Educação como uma cadeia de produção na Espanha. Há semelhanças com o modelo que está em disputa no Brasil? Respondo que sim, basta olhar a forma como a BNCC e o Ensino Integral estão sendo implementados. Aqui não trata-se de ir contra a BNCC e nem contra o Ensino Integral, até porque constam no Plano Nacional da Educação, resultado de um debate democrático com os educadores e com a sociedade. Aqui nos referimos à forma, a maneira, ao processo . Como afirma a manchete da matéria abaixo, publicada no jornal EL País. “Não é preciso ser impositivo: quando se confia nas escolas, elas respondem” Portugal se tornou referência mundial em melhoria na educação e pedagogias inovadoras. É a nova Finlândia. Afirma a abertura da reportagem.
Para mim, isso é Paulo Freire na veia, porém a nação que tem Paulo Freire como patrono da educação, ainda discute a educação com uma veia autoritária, mesmo atenuando com pitadas da filosofia e da pedagogia freireana.
O bom dessa reportagem de EL País é, além de trazer
a confirmação do que temos defendendo e fazendo desde um bom tempo, fazer isso com exemplos bem sucedidos.
Porque a prática é o melhor critério para aferir a verdade.
Portanto, fica mais uma vez o apelo para que pesquisemos mais, produzamos estudos e divulguemos os resultados sobre sistemas de ensino como o da Finlândia e o de Portugal, este novidade para mim e revelado na reportagem abaixo, assim como experiências de
sucesso na perspectiva de construção da escola pública democrática e de
qualidade, desenvolvida por escolas, iniciativas não governamentais e governos
municipais e estaduais, assim como as os oásis federais dos Colégios de Aplicação
, Institutos Federais de Ensino, Colégio D. Pedro II (RJ). Assim como práticas
de extensão das universidades públicas.
Essas pesquisas e estudos precisam ser divulgados e
traduzidos ou simplificados para o grande público, considerando a falta de
hábito de leitura da nossa gente, e por isso vale memes, vídeos curtos, reportagens e etc. Vale os sindicatos apresentar esses estudos e pesquisas,
porque devemos criticar e mostrar que uma escola pública democrática e de
qualidade já é realidade e está mostrando resultado melhores do que escolas
autoritárias ou parcialmente democráticas. Zezito de Oliveira
P. O
diretor do PISA, Andrea Schleicher, diz que os professores da Espanha
"trabalham como em uma cadeia de produção". O modelo português é o
oposto.
R. Dentro
do currículo nacional permitimos que as escolas trabalhem 25% do programa com
sua própria estratégia. Elas geralmente mesclam disciplinas — história e
geografia, ou matemática e física —, trabalham experimentalmente ou criam
projetos anuais. Estive em uma classe em que os professores de biologia,
química e filosofia estavam
atuando em rodízio com pequenos grupos para abordar de forma integral a questão
das drogas e do doping. Não é preciso ser impositivo. As escolas veem que se
confia nelas e respondem muito bem.
P. Autonomia
com controle.
R. Especialistas
da universidade e inspetores visitam a escola por uma semana e emitem um
relatório. Não se faz uma classificação, é apenas uma espécie de auditoria para
ajudar no projeto pedagógico.
“As escolas tinham descuidado da arte
e da psicomotricidade. Agora é avaliada”
P. Portugal
apresenta um grande fosso entre as classes sociais nos resultados acadêmicos.
R. Sim,
há diferenças muito notáveis e devemos trabalhar nisso. Portugal vem de uma
ditadura em que a educação não era uma questão central. Muitos adultos ainda
têm grandes deficiências de qualificação e precisam ser treinados.
P. Por
que gastam tanto na pré-escola?
R. Por
ter feito doutorado em neuroquímica, sei que a etapa dos três aos seis anos é
crucial para o conhecimento e acesso a valores coletivos, à cidadania e ao
ensino inclusivo. Uma criança não discrimina por padrão, nós adultos
trabalhamos para que isso aconteça. E a pré-escola é um instrumento de
equidade: se a criança está em casa pode ser que seu ambiente não estimule a
aprendizagem e os valores que ela aprenderia na escola.
“Agora, as provas nacionais também avaliam as expressões artísticas e
psicomotoras, que haviam sido negligenciadas nas escolas para focar em
português e matemática, as matérias examinadas externamente. Muitas crianças
não sabiam dar cambalhota.”
Leia mais:
“Não é preciso ser impositivo: quando se confia nas escolas, elas respondem”
O encontro dos educadores com o Papa Francisco no próximo ano, pode oferecer uma ótima oportunidade para colocar o exemplo de Portugal e da Finlândia como exemplo, assim também como experiências bem sucedidas na América Latina e outros continentes, incluindo bons exemplos dos povos originários.
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