terça-feira, 23 de abril de 2024

Salve Jorge! Em 2024 no blog da Cultura

 Salve, Jorge

Salve, Ogum

Obra: 1945, V. Menshikov

Chico Alencar 
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SÃO JORGE, OGUM, OXÓSSI CONTRA TODOS OS DRAGÕES!
O Dragão da Maldade tem muitas cabeças e garras. Ele cospe fogo sobre nós, diariamente, com seus golpes de doenças, mentiras, falsidade e opressão. O Dragão simboliza todas as coisas de NÃO.
Viver é benção cheia de perigos. Jorge da Capadócia (atual Turquia) foi martirizado em 303 d.C., por resistir ao imperador romano Diocleciano, perseguidor dos cristãos. Jorge cavaleiro andante, mito generoso do humano sonho de vencer o mal. Venerado em muitos cantos do mundo, como Rússia, Inglaterra, Itália e Portugal.
Jorge universal e brasileiro, assimilado pela nossa linda africanidade: Ogum, Oxóssi, senhor das demandas, protetor contra todas as devastações. Escudo luminoso contra a destruição genocida e ecocida.
SãoJorgeOgumOxóssi, protegei-nos de todo o mal, de tudo que demora em ser tão ruim mas não é sem fim!
Para que nossos inimigos tenham pés e não nos alcancem, tenham olhos e não nos vejam, e suas correntes nunca nos prendam.
Que possamos ver, São Jorge, a sua lua cheia e, nela - nossa "branca bandeira solta na amplidão" - sua e nossa vitoriosa luta contra o medo, a morte e toda discriminação! 
Salve, Jorge! Salvai-nos, salvemo-nos!
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No túmulo de São Jorge, em Lod, as peregrinações são frequentes, mas uma tradição em particular se destaca. Ao observar a foto, nota-se a presença de azeite sobre o túmulo. O nome "Jorge" deriva da palavra grega para "agricultor". O santo guerreiro é reverenciado pelos agricultores palestinos, tanto cristãos quanto muçulmanos, que visitam o túmulo ao final da colheita da azeitona para oferecer uma porção do azeite da temporada em agradecimento. George e Jeries, outras formas de seu nome, são comuns entre os cristãos palestinos, e santuários e festividades adicionais em honra ao santo podem ser encontrados por toda a Terra Santa, especialmente em al-Khader, próximo a Belém, que leva seu nome. 
É interessante notar que o sincretismo em torno da figura de São Jorge não é exclusivo do Brasil. Al-Khidr, conhecido como "o verde", é um personagem mencionado na Surata al-Kahf do Corão, famoso por instruir o profeta Moisés nos mistérios de Deus. A tradição entre alguns muçulmanos afirma que al-Khidr apareceu ao longo da história para devotos, ocasionalmente salvando suas vidas em tempos de perigo e outras vezes iniciando-os num conhecimento mais profundo de Deus. No Oriente, os santuários de São Jorge e São Elias são frequentemente associados a al-Khidr pelos muçulmanos locais, e muitas vezes os cristãos se referem a São Jorge como "al-Khidr". O santuário de Lod compartilha uma parede com a mesquita adjacente, solidificando-o como um local compartilhado entre cristãos e muçulmanos. Durante a festa, os muçulmanos referem-se à igreja como o acesso ao túmulo de al-Khidr, enquanto acendem velas ao lado dos peregrinos cristãos, e alguns até oferecem azeite, embora realizem suas orações na mesquita próxima. 
Vocês sabem que eu gosto de explorar as relações entre as religiões abraâmicas. Do ponto de vista antropólogo, é fascinante compreender como isso se desenvolveu ao longo dos séculos, através dessa simbiose de tradições. São "coisas do povo" que nasceram de forma espontânea. Isso é contra a ortodoxia de ambas as religiões? Sim! Mas fico intrigado como a figura de São Jorge ultrapassa culturas. A história do santo guerreiro que vive nas lendas e nos sonhos do povo.
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domingo, 23 de abril de 2023

São Jorge, o Santo que venceu a demanda do preconceito católico: não tem hóstia, mas tem feijoada!




São Jorge e Ogum: o catolicismo carioca na encruzilhada entre o diálogo e o oportunismo 
(Salve Jorge - Ogunhê!)
O intelectual das ruas e da cultura popular, Luis Antônio Simas, é personalidade indispensável para se pensar sincretismos/cruzos/encruzilhadas na cidade encantada e macumbizada do Rio de janeiro. Pensar e viver São Jorge nesta cidade implica  destronar quaisquer pretensões ou ilusões de um cristianismo (católico e evangélico) virgem, casto, puritano e  isento das desconcertantes africanizações e empretecimentos. 
Já bem escreveu o intelectual Alberto da Costa Silva ser o Brasil um país "extraordinariamente africanizado". E essa situação irremediável de encontro entre fés constituiu, em particular para o catolicismo (ou catolicismos), um inalienável desafio para o diálogo sério e sincero no horizonte de uma "igreja em saída", nos termos do Papa Francisco, e da sinodalidade (=caminhar juntos). Parto da afirmação de que toda fé é sincrética, como o é todo fenômeno cultural. E isso fala sobre riquezas e potencialidades humanas.
Dessa feita, pensar e celebrar São Jorge, o mais macumbeiro dos santos do catolicismo, dispensa olhares ingênuos e/ou indesculpavelmente puritanos e mentirosos. Podemos sim dizer, do ponto de vista radical, que São Jorge não é Ogum e que Ogum não é São Jorge; e tudo bem!M as essa afirmação que alegra os que obstinadamente defendem, com unhas, dentes e catecismos, uma fé "pura", despreza, por vezes com cinismo, o nó de relações construídas no profundo do imaginário-Brasil entre o Santo e o Orixá, entre Jorge e Ogum.
Uma coisa é a fé pensada nos manuais e gabinetes, uma outra coisa é a fé vivida e sentida  na pele de um povo perito em cruz e encruzilhada. E encruzilhada não é apenas lugar geográfico, mas perspectiva de mundo, forma de ser e estar no tempo. Ser de encruzilhada é uma das mais potentes contribuições cognitivas da população preta na diáspora. 
É nesse sentido que é possível falar em "pedagogia da encruzilhada", como na obra de Luis Rufino. Escreve sugestivamente Leda Maria Martins: "A cultura negra é uma cultura das encruzilhadas". 
O mundo católico oficial é o mundo da estrada reta. O pensar reto ocidental (que forma/deforma clérigos e laicato) é pobre demais para captar dribles, sutilezas, encontros, trocas e encantamentos próprios do pensar/ser em cruzo. É preciso levar a sério quando, em cruzo,  Zeca Pagodinho confessa como voz coletiva: "Eu, sincretizado na fé, sou carregado de axé... Sim, vou na igreja festejar meu protetor... Sim, vou no terreiro pra bater o meu tambor. Bato cabeça, firmo ponto, sim senhor. Eu canto pra Ogum ".
Faz lembrar "Grande sertão:veredas" de Guimarães Rosa: "Não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo Rio...Uma só pra mim é pouca, talvez não me chegue". 
Está o catolicismo oficial disposto a dialogar de forma positiva e sincera com esse forma encantada de afirmar a vida?
Como pode um catolicismo oficial com mentalidade colonizadora se abrir a outras possibilidades de ser e está no mundo?
Em "A ciência encantada das macumbas", escrevem Luis Simas e Rufino: "Os santos que por aqui baixam praticam o cruzo, são macumbeiros, arrastam multidões em suas companhias, vadeiam nos sambas de roda, nas capoeiras, riem nos versos improvisados, bebem cerveja...". Como retirar ou desconsiderar dos festejos de São Jorge a cerveja e a feijoada, bebida e comida votivas do Orixá Ogum?
Uma paróquia que afirma São Jorge e rechaça Ogum mas, no dia do santo, faz feijoada, com ou sem consciência, afirma o santo e orixá. Afirma ou não afirma? Se não afirma na homilia, afirma no prato!
Dizem ainda os autores Simas e Rufino: "Nos cruzos transatlânticos, porém, a morte foi dobrada por perspectivas de mundo desconhecidas das limitadas pretensões do colonialismo europeu-ocidental".
É fato que historicamente, no Brasil, São Jorge, por conta do sincretismo com Ogum, era visto, no mínimo, com suspeita pelo catolicismo oficial. Se aproximar do Santo significava abrir as portas aos macumbeiros. Ainda hoje verificamos em muitos espaços católicos o olhar de desconfiança e até de ojeriza a tudo que lembre a presença das religiões de matriz africana. 
Mas , fato é que por conta da persistência dos macumbeiros, populares, e hoje, de artistas e celebridades o Santo está na crista da onda. E seus festejos estão cada vez mais lucrativos, sobretudo a feijoada. 
E é também fato que, com ou sem bispos, com ou sem padres, com ou sem missa, com ou sem hóstia, o santo guerreiro é festivamente celebrado. Salve, Jorge! Ogunhê!
Quem sempre foi privado da hóstia aprendeu a combater com a feijoada!
Na feijoada, todos e todas comem; na missa não!
E vale dizer que o lugar de destaque que São Jorge ocupa hoje no Rio de janeiro é fruto, sobretudo, da sapiência e persistência do povo do terreiro. E no cruzo,   o cristianismo, quase  sempre metido a puro e a besta, foi ogunizado, aceitemos ou não. O povo do terreiro se alterou com o cristianismo, mas também macumbizou a fé cristã. São Jorge macumbiza a cidade; e a igreja também! Quem se mistura com o santo, feijoada come!
Quem pode dizer que a oração de São Jorge feita nas paróquias e pelos devotos onde quer que estejam não reedita saberes e práticas pretas para fechar o corpo?
O vermelho que toma conta da cidade e dos corpos no dia de Jorge se dá por conta da cor litúrgico-católica referida aos  mártires da fé cristã ou por razões outras que ultrapassam os limites dos cânones e pensares  eclesiásticos eurocentrados?
Papa Bento XVI escreve as mais belas palavras que li sobre o Diálogo. Ele diz que no diálogo verdadeiro nenhuma parte fica da mesma forma. 
Nessa perspectiva, no diálogo Jorge-Ogum, Ogum sai jorjizado e Jorge ogunizado!
E isso é magnífico!
Escreve, de forma desconcertante, Luis Antônio Simas: "O Rio de janeiro começa a comemorar São Jorge e Ogum! E para dar um Garrinchamento nos puristas que encaram o sincretismo mecanicamente, aqui o buraco é mais embaixo: na nossa cidade, não foi Jorge que cristianizou Ogum. Segura, malandro. Foi Ogum que empreteceu Jorge"
O cavalo corre mais que a Igreja. Desse modo, a "Igreja em saída" não tem saída: ou rompe o olhar puritano, preconceituoso e racista e anda mais depressa para o diálogo sincero e engajado com o mundo de Jorge ou vai perder o santo de vista.
O risco está na Igreja ceder a tentação oportunista de só falar em Jorge única e exclusivamente como chamaris para tentar ganhar o povo, multiplicar curtidas e encher os cofres. São Jorge, outrora persona non grata para muitos católicos puritanos, sobretudo clérigos, se tornou muitíssimo lucrativo!
Salve, Jorge! Ogunhê! Patacori, Ogum!
*Padre Gegê é Doutor em Ciência da Religião pela Pontifícia Universidade de São Paulo

Gegê Natalino no facebook

#1964+60 - Uma Tarde em 1964 - Arte, cinema e educação contra a barbárie 🎥✊🏿✊🏼

  

A Associação Cultural CineFanon e Circuito 1964, em parceria com a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Rede Kino - Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual, Grupo de Pesquisa Ecos e Festival Internacional de Cinema e Cultura da Diversidade – Festicidi, têm o prazer de convidar todas e todos para uma atividade mais que especial.

Uma Tarde em 64 é uma atividade artística lúdico-pedagógica realizada para homenagear a arte da resistência manifestada durante os anos de chumbo impostos pelo regime autoritário.

Se por um lado a ditadura recrudesceu em violência e opressão contra estudantes, trabalhadores, indígenas e todos aqueles que se opuseram ao golpe, no universo artístico não foi diferente. A contraofensiva realizada pelo teatro, literatura, artes plástica, dança, música e o cinema se fizeram bandeiras de combate contra o regime militar, abalando as estruturas da ditadura, culminando no período de maior efervescência cultural do país.

Atrelado a isso o fatídico período nos revelou a extrema urgência de um projeto educacional inclusivo e libertário, que transformasse os indivíduos em cidadãs e cidadãos conscientes do seu poder de ação. Pedagogia tão sonhada (e aplicada) por Paulo Freire e outros.

É para manter vivo e celebrar a luta, e conquistas, deste movimento que realizaremos uma tarde permeada de atividades artísticas e educativas junto a comunidade estudantil do CEM. 🎦✊🏼✊🏽







#1964+60 - 27 de abril acontece às 19 horas primeira live 2024 do canal da Ação Cultural no youtube com o tema “ A CENSURA ÀS ARTES E PERSEGUIÇÃO AOS ARTISTAS SERGIPANOS APÓS O GOLPE MILITAR DE 1964”

 Para tratar do tema contaremos com a participação de Luiz Eduardo Oliva, advogado, professor, jornalista e escritor.

Ser artista em época de ditadura militar no Brasil e em Sergipe não foi fácil, da mesma maneira o público que gostava de arte também sofreu,  já que ficavam presos as opções das obras artísticas permitidas para apresentação pela censura politica. 

Já nos  tempos atuais, ser artista e público amante da boa arte, também não é fácil, em razão    das  escolhas  de governos estaduais e municipais que destinam quase nada ou muito pouco em matéria de orçamento para a arte  popular e de base  comunitária,  e muito dinheiro para a promoção de grandes eventos e grandes espetáculos de cunho mais comercial.

Como as dificuldades aumentaram de forma assustadora  com a ascensão de governos liderados por homens como Trump, Bolsonaro e Milei, entre outros,  vale a leitura de Wagner Moura, comentando o filme Guerra Civil, que trata disso, o qual estreou recentemente nos EUA e no Brasil sendo  campeão de bilheteria lá e cá. 

“Todos os líderes que possuem tendências autoritárias, as primeiras coisas que tentam calar é o jornalismo, a universidade e os artistas. Porque são três forças que fazem pensar e que nos conectam com a realidade”.  Assim, afim de  colaborar no sentido do enfraquecimento da força cultural e politica  de lideranças com tendências autoritárias e regressivas, vale a pena conhecer como foi viver como artista e público das artes em tempos da falta de   liberdade de opinião,  de expressão e de organização, ou fazer  “Memória de um tempo onde lutar por seu direito, é um defeito que mata”, verso de uma canção  criada por  Gonzaguinha, lançada em 1973, no auge do regime militar no Brasil quando dezenas de milhares de pessoas “desapareceram” em meio às  torturas, homicídios e  suicídios por depressão. 

E Sergipe ficou fora disso?

Claro que não! E já que o nosso estado não é uma ilha e sofre  os reflexos dos acontecimentos nacionais,  é necessário saber o que aconteceu também com a arte sergipana do periodo ditatorial, afim de diminuir o número de pessoas, em especial jovens,  que não  viveram e nem estudaram suficientemente o período dos chamados “anos de chumbo”, ficando assim propensos a acreditar em falsas  narrativas voltadas a criação de uma fantasia politica que busca distorcer os fatos e formar base de apoio cultural e politico para retorno a uma espécie de ditadura tal como existiu no Brasil de 1964 a 1985. Mas pior:  Por meio do voto e da mobilização popular.

Bora então participar e chamar gente para a live do próximo sábado!?

@acaoculturalsergipe1 - https://www.youtube.com/channel/UCAQ2BHxYXsU_p1i1AY71wKA

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Leia também:

Por que lembrar da Ditadura?

“Vôo mitos coloridos“ e a psicodélica geração dos anos 60

Teatro e resistência em Aracaju em tempos de ditadura: 1964

       Luiz Eduardo Oliva fala sobre papel do Cultart no fomento à cultura sergipana

AS ARTES PLÁSTICAS EM SERGIPE DURANTE O PERÍODO DE 1968 A 1974


Especial FASC 2018: A história do Festival de Artes de São Cristóvão 








segunda-feira, 22 de abril de 2024

#abril1974+50 - Já é 25 de abril em Portugal

 Para quem é brasileiro entender...


Cravo no cano das metralhadoras se tornou o símbolo e o nome da Revolução que derrubou a ditadura salazarista. Era primavera em Portugal, e as floristas que trabalhavam no centro de Lisboa passaram a doar cravos para os militares. Fonte: Holofote




O 25 de Abril começou à noite — eis como o festejar até de madrugada

Leia AQUI

Pela Lisboa de Abril de 1974

Como uma viagem no tempo, 50 Cravos Depois – Guia pela Lisboa de Abril, revisita os lugares que atravessaram o período pré e pós-revolucionário e que perduraram.

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"50 Cravos Depois - Guia pela Lisboa de Abril". Uma viagem de memórias e histórias pela Lisboa de 1974

A comemoração dos 50 anos do 25 de Abril dá mote ao livro "50 Cravos Depois - Guia pela Lisboa de Abril". As autoras, Sandra Nobre (textos) e Clara Azevedo (fotografias) transportam-nos para a efervescente Lisboa de abril de 1974. A obra conta com os testemunhos de personalidades da vida pública.

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Revolução dos Cravos teve duas senhas antes de militares colocarem tropas na rua para derrubar ditadura

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No Museu do Aljube celebramos Abril de janeiro a dezembro, mas neste ano e neste mês com alegria redobrada!
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Foi (tão) bonita a festa, pá!”
Muita música, partilha, participação nos murais, abraços e celebração dos 50 Anos do 25 de Abril!
Obrigada a todes que fizeram a Liberdade passar por aqui no dia 20 de abril: @batucadeirasdasolaias , @sambasemfronteiras , @iamdidibee , @nunosaraiva_ilustrador e @inesvieiradasilva !
Muito obrigada a todos os amigos e visitantes que celebraram connosco!
E obrigada à incansável equipa do Museu do Aljube Resistência e Liberdade!
Viva o 25 de Abril!
✊🏼❤️

Seis canções que ajudaram a fazer Abril: E depois do adeus, Paulo de Carvalho

Leia aqui

Relembrando o concerto "𝗝𝗼𝘀𝗲́ 𝗔𝗳𝗼𝗻𝘀𝗼 𝗲 𝗮𝘀 𝗚𝗲𝗿𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗔𝗯𝗿𝗶𝗹", organizado pela Associação José Afonso a 29 de Março, no Coliseu dos Recreios. Muito obrigado a todos/as que contribuiram para esta noite inesquecível.
O concerto, gravado pela RTP, encontra-se disponível aqui: https://bit.ly/4d9MKCW
©Fotografia: Emanuel Canoilas, Luís M. Serrão e Ernst Schade.


1ª. Romaria dos(das) Parlamentares, sob o tema “Fraternidade, Amizade Social e Política”.

 A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, motivada pelas palavras do Papa Francisco, de que “a política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem”, realizou no santuário de Nossa Senhora Aparecida a 1ª. Romaria dos(das) Parlamentares, sob o tema “Fraternidade, Amizade Social e Política”.

O evento, realizado neste dia 20 de abril, contou com a presença de parlamentares de vários partidos, e o Partido dos Trabalhadores, que teve significativa participação das Comunidades Eclesiais de Base em suas origens, se fez presente com uma delegação representativa de suas bancadas.

Foi um dia intenso de palestras, reflexões e diálogos sobre o papel dos cristãos na política e como nós parlamentares podemos contribuir através da nossa fé, que nos une em um proposito maior, fazer da nossa ação um instrumento de luta permanente por um país mais justo, de paz e amizade social.

Essa é uma iniciativa muito importante da Igreja, em um momento em que vemos tentativas de atrelar a Fé a um projeto político.

A instrumentalização da fé tem levado ao fundamentalismo e à disseminação de uma intolerância que deixa nossa sociedade cada dia mais enferma. As divergências que temos entre nós devem estimular debates para a solução de problemas terrenos que afetam a vida da humanidade e não como motivo para eliminar quem pensa diferente ou para retirá-lo da esfera de referência, convívio e proteção divina.

Deus não é privilégio de ninguém, muito menos cabo eleitoral de qualquer projeto político. Invocar seu nome no embate político como força de um projeto desvirtua a Fé, compromete a fraternidade, gera ódio e violência.

Aprendamos com o Papa Francisco a apreciar a diversidade como parte do dom que Deus nos presenteia. Bem comum não se constrói com a eliminação do outro. Nosso propósito precisa ser pautado no evangelista Mateus: “Amarás o Teu próximo como a ti mesmo”. E nunca é demais revisitar a primeira mensagem de Jesus ressuscitado: “A paz esteja convosco”.


Dirceu diz que governo Lula é de “centro-direita”: “Exigência do momento histórico” e Frei Betto "Precisamos fazer autocrítica, rever nossas ideias, ter a coragem de abrir espaços às novas gerações e reinventar o futuro. Nossos cabelos brancos denunciam o inverno que nos acomete."

                              


Segundo o ex-ministro José Dirceu (PT), Lula não inflama a polarização e a radicalização política do país: "O país está radicalizado por causa do discurso feito ontem no Rio de Janeiro", disse, sobre ato pró-Jair Bolsonaro

Fábio Matos

22/04/2024 12h00 

O terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é de esquerda nem de centro-esquerda, mas de “centro-direita”. A avaliação, que pode parecer surpreendente para muitos, é de uma das principais lideranças da história do PT, o ex-deputado federal e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

As declarações do petista foram dadas durante um evento promovido pela Esfera Brasil – grupo que reúne empresários de diversos setores da economia brasileira –, em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (22).

Dirceu participou do painel “Eleições: Unindo Ideias, Moldando Futuros”, o segundo do “Seminário Brasil Hoje: Diálogos para Pensar o País de Agora”. Ele dividiu a bancada com o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE); o atual secretário municipal de Relações Internacionais de São Paulo, Aldo Rebelo (MDB); e o ex-presidente nacional do PSOL Juliano Medeiros.

“O presidente Lula montou um governo que não é de centro-esquerda, é um governo de centro-direita. Realmente, parte do PL, o PP e o PR estão na base do governo. É uma exigência do momento histórico e político que nós vivemos”, afirmou Zé Dirceu.

Lula não optou pela polarização e radicalização. O país está radicalizado por causa do discurso feito ontem no Rio de Janeiro, com fundamentalismo religioso e ataques à democracia”, prosseguiu o ex-ministro, em alusão à manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na orla da praia de Copacabana, no Rio, que reuniu milhares de pessoas, no domingo (21).

Segundo Dirceu, “Bolsonaro está em campanha eleitoral, percorrendo o Brasil, tendo candidato em cada cidade”. “A polarização da campanha vai acabar acontecendo nos grandes centros urbanos”, projetou o ex-ministro, referindo-se à disputa das eleições municipais de outubro deste ano.

“O Brasil está virando um país de partidos políticos. Quem está puxando isso são os partidos de centro-direita, que estão se constituindo em partidos. Na Câmara e no Senado, qualquer assunto é debatido e existem várias posições políticas e programáticas”, prosseguiu Dirceu.

Segundo Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União, a “jurisprudência da Lava Jato” levou a um “apagão das canetas” no país: “Nenhum gestor público tinha coragem de tomar decisões”

Durante o debate, Aldo Rebelo, que foi ministros nos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff (PT), defendeu a atual gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição neste ano.

“O governo do prefeito Ricardo Nunes não é um governo de direita. É um governo de forças heterogêneas, inclusive de partidos que integram a base de apoio do governo Lula”, afirmou Aldo, cotado para ocupar o posto de vice na chapa de Nunes.

Agora, querem impor em São Paulo um terceiro turno de eleição presidencial. Não, senhoras e senhores. A eleição é municipal, entre candidatos que querem administrar a cidade de São Paulo, e não o Brasil”, prosseguiu o ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Juliano Medeiros, ex-presidente do PSOL e um dos coordenadores da pré-campanha do deputado federal Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo, rebateu Aldo.

“Não há dúvida de que há repercussões da crise política que o Brasil vive há uma década, com impeachment, prisão de 2 ex-presidentes, denúncia contra presidente”, afirmou Medeiros.

Acredito que algum tipo de nacionalização vai chegar às eleições municipais. Não em todas as eleições, mas em São Paulo certamente vai. É inegável que, em São Paulo, a extensão dessa polarização vai tomar a forma de uma oposição entre progressistas e conservadores”, prosseguiu o ex-presidente do PSOL. “Em alguma medida, as eleições municipais de São Paulo também expressarão uma divisão política que está se estabelecendo no país.


 CABELOS BRANCOS

 Frei Betto

       Participei em Belo Horizonte, no início de abril, do 12º encontro nacional do Movimento Fé e Politica. Quase duas mil pessoas. Ao contrário dos encontros anteriores à pandemia, poucos jovens. A maioria de cabelos brancos ou tingidos. 

      Minha geração envelhece. Chego este ano aos 80. Nossas ideias, propostas e utopias, também envelhecem?

      É muito preocupante constatar que as forças progressistas não logram renovar seus quadros. Para vice de Boulos, na disputa pela prefeitura de São Paulo, em outubro próximo, o PT precisou importar uma mulher filiada a outro partido: Marta Suplicy, que fará 80 anos em março de 2025. No Rio, o PT parece não ter quem indicar para possível vice na chapa do prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição. Tende a importar  Anielle Franco, do PSOL. 

      Tenho proferido conferências pelo Brasil afora e assessorado movimentos populares. Os cabelos brancos predominam na plateia. As poucas manifestações públicas convocadas pela esquerda reúnem número inexpressivo de pessoas e, em geral, a turma dos cabelos brancos.

      Nós, da esquerda, estamos acuados. Como diz a canção de Belchior, “minha dor é perceber / que apesar de termos feito / tudo, tudo, tudo, tudo que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos (...) como os nossos pais”. “Nossos ídolos ainda são os mesmos”. E não vemos que “o novo sempre vem”.

      A queda do Muro de Berlim abalou as nossas esperanças em um mundo onde todos teriam a sua existência dignamente assegurada. E o capitalismo, gato de sete fôlegos, inovou-se pelos avanços da ciência e da tecnologia e, sobretudo, do neoliberalismo. 

      Primeiro, a privatização do patrimônio público; em seguida, das instituições sociais, reduzidas a duas por Margaret Tchatcher: o Estado e a família. E, por fim, o cidadão foi despido de seu manto aristotélico e condenado a ser mero consumista, inclusive de si mesmo ao passar horas a se mirar no espelho narcísico das redes digitais. 

      Há uma progressiva despolitização da sociedade. A direita é como uma maré que sobe e ameaça afogar o que nos resta de democracia liberal. Basta dizer que um dos três programas de maior audiência da TV Globo e, portanto, de faturamento, é o BBB, que bem espelha os tempos em que vivemos: ali são explícitas as regras do sistema capitalista. O único objetivo é competir. Todos sabem que, ao final, apenas uma pessoa haverá de amealhar o pote de ouro. E a missão dos concorrentes é cada um fazer tudo para que seus pares sejam eliminados. É o que milhões de adolescentes aprendem ao perder horas assistindo àquele simulacro de “O anjo exterminador”, de Buñuel.

      Na esquerda “ainda somos os mesmos”. Não semeamos a safra de novos militantes com medo de que eles se destacassem e ocupassem as nossas instâncias de poder. Abandonamos as favelas, as zonas rurais de pobreza, os movimentos de bairros. E não aprendemos a atuar nas trincheiras digitais, monopolizadas pela direita como armas virtuais da ascensão neofascista. 

      Não sabemos como reagir diante do fundamentalismo religioso que mobiliza multidões, abastece urnas, elege inclusive bandidos notórios. Fundamentalismo que apaga as desigualdades sociais e as contradições de classe e ressalta que tudo se reduz à disputa entre Deus e o diabo. Todo sofrimento decorre do pecado. Eliminado o pecado, irrompe a prosperidade, que empodera e favorece o domínio: a confessionalização das instituições públicas; a deslaicização do Estado; a neocristandade que condena à fogueira da difamação e do cancelamento todos que não abraçam “a moral e os bons costumes” dos que clamam contra o aborto e homenageiam torturadores e milicianos assassinos.

      Precisamos fazer autocrítica, rever nossas ideias, ter a coragem de abrir espaços às novas gerações e reinventar o futuro. Nossos cabelos brancos denunciam o inverno que nos acomete. É hora de uma nova e florida primavera!

 Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org

Assine e receba todos os artigos do autor: mhgpal@gmail.com

Governo Lula está perdendo a batalha da narrativa e da comunicação, diz José Dirceu







Quem era Tio Paulo? Como ele vivia? Quem eram seus amigos e parentes? Como chegou a situação que o levou a "15 minutos de fama" depois de morto?

Quais os veículos de imprensa que responderam melhor a esta e outras perguntas de fundo? Como a repercussão do caso Tio Paulo pode gerar reportagens que leve em consideração a situação de milhões de idosos no Brasil em situação de vulnerabilidade? Assim como documentários ou filmes de ficção, assim como pecas de teatro ou outras obras artisticas.

Abaixo algumas reportagens mas insuficientes.. 

Saiba quem era 'Tio Paulo', morto no banco quando mulher tentava sacar empréstimo; testemunhas dizem que era idoso ativo
O velório e o sepultamento de Paulo Roberto Braga foi no sábado (20), no Cemitério de Campo Grande
Leia AQUI

Enterro de idoso levado morto a banco reúne cerca de 15 pessoas no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste

Após dois dias esperando liberação no IML, corpo de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, foi velado e sepultado sob forte comoção de parentes e amigos

Leia mais AQUI

Tio Paulo' Fantástico tem acesso a cenas exclusivas de tio e sobrinha dentro do banco

Sakamoto: Por que mulher que levou idoso morto a banco está presa e rapaz que matou com Porsche não?






Tutty Vasques  no facebook  · 

A morte de Tio Paulo e a morte de Quincas Berro D’Água – o que o assunto da semana tem a ver com a história do personagem de Jorge Amado, que no cinema foi interpretado pelo saudoso Paulo José (foto)? A vida após a morte, que no clássico da literatura leva o defunto em triunfo para uma noite de farra com amigos de copo, na pindaíba do mundo real arrasta o pobre coitado para o inferno das agências bancárias. Mas, cruzando as narrativas, é possível fantasiar um final feliz com a hipótese de um empréstimo liberado para o Tio Paulo sendo aplicado nas orgias do velho Quincas. Precisa imaginação para não sucumbir à tristeza da vida como ela é.


E para quem é cristão, ir na onda da CNBB e do Papa Francisco,  pode reforçar bastante  o que já é feito através das campanhas de promoção humana e  obras sociais da (s) igreja (s) que atendem milhões de idosos em nosso país e no mundo...