francisco 

Por Jamil Chade


Durante o cortejo entre a Praça São Pedro e a catedral onde foi sepultado o corpo de Francisco, as ruas lotadas de Roma para dar o último adeus se transformaram num testamento vivo do papa.

Enquanto o caixão passava e as igrejas tocavam seus sinos, milhares de pessoas nas calçadas jogavam flores, aplaudiram e choraram.

Francisco, em suas reformas, buscou romper com a lógica de uma Cúria que havia optado por preservar seus privilégios e poderes, em detrimento de sua doutrina social pelo mundo. Denunciou a hipocrisia de líderes políticos e religiosos, e por isso foi odiado por aqueles que instrumentalizam a fé.

Nas ruas de Roma estava a constatação de que parcelas importantes de cristão e ateus entenderam a mensagem do papa.

Fé e poder andam de mãos dadas no percurso da humanidade. A história da religião está repleta de noites sangrentas. Sempre me chamou a atenção como um tirano escolhia a religião que adotaria em seu reinado com base nas alianças que gostaria de construir, no poder que almejava conquistar. Tratava-se de uma decisão geopolítica, depois transformada em decreto que obrigaria cada súdito a rever suas crenças mais íntimas.

Se o cristianismo foi tão revolucionário ao dar espaço para mulheres e escravos naquele seu momento de nascimento da religião e tão rebelde por falar de igualdade, é perturbador como foram necessários quase 2 mil anos, escravidão, imperialismo, a aliança entre a cruz e a espada e genocídios em nome da fé para que alguns desses princípios se tornassem leis na Justiça dos homens.

Quando me sento diante do Guernica de Picasso, sou tomado por uma profunda repulsa diante da "sacralización" do golpe de 1936 na Espanha, transformado em guerra santa. Foi necessário o abalo sísmico da Segunda Guerra Mundial para que a busca por sentido da vida reaparecesse na agenda política. Claro, enquanto o genocídio era negro, indígena ou simplesmente longe dos olhos dos centros de poder, isso não parecia uma urgência.

No Brasil, vivemos mais um capítulo do sequestro da fé para fins políticos. Na busca por controle, vendedores de ilusões transformaram a aventura legítima de uma pessoa por um sentido na vida em instrumento de poder.

Charlatães que vendem esperança como política pública, em troca de votos e dinheiro. Criminosos que, diante de uma era de incertezas que nos afeta a todos, recorrem a instrumentos de persuasão. Usam a fé para legitimar a discriminação, o racismo e a violação aos direitos humanos.

A intolerância voltou a ser uma medalha que alguns carregam com orgulho no peito, inclusive por aqueles em postos de autoridade. Locais de oração foram transformados em palanques, enquanto armas se misturam com versículos da Bíblia. Sob o manto de Deus, a necropolítica é alçada a uma estratégia de poder.

Não consigo evitar um sentimento de profunda frustração quando ouço hipócritas que falam em fé quando destroem sonhos, vidas e liberdades de meninas. De cínicos que colocam o nome "Mulher" na porta de um ministério.

O papa, porém, nos ensinou nesses últimos anos que a oração deve vir acompanhada por uma ação coerente. Em muitas partes do mundo, o que está em jogo é a sobrevivência dos valores humanistas, de um projeto de democracia.

Uma espécie de tradução de alguns dos conceitos revolucionários do cristianismo.