domingo, 24 de janeiro de 2016

Rodas de Conversa - "Juventudes, Conjuntura e Perspectivas"





Momento sensacional compartilhado por cerca de 25 pessoas neste último sábado, 23/01, em Aracaju.

A apresentação que realizei  tomou por base alguns subsidios, os quais deixo disponiveis por aqui, para quem esteve presente e para quem quem não esteve.  A expectativa é que mais encontros como esse sejam realizados, e por ser um ano de eleições municipais, um bom tema pode ser a cidade que temos, a cidade que estamos construindo, com nossas micro ações e nossa lutas  e a cidade que queremos.

Para discutir o assunto  é de bom tom, realizar primeiro sem colocar em pauta  candidatos ou siglas, mas realizar com pessoas ligadas a  movimentos, organizações, coletivos e etc., discutindo propostas e alternativas Posteriormente,  podem ser chamados candidatos e partidos para tomarem conhecimento das  propostas e se posicionarem. Também é legal buscar a participação de pessoas não ligadas organicamente a movimentos, organizações e coletivos, sempre que possivel.

 Zezito de Oliveira


E agora José?

I          

    E agora, José?                                                            

    A festa acabou,

    a luz apagou,

    o povo sumiu,

    a noite esfriou,

    e agora, José?

    e agora, você?

    você que é sem nome,

    que zomba dos outros,

    você que faz versos,

    que ama, protesta?

    e agora, José?

II

    Está sem mulher,

    está sem discurso,

    está sem carinho,

    já não pode beber,

    já não pode fumar,

    cuspir já não pode,

    a noite esfriou,

    o dia não veio,

    o bonde não veio,

    o riso não veio,

    não veio a utopia

    e tudo acabou

    e tudo fugiu

    e tudo mofou,

    e agora, José?

III

    E agora, José?

    Sua doce palavra,

    seu instante de febre,

    sua gula e jejum,

    sua biblioteca,

    sua lavra de ouro,

    seu terno de vidro,

    sua incoerência,

    seu ódio — e agora?

IV

    Com a chave na mão

    quer abrir a porta,

    não existe porta;

    quer morrer no mar,

    mas o mar secou;

    quer ir para Minas,

    Minas não há mais.

    José, e agora?

V

    Se você gritasse,

    se você gemesse,

    se você tocasse

    a valsa vienense,

    se você dormisse,

    se você cansasse,

    se você morresse...

    Mas você não morre,

    você é duro, José!

VI

    Sozinho no escuro

    qual bicho-do-mato,

    sem teogonia,

    sem parede nua

    para se encostar,

    sem cavalo preto

    que fuja a galope,

    você marcha, José!

    José, para onde?
Sobre o contexto da criação do poema: http://verbiariovolatil.blogspot.com.br/2013/01/e-agora-jose-um-poema-de-carlos.html
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OUTRO BRASIL? SOMENTE COM PARTICIPAÇÃO E ARTE. 

Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
27/10/2006

Certa feita, conversando com um amigo educador/artista, que reside na cidade de Olinda, em Pernambuco, sobre o modo de a esquerda governar, ele externou para mim algumas preocupações referentes ao modelo de gestão de muitas administrações progressistas que ele conheceu e que se moldam facilmente à cultura política das oligarquias locais e realizam, mesmo que de forma mais eficiente, uma gestão cuja prioridade são apenas as grandes obras, os programas assistenciais e os shows com grandes artistas ligados à cultura de massa, o que acaba lembrando uma canção do Cazuza: “Um museu de grandes novidades” ou parafraseando Belchior: “Minha dor é perceber que apesar de tudoque fizemos, ainda somos os mesmos, “pensamos” e administramos a coisa públicacomo os velhos coronéis.”

E o meu amigo fez o questionamento porque, ocorrendo o término do mandato (sem reeleição), uma outra administração ligada a partidos conservadores, com inteligência e perspicácia pode fazer a mesma coisa: realizar grandes obras, investir em programas sociais e prosseguir na organização dos mega shows e, conseqüentemente, passar para a população a idéia de que não haverá necessidade de se votar na esquerda novamente.

Se na época não consegui imaginar isso como uma possibilidade real, decorridos alguns anos dessa conversa, reconheço que essa opinião é pertinente e esse texto foi escrito para ajudar na reflexão sobre o assunto, na linha de que tudo que é sólido se desmancha no ar e de que o que é novidade facilmente torna-se comum, e por isso todo indivíduo ou organização que deseja ser sempre considerada e reconhecida deve continuadamente buscar se aprimorar naquilo para que foi criada e facilitar as coisas para que novas descobertas e novas invenções possam ter lugar.

E isso só acontece num ambiente de autonomia e que favoreça condições e oportunidades para a construção e reconstrução subjetiva dos indivíduos .

Nesse sentido, considero duas questões primordiais. Em primeiro lugar, atenção especial para a mudança de valores e práticas de relacionamento político pautado nos antigos procedimentos da elite dominante, como o clientelismo, o paternalismo, o autoritarismo etc...

Em segundo lugar, atenção especial àquilo que aponta para a criação de sujeitos mais solidários, mais livres, mais ousados, àquilo que cria e dá sentido à realização plena das pessoas (refiro- me aqui à produção artístico/ cultural).

No primeiro caso se faz necessário (re)construir, fortalecer ou criar estruturas formais e informais de participação “real” da população nas decisões sobre os rumos do governo, como os conselhos, as conferências, as câmaras setoriais, os fóruns e as redes, além do incentivo e apoio à organização da sociedade civil através das ongs, e cooperativas. Assim, se viabilizaria um ambiente favorável à gestação de novas idéias e recursos para resolver ou atenuar velhos problemas, o que também pode garantir a criação de um antídoto para evitar o retrocesso de condução antidemocrática das decisões, a partir da eleição de partidos ligados às velhas elites dirigentes, após suceder-se um governo de esquerda.

No segundo caso, democratizar o acesso aos meios de produção artística e dos meios de produção e difusão da informação, com orçamento decente e gestores comprometidos, preparados e que saibam ouvir os interessados no assunto, o que resultará em diretrizes e ações que garantirão à maioria da população a possibilidade de se expressar de maneira que não fiquem apenas se comportando como meros consumidores de um bocado de lixo que é comercializado como produto cultural e cujos conteúdos -- carregados de intolerância (inclusive religiosa), vulgarização do sexo, preconceitos vários, individualismo exacerbado, banalização da violência, etc., -- vão na direção contrária de tudo aquilo que defendemos, formando o “caldo” da cultura que conduz ao retorno e sustentação da nova/ velha direita.

E isso é tudo que muita gente que ousa lutar e acreditar em outro país menos deseja, mas que será inevitável, caso opiniões como a nossa não sejam levadas em consideração a tempo.

P.S.: Segundo o pensador italiano Norberto Bobbio a esquerda orienta-se por um sentimento igualitário e a direita aceita a desigualdade como natural. Embora no Brasil seja praticamente impossível perceber a diferença através dos discursos e propaganda em época de campanha eleitoral.

Quanto as questões que apresento no texto acima percebo que o modelo de gestão do Ministério da Cultura aponta para o que escrevi acima. Apesar da necessidade de aumento do orçamento e da capacitação técnica e redução da burocracia para o acesso dos pequenos empreendedores culturais do interior e das periferias aos editais. Em Recife, em visitas a comunidades periféricas e em conversas com artistas e arte-educadores populares e também com o Secretário de Cultura, João Roberto Peixe, que nos concedeu audiência de quase duas horas no ano de 2004, pude perceber que muito daquilo que queremos/sonhamos já é realidade. Na oportunidade, o secretário me entregou cópias do relatório de gestão 2000/2004 e da I Conferência Municipal de Cultura do Recife, da qual tive a honra de participar.
José de Oliveira Santos - “Zezito” Professor de história e artivista

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Um rápido diário de bordo de 2015, para quem acha que não foi um ano bom


Por Márlon Reis -

2 de janeiro de 2016
- O Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucionais as doações de empresas a candidatos, pondo fim à aceitação oficial do abuso do poder econômico, que agora pode ser combatido, estimulando a candidatura de maior número líderes autênticos;

- Ainda o Supremo Tribunal Federal proibiu as doações ocultas, permitindo que o eleitor saiba quem de fato está bancando a campanha de cada candidato;

- O Congresso Nacional, pressionado pela sociedade, sepultou a proposta abjeta denominada "Distritão";

- O Senado Federal rejeitou a proposta de manutenção das doações empresariais;

- Foi limitado a seis o número de partidos que podem ter os tempos de propaganda no rádio e na televisão somados nas coligações em cargos majoritários, enfraquecendo as chamadas "legendas de aluguel";

- o TSE manteve o entendimento de que prefeitos ordenadores de despesa ficam inelegíveis já após a rejeição das contas pelos tribunais de contas, afastando a necessidade de pronunciamento das Câmaras de Vereadores;

- Doações a candidatos terão que ser declaradas oficialmente na internet em até 72 horas após o recebimento, propiciando um grau de transparência às contas de campanha sem precedentes na nossa história;

- Centenas de organizações sociais e milhares de voluntários se mobilizaram para impedir a aprovação de uma "Reforma Política às avessas" pelo Congresso Nacional... e tiveram êxito;

- MCCE, OAB, CNBB e diversas outras organizações sociais anunciaram para 2016 a realização de uma Campanha Nacional contra o Caixa 2.

Então, você ainda acha que 2015 foi um péssimo ano?

Márlon Reis

foto: Vinicius de Oliveira

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