CINE REALIDADE NA INTERNET. 1ª Sessão
Filme acompanha os desafios de nove meninas de cinco regiões do país
Curta-documentário 'Essa é a Minha
Vez!', feito pela ONG Plan International Brasil, discute o
empoderamento de jovens, além de questões de violência, desigualdade,
preconceito e exclusão
por Xandra Stefanel, especial para RBA
publicado
07/02/2016 20:14
Reprodução Plan Brasil
Filme apresenta nove meninas diferentes, com sonhos, planos, perspectivas e um desejo de mudança que as une
Por trás dos sorrisos reluzentes de nove
garotas vindas das cinco regiões do país, há muitas preocupações com o
futuro, com suas famílias e comunidades. O mini-documentário Essa é a Minha Vez!
reuniu nove meninas que relatam suas experiências e os vários desafios
que passaram e ainda passam em suas vidas: questões de violência,
racismo, preconceito, desigualdade de gênero e pobreza.
Além de suas dificuldades, elas também contam como estão se tornando
protagonistas de suas próprias histórias e como influenciam suas
comunidades com ações que combatem o preconceito, seja ele de gênero,
cor ou de situação social. “Falar, contar, dividir é tomar as rédeas da
história. Quem não tem voz acaba por não existir. São nove meninas. Nove
meninas com sonhos, planos, perspectivas. Nove meninas de diferentes
lugares do Brasil. Nove meninas diferentes, mas com um desejo de mudança
que as une. Nove meninas com voz”, narra o documentário.
O filme é resultado das ações do projeto This Is My Moment (Essa é a minha vez),
da ONG Plan International Brasil. A iniciativa, que teve início em
2015, visa ao envolvimento e à visibilidade do papel das meninas no
contexto dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, firmados na
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no final do
ano. Além do Brasil, participaram do projeto outros três países:
Paquistão, Quênia e Filipinas.
Aqui, foram promovidos encontros locais entre vinte meninas de 14 a
19 anos nas cinco regiões do país, nos estados do Maranhão, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará e Brasília. Desses eventos, foram
escolhidas duas jovens de cada região que participaram de um encontro na
capital, onde foram escolhidas duas participantes para representar o
país na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Luiza e Irlane, ambas de
17 anos, se encontraram com outras garotas do mundo todo para pedir que
os líderes mundiais coloquem os direitos das meninas na agenda de
desenvolvimento pós-2015.
Com entrevistas das jovens e dos organizadores do projeto, o filme
compõe um emocionante retrato que prova que existem muitas meninas em
todos os cantos do país pensando e agindo para o crescimento do
empoderamento das mulheres desde cedo. “Eu acho que a gente tem de
conversar bastante sobre o tema, explicar sobre a igualdade de gênero,
que a gente pode ter os direitos iguais, os mesmos que eles, e eles têm
de fazer as mesmas coisas que a gente. Eu acho que é uma questão de
bastante diálogo e tentar que aquilo entre na cabeça das pessoas (…). Eu
sou a protagonista da minha história, com as minhas escolhas. (…) Eu
quero ter e voz. E quero poder falar e ser ouvida. Então é o meu momento
agora”, afirma Irlane, do município maranhense de Codó.
Observatório lança documentário para dizer não à redução da maioridade penal
O filme “É disso que eu tô falando” retrata alternativas construídas por organizações da sociedade civil para lidar com a questão da criminalidade na adolescênciaDo Observatório
Potencial: essa foi a palavra chave do debate de lançamento do
documentário “É disso que eu tô falando”, novo projeto especial do
Observatório da Sociedade Civil. Buscando argumentar contra a proposta
de redução da maioridade penal, o filme traz as alternativas práticas
construídas por Organizações da Sociedade Civil (OSCs) para lidar com a
questão da criminalidade na adolescência. O ponto em comum entre todas é
o reconhecimento e o fomento às potencialidades de cada jovem, por meio
de ações culturais e educacionais.
O lançamento aconteceu na quinta-feira, dia 21/01, na Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e fez parte da
programação do Fórum Social Temático 2016: FSM 15 Anos Porto Alegre.
Compuseram a mesa de debate Nicolau Soares, coordenador do Observatório
da Sociedade Civil; Edgar Bueno e Sócrates Magno Torres, diretor e
roteirista do documentário, respectivamente; e Doroty Martos, membro do
Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 e representante
do Cineclube Socioambiental.
“Quando começamos a pensar esse projeto, percebemos que existia
bastante gente com materiais e vídeos denunciando os problemas da
redução da maioridade penal. Então, decidimos mostrar o outro lado
disso. Além de repudiar a redução, mostrar o que a gente queria que
acontecesse. Estamos falando de coisas que funcionam, práticas que não
têm a ver com punição, mas com uma forma mais humana de tratar a
questão”, contou Nicolau Soares, coordenador do Observatório.
“Queríamos mostrar que, se o ECA for cumprido, não precisamos falar
em redução. Esse recorte, essas instituições, são a ponta do iceberg.
Existem muitas outras entidades que fazem trabalhos maravilhosos e que
poderiam entrar nesse documentário”, concorda Edgar Bueno.
“Nós queríamos algo que fosse propositivo. Além disso, não queríamos
fazer a mesma coisa que outros coletivos já fizeram contra a redução, e
também fazer algo que não converse só com a gente. A gente queria um
documentário que sensibilizasse as pessoas a quem falta informação”,
avaliou Sócrates Magno Torres, que também é educador e tem grande
experiência no trabalho com meninos/as em conflito com a lei.
“O fio condutor desse documentário veio de leituras de Paulo Freire e
Ortega y Gasset, que é a questão de diferir as pessoas socialmente
através de sua possibilidade ou não de lançar-se num projeto de vida.
Olhando os projetos e a realidade das periferias, perguntamos se o que
está faltando é legislação ou estas oportunidades efetivas”, completou o
roteirista.
Mostrar o potencial
O lançamento teve um momento emocionante com o depoimento de Doroty
Martos. Convidada para dar sua visão sobre o documentário, a ativista
contou que viveu em Sapopemba e participou de projetos e militância
junto ao CEDECA, uma das OSCs retratadas no documentário.
“Aquilo é tão real que nessa sala tem alguém real que poderia ter
sido vítima da redução, porque também me vi em momentos no fio da
navalha. Mas estou aqui hoje por pertencer a um lugar que tem uma
produção cultural brilhante, com instituições fortes”, contou. “Hoje de
manhã estava na mesma mesa que o Boaventura [de Souza Santos, sociológo
português]. Tem noção do que é isso para uma menina que poderia estar
ali, nesses projetos?”, emocionou-se.
Para ela, o trabalho das organizações e o discurso positivo são
caminhos para desconstruir os argumentos favoráveis à redução da
maioridade penal. “Nosso discurso deve seguir esse lado, de não mostrar a
dor – porque eu também vivi muita dor, perdi muito amigo -, mas mostrar
o potencial, o lado forte. É isso que nos dará argumento convincente
para dizer não à redução, porque esses lugares têm uma riqueza brutal,
uma produção de conhecimento, de troca de saber, de arte e cultura
pulsante, vigorosa, que não pode ser encarcerada.”
É disso que eu tô falando
O documentário reúne depoimentos de membros de seis OSCs que atuam
com jovens em conflito com a lei e discutem a respeito da redução da
maioridade penal. As organizações Casa do Zezinho, Coletivo Pombas
Urbanas, Instituto Daniel Comboni, Projeto Memórias Construídas e Centro
de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) de Sapopemba e Anistia
Internacional mostram projetos que já estão em prática, com resultados
positivos, e que poderiam ser reproduzidos em escala pelo Poder Público.
As falas demonstram como a proposta de encaminhar adolescentes de 16 e
17 anos para o sistema penitenciário não ataca os reais problemas da
violência brasileira, além de aumentar a criminalização dos/as jovens,
em especial negros/as, pobres e moradores/as de periferias. O
documentário tem apoio do Instituto C&A e estará disponível em breve
nos canais do Observatório na internet.
Gravada na região do ABC, esta série traz elementos e questões que
afetam jovens de inúmeras regiões urbanas: diferentes identidades,
linguagens e culturas, a inserção no mundo do trabalho e a discussão de
temas que consideram importantes. Composta por 03 programas, esta série
contou com a participação direta dos jovens na definição da forma de se
apresentar, na documentação os aspectos que quiseram destacar, além de
contar suas ideias, pontos de vista e historia de vida.
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