Programa exibido em 16 de agosto de 2013
O
coletivo Fora do Eixo virou protagonista das discussões culturais após a
participação de Pablo Capilé no Roda Viva sobre o Mídia Ninja. A partir
de então, diversas manifestações criticando e defendendo a política
cultural do coletivo tomaram a internet e as redes sociais. A gente
recebeu no estúdio Rafael Vilela, um dos moradores da Casa Fora do Eixo,
e o jornalista e cantor Márvio dos Anjos, que já se apresentou com suas
bandas em eventos organizados pelo Fora do Eixo, para debater um pouco
as atividades e financiamento do coletivo.
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Crônicas de Telópoli. A Mídia Ninja e o Fora do Eixo:Cangaço e Cagaço Nacional
Publicado em 19 de agosto de 2013
Vivemos um momento muito especial, penso, tanto no Brasil quanto no
mundo, principalmente no que diz respeito às tecnologias de informação e
socialização. Os homens criam as máquinas e as máquinas recriam os
homens:agora vivendo no tempo pós-Matrix, o espaço se torna flexível, as
experiências morais, éticas, econômicas e sociais ganham em
profundidade e em complexidade.
Já diria Murilo Mendes no poema “Overmundo” de 1947:
(…)
“Overmundo, Overmundo, que é dos teus oráculos,
Do aparelho de precisão para medir os sonhos,
E da rosa que pega fogo no inimigo?”
Ninguém ampara o cavaleiro do mundo delirante,
Que anda, voa, está em toda a parte
E não consegue pousar em ponto algum.
Observai sua armadura de penas
E ouvi seu grito eletrônico.
“Overmundo expirou ao descobrir quem era”,
Anunciam de dentro do castelo na Espanha.
“O tempo é o mesmo desde o princípio da criação”,
Respondem os homens futuros pela minha voz.
E eis que Overmundo inspira o nome de um site que promove a
cultura brasileira: música, literatura, espaços de multiplicação
artística e cultural; mesclando a ideia quase que punk do “do it
yourself” você, leitor, é dragado pelas páginas e convidado a ler,
opinar, escrever, apresentar, enfim: divulgar o seu trabalho e o de
outros. Consolida-se com a internet a possibilidade dos espaços não
físicos, múltiplos, nos quais o artista e/ou comunicador social
contribui para a construção de lugares de cultura nômade, acéfala,
anárquica. Quem quer contribuir e participar, ótimo (não garantimos
remuneração, faça porque quer, faça porque gosta), se não quiser
participar, também beleza… Mas o que se ganha? Visibilidade nacional,
conhecimento prático e técnico, relações sociais, divulgação de seu
trabalho (de sua banda, de seu livro)… A internet se tornou um lugar de
experiências coletivas no qual a cooperação rege as relações: a galera
divulga seu trampo e você trampa quando a galera precisar.
Desmonetarização? Cooperativismo? Socialismo? Anarquismo? Parece um
pouco de tudo isso, mas não só.
Páginas como Overmundo, a da Mídia Ninja e das Casas Fora do Eixo…
tudo isso faz parte de uma só – ainda que múltipla – organização: o
centro desse “não eixo” são, principalmente, os espaços FdE (as casas
Fora do Eixo) são espaços coletivos em que artistas, comunicadores
sociais, jovens em geral moram e/ou frequentam e, a partir dali
compartilham experiências, trabalhos e demais projetos culturais que são
financiados ou pelo dinheiro de investimentos governamentais
(municipais, estaduais e federais) ou por parcerias com empresas
privadas: segundo um de seus fundadores Pablo Capilé, os financiamentos
são oriundos de múltiplos lugares, inclusive da renda de shows e de
eventos produzidos pelos próprios membros dos coletivos e – eis a grande
sacada – esse recurso acaba sendo “multiplicado”: o que entra de grana é
do coletivo e financia os projetos coletivos, ou seja: você trampa para
o coletivo e o coletivo trampa para você… Moral da história: muito dos
pagamentos são realizados com “cards” uma moeda dos espaços FdE que são
aceitos em estabelecimentos cadastrados: restaurantes, lojas, brechós,
etc. Capilé reinventou a roda (e alguém tinha que ter tido essa sacada)!
– Se a gente pode trabalhar com fraternidade, cooperação e comunicação,
temos muitos dos benefícios que precisamos advindo de permuta: bares de
Sampa, do meio underground podem, creio, receber “cards” em troca de
parcerias: mobilizando muitos jovens comunicadores e comunicativos dos
17 aos 35 anos,os coletivos Fora do Eixo possuem um público alvo
altamente desejável, capaz de viabilizar comercialmente uma marca, um
produto.
Também cooperativamente funciona a Mídia Ninja, que já existia faz
bom tempo e que, entretanto, foi a grande estrela das manifestações de
julho, deste ano de 2013… “Ninja” é uma sigla: “Narrativas
Independentes, Jornalismo e Ação”. Nome mais feliz, impossível: os
ninjas eram comunidades independentes no Japão feudal e trabalhavam como
espiões para diferentes Daimyôs (denominemos, por simplificação,
de “Coronéis”). Nosso mundo contemporâneo permite um tipo de analogia
para facilitarmos a compreensão: se os Samurais fossem organizados
jagunços comandados por poderosos Coronéis, os Ninjas seriam vários
bandos de Lampiões atacando e sendo atacados (por Samurais), lutando por
suas vidas e costumes: amados e venerados por muitos e hostilizados e
enxotados por outros. Ficou em dúvida quem é bonzinho e malzinho nessas
histórias-antropológicas que mesclam o Japão Feudal ao Brasil
Cangaceiro?
Ótimo!
Agora você pode entender a Mídia Ninja e as demais articulações
político-sociais dos Fora do Eixo. Não se trata de dizer que ela seja
santa ou bandida, mas, a meu ver, ela traz sim algo de muito mais rico
ao tradicional mundo do jornalismo e da informação. Ela não se diz
imparcial, ela não se quer “arauto da verdade” (expressão do Próprio
Capilé em entrevista ao Roda Viva no dia 05 desse mês). Há que se
assumir sua parcialidade, ter claro seu lugar de discurso e a partir
dele partir para o debate. Segundo Capilé e Bruno Torturra, a
transparência da informação vem da objetividade o que implica nessa
tranquilidade em se posicionar politicamente: daí o jornalismo como
ação.
A mídia ninja foi (e ainda é bastante) a voz das manifestações, não
porque se pretenda totalizante, mas porque estava no lugar do fato, na
hora do fato, mas não escondida e sim participativa mostrando-se como
bunker móvel dos manifestantes diante da repressão do Estado: os ninjas
descolavam até assessoria jurídica, médicos e mais que isso… protegiam
os manifestantes com as câmeras (já que policial violento morre de medo
de uma câmera).
Entendido que nossa mídia está no tempo do Brasil medieval, ainda? É o
que podemos ver na entrevista com Capilé e Torturra no programa Roda
Viva: em vários momentos os senhores ali sentados se debatiam e babavam
querendo entender se o que os ninjas faziam era, mesmo, jornalismo. Não
conseguiam compreender a política econômica dos FdE que trabalham na
lógica da cooperação e da multiplicação de recursos (o cara que faz uma
“arte digital” para um coletivo, faz para 10… a lógica é da cooperação e
não da acumulação)…
Moral da história: o problema para além do cangaço é o cagaço.
Cagaço, ou simplesmente “medo” é o que marcava a entrevista dos
aturdidos senhores da comunicação velha e teocrática, sem compreender
que a realidade de vínculos virtuais é tão real ou mais que as dos
espações empresariais tayloristas. A lógica não é mais da empresa, é da
rede. As novas gerações estão aprendendo com a rede de computadores não
só no que diz respeito ao seu conteúdo de compartilhamento, mas com sua forma
de compartilhamento. Não se trata de romantismo, como quem quer dizer
que o modo tradicional de se fazer jornalismo simplesmente morreu, mas é
preciso apre(e)nder que o sistema empresarial taylorista não é mais o
único modelo (veja o caso da compra do Washington Post: foi a Amazon, do Kindlereader, que a comprou!).
E o cagaço vem porque os mais tradicionalistas começam a ver que o
sistema operacional de suas cabecinhas não sabe operar com
softwares-sociais mais elaborados e ágeis… Há de haver, oxalá, uma
central de upgrade intelectual para eles! (com ressalvas importantíssima
ao Sr. Alberto Dines que, o mais veterano de todos os entrevistadores
do Roda Viva – 82 anos e fundador do site Observatório da Imprensa
– estava surfando tranquilo na onda dos entrevistados e, sem bater de
frente, aprendia, curioso e ágil… Como um Samurai diante de Ninjas).
E o cagaço se propaga (porque comunicação é poder) no quesito ideologia:
os entrevistadores do programa queriam, a todo custo, atrelar toda a
complexa rede FdE ao PT: ébrios de pensamentos conspiratórios (o que eu
chamo de “síndrome de Pink e Cérebro”) almejavam reduzir Capilé a um
braço ideológico sustentado pelo PT. Não é o que temos na reportagem
semanal da revista mais imparcial deste país? ARevistaVeja saiu
nesta semana com um lindo artigo neutro, imparcial e em cima do muro
denominado “O Ninja do PT”, enquanto que coincidentemente, na mesma
revista, publicavaum artigo sobre o cartel do Metrô em São Paulo:já
nesse artigo, entretanto, não há foto destacando nenhum dos tucanos e o
título diz que o “acerto”era escândalo europeu que migrava ao Brasil
depois de sete anos… Viva nossa imprensa ilibada!
Na reportagem sobre Capilé, além de meras suspeitas levianas como
“Capilé tem uma foto com José Dirceu”, a revista coxinha deixa claro seu
medo: afirma que alguns desses trabalhadores não remunerados das casas
FdE “deixaram seus filhos para viver na comunidade”, ou seja: eis os
comunistas comedores de criancinha que devoramnossa doriânicafamília
brasileira.(Destacam, inclusive, seus costumes selvagens: até as roupas
seriam de uso coletivo).
O cagaço é o pânico burguês, coxinha, incapaz de admitir a existência
do outro, de novas relações de comunicação e de (re)criação do real.
Não se trata de endeusamentos, mas de percebermos que para além de
nossos costumes e tradições, o inesperado sempre há de apontar…
…Que venha, sem anteparos, o cavaleiro do mundo delirante!
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FORA DO EIXO
O linchamento da Midia Ninja
Por Luciano Martins Costa em 19/08/2013 na edição 759
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 19/8/2013
Algumas das mais prestigiadas cabeças da imprensa têm se empenhado, nos
últimos dias, a uma articulada operação com o objetivo de desmoralizar o
coletivo de produções culturais chamado Fora do Eixo e, como resultado
indireto, demonizar o fenômeno de midiativismo conhecido como Mídia
Ninja.
Não se pode dizer que esse movimento seja organizado, da mesma forma como se planeja uma pauta de jornal, mas são fortes as evidências de uma estratégia comum em suas iniciativas. Há uma urgência na ação de desconstrução da mídia alternativa que nasce em projetos culturais à margem da indústria de comunicação e entretenimento – e os agentes dessa estratégia têm motivos fortes para isso.
Interessante observar que essa operação-desmanche reúne desde os mais ferozes e ruidosos porta-vozes do reacionarismo político até pensadores identificados com correntes vanguardistas, o que compõe um mosaico de discursos que vão dos costumeiros rosnados de blogueiros raivosos até lucubrações mais ou menos sofisticadas de intelectuais sobre o ambiente comunicacional contemporâneo.
Entre as mais ferozes dessas manifestações, certamente ganha destaque a “reportagem” publicada pela Folha de S. Paulo no domingo (18/8), sob o título “Fora do Eixo deixou rastro de calotes na origem em Cuiabá” (ver aqui). O texto se refere a despesas, no total de R$ 60 mil, feitas pelos organizadores de um festival de música alternativa realizado em 2006 na capital de Mato Grosso, onde ocorreram os primeiros eventos do Fora do Eixo.
A reportagem é montada com depoimentos de comerciantes, que dizem estar tentando cobrar a dívida há três anos, e termina com o chamado “outro lado”: uma curta explicação da responsável pelas finanças do Fora do Eixo, reconhecendo o débito e afirmando que todos os credores serão pagos.
Ora, se a dívida é reconhecida e tem sido negociada, qual a justificativa para tamanho barulho?
Se usasse o mesmo critério para todos os casos semelhantes, o jornal deveria dar manchetes com a controvérsia sobre uma suposta dívida do grupo Globo junto à Receita Federal, e que é acompanhada de um escândalo sobre o sumiço do processo.
Com a mesma disposição, seria de se esperar que a imprensa acompanhasse o drama de centenas de jornalistas e outros profissionais que lutam há mais de década por seus direitos trabalhistas, apropriados por empresários do ramo das comunicações. Verdadeiros estelionatos foram cometidos contra esses trabalhadores, há evidências de chicanas na Justiça do Trabalho e denúncias até mesmo de desvio do patrimônio de fundos de pensão, sem que a imprensa se interesse por essa pauta.
Uma parceria impensável
O alvo central dos ataques é o principal articulador do Fora do Eixo, Pablo Capilé, que já foi chamado de “imperador de um submundo”, como se os coletivos de ação cultural fossem um universo clandestino e fora da lei. O bombardeio inclui denúncias de “trabalho escravo”, “exploração sexual”, “formação de seita” e outras alegações que não sobrevivem a uma análise superficial, como as referências deletérias aos editais onde algumas dessas iniciativas buscam recursos.
Ora, não consta que os ativistas que agora vão a público acusar Capilé tenham ficado algemados ao pé da mesa nas Casas Fora do Eixo, ou que alguém tenha sido abduzido para se integrar aos coletivos.
Os editais são resultado de uma inovação produzida pelo ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, que permitiu democratizar parte dos recursos oficiais de incentivo à produção de música, dança e artes visuais, com menos burocracia do que a exigida pela Lei Rouanet.
Aliás, há outra pauta mais interessante, que a imprensa ignora, sobre as fraudes no uso de recursos por grandes produtoras, como a prática de fazer seguidas captações financeiras com empresas de fachada. A cantora Claudia Leitte, por exemplo, é acusada de haver obtido perto de R$ 6 milhões em apoio oficial usando esse artifício.
Pode-se alinhar muitos exemplos da falta de proporcionalidade que a imprensa tem aplicado a erros ou desvios eventualmente cometidos por algumas das milhares de iniciativas do Fora do Eixo. Mas o mais interessante é a personalização das acusações, centradas na figura de Capilé – e que, por essa razão, apontam como alvo final a Mídia Ninja.
O processo de demonização desse fenômeno de comunicação produz até mesmo uma impensável convergência entre as revistas Veja e Carta Capital.
Carta Capital (ver aqui) contribui para deformar a imagem do Fora do Eixo e da Mídia Ninja ao afirmarque ex-integrantes do coletivo cultural têm medo de se manifestar contra o grupo, como se se tratasse de uma perigosa organização criminosa. A deixa é aproveitada pelo colunista mais virulento de Veja para uma de suas diatribes.
Quando os dois extremos do espectro ideológico se tocam, forma-se o círculo perfeito do conservadorismo que rejeita toda mudança.
Leia também
O ‘status quo’ se mobiliza – L.M.C.
Não se pode dizer que esse movimento seja organizado, da mesma forma como se planeja uma pauta de jornal, mas são fortes as evidências de uma estratégia comum em suas iniciativas. Há uma urgência na ação de desconstrução da mídia alternativa que nasce em projetos culturais à margem da indústria de comunicação e entretenimento – e os agentes dessa estratégia têm motivos fortes para isso.
Interessante observar que essa operação-desmanche reúne desde os mais ferozes e ruidosos porta-vozes do reacionarismo político até pensadores identificados com correntes vanguardistas, o que compõe um mosaico de discursos que vão dos costumeiros rosnados de blogueiros raivosos até lucubrações mais ou menos sofisticadas de intelectuais sobre o ambiente comunicacional contemporâneo.
Entre as mais ferozes dessas manifestações, certamente ganha destaque a “reportagem” publicada pela Folha de S. Paulo no domingo (18/8), sob o título “Fora do Eixo deixou rastro de calotes na origem em Cuiabá” (ver aqui). O texto se refere a despesas, no total de R$ 60 mil, feitas pelos organizadores de um festival de música alternativa realizado em 2006 na capital de Mato Grosso, onde ocorreram os primeiros eventos do Fora do Eixo.
A reportagem é montada com depoimentos de comerciantes, que dizem estar tentando cobrar a dívida há três anos, e termina com o chamado “outro lado”: uma curta explicação da responsável pelas finanças do Fora do Eixo, reconhecendo o débito e afirmando que todos os credores serão pagos.
Ora, se a dívida é reconhecida e tem sido negociada, qual a justificativa para tamanho barulho?
Se usasse o mesmo critério para todos os casos semelhantes, o jornal deveria dar manchetes com a controvérsia sobre uma suposta dívida do grupo Globo junto à Receita Federal, e que é acompanhada de um escândalo sobre o sumiço do processo.
Com a mesma disposição, seria de se esperar que a imprensa acompanhasse o drama de centenas de jornalistas e outros profissionais que lutam há mais de década por seus direitos trabalhistas, apropriados por empresários do ramo das comunicações. Verdadeiros estelionatos foram cometidos contra esses trabalhadores, há evidências de chicanas na Justiça do Trabalho e denúncias até mesmo de desvio do patrimônio de fundos de pensão, sem que a imprensa se interesse por essa pauta.
Uma parceria impensável
O alvo central dos ataques é o principal articulador do Fora do Eixo, Pablo Capilé, que já foi chamado de “imperador de um submundo”, como se os coletivos de ação cultural fossem um universo clandestino e fora da lei. O bombardeio inclui denúncias de “trabalho escravo”, “exploração sexual”, “formação de seita” e outras alegações que não sobrevivem a uma análise superficial, como as referências deletérias aos editais onde algumas dessas iniciativas buscam recursos.
Ora, não consta que os ativistas que agora vão a público acusar Capilé tenham ficado algemados ao pé da mesa nas Casas Fora do Eixo, ou que alguém tenha sido abduzido para se integrar aos coletivos.
Os editais são resultado de uma inovação produzida pelo ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, que permitiu democratizar parte dos recursos oficiais de incentivo à produção de música, dança e artes visuais, com menos burocracia do que a exigida pela Lei Rouanet.
Aliás, há outra pauta mais interessante, que a imprensa ignora, sobre as fraudes no uso de recursos por grandes produtoras, como a prática de fazer seguidas captações financeiras com empresas de fachada. A cantora Claudia Leitte, por exemplo, é acusada de haver obtido perto de R$ 6 milhões em apoio oficial usando esse artifício.
Pode-se alinhar muitos exemplos da falta de proporcionalidade que a imprensa tem aplicado a erros ou desvios eventualmente cometidos por algumas das milhares de iniciativas do Fora do Eixo. Mas o mais interessante é a personalização das acusações, centradas na figura de Capilé – e que, por essa razão, apontam como alvo final a Mídia Ninja.
O processo de demonização desse fenômeno de comunicação produz até mesmo uma impensável convergência entre as revistas Veja e Carta Capital.
Carta Capital (ver aqui) contribui para deformar a imagem do Fora do Eixo e da Mídia Ninja ao afirmarque ex-integrantes do coletivo cultural têm medo de se manifestar contra o grupo, como se se tratasse de uma perigosa organização criminosa. A deixa é aproveitada pelo colunista mais virulento de Veja para uma de suas diatribes.
Quando os dois extremos do espectro ideológico se tocam, forma-se o círculo perfeito do conservadorismo que rejeita toda mudança.
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