11 Junho 2014
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Artistas,
produtores e agentes culturais e trabalhadores da área da cultura
lotaram a sala das comissões da Assembleia Legislativa de Sergipe na
tarde desta terça-feira, 10, para participar da Audiência Pública
"Sistema Estadual de Cultura". A iniciativa foi da Comissão de Direitos
Humanos da ALESE, presidida pela deputada estadual Ana Lúcia. A proposta
foi debater a importância da implantação do Sistema Estadual de Cultura
em Sergipe, apontando os avanços e desafios na tramitação desta pauta e
fazendo compreender que esta ação é parte de uma política cultural de
âmbito nacional, que é o Sistema Nacional de Cultura.
Para
isso, a audiência contou com a participação do representante do
Ministério da Cultura para os Estados Bahia e Sergipe, Lula Oliveira.
Além de Lula, estiveram presentes também a secretária de Estado da
Cultura, Eloísa Galdino, o coordenador do Fórum Estadual de secretários
municipais de cultura, Josenilson Bispo, a presidente da Funcaju e
pesquisadora na área de cultura Professora Aglaé Fontes, a educadora,
atriz, escritora e ex-conselheira Nacional de Políticas Culturais,
Virgínia Lúcia, e o presidente da Associação Brasileira de
Documentaristas e Curtametragistas – Secção Sergipe, Baruch Blumberg.
Após
explanar sobre o papel do poder público no fomento à cultura, Lula
Oliveira apresentou detalhadamente as diretrizes e a organização do
Sistema Nacional de Cultura. Ele explicou que o Sistema Nacional de
Cultura é um modelo de gestão compartilhada e de promoção de políticas
públicas que busca descentralizar as políticas culturais, facilitando
seu acesso. “Um dos objetivos do sistema é fazer com que os programas,
as ações e todas as políticas públicas de cultura cheguem na ponta, ou
seja, nos municípios. Por isso temos que avançar com a consolidação do
sistema para que, uma vez consolidado enquanto ente representativo,
possamos avançar também na discussão de como os recursos vão chegar aos
municípios”, avaliou Lula Oliveira.
O representante do MINC apontou que a proposta do SNC nasceu na
gestão do presidente Lula e permaneceu no governo Dilma e que passou a
ser regulamentado desde 2013, por meio do Artigo 216 A da Constituição
Federal. Em outros estados, a exemplo do Rio de Janeiro e do Ceará, o
sistema já é uma realidade e a perspectiva é de que em seis anos todos
os estados e pelo menos 60% das cidades brasileiras tenham implementado a
proposta.
Complementaridade,
transversalidade das políticas culturais e autonomia dos entes
federados e das instituições da sociedade civil, transparência e
democratização dos processos decisórios com participação e controle
social são alguns dos eixos do Sistema Nacional de Cultura, que foram
detalhados por Lula. Também são diretrizes do sistema a descentralização
da gestão, dos recursos e das ações, diversidade das expressões
culturais, universalização do acesso aos bens e serviços culturais e
fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens
culturais.
Sistema Estadual em Sergipe
Embora Sergipe não tenha implantado efetivamente o Sistema Estadual
de Cultura, a secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino,
apresentou o conjunto de leis e ações do Governo de Sergipe no campo da
cultura que são requisitos para a implantação do Sistema, a exemplo da
existência de uma unidade governamental (secretaria de estado) exclusiva
para Cultura, a realização de Conferências de cultura e a existência de
Conselho de Políticas Culturais. Eloísa aproveitou para informar que
Sergipe foi o primeiro estado do nordeste a aderir ao Sistema Nacional
de Cultura.
“O Estado de Sergipe também já dispõe da minuta do Plano Estadual de
Cultura e esta será disponibilizada em um site para nova rodada de
consulta pública”, apresentou Galdino. “Esta bandeira precisa ser
fortalecida pela sociedade civil e pela AL”, pediu. Ela garantiu ainda
que encaminhará em breve um Projeto de Lei reformulando o Conselho
Estadual de Cultura, tornando-o paritário.
Quanto ao Plano Estadual de Cultura, Eloísa informou que o debate já
existe no âmbito do executivo, inclusive no sentido de formular o
Projeto de Lei que institui o sistema. “Nosso desenho está pronto, está
em tramitação no âmbito do executivo. Nós queremos institucionalizar
aquilo que já fizemos e deixar o Plano Estadual de Cultura e o Sistema
Estadual de Cultura aprovado”, garantiu.
No sentido de agilizar a tramitação, a deputada Ana Lúcia se
comprometeu em agendar uma audiência com a governadoria para solicitar
com urgência a apresentação do Projeto de Lei regulamentando o Sistema
Estadual de Cultura em Sergipe. A parlamentar também ficou responsável
em dialogar com o governador e com os movimentos e entidades para que
estes apresentem uma proposta de fortalecimento financeiro do Fundo
Estadual de Cultura e Arte.
Para Zezito de Oliveira, agente cultural e integrante da rede de
pontos de cultura de Sergipe, um dos saldos positivos da audiência foi
justamente a inclusão do tema na agenda pública de discussão. “Se há
travamento no campo interno da gestão governamental, tanto no campo
estadual, como federal, este diálogo tripartite pode ajudar na busca de
uma saída de curto, médio e longo prazo”, avaliou.
Política de estado e não apenas de governo
A professora, atriz, educadora, escritora teatral, e ex-consultora
Nacional de Política Cultural, Virgínia Lúcia Fonseca Meneses, cobrou
que seja criada uma comissão para implantar o Sistema Estadual de
Cultura em Sergipe. Ela acredita que o modelo adotado deve ser inspirado
no exemplo do Sistema Único de Saúde. "A criação do Sistema Estadual
de Cultura não pode depender apenas de um cargo ou de um gestor",
avaliou.
A preocupação de Virgínia em manter as políticas funcionando
independente da gestão também foi apresentada pela secretária de Estado
da Cultura. “Numa gestão que tem outra visão de política de cultura, as
ações que realizamos ao longo dos últimos anos em Sergipe podem acabar.
Por isso é tão importante ter um plano e um sistema aprovado”, avaliou.
MINC em Sergipe
Lula Oliveira informou que o MINC recebeu uma Carta do Fórum de
Gestores Municipais solicitando um escritório do órgão em Sergipe,
pedido que está em análise no próprio ministério. Neste sentido, a
deputada Ana Lúcia se colocou à disposição para auxiliar na articulação
da proposta, bem como se comprometeu a elaborar uma Moção de Apelo ao
MINC solicitando a criação do escritório em Sergipe. A Secult também se
comprometeu em colaborar com o pleito, buscando o espaço físico para
a instalação do escritório, caso seja aprovado nas instâncias
superiores.
Próximos passos
Outros encaminhamentos da audiência foram a elaboração de moções de
apelo e indicações para que o Banco do Nordeste, a empresa mista Sergas e
para o Instituto Banese reabram editais que vinham sendo realizados
anualmente ou ainda que abram novos editais de fomento à cultura a fim
de valorizar este campo em Sergipe.
Ana Lúcia também ficou responsável por articular com o vereador Iran
Barbosa a realização de uma audiência pública para discutir a
implantação do Sistema Municipal de Cultura em Aracaju.
Presenças
Foi ampla a participação de diversos setores na Audiência Pública
Sistema Estadual de Cultura. Entre os presentes, o presidente da Câmara
de Vereadores de Japaratuba, vereador Luciano Acciolle, o ex-secretário
de Cultura de Laranjeiras, Irineu Fontes e o vice-prefeito da Barra dos
Coqueiros, Cláudio Caducha. Também prestigiaram a audiência Fausto,
especialista em acessibilidade, José Alves, cadeirante e coordenador da
companhia de dança Loucurarte e os trabalhadores da Cultura no âmbito
federal, que estão em greve.
2 comentários:
instituto sócio educacional solidariedade-Ises-Oscip-isis Apoia esta iniciativa.
Preocupado se este apoio é da mesma entidade que é destaque em reportagem do Cinform desta semana..
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