Pablo Capilé e Bruno Tortura estiveram na
noite desta segunda-feira no Roda Viva da TV Cultura. Deram um show e
uma aula de comunicação para uma bancada que parecia atordoada e sem
conseguir entender o que está acontecendo por fora das corporações
midiáticas.
A bancada do programa foi coordenada pela última vez por Mário Sérgio
Conti, que será substituído pelo glorioso Augusto Nunes. Além dele,
participaram do debate Eugênio Bucci, Caio Túlio Costa, Suzana Singer e
Alberto Dinnes. Por parte de alguns, o espetáculo foi deprimente. Sem
exagero.
Alberto Dines parece ter sido o único a entender o significado da
Mídia Ninja. E foi também o único que tentou debatê-la como uma nova
experiência jornalística e não como coisa de um grupo que precisa
explicar de onde vem o dinheiro que o financia e a que partido seus
integrantes estão vinculados.
Tudo que acontece por fora do mercado tradicional só pode ter algum
vínculo com grupos políticos. E tem sempre algo de suspeito. Foi esse o
recado que a turma dos jornalistas tentou mandar pra audiência. E foi
desmoralizada na tese com respostas tranquilas e equilibradas de
Torturra e Capilé.
Suzana Singer teve que engolir seco e ver Capilé relembrando uma
coluna dela onde a ombudsmann da Folha chamava a atenção para o fato de o
jornal não citar o PSDB num escândalo.
Mário Sérgio Conti também ouviu, quase que tossindo, Torturra dizer
que a TV Cultura também não é tão independente assim até porque nunca
tratou com transparência o caso da demissão de Heródoto Barbeiro. Pra
quem não conhece a história, Heródoto foi demitido a pedido de Serra .
Eugênio Bucci foi muito mal. Quando se viu perdido decidiu fazer
perguntas tão longas que parecia querer se auto-entrevistar. Ao falar de
quanto se gasta em publicidade no governo tentou exagerar nos números
dizendo que nos dados que Capilé trouxe não contabilizavam os recursos
das estatais. E contabilizavam. Falou do governo federal, mas não citou,
por exemplo, os gastos do governo do Estado. Aliás, ele sempre se
esquece desse “personagem” quando trata do assunto. Proporcionalmente o
governo do Estado de São Paulo gasta muito mais com publicidade do que o
governo federal.
O Roda Viva de ontem foi uma demonstração de como o jornalismo
tradicional envelheceu algumas décadas nos últimos anos. Se fosse um
jogo de futebol, o baile que a bancada tomou da dupla Capilé e Torturra
teria sido mais constrangedora do que a que o Santos levou do Barcelona.
Foi triste de ver. Mas ao mesmo tempo também foi feliz. Tem coisa nova
rolando. E o jornalismo não é mais refém da turma do mesmo de sempre.
Hoje ele tá na mão de quem acredita na reinvenção.
Se não viu o programa, pode assisti-lo aí embaixo para conferir se este blogueiro exagera.
Leia no original para acompanhar os comentários. AQUI
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