sexta-feira, 27 de maio de 2022

Violência policial em Aracaju no livro AMABA:Círculo de Cultura e no filme “Meninos Marcados para Morrer”

Chacinas de negros, índios e mestiços não é de agora. Vem desde os tempos coloniais, atravessando o império, chegando até a república. Durante os governos Lula e Dilma houve recuo, mas com o golpe midiático-judicial-parlamentar em 2016 a quantidade de violência só vem aumentando, a ponto de um ex-ministro e homem de negócios influente, como Ricardo Salles  afirmar:. “Ibope faz crescer eleitores de Lula, Bope diminui”, o que significa, o espirito redivivo dos bandeirantes e dos fazendeiros escravocratas retornando com muita força.

Em Sergipe, no inicio da década de 1990,  um acontecimento de chacina de crianças também chocou muita gente em Sergipe, e colocou o estado na mídia brasileira e internacional, o que se sucede neste momento, 25/05/2022 , com o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos por policiais da Policia Rodoviária Federal.

O acontecimento da Chacina de Crianças no bairro Terra Dura,  coincidiu com o nascimento do Projeto Reculturarte com a chancela da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro América (AMABA). Também era tempo de presença forte e atuante do Centro Sergipano de Educação Popular (CESEP), assim como de outras organizações populares.

Quem já leu ou quiser ler o livro AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980 terá acesso a essa história, a qual prosseguirá no segundo volume. AQUI também tem mais informações..

Como resultado da mobilização contra o assassinato das crianças do bairro Terra Dura e do assassinato de crianças e adolescentes em geral, bem como contra outras formas de violência tivemos a produção de dois documentários tratando do assunto, painéis de artistas plásticos, peças curtas teatrais e etc,,

Um bom exemplo de uma obra artística produzida naquele período, o   documentário “Meninos Marcados para Morrer” , é o  resultado do  encontro de pessoas ligadas a elite cultural de Aracaju, em especial professores e estudantes da UFS, com agentes culturais de base comunitária que estavam dando os  primeiros passos,  naquela que viria a se tornar uma das mais importantes iniciativas de trabalho social educativo com linguagens artísticas em Sergipe, no Nordeste e no Brasil.

Das produções audiovisuais realizadas pelo CESEP e pela AMABA, o documentário “Meninos Marcados para Morrer” foi o que se salvou, por razões de ser tempos do VHS, sem internet e etc..

Umas das principais cenas que salta aos olhos para quem for assistir o documentário, é a cena do delegado se referindo aos negros com uma linguagem  extremamente preconceituosas e discriminatória,  uma opinião predominante, mas não exclusiva de policiais e outras pessoas ligadas as forças de segurança. 

A opinião do delegado interpretado pelo grande ator sergipano  Orlando Vieira,  é a continuidade de uma linha histórica que começa na brutalidade como os colonizadores trataram as populações indígenas e negra, e que emerge com muita força em períodos de ditadura mais explicita ou menos explicita.

O que fazer? Muito há para fazer. Naquilo que me toca, educação e cultura, proponho: 

Mudança gradual nos processos de formação dos militares e policiais civis, assim como das outras forças de segurança.

Sobre essa questão da formação ou deformação militar, vale realmente a pena assistir a primeira parte dessa live.Rindo, professor ensina a agentes da PRF método usado para asfixiar Genivaldo

‘Morte de Genivaldo por asfixia dentro de um porta-malas revela despreparo das forças policiais’

Escola democrática, na gestão e na sala de aula, com ensino transversal em todas as disciplinas abordando o tema direitos humanos.

Regulação da mídia  segundo o marco  legal dos países democráticos mais avançados.

Na área cultural todo o apoio possível, inclusive com relação a questão orçamentária. 

https://www.youtube.com/watch?v=qSZP4lr1LXA&t=29s

Meninos Marcados para Morrer




Menino na missa de desagravo pela chacina na Terra Dura em novembro de 1990.


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