[*] José Paulino da Silva
A programação do Forró Caju de 2022 divulgada pela Prefeitura de Aracaju deixou de fora vários artistas sergipanos que vem atuando como músicos do ciclo junino e colocou artistas nacionais que nada têm a ver com as comemorações deste período. Não é a primeira vez que esta aberração acontece.
No entanto, esse erro pode ser sanado. Não se trata de excluir quem já está dentro da programação, mas de ampliar o calendário das festividades até meados de julho. Ainda é tempo de a Prefeitura fazer justiça aos artistas sergipanos que ficaram de fora da atual programação.
Recursos, condições estruturais, tempo, existem. Se há poucos dias a Prefeitura e outros órgãos públicos deram todo apoio para a realização do Forrozão da FM Sergipe que foi um sucesso de público e de organização, por que não fazer o mesmo para o Forró Caju?
A parceria da Prefeitura com a Fecomércio é louvável. Mas o espaço da praça General Valadão é muito pequeno para a grandiosidade e o conforto que o público sergipano e os turistas merecem para celebrar as festividades do ciclo junino. Ampliar a programação junina deste ano é possível. A Praça do Mercado Municipal em todas as edições do Forró Caju sempre recebeu um grande público. Por que foi reduzida a programação deste ano naquele espaço?
Uma proposta para abrilhantar a Festa. Será um grande acontecimento artístico-cultural incluir nos palcos do evento uma noite especial dedicada aos tocadores da sanfona de oito baixos, este instrumento que é a matriz do forró pé de serra e teve em Sergipe o seu grande representante, que foi Gerson Filho. Para abrilhantar aquela noite, além dos tocadores sergipanos deste instrumento, poder-se-ia trazer Luizinho Calixto e a Orquestra Sanfônica de Oito Baixos da cidade de Santa Cruz do Capibaribe, no Estado de Pernambuco.
Portanto, uma programação complementar é viável e pode ser feita sem muita burocracia. A Associação dos Forrozeiros Sergipanos pode e deve participar da montagem desse processo, encaminhando, por exemplo, para a devida análise e decisão do prefeito uma planilha de programação com uma breve justificativa, incluindo data, horário, local (palco) nome do artista, cachê – total dos custos.
Isso seria uma forma democrática de incentivar o fortalecimento da classe dos forrozeiros. É bom que se frise: que esta proposta complementar não é um favor que a Prefeitura fará aos músicos, mas um ato de justiça que engrandecerá quem o praticar. Tenho certeza de que o prefeito Edvaldo Nogueira não vai se negar a acolher esta proposta.
O Forró Caju, para a mídia nacional em anos anteriores, chegou a competir com os festejos da cidade de Caruaru, Pernambuco, e de Campina Grande, na Paraíba. Para os festejos deste ano, pelo que se sabe, a rede hoteleira daquelas cidades já está quase totalmente ocupada. Prefeito Edvaldo Nogueira, não pense pequeno! Feche com chave de ouro a sua gestão! Devolva ao povo sergipano e a esta bela cidade que você administra o Forró Caju com todo o brilho que esse evento merece!
[*] É professor aposentado da UFS.
Debate sobre o texto acima no facebook. No mural do jornalista Thiago Paulino.
Zezito de Oliveira
Uma pena, até o pequeno espaço que se tinha foi perdido e de apequenamento em apequenamento fomos perdendo espaço até chegar a este ponto... Um apequenamento de mão dupla, daqui pra lá, de la pra cá... E por falar nisso, a prefeitura ainda patrocinará o forum do forró, e para que? Com a esquizofrenia cultural de um fórum que aponta em uma direção e a programação apontando para outra....Trabalhadores da cultura uni-vos... O velho Marx diria...
Thiago Paulino
Zezito de Oliveira ...amigo vc tocou em um ponto chave: o fortalecimento da classe. O artigo coloca que seria democrático a associação dos Forrozeiros ajudar na escolha dos shows.
Zezito de Oliveira
Thiago Paulino Sem dúvida, gostei do artigo. Mas espero que isso seja o começo de um soerguimento e de uma consciência de classe...Embora seja um processo dificil e lento... Sei la, será que o sofrimento pode ser pedagógico?
Zezito de Oliveira
Lembro da participação de Joquim Antônio na organização de uma associação de sanfoneiros ou forrozeiros, não lembro bem.. Se tivesse dado certo desde a época, esta situação de apequenamento não chegaria a tanto....Isso foi em 2009 quando estive diretor do Gonzagão...
Zezito de Oliveira
Sabe Paulino, sinto que uma época, um periodo se encerrou, há que ver como a organização e a consciência pode ajudar o segmento a se inserir nestas novas dinâmicas sociais, politicas e econômicas. Percebo o mesmo tipo de situação com as quadrilhas juninas... Há alguns anos participei de um seminário junto com o seu pai sobre as perspectivas de futuro para as quadrihas, em razão da visão apequenada da maioria dos quadriheiros, as coisas não evoluiram....
Adicionado no dia 20/05/2022
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