Eliseu Wisniewski
A presença de um novo perfil de clero brasileiro revela uma tendência clericalista visível a olho nu que ganha seu lugar cada vez mais comum e, por conseguinte, mais legítimo nas mídias católicas e nas comunidades eclesiais. Não deixa de ser desconcertante o perfil predominante dos ministros ordenados, em especial do presbítero, nas últimas décadas, em perspectiva oposta a uma Igreja sinodal. Grande parte dos denominados "padres novos" normalmente: tomam distância do Vaticano II e do magistério do Papa Francisco; gostam de se autodenominar "sacerdotes" e de exercer seu ministério em torno ao culto e à administração dos sacramentos; devotam especial esmero ao uso de paramentos e outros utensílios da liturgia pré-conciliar; dizem-se zelosos da doutrina e defensores da tradição; vestem-se com trajes clericais, demarcando o espaço "sagrado" em relação ao dito ambiente "mundano"; não hesitam em demonstrar sua superioridade e sua distância em relação aos leigos e leigas (estes considerados de segunda categoria); são pouco sensíveis às questões sociais, preferindo o centro às periferias; estão atrelados a uma Igreja autorreferencial e pouco missionária; fazem pontes com ideologias conservadoras.
O novo rosto do clero: perfil dos “padres novos” no Brasil
"Diante da complexidade do perfil dos “padres novos” na Igreja do Brasil - esta obra é um convite para pensar o ministério presbiteral e seu exercício na Igreja e no mundo de hoje", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ao comentar o livro O novo rosto do clero: perfil dos padres novos no Brasil (Vozes, 2021, 304 p.), de autoria de Dr. Agenor Brighenti e coautoria de Alzirinha Rocha de Souza, Andrea Damacena Martins, Antônio José de Almeida, Antônio Manzatto, Brenda Carranza, Fernando Altemeyer Junior, João Décio Passos e Manoel José de Godoy.
1 - A questão da relação com o dinheiro, a audiência pública com os dizimistas para discutir as prioridades como uma espécie de orçamento participativo , o controle social por parte dos conselhos internos e a transparência interna e mesmo pública, quando for o caso.
2- A dimensão da sexualidade em uma perspectiva inclusiva, coerente com os valores cristãos, mas considerando os avanços no campo da ciência e da cultura. Mesmo com alguns anacronismos da legislação intraeclesial , como o catecismo e o código do direito canônico, acredito que dê para avançar. Pode render um bom debate para uma série de lives do canal Não é Heresia, por exemplo. A editora Vozes, por exemplo, nos surpreende com a publicação de um livro da psicóloga e comunicadora Laura Muller, especializada na discussão do tema sexualidade sob uma ótica mais contextualizada na realidade do tempo presente, com suas alegrias e percalços neste campo.
3- A questão da cultura também precisa ser abordada sob uma ótica inclusiva, decolonial e considerando o conceito da alteridade, que também é valor. A importância da inculturacao, bastante evidente nos documentos de São Domingos e Aparecida, precisa ser retomada com o vigor que teve antes da pentecostalização da igreja católica, desde os anos 1990. A Tv Aparecida pode ajudar nessa formação, como já vem fazendo , assim como os canais progressistas católicos, além do Não é Heresia, já citado, o Causas da Vida, o qual já fez bons programas sobre o tema Cultura.
terça-feira, 12 de junho de 2018
Crime de lesa cultura: atentado contra a pintura mural da Igreja Matriz de Porto da Folha.
Zezito de Oliveira
PADRE INVADE RÁDIO E AGR1D4 JESUS, O RADIALISTA, DURANTE PROGRAMA AO VIVO EM MINAS GERAIS | PLANTÃO


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