Acesse o site para conferir:
https://fasc.saocristovao.se.gov.br/ ou
https://infonet.com.br/noticias/cultura/confira-a-programacao-completa-do-fasc-2019/
Onde estiver escrito carnaval pode-se ler FASC
Lambada da Delícia
Gerônimo
Já é carnaval cidade, acorda pra ver
Já é carnaval cidade, acorda pra ver
A chuva passou cidade, e o sol vem aê
A chuva passou cidade, e o sol vem aê
Brincar de menina, fazendo menino
É mar de verão, é lua de dia
Oh cidade louca
Quero viver, quero viver
É na delícia, é na delícia
Quero gozar, quero gozar
É na delícia, é na delícia
Meu amor, quero viver
Quero viver na delícia
E te fazer gozar, quero viver
Quero viver na delícia
E me fazer gozar, quero viver
Quero viver na delícia
E gozar com você
Já é carnaval cidade, acorda pra ver
Já é carnaval cidade, acorda pra ver
A chuva passou cidade, e o sol vem aê
A chuva passou cidade, e o sol vem aê
Brincar de menina, fazendo menino
É mar de verão, é lua de dia
Oh cidade louca
É na delícia, quero gozar com você
É na delícia, é carnaval dia de acordar pra ver
É na delícia, é na deli é na deli é na delícia
É na delícia, é mar de verão oh cidade louca
É na delícia é na deli é na deli é na delícia
É na delícia é na deli é na deli é na delícia
Leia também:
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
Recorte de memórias do Festival de Arte de São Cristóvão 2018
cartaz do 35º FASC 2018
Lembranças do FASC
O Festival de Artes de São Cristóvão – FASC começou em 1972, quando eu era ainda uma criança. Naquela mesma época meus irmãos mais velhos começaram a ingressar na UFS e a andar com colegas universitários. Foi por meio desses grupos que eu passei a ouvir as primeiras conversas sobre o FASC.
Entre os comentários que eu escutava atento, dois assuntos, especialmente, despertavam o meu interesse pelo badalado evento cultural: as narrativas sobre a ousadia e a liberdade de expressão e comportamento experimentada pela juventude durante o festival e a intensa e diversificada programação artística.
Depois de alguns anos apenas ouvindo e imaginando coisas, lá pelo início da década de 1980, finalmente, fiz minha estreia no FASC. E que começo! O grupo de teatro Cenário de Espetáculos – que eu integrava tocando flauta doce – e mais alguns artistas, alugaram uma pequena casa em uma das entradas da cidade.
O Cenário não tinha conseguido entrar na programação oficial, mas, resolveu ir por conta própria, puxar um cortejo e apresentar encenações pelas ruas da cidade. Luiz Carlos Dussantus, Vitória e Dinha Barreto, Itamar Freitas, Elíude Silva… Eram alguns dos integrantes do grupo, presentes naquela aventura.
Uma noite, fomos para a bica. Foi a primeira vez que eu vi o sol nascer. Já com o dia claro, resolvi vir a Aracaju dar notícias – celular não existia. Entrei no coletivo e apaguei. O ônibus passou na porta da minha casa, na Rua de Laranjeiras, onde eu deveria ter descido, mas, só fui acordado no ponto final, na rodoviária velha.
Nas edições seguintes continuei indo para curtir, sem estar necessariamente integrando alguma atividade artística. Certa vez eu estava na companhia de uma galera bem descolada – como se dizia na época – e rolou um show da dupla Sá e Guarabyra. Nos entrosamos com os músicos e voltamos para Aracaju de carona com eles.
Em São Cristóvão assisti espetáculos artísticos que só foram apresentados em Sergipe graças ao FASC, pois, não tinham apelo comercial suficiente para virem por outro meio, embora tivessem grande relevância estética. Desses o que de modo mais vivo continua na minha memória é o show “Suspeito”, de Arrigo Barnabé.
Em outra edição a produção do FASC promoveu o “Rock in Bica”. Subi ao palco acompanhando Rivando Gois que fazia um excelente Raul Seixas cover. Eu era um péssimo guitarrista, fui chamado emergencialmente, devo ter errado em quase todas as músicas, mesmo assim, o show foi vibrante do começo ao fim.
Depois passei uma temporada fora de Sergipe. De longe, soube que o FASC fora interrompido. Para minha alegria e sorte, de novo na terrinha, vejo o evento reativado. Com isso, voltei a frequentar o nosso maior festival de artes. Em 2017, batuquei meu tamborim pelas ruas e becos da histórica cidade com o Burundanga.
Também em 2017, talvez pelo peso da idade, me incomodou ter ido ao FASC e, ao final das noitadas, ter que voltar para Aracaju. Agora em 2018 superei o incômodo: aluguei uma casinha em São Cristóvão e pude desfrutar o prazer de me jogar pela cidade histórica sabendo que um colchão me esperava na Ladeira da Alegria.
Nada dura para sempre, mas, torço para que o FASC tenha longa vida pela frente. Por um simples motivo: tem sido, ao longo do tempo, um dos poucos ou o único grande evento realizado em Sergipe, essencialmente voltado para a difusão das artes. Ao contrário das muitas festas de mera reprodução da cultura de massa.
Vale registrar, além dos grandes shows musicais, que alcançam maior visibilidade, nesta 35ª edição do FASC houve: Salão de Literatura, mostra de filmes, Salão de Artes Visuais, um palco para artes cênicas, cortejos de grupos populares, concertos musicais, feiras, exposições variadas... Não seria possível acompanhar tudo.
Do que participei, faço alguns destaques: o cortejo da Chegança de Santa Cruz de Itabaiana, exposições na Casa do Iphan e na Casa do Folclore, a mostra de curtas universitários, shows de Dami Doria, Samba de Coco da Ilha Grande, Joésia Ramos, Sergival, Céu, Pífano de Pife, Patrícia Polayne e Chico César.
Órgãos fiscalizadores do uso de recursos públicos têm apertado prefeituras que torram muito dinheiro em festas que dão ênfase a atrações da indústria do entretenimento, usando orçamento da cultura. O FASC tem sido diferente, pois, investe em arte – um artigo necessário e pouco difundido e apoiado. Viva o FASC!
Antônio Passos
Publicado no Jornal do Dia, em 22/11/2018.
Fotos: Alexandra Dumas (no 35º FASC).
Leia também: O FASC COMO LEMBRANÇA DE QUEM BEM VIVEU.
FASC: A participação da comunidade é fundamental
segunda-feira, 17 de dezembro de 2018
O Festival de Arte de São Cristóvão (FASC) como uma das melhores noticias de 2018 para os sergipanos
Memória cultural e socioeconômica do FASC
Por Narcizo Machado (*)
São Cristóvão é um misto de bucolismo e pouco desenvolvimento econômico. Recentemente viveu instabilidade política, vários prefeitos afastados. Foi tema nacional com um escândalo de desvio de recursos merenda escolar, através de fraudes em licitação. Da atual administração, não me cabe no foco dessa matéria analisar seu perfil de qualidade e de atuação política, apenas registrar o ponto positivo e de referência de ter resgatado o festival de Artes de São Cristóvão (FASC) desde 2017, pelo segundo ano consecutivo, a quarta cidade mais antiga do Brasil respirou ares de liberdade, de criatividade e de um espírito aberto ao encontro de gerações, cores e tribos. Afinal, “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”, como disse Vinícius de Moares.
O FASC começou em 1972 criado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). A instituição registra em seu portal como tudo começou, afirmando que o festival foi criado em plena ditadura militar, mas que desde sua gênese foi um espaço de liberdade. “Embora fosse uma resposta da recém-instalada Universidade Federal de Sergipe (UFS) à convocação do Governo Federal para que as universidades comemorassem o Sesquicentenário da Independência do Brasil”, diz o texto. O inesperado aconteceu e os resultados não se limitaram aos objetivos originais. A UFS foi buscar inspiração no modelo dos festivais de arte que explodiam em todo Brasil.
“Em São Cristóvão assisti espetáculos artísticos que só foram apresentados em Sergipe graças ao FASC, pois, não tinham apelo comercial suficiente para virem por outro meio, embora tivessem grande relevância estética”, afirma o militante da cultura, Antônio Passos. Foi essa memória afetiva e histórica que fez o atual prefeito resgatar o festival, mas para além disso, colocar São Cristóvão no cenário econômico do turismo cultural e de eventos trará aos poucos dividendos financeiros para a primeira capital dos sergipanos.
“O que considero fundamental ressaltar, apesar de todas as dificuldades inerentes a um evento de grande porte, é o fato de que existe uma dimensão socioeconômica a ser considerada no tocante ao FASC. Algo que vai muito além de todos os benefícios subjetivos ligados à valorização da nossa cultura, à preservação das nossas tradições, ao resgate da nossa identidade. Ou seja, há um legado que é concreto, que é objetivo: o festival movimentou diretamente a vida de muitas pessoas, garantindo-lhes um ganho econômico efetivo, obtido com dignidade”, disse o prefeito em texto publicado em suas redes sociais após evento.
Na cidade o comércio foi preparado com treinamento e avaliação de estrutura e mercadorias, para que não faltasse a oferta dos mais procurados. E a reclamação de que em São Cristóvão não tem pousada. Problema sanado. As pessoas foram incentivadas a ganhar dinheiro alugando suas casas e a prefeitura em parceria com Sebrae treinou pessoas para implantarem hostels. Hostel é o nome moderno que se dá para o conceito de albergue, um espaço onde se locam camas e onde a característica marcante é a socialização. Em São Cristóvão existe um em funcionamento.
apresentação nas ruas da Chegança de Itabaiana.
Foto: Alexandra Dumas
E os grupos culturais locais foram incluídos? Sim, os grupos foram reverenciados em vários espaços e momentos. Em São Cristóvão são tradicionais o reisado, a Chegança, a Caceteira, a Langa, São Gonçalo, o Barcamateiros e o Samba de Coco. Houve apresentação de diversos grupos da cidade e de municípios vizinhos. “É uma chance de valorização de nossa cultura, de nossas raízes e de reverenciar quem a anos se dedica por manter viva essas expressões, essa tradições. Fazer um festival e não permitir a apresentação desses grupos seria como fazer um festival de artes sem arte”, analisou artista Cristina Barreto, que fez exposição de quadros no festival e adorou a apresentação dos grupos folclóricos.
O FASC tem um desafio que não é fácil de se cumprir. Se tonar mais que uma festa turística e política que tem efeitos nas diversas dimensões da sociedade. Ele precisa passar a ser um produto do povo de São Cristóvão de sua cultura, espaço de seu protagonismo dos são-cristovenses, para nunca mais deixar de ser realizado, para isso alguns problemas precisam ser superados. “A população espera da prefeitura, que por sua vez espera do governo federal. O festival nasceu nos tempos da ditadura e realizado por uma instituição que não dialoga muito bem com a sociedade. Naquele tempo, por causa dessa razão e hoje por conta de uma tradição elitista e excludente. Me refiro aqui a UFS e sua parceria com a prefeitura de São Cristóvão no ciclo atual. A despeito do discurso e até da vontade, porém não conseguem transformar completamente as palavras em gestos ou atitudes. Outro problema é ter ficado dependente de uma grande soma de recursos para a sua realização e ter ficado concentrado em poucos dias”, refletiu o professor de história José de Oliveira.
Em 2018 foi realizada a 35ª edição, se não tivesse sido interrompido estaria na sua 46ª, e porque teve essa parada? Porque não se tornou raiz e não teve de seu povo o protagonismo. Se o FASC vencer a barreira da memória do povo, terá vida longa e continuaremos a saudar sua memória histórica e socioeconômica.
Ana Carolina Westrup
A Dimensão Cultural do FASC
Em dezembro de 72, sob a batuta do regime militar, nascia o Festival de Arte de São Cristovão, o nosso conhecido FASC. Uma arquitetura que já se iniciou no flerte com os movimentos culturais de vanguarda, sabotando o projeto ditatorial que na verdade buscava criar uma coesão/identidade nacional, a partir de eventos organizados pelas Universidades Federais em comemoração ao Sesquicentenário da Independência do Brasil.
Em dezembro de 72, sob a batuta do regime militar, nascia o Festival de Arte de São Cristovão, o nosso conhecido FASC. Uma arquitetura que já se iniciou no flerte com os movimentos culturais de vanguarda, sabotando o projeto ditatorial que na verdade buscava criar uma coesão/identidade nacional, a partir de eventos organizados pelas Universidades Federais em comemoração ao Sesquicentenário da Independência do Brasil.
Na sua 35ª edição, tão importante quanto a sua dimensão histórica, o FASC traz uma grande interrogação para o que se costumeiramente se constituiu como políticas culturais nas municipalidades sergipanas, em que a busca pelo retorno eleitoral define como entrada, prato principal e a sobremesa o entretenimento, quase sempre baseado naquilo que o “público quer”.
Muitas vezes, reféns dos conhecidos detentores do cardápio exclusivo de artistas do mainstream, os gestores municipais repetem a sistemática limitação histórica quando o assunto é cultura, ou melhor, políticas culturais: festas grandiosas, caríssimas e com pouco ou quase nenhum retorno identitário ou de acesso a bens culturais fora do que o mercado cultural disponibiliza a peso de ouro.
A 35ª edição do Fasc mostrou que a dimensão cultural deve ser encarada de forma muito mais ampla, uma dimensão que o economista Celso Furtado, ainda na década de 70, já revelava: "o desenvolvimento seria menos o resultado da acumulação material do que um processo de invenção de valores, comportamentos, estilos de vida, em suma, de criatividade"¹.
O desenvolvimento de uma sociedade precisa se alimentar da criatividade do povo, como princípio da cidadania e da emancipação. Para isso, o acesso aos bens culturais que pouco estão aos olhos nus da maioria da população brasileira, nos mais diferentes estilos e segmentos, é fundamental, não pelo provável gosto refinado ou cult, mas pela necessidade de gerar um ciclo de reflexão, de pertencimento e de apropriação de conhecimento.
Claro que esse olhar multidimensional para cultura é extremamente arriscado para qualquer gestor que está sob o julgo de uma parcela da sociedade que espera o mais do mesmo, fruto exatamente desse ciclo vicioso que já foi indicado no texto, mas o homem público e mulher pública que quer deixar marcas para além da cédula eleitoral precisa encarar esse dilema de forma acolhedora à população que ainda é refratária a espaços como esses, mas também potencializando experiências exitosas.
Ao andar nas ruas da cidade-mãe convivi com essas duas realidades, obviamente. De Julico da The Baggios afirmando a importância das outras edições do FASC na sua formação cidadã e artística, como também de uma senhora que apesar de não gostar dos estilos musicais, artísticos e da invasão do “povo de fora”, estava feliz com o retorno financeiro da sua banquinha de bobó de camarão.
De denominador comum entre essas duas personagens estava, exatamente, a atuação da Prefeitura. The Baggios foi uma das bandas mais aclamadas do festival, fazendo parte do horário nobre da segunda noite de apresentação do FASC, e a senhora do bobó, entre tantos outros moradores, foram cadastrados para fazer parte de uma feirinha localizada de forma estratégica no meio do evento, com a proposta de aquecer a economia local.
Que nessa dialética e coragem, São Cristovão continue como um prisma de diversidade cultural e um farol que nos clareia para caminhos possíveis.
1 –FURTADO, Celso. 1978. Criatividade e dependência na civilização industrial.
19 de novembro de 2018
Muitas vezes, reféns dos conhecidos detentores do cardápio exclusivo de artistas do mainstream, os gestores municipais repetem a sistemática limitação histórica quando o assunto é cultura, ou melhor, políticas culturais: festas grandiosas, caríssimas e com pouco ou quase nenhum retorno identitário ou de acesso a bens culturais fora do que o mercado cultural disponibiliza a peso de ouro.
A 35ª edição do Fasc mostrou que a dimensão cultural deve ser encarada de forma muito mais ampla, uma dimensão que o economista Celso Furtado, ainda na década de 70, já revelava: "o desenvolvimento seria menos o resultado da acumulação material do que um processo de invenção de valores, comportamentos, estilos de vida, em suma, de criatividade"¹.
O desenvolvimento de uma sociedade precisa se alimentar da criatividade do povo, como princípio da cidadania e da emancipação. Para isso, o acesso aos bens culturais que pouco estão aos olhos nus da maioria da população brasileira, nos mais diferentes estilos e segmentos, é fundamental, não pelo provável gosto refinado ou cult, mas pela necessidade de gerar um ciclo de reflexão, de pertencimento e de apropriação de conhecimento.
Claro que esse olhar multidimensional para cultura é extremamente arriscado para qualquer gestor que está sob o julgo de uma parcela da sociedade que espera o mais do mesmo, fruto exatamente desse ciclo vicioso que já foi indicado no texto, mas o homem público e mulher pública que quer deixar marcas para além da cédula eleitoral precisa encarar esse dilema de forma acolhedora à população que ainda é refratária a espaços como esses, mas também potencializando experiências exitosas.
Ao andar nas ruas da cidade-mãe convivi com essas duas realidades, obviamente. De Julico da The Baggios afirmando a importância das outras edições do FASC na sua formação cidadã e artística, como também de uma senhora que apesar de não gostar dos estilos musicais, artísticos e da invasão do “povo de fora”, estava feliz com o retorno financeiro da sua banquinha de bobó de camarão.
De denominador comum entre essas duas personagens estava, exatamente, a atuação da Prefeitura. The Baggios foi uma das bandas mais aclamadas do festival, fazendo parte do horário nobre da segunda noite de apresentação do FASC, e a senhora do bobó, entre tantos outros moradores, foram cadastrados para fazer parte de uma feirinha localizada de forma estratégica no meio do evento, com a proposta de aquecer a economia local.
Que nessa dialética e coragem, São Cristovão continue como um prisma de diversidade cultural e um farol que nos clareia para caminhos possíveis.
1 –FURTADO, Celso. 1978. Criatividade e dependência na civilização industrial.
19 de novembro de 2018
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