Primeira turnê da cantora no Brasil mostra uma intérprete no auge de seu domínio vocal
23 de março de 2014 | 20h 53
O Estado de S. Paulo
Jotabê Medeiros -
Jotabê Medeiros/Estadão
Vandré e Baez se encontram em show, em São Paulo
Estão esgotados os ciclos dos governos militares na América Latina,
mas domingo à noite, na Barra Funda, parecia que a canção de protesto
era a música da moda. Entoados pela diva folk e ativista norte-americana
Joan Baez, em show no Teatro Bradesco, canções como Gracias a La Vida (Violeta Parra), Cálice (Chico Buarque) e Deportees (Pete Seeger) deram o ar de sua graça, como se os anos de chumbo tivessem voltado – e orgulho da resistência também.
Mas o mais emocionante foi quando o hino maior dos opositores do regime militar, Para Não Dizer Que Não Falei de Flores
(Geraldo Vandré) foi cantado em coro pela plateia. Detalhe: com a
presença do próprio Vandré, de 78 anos, um notório misantropo, no palco.
“Eu vou convidar para subir ao palco um mito. Ele não gosta disso,
prefere ser somente um homem. Ele virá aqui, mas não vai cantar, vai
ficar do meu lado”, disse Joan Baez.
Vandré entrou sob aplausos demorados, toda a plateia em pé. De
temperamento arredio, quase invisível na cidade de São Paulo há quatro
décadas, o cantor e compositor não grava um disco desde 1971. Foi Vandré
quem tomou a iniciativa de procurar a cantora. Por intermédio de um
amigo comum, ele contatou o repórter do Estado com um recado:
queria encontrar-se com ela e lhe propor a gravação de um disco em
espanhol. Foi feita a ponte com a produção, que agendou o encontro. Os
dois se avistaram pela primeira vez domingo, às 14 h, e Joaz insistiu
para que ele cantasse com ela, mas não teve jeito.
De preto, com uma echarpe vermelha, silhueta esguia, Joan Baez trouxe
também o Verão do Amor de volta, cantando duas canções que interpretou
em agosto de 1969: Swing Low, Sweet Chariot e Joe Hill. A
primeira, ela disse, tornou-se uma canção que “cantamos quando
marchamos, quando oramos, nas igreja, nas ruas”. E soltou sua voz de
soprano pela arcada do teatro, um momento excepcional.
É o primeiro show da cantora no Brasil - ela foi proibida de se
apresentar em 1981 pela ditadura. O espetáculo, mais do que tudo,
mostrou uma intérprete de grande refinamento e no auge de sua potência
vocal aos 73 anos. Em músicas como La Llorona e Diamonds and Rust (Joan Baez), alcança sofisticação interpretativa ímpar. Mesmo nos clichês, como The House of Rising Sun,
o resultado é primoroso. Ao lado dela, o multi-instrumentista Dirk
Powell (que toca acordeão, violino, banjo, violão baixo, piano) cria
belas almofadas sonoras para o canto de suave dramaticidade de Joan
espalhar-se pela plateia. Foi fantástico o número dos dois juntos no
bluegrass Cornbread (que ela já interpretou também com Marcos Mumford, do grupo Mumford & Sons).
Joan Baez ainda fez a festa dos locais com canções tradicionais brasileiras, como o xaxado Mulé Rendera (Zé do Norte) e a marchinha Acorda Maria Bonita,
sucessos eternos nas versões de Luiz Gonzaga. No limiar das linguagens,
entre o folk e o forró, acabou inventando um ramo alternativo, o
“folkrró”. Foi delicada ao convidar a assistente de palco, Grace, para
cantar consigo. "Ela cuida dos meus violões, dos meus pijamas. E também
canta", disse.
Do ex-namorado, Bob Dylan, ela cantou Farewell Angelina e It’s All Over Now, Baby Blue.
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O som não é bom, as imagens também (estava muito longe), mas vale pelo registro. Joan Baez cantando "Caminhando" em português no Teatro Bradesco em São Paulo com Geraldo Vandré no palco, no dia 23/03/2014, é histórico.
O som não é bom, as imagens também (estava muito longe), mas vale pelo registro. Joan Baez cantando "Caminhando" em português no Teatro Bradesco em São Paulo com Geraldo Vandré no palco, no dia 23/03/2014, é histórico.
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Joan Baez canta 'Cálice' com Gilberto Gil e
Milton "Bituca" Nascimento três décadas depois de sua primeira visita ao
Brasil, na qual foi impedida de cantar pelo regime militar de exceção
instaurado em 1964, musa da canção folk política presta contas com o passado!
http://youtu.be/uh7Gyy872Is
Joan Baez, Milton Nascimento e Gilberto Gil - Cálice
https://www.youtube.com/watch?v=R9cpBML9SoE
Joan Baez - Sweet Sir Galahad
https://www.youtube.com/watch?v=2MSwBM_CbyY
Joan Baez Diamonds and Rust
http://youtu.be/uh7Gyy872Is
Joan Baez, Milton Nascimento e Gilberto Gil - Cálice
https://www.youtube.com/watch?v=R9cpBML9SoE
Joan Baez - Sweet Sir Galahad
https://www.youtube.com/watch?v=2MSwBM_CbyY
Joan Baez Diamonds and Rust
A cantora Joan Baez estave em cartaz neste final de semana, em São Paulo. Na primeira vez que veio ao Brasil, em 1981, Joan foi proibida de cantar e se encontrou com Lula, então presidente do Partido dos Trabalhadores.
http://bit.ly/1d8hYds
Foto
de meu reencontro com a cantora Joan Baez, depois de 33 anos que não
nos víamos. Um momento memorável compartilhado com meus queridos filhos
João e Eduardo, o Supla. (Senador Eduardo Suplicy)
Leia também
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/03/1429831-joan-baez-recebe-geraldo-vandre-e-suplicy-em-show-em-sao-paulo.shtml
http://caras.uol.com.br/musica/apos-quatro-decadas-geraldo-vandre-retorna-aos-palcos-em-show-de-joan-baez#.UzBUPFyPcpE
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http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/03/1429831-joan-baez-recebe-geraldo-vandre-e-suplicy-em-show-em-sao-paulo.shtml
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