terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Essa história de “racismo reverso” não é a primeira fraquejada do Antônio Risério.

Antônio Risério teve destaque na semana que passou por conta de um  artigo infeliz que publicou na Folha de São Paulo, onde fez afirmação acerca do racismo de negros contra brancos, evidentemente,  destaque para leitores do jornal e principalmente dos sites e canais progressistas no Youtube.

Mas, quando Lula assumiu o governo em 2002, Antonio Risério esteve como um importante assessor no Ministério da Cultura. Naquele momento era o responsável por um programa de implantação das BACs (bases de apoio a cultura) uma boa ideia em teoria,  

Portanto, caso esta  fosse adiante, seria a primeia grande “fraquejada” de Antônio Risério, quiçá com boas intenções. Fraquejada que resultaria em prejuízo a médio e longo prazo para milhões de brasleiros, não apenas financeiro, como politico. Mais abaixo, explico melhor.

Mas quem é Antônio Risério, segundo a Wikipedia, entre outras informações:



Em 1968, fez política estudantil, mergulhou na contracultura, sendo preso como subversivo pela ditadura militar aos dezesseis anos de idade.

Em 1995, defende tese de mestrado em Sociologia com especialização em Antropologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Elaborou o projeto geral do Cais do Sertão Luiz Gonzaga, no Recife. Trabalhou no Ministério da Cultura juntamente com Roberto Pinho na implantação das Bases de Apoio à Cultura durante a gestão de Gilberto Gil até ele ser exonerado do cargo, por ter sido acusado pelo secretário-executivo do ministério, Juca Ferreira, de irregularidades no contrato firmado com o IBRAC (Instituto Brasil Cultural). Nesta ocasião Antonio Risério e mais dois assessores do ministro Gilberto Gil pediram demissão.

Tem feito roteiros de cinema e televisão e diversos ensaios sobre urbanismo e história da Bahia e do Brasil. Muitas composições suas foram gravadas por importantes artistas da música popular brasileira, sendo considerado um herdeiro da Tropicália.”  

Memórias - Antonio Risério, Poético Político

https://www.youtube.com/watch?v=hV0zq0eYs8A&t=2s

 

Para Ser o Sol (Antônio Risério e Armandinho) - A Cor do Som


Antes de começar a explicar , trago declaração importante de Célio Turino, idealizador do programa Cultura Viva,  em seu perfil pessoal no facebook.

“Pensar que o redator dos discursos programáticos de Gilberto Gil no Ministério da Cultura foi Antônio Risério. Ele saiu do ministério em razão de crise interna ao final de 2003, por conta das BACs (bases de apoio à cultura). 

Quando eu cheguei no MinC em 2004, convidado para assumir a Secretaria de Programas e Projetos Culturais (depois, Cidadania Cultural) formulei o programa Cultura Viva e propuz trocar as BACs pelos Pontos de Cultura, no que Gil compreendeu e apoiou. Interessante acompanhar os caminhos.”

Agora sim, porque as BACs não dariam certo...

Porque as BACs se constituiriam  na construção de  grandes estruturas físicas, isso seria um grande negócio para construtoras e prefeitos e governadores ávidos por projeção politica por meio de obras vistosas e bonitas, mas para um grande número de agentes culturais e educadores...... Continue a leitura para entender o porquê.....

Quando a proposta foi lançada eu me lembrei dos CIACs. 

Mas o que eram os CIACs ou CAICs como depois ficou mais conhecido?  Vamos nos valer do  Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. 

"Os CIACs foram instituídos em 1991 pelo governo Collor como parte do “Projeto Minha Gente”, inspirados no modelo dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), do Rio de Janeiro, implantados na gestão de Leonel Brizola. O objetivo era prover a atenção à criança e ao adolescente, envolvendo a educação fundamental em tempo integral, programas de assistência à saúde, lazer e iniciação ao trabalho, entre outros.

Sofreu as mesmas críticas dos CIEPs, inclusive a do potencial de clientelismo político implícito em um projeto de construir 5 mil escolas em todo o país a um custo de dois milhões de dólares por unidade, sem que o governo federal dispusesse de meios financeiros e humanos para operá-las. Alguns educadores criticaram esse tipo de projeto (CIEPs e CAICs) dizendo que seria mais eficaz gastar-se recursos no modelo de rede escolar já existente, atendendo-se um maior número de crianças.

O fim do governo Collor não significou o fim do projeto dos CIACS. Para não perder os investimentos já realizados, da ordem de um bilhão de dólares, o ministro Murílio Hingel decidiu dar continuidade ao programa em outros termos, inclusive pela alteração de sua sigla, com gastos previstos de 3 bilhões de dólares para o período 1993-1995. A partir de 1992 passaram a se chamar Centros de Atenção Integral à Criança (CAICs)."


Foto tirada por Ronaldo Lima no CAIC do Conjunto Jardim no ano de 2004. Adelmo ex-aluno e dançarino de bandas de forró e o autor deste artigo. Percebe-se no cenário ao fundo e em volta a imagem da decadência.

E quanto ao Cultura Viva, em especial os Pontos de Cultura, a principal ação do programa, porque é melhor que a proposta das BACs? 

Quem acompanhou o processo de nascimento, crescimento e decadência dos CIACs/CAICs, percebe que a maioria dos equipamentos ou estão desvirtuados, reduzidos, limitados ou vieram abaixo. 

Tive contato com um deles, localizado no Conjunto Jardim, região metropolitana de Aracaju. O prédio literalmente veio abaixo e durante semanas a população pobre da área levou para casa, portas, janelas, torneiras, ferragens e etc.. Para saber mais, acesso os links abaixo:

1- Secretário visita escolas no Conjunto Jardim 

https://www.seed.se.gov.br/noticia.asp?cdnoticia=537

2 - Alunos temem desabamento de Caic no Marcos Freire

https://infonet.com.br/noticias/educacao/alunos-temem-desabamento-de-caic-no-marcos-freire/

3- Telhado do Caic do conjunto Jardim cai e mata adolescente

https://a8se.com/noticias/sergipe/telhado-do-caic-do-conjunto-jardim-cai-e-mata-adolescente/

Importante lembrar que isso também acontece com muitos Praças da Juventude ou com os CEUS da arte e da cultura, como ficou conhecido programa semelhante as BACs que retorna com este nome. Embora alguma medidas para evitar o que aconteceu com os CIACs/CAICs no longo prazo foram tomadas desde o nascedouro dos CEUs. Vale uma pesquisa acadêmica sobre como se encontram os CEUs atualmente. 

Para saber mais sobre os CEUs da cultura e do esporte, clique abaixo:

Centros de Artes e Esportes Unificados

https://pt.wikipedia.org/wiki/Centros_de_Artes_e_Esportes_Unificados

E por que os Pontos de Cultura é uma proposta melhor para a reconstrução do Brasil?


Mosaico com atividades de Pontos de Cultura sergipanos

Porque há uma cultura viva que não precisa de grandes estruturas para existir e re-existir.

Porque há uma produção cultural nas cidades e no campo, que não pode depender sempre da boa vontade dos prefeitos, governadores e presidentes de plantão. São organizados em grupos e associações de base comunitária, acostumadas a uma situação de autonomia, mais ou menos, a depender de uma série de fatores internos e externos. Como o programa Cultura Viva investe  na autonomia em termos bem práticos, colabora muito para a criação de uma relação mais madura do estado com a sociedade civil, não pautado mais no paternalismo e no clientelismo, porque a dependência direta em termos financeiros e da autorização para utilização do espaço físico estatal, muitas das vezes esbarra na cobrança de vinculação do grupo ou da associação cultural ao agrupamento politico que esta na prefeitura ou no governo do estado.

Mas nem tudo foram flores nos Pontos de Cultura, e até hoje tem uma série de pendências no campo juridico e politico para serem resolvidas.

E por que isso acontece?

Porque a maiorias dos convênios dos orgãos de governo firmados  com grupos culturais formalizados por meio de associação civil sem fins lucrativos, foram baseados na lei 8.666/2016.

Esta lei regula tanto convênios para a construção de hidrelétricas como para atividades socio-culturais-educativas.

Este convênio tem como base uma série de filigramas contábeis e juridicas, que para serem atendidas precisa de um aparato logistico em termos de burocracia que somente os orgãos de estado e grandes ONGs podem ter...

Contribuição de Jussione Hora Reis ao debate proposto nessa postagem.

Conhece esse vídeo? Cultura é basicamente criatividade.



(primeiro artigo da série educação popular , ação cultural de base comunitária, comunicação alternativa e economia solidária para a reconstrução do Brasil)

Este artigo interativo se aproveita da polêmica de outro artigo do Antônio Risério e visa discutir um tema que precisa entrar na agenda politica, o fomento a cultura da periferia e dos grotões. Pretendemos prosseguir com o mesmo. Você pode colaborar com comentários e perguntas.
As mesmas serão consideradas para efeito de publicação na continuidade do artigo...
O mesmo servirá como base de roteiro para uma live que pretendemos realizar até o meio deste ano...Uma não, várias lives cuja temática será educação popular, ação cultural de base comunitária, comunicação alternativa e economia solidária para a reconstrução do Brasil.

 





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