13 de agosto de 2019, no Rio de Janeiro. Paulo Freire representado na manifestação pela defesa da educação. A chuva apagou a mensagem no quadro negro, como tanta coisa essencial vem sendo.apagada.
Assim, um bom indicador de uma escola democrática, como Paulo Freire defende, é o protagonismo cidadão que assume a escola coletivamente. Uma escola nossa ou nossa escola. E se há pouco nesse sentido, escolas como espaços para a prática e vivência da democracia, é porque a escola falhou e se a escola falhou, o resultado são muitos brasileiros iludidos pela ideia de Paulo Freire doutrinador, da existência de Lobisomens e Maçonis , de Kit gay nas escolas brasileiras, de mamadeira de piroca nas creches paulistanas, da necessidade de ser governado por um "mito", o qual se revela cada vez mais como um verdadeiro "mico" e etc.
E assim, não há país que aguente. Como estamos vendo acontecer.
Tudo isso me vem lembrar escolas públicas onde trabalhei, que colocavam em letras garrafais ter como missão “formar alunos críticos e participativos”, mas cuja gestão tanto administrativa, como pedagógica, realizavam muito pouco em termos operativos para atingir esse objetivo. Como exemplo disso, a falta de apoio ou incentivo para alunos e comunidade escolar participar de forma efetiva do planejamento e da gestão escolar, tanto administrativa, como pedagógica organizados como grêmio escolar e como assembleia de professores e de pais.
E lembrando, quando alunos começaram a querer se organizar , sempre vimos ações voltadas para o desestimulo, controle e manipulação do processo. Ou seja, reforçando o que diz Cazuza em uma das suas icônicas canções. “A sua piscina está cheia de ratos, suas ideias não correspondem aos fatos”.
Mas o tempo não para, afirma Cazuza em outra canção e dessa maneira, temos situações paradoxais, em que as ideias de Paulo Freire são apropriadas por escolas da elite, mesmo que desidratando aspectos mais politizados e potencialmente desestabilizadores do status quo, enquanto as escolas para os pobres, ficam presas a modelos pedagógicos e de gestão ambiguos, entre as boas intenções descritas nos Plano Politico Pedagógico e as práticas ruins de planejamento e gestão, as quais se notabilizam pela fraca democracia participativa, descuido da formação continuada no chão da escola, cobrança por aulas dinâmicas e interessantes, sem os recursos necessários disponíveis, ou disponibilizados de forma precária.
A esse respeito, um artigo de José Ruy Lozano, que é sociólogo, autor de livros didáticos, e que nos traz um excelente reflexão acerca do paradoxo das idéias de Paulo Freire para os ricos e das idéias militaristas de Bolsonaro para os pobres.
Já um outro artigo da autoria de Frei Betto, aponta de forma didática e resumida o caminho freireano que o Brasil deixou de seguir, ao contrário do que afirmou a propaganda reversa contra as ideias de Paulo Freire, o que paradoxalmente o trouxe novamente para o centro dos debates sobre a educação brasileira.
Já um outro artigo da autoria de Frei Betto, aponta de forma didática e resumida o caminho freireano que o Brasil deixou de seguir, ao contrário do que afirmou a propaganda reversa contra as ideias de Paulo Freire, o que paradoxalmente o trouxe novamente para o centro dos debates sobre a educação brasileira.
Bolsonaro para os pobres, Paulo Freire para os ricos
E por falar em nossa escola, tem uma escola em Aracaju com esse nome e que possivelmente pode se enquadrar como um exemplo local do que está contido no artigo "Bolsonaro para os pobres, Paulo Freire para os ricos".
A canção Somos quem podemos ser da banda Engenheiros do Hawaii foi a fonte de inspiração para o titulo desse post.
Pós escrito...
Hoje, 19 de
setembro, é o aniversário de nascimento
de Paulo Freire e a data está sendo lembrada como nunca antes. As redes sociais
estão cheias de referências ao
acontecimento. É muito bom, necessário, útil, oportuno.
E precisamos fazer mais isso – lembrar, louvar, reverenciar, fazer
memória agradecida, glorificar - ”Glória aos piratas, as mulatas, as sereias. Glória a farofa, a cachaça, as baleias. Glória a todas as lutas inglórias. Que através da nossa história. Não esquecemos jamais.”
Como afirma João Bosco
e Aldir Blanc na canção que homenageia João Cândido, o almirante negro.
E a lembrança de Paulo
Freire está acontecendo muito mais nestes tempos estranhos e obscuros ( 2013 em diante),
depois de uma campanha insidiosa e contrária as idéias do patrono da futura educação brasileira.
E além dele, também precisamos lembrar de tantos outros, até mesmo de muitos que ficaram no anonimato, cujas histórias ficaram encobertas pelo esquecimento provocado pelas elites dominantes , as que se acham donas de nossas memórias e do nosso futuro, em especial antes do advento das tecnologias digitais e da internet.
Alguns desses, foram lembrados pelo educador português da Escola da Ponte, José Pacheco um dos grandes reinventadores freireanos do
século XXI.
“Identifiquei,
nos últimos anos, autores brasileiros da maior importância que o Brasil
desconhece. Esse é outro absurdo. Quem é que ouviu falar de Eurípedes
Barsanulfo (1880-1918)? De Tomás Novelino (1901-2000)? De Agostinho da Silva
(1906-1994)? Ninguém fala deles. Como um país como este, que tem os maiores educadores
que eu já conheci, não quer saber deles nem os conhece?
Há 102 anos, em 1907, o Brasil teve aquilo que eu considero o projeto educacional mais avançado do século 20. Se eu perguntar a cem educadores brasileiros, 99 não conhecem. Era em Sacramento, Minas Gerais, mas agora já não existe. O autor foi Eurípedes Barsanulfo, que morreu em 1918 com a gripe espanhola. Este foi, para mim, o projeto mais arrojado do século 20, no mundo.”
Há 102 anos, em 1907, o Brasil teve aquilo que eu considero o projeto educacional mais avançado do século 20. Se eu perguntar a cem educadores brasileiros, 99 não conhecem. Era em Sacramento, Minas Gerais, mas agora já não existe. O autor foi Eurípedes Barsanulfo, que morreu em 1918 com a gripe espanhola. Este foi, para mim, o projeto mais arrojado do século 20, no mundo.”
Será isso o que nos
faltou e nos falta, para avançarmos mais na luta e resistência
contra o retrocesso das nossas
conquistas sociais e democráticas?
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Criador da Escola da Ponte, em périplo pelo país, afirma: “além de Paulo Freire, outros brasileiros poderiam revolucionar ensino; burocracia estatal os sufoca”
Em todo o país, coletivos e escolas enxergam atraso dos métodos educacionais vigentes e constroem alternativas. É hora de mapear e articular este movimento
[LANÇAMENTO] SEMANA PAULO FREIRE online - 19 de setembro, às 14h30, diretamente do Centro de Referência Paulo Freire, em São Paulo, com TRANSMISSÃO AO VIVO.
Na sequência, aula aberta com o professor José Eustáquio Romão e seus orientandos, doutorandos(as) e mestrandos(as) do Programa de Pós-Graduação em Educação (Doutorado e Mestrado) da Universidade Nove de Julho (Uninove). Participe pelo link: https://www.youtube.com/c/eadfreiriana/live.
As inscrições para a SEMANA PAULO FREIRE online continuam abertas. Contribua com apenas R$ 20,00 e participe. Não fique de fora! Inscreva-se já: www.eadfreiriana.org/semanapaulofreire
São 9 videoaulas, com acesso por 10 semanas e certificação de 18 horas.
Com projeto de formação crítica, Ginásios Vocacionais foram extintos pela ditadura
Fonte: site aprendiz
28/06/2011
Sarah Fernandes
Sarah Fernandes
No meio de uma calorosa conversa vem uma pergunta: “Quais os fatores que determinaram o subdesenvolvimento do Brasil?”.
Não foi preciso tempo para as respostas: “Deficiência de assistência social e alto crescimento demográfico”. “Fome e dependência politica estrangeira”. “Desemprego como consequência da monocultura latifundiária”. “Falta de aproveitamento dos recursos naturais”. “Desequilíbrio econômico entre indústria e agricultura e más condições de trabalho”.
As hipóteses não foram levantadas em uma universidade ou em um instituto de pesquisa. Elas foram pensadas nos bancos de uma escola, por estudantes ginasiais – atual ensino fundamental II.
Registrado no documentário Vocacional, uma Aventura Humana, o debate ocorreu em um dos seis Ginásios Vocacionais do estado de São Paulo, que funcionaram nas cidades de Americana, Batatais, Barretos, Rio Claro, São Caetano do Sul e São Paulo, entre 1962 e 1969, até serem extintos pela ditadura militar, que os considerou subversivos.
“Muita gente acha que o termo vocacional está relacionado à profissão, mas não é. Esse nome foi escolhido porque o sistema visava formar homens livres, críticos e criativos, de modo que ele pudesse arquitetar sua vocação ontológica de ser humano”, conta a ex-diretora do Ginásio de Americana, Aurea Cândida Sigrist de Toledo Piza.
O ex-aluno Luiz Carlos Marques, ou Luigy, como é conhecido pelos colegas do Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, de São Paulo, comprova: “Minha emancipação intelectual se deu no Vocacional e não na universidade. O que me valeu muito lá foi o que aprendi quando criança”.
Como funcionava?
Com todo currículo pautado em Estudos Sociais, as aulas não eram divididas em disciplinas, mas em áreas do conhecimento. “Estudávamos psicologia, sociologia, antropologia, história e geografia e tudo girava em torno dessas discussões”, lembra Luigy, que hoje é diretor da Associação dos Ex-Alunos e Amigos do Vocacional (GVive). “Meninos e meninas estudavam juntos, o que era um grande avanço para a época. Tínhamos meninas líderes de classes e meninos aprendendo a trocar fraudas nas aulas de educação doméstica”.
Nos quatro anos de permanência no Vocacional, o foco dos estudos era dividido, sendo no primeiro o município, no segundo o estado de São Paulo, no terceiro o Brasil e no quarto o mundo. A professora Aurea explica que, assim, trabalhava a partir de unidades pedagógicas em círculos concêntricos. “As áreas de estudos sociais colocavam um problema ligado à realidade e todas as demais áreas trabalhavam esse tema”.
A partir daí os alunos faziam estudos supervisionados, individuais, livres e em equipe. Deles saíam sínteses, que eram avaliadas e debatidas em assembleia, até que se chegasse a uma única, mais completa. “Os alunos perguntavam, recebiam críticas dos colegas e assim aprendiam a argumentar, a se colocar e a respeitar o outro”, explica Aurea.
Também haviam os chamados estudos do meio ou pesquisas de campo, como lembra Luigy. “Fazíamos passeios nos bairros da cidade levantando o que tinha lá. Catalogávamos cinemas, teatros e até zonas de prostituição”, lembra. “Algumas equipes chegaram a ir para a Bolívia e para o Peru”.
Parte do dinheiro para os trabalhos de campo do Ginásio Vocacional de São Paulo vinha da cantina da escola, que era gerida pelos próprios alunos. Organizados em equipes, eles assumiam periodicamente a limpeza, o atendimento, o troco e o balanço final da cantina. Parte do lucro era divido igualmente entre os alunos, depositados na conta do banco escolar, que cada um possuía.
“Fazíamos tudo em equipe. Professores e alunos almoçavam juntos, jogavam bola juntos”, lembra Luygi. “Quando alguém fazia algo errado era realizada uma assembleia para que todos decidissem o que seria feito com o responsável”.
Ser aceito em um dos Vocacionais não era simples. Os candidatos passavam por entrevistas com pais e alunos, além de estarem sujeitos a disponibilidade de vaga. “Se 15% dos moradores da região fossem da classe A, teríamos 15% dos alunos da classe A. Se 30% dos moradores fossem de classe E, 30% dos alunos também seriam”, explica Aurea. “As classes heterogêneas ajudavam a amadurecer”.
As avaliações eram bimestrais. Elas não eram feitas por notas, mas sim por conceitos e, principalmente, pela autoavaliação. “As notas estabelecem métodos muito rígidos. Com os conceitos tínhamos cinco faixas: superior, acima da média, médio, abaixo da média e inferior”, lembra Aurea.
Como começou?
As bases para a experiência dos Ginásios Vocacionais, que a princípio, seria expandida para toda a rede estadual de São Paulo, começaram em 1959. “Havia uma proposta de reforma do então ensino secundário profissional [atual ensino médio], que passaria a se chamar Ensino Industrial, para os homens, e Educação Doméstica para as mulheres”, conta o doutor em educação Daniel Chiozzini, que pesquisou o vocacional no mestrado e doutorado. “Nesse projeto havia quatro artigos sobre a criação de Ginásios Vocacionais, que seriam uma transição da educação básica para o novo sistema”, explica.
"A história da professora Maria Nilde"
Maria Nilde Mascellani nasceu em São Paulo, em 1931. Formou-se pedagoga na USP. Lecionou em escolas públicas e trabalhou no Instituto de Educação de Socorro, e em 1959, quando fez parte da equipe das Classes Experimentais.
Assumiu a coordenação do Serviço de Ensino Vocacional, onde sofreu inúmeras pressões, até ser presa pela ditadura, “indiciada no inquérito policial sobre atividades subversivas para sovietizar o país”, segundo sua ficha do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), de 1974.
Depois de liberta, Maria Nilde criou um centro educacional na Faculdade de Psicologia da PUC-SP, onde foi professora, a partir de 1970. Não se casou e nem teve filhos. Morreu em 1999, vítima de um infarto, aos 68 anos em São Paulo.
Paralelo a isso, o Ministério da Educação e Cultura aprovou uma portaria que permitia a criação de classes experimentais, nas quais novas propostas pedagógicas seriam postas em prática. “As classes experimentais de Socorro, em particular, começaram a conceber uma nova proposta pedagógica, a partir das ideias de uma professora, chamada Maria Nilde Mascellani”, diz Chiozzini.
Em 1961, o então secretário da Educação de São Paulo, Luciano de Carvalho, gostou da experiência de Socorro. “Ele quis expandir o modelo e inseriu um apêndice na legislação de reforma do secundário, que criou o Serviço de Ensino Vocacional [SEV], sob responsabilidade da professora Maria Nilde”, explica o especialista.
“O SEV garantia uma autonomia administrativa muito grande na gestão das novas escolas. A proposta era levar os alunos ao engajamento e transformação do meio”, conta Chiozzini. “Todo esse processo foi muito influenciado pelo intenso movimento intelectual dos anos 1960”.
Por que acabou?
Com o passar do tempo o sistema de ensino começou a sofrer crises internas e externas. “Havia diferenças e embates na experimentação. No auge da crise a professora Maria Nilde demitiu muita gente”, conta Chiozzini. “A gota d’água foi em Americana onde um grupo de professores foi demitido e dois deles denunciaram o vocacional para o exército, alegando que formava comunistas”.
Em junho de 1969, com a denúncia do professor Francisco Cid, de Artes Industriais, o diário oficial publicou a ameaça de destituição das professoras Maria Nilde e Aurea. Ela se lembra do episódio: “A Maria Nilde foi a delegacia e o general responsável tentou convencê-la a assinar alguma coisa dizendo que eu era comunista ou rolaria a cabeça dela. E ela disse: ‘Então rola a minha cabeça’”, lembra em entrevista ao documentário Vocacional, uma Aventura Humana. No dia seguinte o Diário Oficial publicou a destituição de Maria Nilde. Depois desse episódio todos os Ginásios foram fechados. Em São Paulo e Americana o exército invadiu a escola. “Os professores foram presos na cozinha”, conta Chiozzini. “Houve muitos atos de pais e alunos pedindo para o governo voltar atrás”. Isso não aconteceu e em 1970 todas as escolas já funcionavam no sistema convencional.
Relatório do Ministério do Exército sobre o Ensino Vocacional, de 1969 -
“Tratava-se de um sistema de ensino caro, que usufruía de uma situação privilegiada e ampla autonomia”.
- “Foi uma experiência prolongada e onerosa de ensino que, ao que tudo indica, não produziu os resultados desejados”.
- “Ofereciam ambiente propicio a indagações e instilações ideológicas na mente dos alunos, em que agentes subversivos atuam subrepticiamente nos meios estudantis”.
- “As constatações feitas indicam um sistema de ensino de conteúdo socializante”.
- “Foi uma experiência prolongada e onerosa de ensino que, ao que tudo indica, não produziu os resultados desejados”.
- “Ofereciam ambiente propicio a indagações e instilações ideológicas na mente dos alunos, em que agentes subversivos atuam subrepticiamente nos meios estudantis”.
- “As constatações feitas indicam um sistema de ensino de conteúdo socializante”.
“Eu tive muita dificuldade de encontrar uma escola para os meus filhos. Moro em São Paulo, mas optei por manda-los estudar em Cotia [SP], na escola de dois professores que foram do Vocacional”, conta Luigy. “Sempre me pergunto por que meus filhos e netos não puderam passar por uma experiência como essa?”
Na análise do especialista Chiozzini, apesar dos problemas, o sistema de ensino fazia jus a todos os elogios. “O Vocacional tinha problemas e se tivesse durado mais tempo poderíamos analisar e criticar melhor, mas não podemos condenar nada. Era uma proposta transformadora, que marcou muito a vida dos estudantes”.
Leia também:
Quando ensinar a ler virou subversão: a ditadura e o combate ao combate do analfabetismo. AQUI
Mostras Virtuais abordando o tema Memória da Educação, colocando em foco a documentação do Fundo do Movimento de Educação de Base –MEB. AQUI
Se eu fosse ministro da educação, chamaria todos os cidadãos brasileiros interessados em apresentar propostas de como fazer com que as metas do Plano Nacional de Educação(PNE) se tornem operantes ou reais (1). Faria isso por meio da metodologia de circulo de debates.
Com dois tipos de observação, após cada proposta aprovada, destacar as que necessitam de mais dinheiro(2) e as que não necessitam ou aquelas hibridas, que necessitam em parte.
Os círculos de debates seriam organizados em categorias e/ou segmentos de interesse. Por exemplo. Os círculos das universidades, os círculos das escolas públicas de ensino básico, os círculos das artes e dos esportes, os circulos do meio ambiente e das formas alternativas de viver ou de promoção da vida.
Um outro circulo, seria formado por estudiosos e/ou pessoas de notório saber e comprometimento, ligadas a academia, ongs, religiões, meios de comunicação (grandes e alternativos), movimentos sociais, sindicatos, gestores de experiências exitosas, tanto de dentro, como de fora do país, para formar um outro círculo que poderia ser o circulo inicial com falas e propostas inspiradoras. Estes seriam os círculos disparadores ou deflagradores do debate nacional.
Os encontros destes círculos acima, seriam transmitidos via NBR e internet e disponibilizados no youtube, para quem não puder ter acesso imediato.
As prioridades a serem implementadas, seriam os destaques escolhidos por consenso ou votação, a partir das falas e debates nos círculos de debates.
O ministério da cultura tem experiência em forma mais eficazes de participação cidadã e poderá colaborar com o atual ministro da educação neste sentido.
(1)SOBRE AS METAS DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE).Ele não define o caminho pormenorizado, por exemplo, de reorientação pedagógica curricular. O PNE é um exemplo clássico de uma lei arcabouço, que fixa metas e organiza procedimentos. Ele estipula, por exemplo, um prazo para a formação da base curricular comum, mas não define o conteúdo. http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/cidades-com-fraco-desempenho-de-ensino-poderao-sofrer-intervencao-federal-diz-mangabeira-unger-15899828
(2) Propostas ligadas a ética, por exemplo, não precisam de mais dinheiro. Por exemplo, a diminuição do absenteismo ou das faltas constantes e injustificadas.
P.S: Se conseguirmos fazer com que a maioria da população brasileira que se interessa por futebol a ponto de dizer, se eu fosse técnico de um time qualquer ou da seleção, comece a pensar como ministro ou secretário da educação, estaremos dando inicio com isso a uma verdadeira revolução cultural, já iniciada pelo ministério da cultura na gestão de Gilberto Gil e Juca Ferreira, porém necessitada da estrutura e capilaridade do ministério da educação para descer mais fundo aos corações e mentes da nossa gente.
Zezito de Oliveira -educador e produtor cultural
O que pretende fazer o novo ministro da educação, Renato Janine Ribeiro.
Janine fala em aproximar a educação ao mundo da cultura, em sua primeira entrevista após indicação - Janine defende educação sem currículos rígidos
Para entender como funciona a escola pública sem provas, turmas e disciplinas é preciso deixar de lado a visão tradicional de educação
fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/04/a-escola-publica-sem-provas-turmas-e-materias.html
Para conhecer a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Amorim Lima, na zona oeste de São Paulo, é preciso deixar de lado a visão tradicional de escola. Aqui não há provas, os alunos aprendem matemática debaixo de uma árvore e as salas não têm carteiras organizadas em fileiras. Nessa escola, cada um aprende no seu ritmo, compartilha as experiências com o grupo e pede ajuda para o professor-tutor.
E quem explica tudo isso é a Maria Vitória de Oliveira, 8, e a Thabbata Neves, 9, que nos recebem no pátio para apresentar a escola. “Aqui eles fazem um projeto diferente de todas as outras escolas, então eu gosto daqui por isso. Eu aprendo bastante coisa“, diz Maria Vitória.
A escola funciona há dez anos como um projeto experimental na rede municipal de São Paulo e foi inspirada na Escola da Ponte, do educador português José Pacheco. Entre os principais objetivos desse modelo pedagógico estão o desenvolvimento da autonomia intelectual dos alunos e a troca de saberes.
De portas abertas
Há um clima de liberdade e informalidade, com uma aparente desordem, em toda a escola. Crianças circulam a todo momento pelo prédio e a sala da direção está sempre aberta para o aluno que precisar pedir qualquer tipo de ajuda (do estojo perdido à cartolina para a atividade em sala).
“A escola que eu estudava antes era outra coisa, lá era todo mundo em fileira, aqui é em grupo, todo mundo pergunta, todo mundo responde“, diz Thabbata. “Não tem prova, a única prova é o roteiro, aqui a gente é praticamente livre, não fica muito tempo dentro da sala, só na aula de pesquisa.”
A chamada aula de pesquisa é o momento em que os alunos estudam os conteúdos e fazem exercícios. Eles também têm aulas de brincadeira, de capoeira, teatro, dança, grego e latim. Há oficinas de inglês, texto e matemática. Pode até não ter prova, mas os alunos são avaliados nas atividades em grupo, no processo de execução do roteiro e nas atividades finais.
Um roteiro, vários caminhos
No início do ano, cada aluno recebe um kit com os livros didáticos da sua série e os roteiros que precisa seguir. Esses roteiros são preparados e encadernados pela própria escola, são eles que vão direcionar o estudo e a execução de exercícios. Organizados por temas – em vez de disciplinas — eles são interdisciplinares e costumam exigir que o aluno pesquise em livros de diversas matérias.
Por exemplo, se o tema é Segunda Guerra Mundial, os alunos terão conteúdos não só de história, mas também de geografia, física e matemática.
Todos eles precisam ser cumpridos, mas a velocidade e o caminho que cada aluno fará pelo material estudado pode ser bem diferente. O ritmo e o processo de cada um é respeitado.
Ao final de cada roteiro, os alunos precisam completar um quadro de resumo e fazer exercícios sobre conteúdo estudado, formando um arquivo de trabalhos que é chamado de portfólio. Quem erra ou esquece algo precisa voltar e rever o conteúdo.
Os “salões”
As salas de aula são diferentes dependendo da etapa de ensino. As turmas mais “tradicionais” são o 1º e o 2º ano do ensino fundamental. Nessa fase, os professores apresentam os primeiros roteiros para os alunos. É um período de introdução do modelo pedagógico e de adaptação para as próximas séries.
Quando a criança completa o ciclo de alfabetização, ela entra em uma nova classe, que reúne alunos do 3º, 4º e 5º anos do ensino fundamental. É o “salão” do ciclo 1. Há outra com estudantes do 6º ao 9º, ou ciclo 2 do ensino fundamental.
Cada uma dessas salas é grande e os alunos são dispostos em grupos de até quatro pessoas (muitas vezes de idades e séries diferentes). Cada um tem seu próprio roteiro de estudos, mas o objetivo é que eles consigam se ajudar e resolver problemas e tirar dúvidas entre si. Um professor fica à disposição dos alunos para tirar dúvidas.
Na teoria, parece fácil, mas há quem não se adapte ao projeto. “Tem pais que não querem de jeito nenhum que a criança venha pra cá, porque não gostaram, não compreendem“, diz a diretora Ana Elisa Siqueira.
Marcelle Souza, UOL
Finlândia: o primeiro país do mundo a abolir a divisão do conteúdo escolar em matérias
Por Canal da Educação março 25, 2015 15:44
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Por Renato Carvalho, do Rescola
A campainha toca, mas, em vez da aula de História, começa a aula de “Primeira Guerra Mundial”, planejada em conjunto pelos professores especialistas em História, Geografia, Línguas Estrangeiras e (por que não?) pelo professor de Física que achou que seria uma boa oportunidade para trabalhar os conceitos de Balística.
À tarde, outro sinal, mas os alunos não vão ter aula de Biologia. Hoje a aula é sobre “Ecossistema Polar Ártico”, ministrada pelos professores especializados em Biologia, Química, Geografia e o de Matemática, que percebeu que os dados sobre o derretimento das geleiras seriam úteis para o estudo de Estatística.
Em pouco tempo, cenários como esse, que já são comuns nas principais escolas da capital Helsinki, poderão ser encontrados em toda a rede de ensino do município e nas cidades do interior. O objetivo é claro:
A Finlândia quer ser o primeiro país do mundo a abolir completamente a tradicional divisão do conteúdo escolar em “Matérias” e adotar em todas as suas escolas o ensino por “Tópicos” multidisciplinares (ou “Fenômenos”, conforme a terminologia adotada pelos educadores finlandeses).
Há anos, a educação finlandesa vem sendo considerada a melhor do mundo. Com “segredos” como valorização dos professores, atenção especial aos alunos com mais dificuldades, valorização das artes e de diferentes formas de aprendizagem e uma radical redução no número de provas e testes, o país tem consistentemente dividido as mais altas posições nos rankings do PISA (Programme for International Student Assessment, ou Programa para Avaliação Internacional de Estudantes) com Cingapura, mas com as vantagens de oferecer uma educação universalmente gratuita e livre dos tremendos níveis de estresse aos quais os estudantes asiáticos são submetidos.
Apesar dos excelentes resultados (ou talvez por causa deles), a Finlândia pretende continuar repensando e aprimorando seu sistema educacional. “Não é apenas Helsinki, mas toda a Finlândia que irá abraçar a mudança”, afirma Marjo Kyllonen, gerente educacional de Helsinki. “Nós realmente precisamos repensar a educação e reprojetar nosso sistema, para que ele prepare nossas crianças para o futuro com as competências que são necessárias para o hoje e o amanhã. Nós ainda temos escolas ensinando à moda antiga, que foi proveitosa no início dos anos 1900 – mas as necessidades não são mais as mesmas e nós precisamos de algo adequado ao Século 21.”
Naturalmente, a ideia de substituir “Matérias” por “Fenômenos” como forma de dividir o conteúdo escolar e apresentá-lo aos alunos sofreu resistência inicial, principalmente dos professores e diretores que passaram suas vidas se especializando e se preparando para ensinar matérias. Mas com suporte do governo – inclusive incentivos financeiros através de bonificações para os professores que aderissem ao método – os professores foram gradualmente se envolvendo e hoje aproximadamente 70% dos professores das escolas de ensino médio da capital já estão treinados e adotando essa nova abordagem.
Atualmente, as escolas finlandesas já são obrigadas a oferecer ao menos um período de ensino multidisciplinar baseado em Fenômenos por ano. Na capital Helsinki, a reforma está sendo conduzida de forma mais acelerada, com as escolas sendo encorajadas a oferecer dois períodos. A previsão de Marjo Kyllonen é de que em 2020 a transição estará completa em todas as escolas do país.
Pedagogia Waldorf
A Pedagogia Waldorf foi criada por Rudolf Steiner há 95 anos. Seu currículo é vivo, dinâmico e integrado, assim como sua preocupação com o desenvolvimento global dos alunos, suas diferenças individuais e a ênfase em descobrir suas capacidades e potencial respeitando cada etapa de desenvolvimento da criança. Esse currículo é desenvolvido em bases antropológico/antroposóficas, tendo em vista a evolução física, emocional e espiritual do ser humano.
A principal meta de uma Escola Waldorf deve ser o de desenvolver seres humanos capazes de, por eles próprios, dar sentido e direção às suas vidas, desenvolver na criança “cabeça, coração e mãos” através de um currículo que balanceia as atividades escolares. Este currículo insere música; artes além de matérias como jardinagem, técnicas agrícolas e horticultura. Através dessa metodologia, os professores buscam despertar o gosto pelo aprendizado, fazendo deste uma atividade não competitiva.
É ministrado na escola o mesmo currículo exigido em outras escolas como: português, matemática, ciências físicas e biológicas, história e geografia.
Mas de acordo com os objetivos da Educação Waldorf, os alunos terão acesso também a matérias como astronomia, teatro, zoologia, botânica, euritmia, música, trabalhos manuais, artesanato, agrimensura, astronomia de posição, filosofia, artes plásticas e cênicas, assim como línguas estrangeiras.
Em termos metodológicos, o currículo Waldorf pode ser comparado a uma espiral ascendente: as matérias são revistas várias vezes e a cada nova exposição uma nova e mais profunda visão do conteúdo exposto é oferecida.
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