É uma das primeiras frases que você ouve quando começa a trabalhar no Intercept Brasil.
Quando cheguei na redação, rapidamente compreendi que era muito 
diferente dos meus trabalhos anteriores e que, mesmo experiente, eu 
tinha muito a aprender.
O primeiro impacto, sem dúvida, é a total liberdade para dar nomes aos 
bois, citar empresas, governos, revelar conexões e mexer com qualquer 
um, desde que haja interesse público. Está lá na nossa missão: fazer um 
“jornalismo destemido e combativo. Acreditamos que o jornalismo deve 
promover transparência, responsabilizando instituições governamentais e 
corporativas”.
Aqui na redação nos dedicamos, e nos estimulamos uns aos outros, a 
confrontar o poder porque o que fazemos não é um serviço à venda. Não é 
assessoria de imprensa disfarçada de jornalismo. O Intercept não depende
 de propaganda do governo, não faz parcerias com empresas ou associações
 empresariais, nem admite político sugerindo pauta em troca de favores. 
Fazemos essa escolha para que possamos ter independência absoluta — algo
 tão raro no meio. 
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Foi nesta redação que encontrei as condições ideais para o jornalismo 
que me interessa, aquele que prioriza a investigação e não a simples 
denúncia, que busca revelar as conexões, os porquês, os muitos nós que 
se escondem atrás do fato em si. Para fazer este tipo de jornalismo é 
preciso dispor de recursos. E não me refiro apenas a equipamentos, 
programas, passagens, assistência jurídica (sim! ela é fundamental), 
dinheiro, mas especialmente a um recurso muito caro nas redações hoje em
 dia: tempo. Simplesmente não existem investigações sem passar horas e 
horas lendo documentos, desenvolvendo fontes, mapeando ligações e 
correndo atrás de dicas.
Foram alguns meses de pesquisa e análises de dados do Disque Denúncia 
para que pudéssemos fazer um verdadeiro raio-x da expansão das milícias 
no Rio de Janeiro. Mostramos como 
“tá tudo dominado”
 pelas milícias e como isso se reflete na violência urbana. É preciso 
dedicação também para conseguir contar chacinas e mortos que 
simplesmente não aparecem nas estatísticas oficiais, nem nos jornais. Em
 abril do ano passado contamos ao menos 
21 chacinas e 76 pessoas mortas.
Mesmo com o luxo de tempo, há muito horror por aí acontecendo de maneira
 permanente, mas que às vezes não temos o olhar educado para perceber. 
Foi assim que mexemos com os fazendeiros que ofereciam uma “experiência 
turística” peculiar no interior do Rio de Janeiro: a possibilidade de 
ser um escravocrata por um dia. Lá, você podia ser 
servido por pessoas negras vestidas como escravas, "sem racismo",
 óbvio. A matéria chamou a atenção de nossos leitores e também do 
Ministério Público que acabou propondo um Termo de Ajustamento de 
Conduta para os proprietários. Finalmente os quitutes servidos pelas 
mãos de pessoas negras vestidas de escravas deram lugar 
a placas com nomes de 162 pessoas, 46 delas nascidas no continente africano
 e que foram escravizadas ali, com os escritos: “A Fazenda Santa 
Eufrásia foi palco, no século XIX, do que hoje é considerado crime 
contra a humanidade: a escravização de africanos, muitos sequestrados 
ainda crianças”.
Seja o exército não cumprindo 
suas promessas, o 
MBL espalhando mentiras por aí, uma 
fabricante de armas cujos produtos defeituosos matam inocentes, a 
imprensa "imparcial" espalhando preconceitos ou um pré-candidato prometendo 
"dar carta branca para a polícia matar",
 a revelação de hipocrisia, injustiça e ganância é o que me motiva a 
fazer jornalismo. E o Intercept Brasil é o único lugar onde posso dizer 
tudo isso sem um editor me obrigar a inserir um monte de qualificações 
ou eufemismos por medo de ser processado.
Agora, estamos planejando 
uma cobertura especial
 das eleições 2018 — serão as mais importantes dos últimos 30 anos. Além
 de nossa cobertura normal, vamos publicar uma série de investigações 
reveladoras; fazer tudo ao nosso alcance para desmistificar as questões 
mais importantes para você; e  lançar uma ferramenta de dados inédita no
 país para que você leitor, jornalistas e pesquisadores possam 
facilmente fuçar as histórias de todos os candidatos ao Congresso 
Nacional e à Presidência. Mas tudo isso demanda mais recursos e mais 
braços.
São tantas crises acontecendo ao mesmo tempo que eu nem vou arriscar 
listá-las aqui. Você sabe do que eu estou falando e sabe que tudo piora 
nesta era de 
fake news
 e incertezas. Aliás, é por isso que a internet e o jornalismo 
investigativo serão tão importantes na campanha. Não basta carimbar 
mentira ou verdade na notícia, é preciso mostrar a quais interesses ela 
atende, o que está por trás das informações falsas que convencem tanta 
gente e quem ganha com esses boatos. É isto que pode oxigenar o ambiente
 democrático e derrubar máscaras.
É o que você quer também? Bom, porque 
precisamos da sua ajuda!
 Na última semana o Intercept colocou no ar uma campanha para levantar 
os recursos necessários para executar a cobertura das eleições do jeito 
que precisa ser feito. Nós queremos continuar trabalhando sem vender 
espaço, sem dar explicação para os donos do dinheiro e confrontando o 
poder. Temos a sorte de ter financiamento para existir, mas não é nada 
em comparação com os recursos dos nossos adversários: os verdadeiros 
donos do Brasil. Para ir mais longe, precisamos de mais recursos. Para 
isso, só podemos contar com nossos leitores. 
Lá no Catarse nós explicamos detalhadamente a campanha. 
É só clicar no link aí embaixo.
Vamos fazer jornalismo sem rabo preso juntos?

 
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