Morre o ambientalista Lizaldo Vieira, referência na defesa do meio ambiente e dos direitos trabalhistas.
Redação 07/07/25
Na manhã desta segunda-feira (7), Sergipe se despediu de um de seus grandes defensores do meio ambiente e da justiça social. Aos 69 anos, faleceu no Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE) o ambientalista, poeta e militante Lizaldo Vieira dos Santos, figura incansável na luta por um mundo mais verde e mais justo.
Nascido em 8 de março de 1956, na pequena Siriri-SE, Lizaldo cresceu em Capela, cidade onde escolheria viver e também sonhar. Sua trajetória profissional foi marcada por décadas de dedicação à Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde atuou em diversos setores, deixando uma marca de compromisso e ética por onde passou: Departamento de Direito, Centro de Ciências Humanas, CESAD, Divisão de Patrimônio e até o Horto Florestal, do qual foi chefe.
Mas a atuação de Lizaldo foi muito além das paredes da universidade. No movimento sindical, foi dirigente do SINTUFS e representou os técnicos administrativos nos conselhos superiores da UFS (CONSU e CONEPE). E nos movimentos sociais, se tornou um nome de referência: cofundador do Movimento Popular Ecológico de Sergipe (MOPEC), junto com figuras como Sérgio Borges e a jornalista Kátia Santana; e voz ativa no Fórum em Defesa da Grande Aracaju, sempre pautando o planejamento urbano sustentável.
Sua militância o levou a ser reconhecido em nível nacional, como integrante da Coordenação da Rede de ONGs da Mata Atlântica, defendendo com paixão os biomas brasileiros.
Na política partidária, Lizaldo foi um dos fundadores do Partido Verde em Sergipe, e mais tarde abraçou o Partido dos Trabalhadores, pelo qual disputou várias eleições – a mais recente, em 2024, para vereador em Capela.
Ao longo de sua vida, ele inspirou colegas, amigos e companheiros de luta com sua atuação em movimentos sindicais e ambientais. Seu legado é apontado como exemplo para as novas gerações que buscam construir uma sociedade mais justa e sustentável.
“Lizaldo foi um grande estudioso, cuja dedicação à causa ambiental e à luta sindical sempre inspirou aqueles que estiveram ao seu lado. Sua atuação firme, ética e comprometida deixa um legado que seguirá vivo na memória de todos que compartilham dos ideais que ele defendeu com tanta paixão”, declarou o senador Rogério Carvalho.
“Sergipe perde um grande homem. Eu perco um amigo e companheiro de lutas, cuja presença fará imensa falta”, acrescentou o presidente estadual do PT.
Além de militante e servidor público, Lizaldo também era poeta. Em dezembro de 2023, realizou o sonho de lançar seu livro de poesias, Travessia de um Deserto, em que deixou registrada a sensibilidade que o acompanhou ao longo da vida.
“Sergipe perde um guardião da natureza e da cidadania. Mas sua voz e sua poesia continuarão ecoando nas causas que abraçou. A partida de Lizaldo deixa uma lacuna imensurável na militância sergipana e na vida daqueles que tiveram o privilégio de caminhar ao seu lado”, diz José Firmo, coordenador do Fórum da Grande Aracaju.
O velório será realizado nesta segunda-feira, a partir das 19h, no Osaf, em Capela. O sepultamento acontece na terça-feira (8), às 10h, também em Capela, a cidade onde fincou suas raízes e suas lutas.
Lizaldo foi um grande lutador e uma grande figura humana de um outro tempo, não sei se apenas de um tempo, 1980, quando o movimento popular se refazia, se reconstruía.
Não duvido que existam lutadores como ele nestes tempos que rugem, mas são poucos, aliás como sempre foi.
Uma pessoa simples, humilde, bem humorada, tranquila, generosa, apesar do ambiente de disputas e percalços que fazem com que não floresçam muitas lideranças que reúnam em uma mesma pessoa, qualidades como essas, no campo das organizações que lutam para a transformação social, agravado pela crise em outros ambientes que dificultam a preparação de homens e mulheres com o tipo de personalidade e comportamento como o de Lizaldo, me refiro aqui as famílias, escolas, igrejas e etc...
E para terminar, para Lizaldo, versos de uma canção do Barão Vermelho, “O poeta está vivo”, para o companheiro que escreveu belos poemas de sonho e de rebeldia.
Ou , como no poema de Maiakóvski musicado por Caetano Veloso
E o pai, seja pelo menos o Universo
E a mãe, seja no mínimo a Terra
Que o poeta vivo em nossas boas lembranças possa ressuscitar em nós a compreensão da grande família que formamos, com um pai e uma mãe generosa .
O Universo e a terra que precisam, em especial esta última, cada vez mais de pessoas como Lizaldo - simples, humildes, bem humoradas, tranquilas e generosas.
Zezito de Oliveira
Poema “Nave Gaia”, de Lizaldo Vieira dos Santos
https://gilvander.org.br/site/poema-nave-gaia-de-lizaldo-vieira-dos-santos/
Nenhum comentário:
Postar um comentário