oportunidade dela cobrir o julgamento do nazista Adolf Eichmann para a The New Yorker. Ela viaja até Israel, e na volta escreve todas as suas impressões e o que aconteceu, e a revista separa tudo em 5 artigos. Só que aí começa o verdadeiro drama de Hannah: ela mostra nos artigos que nem todos que praticaram os crimes de guerra eram monstros, e relata também o envolvimento de alguns judeus que ajudaram na matança dos seus iguais. A sociedade se volta contra ela e a New Yorker, e as críticas são tão fortes que até mesmo seus amigos mais próximos se assustam. Hannah em nenhum momento pensa em voltar atrás, mantendo sempre a mesma posição, mesmo com todo mundo contra ela.
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Banalidade do mal
Mais sóbrio e problematizado, paradoxalmente, é o retrato ficcional que Margarethe von Trotta faz da pensadora alemã Hannah Arendt no filme que leva o nome desta.
A narrativa se desloca entre dois polos: a reflexão de Hannah (a extraordinária Barbara Sukowa) sobre a banalidade do mal, feita a partir de sua observação do julgamento do criminoso nazista Adolf Eichmann em Israel, e sua controvertida relação amorosa com o filósofo Martin Heidegger (Klaus Pohl), ele próprio simpatizante do nazismo.
É admirável o modo como a veterana diretora de Rosa Luxemburgo e Os anos de chumbo concilia a
expressão da sutileza e da ambiguidade dos personagens com um estilo narrativo
sólido e inexorável, daqueles em que um plano parece “exigir” o plano seguinte
– numa espécie de teleologia narrativa que tem raízes em Fritz Lang.
Filme sobre Hannah Arendt destaca polêmico trabalho da pensadora alemã
Produção dirigida por Margarethe Von Trotta e estrelada por Barbara Sukowa estreia nesta sexta-feira
Foto:
hannah arendt / Divulgação
O filme destaca a chegada de Hannah Arendt e seu marido, Heinrich (Axel Milberg), aos Estados Unidos, nos anos 1940. Ambos judeus, ele fugiam da perseguição dos nazistas na Europa. Já reconhecida como escritora e professora nos campos da filosofia e da ciência política, Hannah aceita, em 1961, escrever para a revista The New Yorker uma série de artigos sobre o julgamento em Israel do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann, responsável pelo plano de extermínio que resultou na morte de milhões de pessoas, em sua imensa maioria judeus, durante a II Guerra.
Hannah destaca nos artigos que nem todos que praticaram os crimes de guerra podiam ser chamados de monstros e que alguns judeus colaboraram de forma passiva com o Holocausto. A polêmica despertada por suas análises gerou críticas negativa e rejeição nos ambientes acadêmico e social. Mas Hannah manteve a convicção de suas análises - que originou um de seus livros referenciais, Eichmann em Jerusalém, publicado em 1963, no qual consagrou a expressão "a banalidade do mal".
Hannah Arendt (1906 — 1975) nasceu em Hannover, na Alemanha, em uma família judia. Criada em ambiente frequentado por intelectuais, mostrou desde a juventude interesse pelo sionismo e pela filosofia. Teve como professor na universidade o filósofo Martin Heidegger, de quem foi amante. Com a ascensão de Adolf Hitler ao poder, Hannah fugiu da Alemanha com destino à Praga, Genebra e, finalmente, Paris, onde viveu durante parte da II Guerra.
Hannah preferia que seus estudos teóricos fossem classificados no campo da ciência política e não da filosofia. Em sua obra, deu ênfase à questões ligadas à educação, à pedagogia e à mecânica do poder — é autora de, entre outros títulos, As Origens do Totalitarismo, de 1951.
Hannah Arendt
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Hannah Arendt | |
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Filosofia do século XX | |
Nome completo | Hannah Arendt |
Escola/Tradição: | Filosofia continental |
Data de nascimento: | 14 de outubro de 1906 |
* Local: | Linden, Hanôver, Prússia, Alemanha |
Data de falecimento | 4 de dezembro de 1975 (69 anos) |
* Local: | Nova Iorque, Estados Unidos |
Principais interesses: | Teoria política, Modernidade, Filosofia da história |
Influenciado por: | Pré-socráticos, Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus, Paulo, Duns Escoto, Santo Agostinho, Maquiavel, Montesquieu, Edmund Burke, Kant, Tocqueville, Kierkegaard, Heidegger, Russell, Jaspers, Benjamin |
Influências: | Jürgen Habermas, Maurice Merleau-Ponty, Giorgio Agamben, Seyla Benhabib, Cornelius Castoriadis, Claude Lefort, Elisabeth Young-Bruehl, Reinhart Koselleck, Hanna Pitkin, Michael Marrus, Quentin Skinner, J. G. A. Pocock, Phillip Pettit, Alain Finkielkraut, Julia Kristeva, Richard Sennett, Charles Taylor, Harrison |
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A privação de direitos e perseguição na Alemanha de pessoas de origem judaica a partir de 1933, assim como o seu breve encarceramento nesse mesmo ano, fizeram-na decidir emigrar. O regime nazista retirou a nacionalidade dela em 1937, o que lhe tornou apátrida até conseguir a nacionalidade estadunidense em 1951.
Trabalhou, entre outras atividades, como jornalista e professora universitária e publicou obras importantes sobre filosofia política. Contudo, rechaçava ser classificada como "filósofa" e também se distanciava do termo "filosofia política"; preferia que suas publicações fossem classificadas dentro da "teoria política".
Arendt defendia um conceito de "pluralismo" no âmbito político. Graças ao pluralismo, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado entre as pessoas. Importante é a perspectiva da inclusão do Outro. Em acordos políticos, convênios e leis, devem trabalhar em níveis práticos pessoas adequadas e dispostas. Como frutos desses pensamentos, Arendt se situava de forma crítica ante a democracia representativa e preferia um sistema de conselhos ou formas de democracia direta.
Entretanto, ela continua sendo estudada como filósofa, em grande parte devido a suas discussões críticas de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Immanuel Kant, Martin Heidegger e Karl Jaspers, além de representantes importantes da filosofia moderna como Maquiavel e Montesquieu. Justamente graças ao seu pensamento independente, a teoria do totalitarismo (Theorie der totalen Herrschaft), seus trabalhos sobre filosofia existencial e sua reivindicação da discussão política livre, Arendt tem um papel central nos debates contemporâneos.
Como fontes de suas investigações Arendt usa, além de documentos filosóficos, políticos e históricos, biografias e obras literárias. Esses textos são interpretados de forma literal e confrontados com o pensamento de Arendt. Seu sistema de análise - parcialmente influenciado por Heidegger - a converte em uma pensadora original situada entre diferentes campos de conhecimento e especialidades universitárias. O seu devenir pessoal e o de seu pensamento mostram um importante grau de coincidência.
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