Ideia é que, com verbas do governo federal e da prefeitura, organizações ampliem manifestações artísticas. Ao final da gestão Haddad, cidade deve ter 300 pontos.
por Patricia Iglecio e Sarah Fernandes, da RBA
publicado
18/06/2014 16:01,
última modificação
18/06/2014 17:09
Sylvia Masini/ Secretaria Municipal de Cultura
Segundo secretário Juca Ferreira, meta é chegar a 300 pontos no município até o final da gestão Haddad
São Paulo – A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e o Ministério da Cultura lançaram hoje (18) a Rede de Pontos de Cultura
de São Paulo que vai financiar, por dois anos, 85 grupos que promovem
atividades culturais variadas, incluindo as de preservação da cultura
africana e indígena, até teatro, bibliotecas e música sinfônica. Outras
229 organizações artísticas foram credenciadas e poderão realizar
parcerias com os Pontos de Cultura, participar de cursos de formação do
município e ter espaço na agenda cultural da cidade.
Ao todo, os grupos culturais receberão R$ 15,35 milhões em dois anos, sendo R$ 6 milhões do Ministério da Cultura e R$ 9,35 da prefeitura de São Paulo. A meta, de acordo com o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, é chegar a 300 pontos no município até o final da gestão de Fernando Haddad (PT), e permitir que eles trabalhem em rede, para facilitar o intercâmbio de experiências.
A seleção é resultado de um edital lançado em dezembro de 2013, voltado para organizações sediadas na cidade há pelo menos três anos. As vagas foram divididas pelas regiões da cidade, segundo a população de cada uma. A partir daí, as organizações candidatas receberam pontuações por obedecerem a critérios, como clareza no edital, atendimento a público com vulnerabilidade social e inclusão de pessoas com deficiência.
“Se estamos vivendo processo de redemocratização do país é necessário que a cultura seja considerada uma das principais dimensões desse processo. Não basta ter mais dinheiro no bolso para ir comprar quinquilharia nas lojas. Isso é importante. Todos têm que ter acesso ao consumo, mas mais importante é o desenvolvimento subjetivo, o desenvolvimento da condição humana de todos os brasileiros”, disse Ferreira, visivelmente emocionado.
“Não é um processo de cooptação. Pelo contrário, tivemos o cuidado e a preocupação de garantir autonomia e o protagonismo dos grupos culturais. Chegamos para aportar um pouco de recurso, disponibilizar meios digitais para que eles ampliem suas ações, mas, na verdade, é um trabalho de apoio, os holofotes têm que estar sobre esses grupos”, completou. “É uma relação política como deve ser feita, pois, em geral, o poder público chega para cooptar e para esvaziar as energias mais transformadoras desses grupos sociais.”
O membro da Comissão de Seleção dos Pontos de Cultura, Michel Almeida, aponta que o grande diferencial da iniciativa é a participação da sociedade civil. “A trinca formada pelo setor público, acadêmico e os grupos culturais fortalece o programa”. Além disso, Almeida enfatiza que os editais lançados pela Secretaria de Cultura contemplam a inclusão social.
No último dia 4, o Senado aprovou a Lei Cultura Viva, que transforma o Programa Cultura Viva em uma política de Estado. No entanto, no dia 10, o projeto foi barrado na Câmara dos Deputados.
O representante do Ministério da Cultura, Henry Duarte, esteve presente no evento e ressaltou a importância de as redes de cultura que existem no país pressionarem o poder público pela aprovação do projeto. Ele também destacou a necessidade da implementação do programa na cidade. “São Paulo é mais do que o capital. É a cidade que mais representa a diversidade. A rede tem uma importância afetiva, simbólica.”
A ONG Libertários do Capão Redondo, que fica na zona sul de São Paulo, é um dos grupos de cultura beneficiados pelo programa. Apesar de existir há 13 anos, os representantes afirmam que a ausência de recursos restringia a atuação ao assistencialismo. Nos últimos dois anos, o grupo fortaleceu ações de caráter educacional.
O presidente da ONH, Rafael da Silva, garante que a criação da rede vai fortalecer o diálogo e a troca de atividades com outros grupos. Ao todo, são 26 pontos de cultura na zona sul. “Quando a gente não tem recursos, a gente faz do jeito que dá. Com o financiamento, vai mudar muita coisa, porque a comunidade tem muita carência."
A entidade se formou por meio de um grupo de hip hop da região, que passou a promover oficinas de dança, música e artesanato. Na sede, no Capão Redondo, além de espaços para oficinas de dança, há também uma biblioteca.
Para o diretor de Cidadania Cultural da Secretaria Municipal da Cultura, Gil Marçal, o principal ganho para os novos Pontos de Cultura será a possibilidade de ampliar os trabalhos já realizados e prestá-los com mais qualidade. “Não existem muitos mecanismos de apoio público e financeiro para organizações da cultura. O que essas organizações muitas vezes desenvolveram de forma voluntária e
“Sempre fui para a rua e entendi que era um lugar para ser ocupado”, diz. A orquestra existe desde 2000, e o Mestre Dinho é famoso pelos arranjos inéditos. Para ele, o ponto de cultura vai possibilitar o fortalecimento das experiências que existem e permitirá a expansão dos projetos.
“Boa parte da população das regiões onde essas organizações atuam nunca foi ao cinema, nunca entrou em um teatro, nunca foi ver um espetáculo de dança em uma sala tradicional. Eles têm acesso à cultura por meio desses grupos, que realizam atividades, como cinema de rua, teatro e oportunidade de apreciação artística”, conclui Gil Marçal, da Secretaria de Cultura.
Os Pontos de Cultura são o eixo principal do Programa Cultura Viva, implementado pelo Ministério da Cultura entre 2004 e 2005. A ideia é valorizar e apoiar as iniciativas culturais das comunidades, reconhecendo o protagonismo dos cidadãos que produzem cultura. Entre 2004 e 2012, foram beneficiados 3.662 pontos de cultura em todo o país.
Ao todo, os grupos culturais receberão R$ 15,35 milhões em dois anos, sendo R$ 6 milhões do Ministério da Cultura e R$ 9,35 da prefeitura de São Paulo. A meta, de acordo com o secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, é chegar a 300 pontos no município até o final da gestão de Fernando Haddad (PT), e permitir que eles trabalhem em rede, para facilitar o intercâmbio de experiências.
A seleção é resultado de um edital lançado em dezembro de 2013, voltado para organizações sediadas na cidade há pelo menos três anos. As vagas foram divididas pelas regiões da cidade, segundo a população de cada uma. A partir daí, as organizações candidatas receberam pontuações por obedecerem a critérios, como clareza no edital, atendimento a público com vulnerabilidade social e inclusão de pessoas com deficiência.
“Se estamos vivendo processo de redemocratização do país é necessário que a cultura seja considerada uma das principais dimensões desse processo. Não basta ter mais dinheiro no bolso para ir comprar quinquilharia nas lojas. Isso é importante. Todos têm que ter acesso ao consumo, mas mais importante é o desenvolvimento subjetivo, o desenvolvimento da condição humana de todos os brasileiros”, disse Ferreira, visivelmente emocionado.
“Não é um processo de cooptação. Pelo contrário, tivemos o cuidado e a preocupação de garantir autonomia e o protagonismo dos grupos culturais. Chegamos para aportar um pouco de recurso, disponibilizar meios digitais para que eles ampliem suas ações, mas, na verdade, é um trabalho de apoio, os holofotes têm que estar sobre esses grupos”, completou. “É uma relação política como deve ser feita, pois, em geral, o poder público chega para cooptar e para esvaziar as energias mais transformadoras desses grupos sociais.”
O membro da Comissão de Seleção dos Pontos de Cultura, Michel Almeida, aponta que o grande diferencial da iniciativa é a participação da sociedade civil. “A trinca formada pelo setor público, acadêmico e os grupos culturais fortalece o programa”. Além disso, Almeida enfatiza que os editais lançados pela Secretaria de Cultura contemplam a inclusão social.
No último dia 4, o Senado aprovou a Lei Cultura Viva, que transforma o Programa Cultura Viva em uma política de Estado. No entanto, no dia 10, o projeto foi barrado na Câmara dos Deputados.
O representante do Ministério da Cultura, Henry Duarte, esteve presente no evento e ressaltou a importância de as redes de cultura que existem no país pressionarem o poder público pela aprovação do projeto. Ele também destacou a necessidade da implementação do programa na cidade. “São Paulo é mais do que o capital. É a cidade que mais representa a diversidade. A rede tem uma importância afetiva, simbólica.”
A ONG Libertários do Capão Redondo, que fica na zona sul de São Paulo, é um dos grupos de cultura beneficiados pelo programa. Apesar de existir há 13 anos, os representantes afirmam que a ausência de recursos restringia a atuação ao assistencialismo. Nos últimos dois anos, o grupo fortaleceu ações de caráter educacional.
O presidente da ONH, Rafael da Silva, garante que a criação da rede vai fortalecer o diálogo e a troca de atividades com outros grupos. Ao todo, são 26 pontos de cultura na zona sul. “Quando a gente não tem recursos, a gente faz do jeito que dá. Com o financiamento, vai mudar muita coisa, porque a comunidade tem muita carência."
A entidade se formou por meio de um grupo de hip hop da região, que passou a promover oficinas de dança, música e artesanato. Na sede, no Capão Redondo, além de espaços para oficinas de dança, há também uma biblioteca.
Para o diretor de Cidadania Cultural da Secretaria Municipal da Cultura, Gil Marçal, o principal ganho para os novos Pontos de Cultura será a possibilidade de ampliar os trabalhos já realizados e prestá-los com mais qualidade. “Não existem muitos mecanismos de apoio público e financeiro para organizações da cultura. O que essas organizações muitas vezes desenvolveram de forma voluntária e
sem
recurso, agora passa a dispor de uma estrutura melhor.”
O Cupuaçu, o Treme Terra e a Orquestra de Berimbaus do Morro do
Querosene são grupos de cultura popular que ficam no Butantã, zona
oeste, e também serão contemplados pelo programa. Mestre Dinho
Nascimento, que rege e orquestra, considera que a iniciativa é o
reconhecimento pelo poder público dos grupos de cultura que sempre
atuaram na periferia.“Sempre fui para a rua e entendi que era um lugar para ser ocupado”, diz. A orquestra existe desde 2000, e o Mestre Dinho é famoso pelos arranjos inéditos. Para ele, o ponto de cultura vai possibilitar o fortalecimento das experiências que existem e permitirá a expansão dos projetos.
“Boa parte da população das regiões onde essas organizações atuam nunca foi ao cinema, nunca entrou em um teatro, nunca foi ver um espetáculo de dança em uma sala tradicional. Eles têm acesso à cultura por meio desses grupos, que realizam atividades, como cinema de rua, teatro e oportunidade de apreciação artística”, conclui Gil Marçal, da Secretaria de Cultura.
Os Pontos de Cultura são o eixo principal do Programa Cultura Viva, implementado pelo Ministério da Cultura entre 2004 e 2005. A ideia é valorizar e apoiar as iniciativas culturais das comunidades, reconhecendo o protagonismo dos cidadãos que produzem cultura. Entre 2004 e 2012, foram beneficiados 3.662 pontos de cultura em todo o país.
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