Bolsonaurus nos remete ao pior do homem brasileiro. Sob o ponto de vista antropológico, nos coloca cara a cara, com o
colonizador europeu, branco, carniceiro, sem requintes, ou com requintes de
aparência, nem sempre bem disfarçados.
São homens que estupraram indias e negras, destruidores vorazes e inclementes dos corpos dos meninos e jovens indios e negros. Bolsonaurus é o lixo psico e cultural que está contido em nosso subconsciente, em alguns mais, em outros menos. Uma gente que traz no corpo e na alma, essa luta de liberdade contra escravidão. Uma gente que é filha de pai branco colonizador, muitos como Bolsonaurus, nem todos, e de mulheres que foram reduzidas ao papel de escravas sexuais e/ou cuidadora de filhos, do marido, da criadagem e do lar.
São homens que estupraram indias e negras, destruidores vorazes e inclementes dos corpos dos meninos e jovens indios e negros. Bolsonaurus é o lixo psico e cultural que está contido em nosso subconsciente, em alguns mais, em outros menos. Uma gente que traz no corpo e na alma, essa luta de liberdade contra escravidão. Uma gente que é filha de pai branco colonizador, muitos como Bolsonaurus, nem todos, e de mulheres que foram reduzidas ao papel de escravas sexuais e/ou cuidadora de filhos, do marido, da criadagem e do lar.
No livro “O POVO BRASILEIRO
Darcy Ribeiro afirma:
(...)"A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar e machucar os pobres que lhes caem às mãos. Ela, porém, provocando crescente indignação nos dará forças, amanhã, para conter os possessos e criar aqui uma sociedade solidária (...) “
e também..... “(...) Os brasilíndios ou mamelucos paulistas foram vítimas de duas rejeições drásticas. A dos pais, com quem queriam identificar-se, mas que os viam como impuros filhos da terra, aproveitavam bem seu trabalho quando meninos e rapazes e, depois, os integravam a suas bandeiras, onde muitos deles fizeram carreira. A segunda rejeição era do gentio materno. Na concepção dos índios, a mulher é um simples saco em que o macho deposita a semente. Quem nasce é o filho do pai, e não da mãe, assim visto pelos índios. Não podendo identificar-se com uns nem com outros de seus ancestrais, que o rejeitavam, o mameluco caía numa terra de ninguém, a partir da qual constrói sua identidade de brasileiro. (...)”
(...)"A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar e machucar os pobres que lhes caem às mãos. Ela, porém, provocando crescente indignação nos dará forças, amanhã, para conter os possessos e criar aqui uma sociedade solidária (...) “
e também..... “(...) Os brasilíndios ou mamelucos paulistas foram vítimas de duas rejeições drásticas. A dos pais, com quem queriam identificar-se, mas que os viam como impuros filhos da terra, aproveitavam bem seu trabalho quando meninos e rapazes e, depois, os integravam a suas bandeiras, onde muitos deles fizeram carreira. A segunda rejeição era do gentio materno. Na concepção dos índios, a mulher é um simples saco em que o macho deposita a semente. Quem nasce é o filho do pai, e não da mãe, assim visto pelos índios. Não podendo identificar-se com uns nem com outros de seus ancestrais, que o rejeitavam, o mameluco caía numa terra de ninguém, a partir da qual constrói sua identidade de brasileiro. (...)”
Bolsonaurus e quem concorda e aceita suas idéias e atitudes, são os que
mais se identificam com o colonizador , exterminador de índios, traficante de
escravos e fazendeiros escravocratas. Suas palavras e atitudes podem muito bem
ser recuperadas em documentos e livros que estudaram o período do Brasil colônia
e império.
Idéias e atitudes que sempre esteve presente entre nós, mas que no século XX foi
confrontado pelos movimentos no campo da luta de classes e das disputas ideológicas,
incluindo o campo da educação, da imprensa e da cultura.
O que o colocou, relativamente a margem, em especial nas grandes
cidades, nos centros “educados” dessas cidades ou que quiseram/querem parecer.
Todavia, como estratégia de guerra hibrida, esse Brasil arcaico,
rural, conservador e reacionário, foi instigado e reforçado para fazer frente
as conquistas e avanços que obtivemos no século XX e em especial, nesse inicio de século, com os governos Lula e Dilma.
Para aprofundar essa compreensão, além de Darcy Ribeiro, trago a
necessidade de lermos mais Gilberto Freire, com as devidas ressalvas, Manoel Bomfim, Paulo Freire, Abdias Nascimento, Clóvis Moura, Milton Santos, Durval Muniz, Jessé de Souza, Marilena Chauí, Mary del Priore, Lilia Schwarcz etc.
Também trago a lembrança de canções como “Perfeição” do Legião Urbana,
“Maria, Maria”, de Milton Nascimento e
Fernando Brant. Assim como os filmes do Gláuber Rocha, dentre tantos.
Por último, frases soltas de três canções para nos ajudar a fazer memória, mas sem o peso
de fazer isso somente de forma crua e dura.
A primeira, da canção “Refrão de Bolero” de Humberto Gessinger, com uma frase tirada do contexto da canção,
mas adaptada para o argumento que defendo no texto acima. “(...)Brasil, seus
caminhos são labirintos, que atraem
os meus instintos mais sacanas(...)” Me refiro aqui aos desejos sexuais do brasileiro, herdeiros da tensão, sexo como pecado, como defendido pelo
catolicismo colonizador de um lado, e a liberdade sexual existente nos trópicos do
outro lado, também com regras, mas sem tantas interdições e conflitos como acontecia
no lado de lá, no velho continente, majoritariamente cristão com sua velha culpa pela perda do paraíso, em razão de um suposto pecado sexual.
atriz Nanda Costa, em ensaio fotográfico com o fotográfico Jorge Bispo. 2017
Cavucando a memória,tem um episódio que me lembra esta fala de Bolsonaurus. Quando adolescente em meados da década de 1970, morando no Rio de Janeiro, ouvi uma frase da boca de homens mais velhos. "Mulher branca para casar, mulata para fud.... e negra para trabalhar".
Muito tempo depois, no inicio da década de 1990, começando a fazer as primeiras leituras do livro "Casa Grande e Senzala" na biblioteca da Universidade Federal de Sergipe, buscando fontes para a produção de um artigo opinativo solicitado por um professor, me surpreendi com a mesma frase sendo citada no livro escrito por Gilberto Freire, como um dito popular no Brasil colônia dos homens da Casa Grande, o qual depois se espraiou para os homens livres das classes sociais inferiores.
atriz Nanda Costa, em ensaio fotográfico com o fotográfico Jorge Bispo. 2017
Cavucando a memória,tem um episódio que me lembra esta fala de Bolsonaurus. Quando adolescente em meados da década de 1970, morando no Rio de Janeiro, ouvi uma frase da boca de homens mais velhos. "Mulher branca para casar, mulata para fud.... e negra para trabalhar".
Muito tempo depois, no inicio da década de 1990, começando a fazer as primeiras leituras do livro "Casa Grande e Senzala" na biblioteca da Universidade Federal de Sergipe, buscando fontes para a produção de um artigo opinativo solicitado por um professor, me surpreendi com a mesma frase sendo citada no livro escrito por Gilberto Freire, como um dito popular no Brasil colônia dos homens da Casa Grande, o qual depois se espraiou para os homens livres das classes sociais inferiores.
Abaixo também parodiando ou parafraseando, frases de uma canção do Legião Urbana e outra do Skank
"O sistema é mau, e agora nem faz questão de esconder. A nossa
turma precisa ser cada vez mais legal. Tá mais junto e REEXISTIR é uma
necessidade."
"Ô pacato cidadão, o grifo em REEXISTIR, não foi a toa não."
Zezito de Oliveira - educador e agente/produtor cultural
Zezito de Oliveira - educador e agente/produtor cultural
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