informações voltadas ao fortalecimento das ações culturais de base comunitária, contracultura, educação pública, educação popular, comunicação alternativa, teologia da libertação, memória histórica e economia solidária, assim como noticias e estudos referentes a análise de politica e gestão cultural, conjuntura, indústria cultural, direitos humanos, ecologia integral e etc., visando ao aumento de atividades que produzam geração de riqueza simbólica, afetiva e material = felicidade"
domingo, 24 de janeiro de 2016
Rodas de Conversa - "Juventudes, Conjuntura e Perspectivas"
Momento sensacional compartilhado por
cerca de 25 pessoas neste último sábado, 23/01, em Aracaju.
A apresentação que realizei tomou por base alguns subsidios, os quais
deixo disponiveis por aqui, para quem esteve presente e para quem quem não
esteve. A expectativa é que mais
encontros como esse sejam realizados, e por ser um ano de eleições municipais,
um bom tema pode ser a cidade que temos, a cidade que estamos construindo, com
nossas micro ações e nossa lutas e a
cidade que queremos.
Para discutir o assunto é de bom tom, realizar primeiro sem colocar
em pauta candidatos ou siglas, mas
realizar com pessoas ligadas a
movimentos, organizações, coletivos e etc., discutindo propostas e
alternativas Posteriormente, podem ser
chamados candidatos e partidos para tomarem conhecimento das propostas e se posicionarem. Também é legal
buscar a participação de pessoas não ligadas organicamente a movimentos,
organizações e coletivos, sempre que possivel.
Certa feita, conversando com um amigo educador/artista,
que reside na cidade de Olinda, em Pernambuco, sobre o modo de a esquerda
governar, ele externou para mim algumas preocupações referentes ao modelo de
gestão de muitas administrações progressistas que ele conheceu e que se moldam
facilmente à cultura política das oligarquias locais e realizam, mesmo que de
forma mais eficiente, uma gestão cuja prioridade são apenas as grandes obras,
os programas assistenciais e os shows com grandes artistas ligados à cultura de
massa, o que acaba lembrando uma canção do Cazuza: “Um museu de grandes novidades” ou parafraseando Belchior: “Minha dor é perceber que apesar de tudoque fizemos, ainda somos os mesmos, “pensamos” e administramos a coisa públicacomo os velhos coronéis.”
E o meu amigo fez o questionamento porque, ocorrendo o
término do mandato (sem reeleição), uma outra administração ligada a partidos
conservadores, com inteligência e perspicácia pode fazer a mesma coisa:
realizar grandes obras, investir em programas sociais e prosseguir na
organização dos mega shows e, conseqüentemente, passar para a população a idéia
de que não haverá necessidade de se votar na esquerda novamente.
Se na época não consegui imaginar isso como uma
possibilidade real, decorridos alguns anos dessa conversa, reconheço que essa
opinião é pertinente e esse texto foi escrito para ajudar na reflexão sobre o
assunto, na linha de que tudo que é sólido se desmancha no ar e de que o que é
novidade facilmente torna-se comum, e por isso todo indivíduo ou organização
que deseja ser sempre considerada e reconhecida deve continuadamente buscar se
aprimorar naquilo para que foi criada e facilitar as coisas para que novas
descobertas e novas invenções possam ter lugar.
E isso só acontece num ambiente de autonomia e que
favoreça condições e oportunidades para a construção e reconstrução subjetiva
dos indivíduos .
Nesse sentido, considero duas questões primordiais. Em
primeiro lugar, atenção especial para a mudança de valores e práticas de relacionamento
político pautado nos antigos procedimentos da elite dominante, como o
clientelismo, o paternalismo, o autoritarismo etc...
Em segundo lugar, atenção especial àquilo que aponta para
a criação de sujeitos mais solidários, mais livres, mais ousados, àquilo que
cria e dá sentido à realização plena das pessoas (refiro- me aqui à produção
artístico/ cultural).
No primeiro caso se faz necessário (re)construir,
fortalecer ou criar estruturas formais e informais de participação “real” da
população nas decisões sobre os rumos do governo, como os conselhos, as
conferências, as câmaras setoriais, os fóruns e as redes, além do incentivo e
apoio à organização da sociedade civil através das ongs, e cooperativas. Assim,
se viabilizaria um ambiente favorável à gestação de novas idéias e recursos
para resolver ou atenuar velhos problemas, o que também pode garantir a criação
de um antídoto para evitar o retrocesso de condução antidemocrática das
decisões, a partir da eleição de partidos ligados às velhas elites dirigentes,
após suceder-se um governo de esquerda.
No segundo caso, democratizar o acesso aos meios de
produção artística e dos meios de produção e difusão da informação, com
orçamento decente e gestores comprometidos, preparados e que saibam ouvir os
interessados no assunto, o que resultará em diretrizes e ações que garantirão à
maioria da população a possibilidade de se expressar de maneira que não fiquem
apenas se comportando como meros consumidores de um bocado de lixo que é
comercializado como produto cultural e cujos conteúdos -- carregados de
intolerância (inclusive religiosa), vulgarização do sexo, preconceitos vários,
individualismo exacerbado, banalização da violência, etc., -- vão na direção
contrária de tudo aquilo que defendemos, formando o “caldo” da cultura que
conduz ao retorno e sustentação da nova/ velha direita.
E isso é tudo que muita gente que ousa lutar e acreditar
em outro país menos deseja, mas que será inevitável, caso opiniões como a nossa
não sejam levadas em consideração a tempo.
P.S.: Segundo o pensador italiano Norberto Bobbio a
esquerda orienta-se por um sentimento igualitário e a direita aceita a
desigualdade como natural. Embora no Brasil seja praticamente impossível
perceber a diferença através dos discursos e propaganda em época de campanha
eleitoral.
Quanto as questões que apresento no texto acima percebo
que o modelo de gestão do Ministério da Cultura aponta para o que escrevi
acima. Apesar da necessidade de aumento do orçamento e da capacitação técnica e
redução da burocracia para o acesso dos pequenos empreendedores culturais do
interior e das periferias aos editais. Em Recife, em visitas a comunidades
periféricas e em conversas com artistas e arte-educadores populares e também
com o Secretário de Cultura, João Roberto Peixe, que nos concedeu audiência de
quase duas horas no ano de 2004, pude perceber que muito daquilo que
queremos/sonhamos já é realidade. Na oportunidade, o secretário me entregou
cópias do relatório de gestão 2000/2004 e da I Conferência Municipal de Cultura
do Recife, da qual tive a honra de participar.
José de Oliveira Santos - “Zezito” Professor de história
e artivista
Um rápido diário de bordo de 2015, para quem acha que não
foi um ano bom
Por Márlon Reis -
2 de janeiro de 2016
- O Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucionais
as doações de empresas a candidatos, pondo fim à aceitação oficial do abuso do
poder econômico, que agora pode ser combatido, estimulando a candidatura de
maior número líderes autênticos;
- Ainda o Supremo Tribunal Federal proibiu as doações
ocultas, permitindo que o eleitor saiba quem de fato está bancando a campanha
de cada candidato;
- O Congresso Nacional, pressionado pela sociedade,
sepultou a proposta abjeta denominada "Distritão";
- O Senado Federal rejeitou a proposta de manutenção das
doações empresariais;
- Foi limitado a seis o número de partidos que podem ter
os tempos de propaganda no rádio e na televisão somados nas coligações em
cargos majoritários, enfraquecendo as chamadas "legendas de aluguel";
- o TSE manteve o entendimento de que prefeitos
ordenadores de despesa ficam inelegíveis já após a rejeição das contas pelos
tribunais de contas, afastando a necessidade de pronunciamento das Câmaras de
Vereadores;
- Doações a candidatos terão que ser declaradas
oficialmente na internet em até 72 horas após o recebimento, propiciando um
grau de transparência às contas de campanha sem precedentes na nossa história;
- Centenas de organizações sociais e milhares de
voluntários se mobilizaram para impedir a aprovação de uma "Reforma
Política às avessas" pelo Congresso Nacional... e tiveram êxito;
- MCCE, OAB, CNBB e diversas outras organizações sociais
anunciaram para 2016 a realização de uma Campanha Nacional contra o Caixa 2.
Então, você ainda acha que 2015 foi um péssimo ano?
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