quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Operação policial desastrosa!

Fonte 247

“E continuou Abraão ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? Deus disse: Não o farei por amor dos quarenta. Disse Abraão: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: Se porventura se acharem ali trinta? Deus disse: Não o farei se achar ali trinta. Abraão disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor: Se porventura se acharem ali vinte? Deus disse: Não a destruirei por amor dos vinte. Ousou Abraão: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez? Deus disse: Não a destruirei por amor dos dez. (Gn 18, 29-32)

No Complexo da Penha e do Alemão, na Zona norte do Rio, na “cidade Maravilhosa” como um todo, nem todos os habitantes pertencem ao Comando Vermelho! Os cidadãos de bem, moram e trabalham onde as circunstâncias da vida lhes permitem. Por óbvio, que nem todos podem residir na Barra da Tijuca ou no Leblon! Contudo, o Rio a partir dos anos oitenta vem sucumbindo ao domínio de facções que se tornaram num denotado Estado paralelo, dominando com tirania as ruas e os bairros, legislando e executando as suas leis. Um sentimento de impotência generalizado oprime gente simples que labuta desde madrugada até altas horas da noite. Um Narcoestado que move milhões e emprega milhares, tornando-se um caminho “mais fácil” para adolescentes e jovens. Esse Crime organizado invadiu casas Legislativas, Gabinetes, Polícias e Associações Comerciais. Tal como um grande molusco, estendeu os seus braços em inúmeros setores da sociedade, lavando o seu dinheiro, onde antes era impensável! 

Esse é o quadro das nossas grandes cidades. Periferias, onde o massacre silencioso e permanente corrói a vida de gente de bem, pretos e pobres e onde o Estado de Direito não chega. E quando chega, deixa um rastro indiscriminado de sangue. Foi o que vimos no Rio há alguns dias. 

Tratou-se de uma operação desastrosa em todos os sentidos. Antes de mais, porque Crime Organizado não se combate com metralhadoras e drones, invadindo espaços, onde a maioria absoluta é apenas vítima dessa organização! Mulheres e crianças, Escolas, Mercados, ruas repletas de moradores. Balas que foram disparadas com ódio contra quem estava na frente! Direitos mais elementares surrupiados em invasão de casas e agressões físicas, tudo ao arrepio da lei. Mais de uma centena de mortos (entre os quais alguns policiais). Embora tenha sido a operação mais letal da história do Rio, ela não é inédita! Que me lembre, esse sempre foi o modus operandi de se agir contra o Crime! Muita arma, muita munição, muito espetáculo mórbido, pouca ou nenhuma eficácia na perseguição dos verdadeiros objetivos! 

Mas o que assistimos revela também uma perversidade politiqueira. Castro não se afasta da improbidade de seus antecessores. Foram sete os governadores do Rio afastados pela Justiça!  Moreira Franco, Sérgio Cabral, Luis Fernando Pezão, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Wilson Witzel, este último que acreditava piamente no espetáculo do combate ao crime e protagonizou cenas ridículas de nefasta memória. O item segurança está na pauta de qualquer campanha eleitoral. O povo acredita, junto com o papai noel e sassi-perêrê, que aumentar o número de policiais e armá-los bem, resolve a chaga da criminalidade. Governadores, responsáveis pela Segurança Pública oferecem aos eleitores o que eles desejam! Alguns Prefeitos, forçando a corda da legalidade, armam até aos dentes Guardas Municipais, com o mesmo objetivo. Todos os estudiosos do assunto concordam que sociedades violentas como a nossa, exigem presença efetiva do Estado com Educação, Saúde, Habitação, principalmente nas periferias e coibição de bairros improvisados. Outrossim, a polícia deve privilegiar setores de inteligência em detrimento de armas! Não é isso que temos observado no Rio de Janeiro. 

O pobre povo trabalhador que mora nos bairros mais vulneráveis receberia melhor os professores, enfermeiros e médicos, do que os policiais armados! Com uma agravante: a imagem destes últimos profissionais que expõem a vida para defendê-los, acaba se deteriorando e isso é per si uma injustiça! 

Pe, Manuel Joaquim R. dos Santos

Arquidiocese de Londrina



Lula ficou 'estarrecido' com número de mortos no Rio, diz Lewandowski.



Cláudio Castro comanda desastrosa caça ao CV, operação mais letal na história do RJ mata ao menos 64



A farsa do ‘narcoterrorismo’: como o Rio virou laboratório da guerra híbrida contra o Brasil

A operação sangrenta desta terça-feira no Rio de Janeiro não é apenas uma ação policial — é parte de uma operação psicológica planejada para fabricar instabilidade, importar a doutrina de segurança dos EUA e enfraquecer o governo Lula em plena disputa de soberania.

Sob o pretexto de combater o crime, o governo do Rio e seus aliados na extrema-direita reeditam a velha cartilha da Guerra Fria: transformar segurança pública em palco de guerra informacional. Ao ecoar o termo “narcoterrorismo”, autoridades fluminenses ajudam Washington a testar uma nova forma de intervenção — agora travestida de “cooperação antiterror”.
 
O NASCIMENTO DE UMA PSYOP: COMO O “NARCOTERRORISMO” FOI PLANTADO NO RIO DE JANEIRO

Psyop é a abreviação de Psychological Operations, que em português significa Operações Psicológicas. Essas operações utilizam métodos psicológicos para influenciar a opinião, as emoções e o comportamento de um público-alvo, como tropas inimigas, civis ou grupos específicos. O objetivo é induzir reações psicológicas planejadas para atingir objetivos específicos, podendo ser utilizadas tanto em tempos de guerra quanto de paz. 
Objetivos: Influenciar valores, crenças e emoções, obter confissões, reforçar atitudes positivas ou deprimir o moral do inimigo.
Público-alvo: Não se limita a soldados, podendo incluir governos, organizações, grupos e indivíduos, civis incluídos.
Técnicas: Incluem o uso de propaganda, guerra de nervos, "conquista de corações e mentes" e outros métodos que podem ser combinados com operações secretas. 






Kakay: Violência no Rio é atitude pensada de Claudio Castro para fazer política | Cortes TV GGN



O dia em 30 minutos - Mais de 130 mortos: Cláudio Castro transforma chacina em triunfo político

Castro promove matança para clã Bolsonaro pedir bombardeio da Guanabara a Trump


Celio Turino (facebook)


Vou revelar um segredo. É sincero. Sabem o que mais eu queria ao assistir toda a tristeza, violência e chacinas acontecendo na Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro? Que o presidente da República me nomeasse Interventor no estado. Sei que daria jeito, nem que fosse com minha vida. Colocaria em prática tudo que aprendi sobre combate à violência urbana em Medellín e que está em capítulo do meu livro "POR TODOS OS CAMINHOS - Pontos de Cultura na América Latina". Na foto, a abertura do capítulo, com fragmentos biográficos de uma cidade.
(PS - sei que minha esposa e to@s que gostam de mim diriam que estou louco. Mas se eu pudesse desejar voltar a uma função pública, seria essa: Interventor no estado do Rio de Janeiro para demonstrar a todo Brasil como se enfrenta a violência -

Histórias escondidas: Célio Turino lança livro sobre experiências comunitárias na América Latina


Rio em Cores de Cinema - Chiko Queiroga e Antônio Rogério



RIO EM CORES DE CINEMA
(Chico Queiroga)

“O Rio de Janeiro continua lindo”
A praia de Ipanema, a pele da morena,
Como é bom se ver, como é bom viver,
Como é bom sonhar.

O Rio de Janeiro continua indo
Esconde a violência e mostra um paraíso.
Como é bom viver, como é bom se ver,
Como é bom sonhar.

Mas vejo bandoleiros de carroças atômicas
Índios caras-pálidas
Vejo gaviões em batalhões lançando suas garras.
E o que se passa na cabeça do Cristo Redentor?
Eu vejo o Rio de Janeiro vendo O Salvador
Em cores de cinema.

O Rio de Janeiro continua rindo
Portela na avenida, confetes e serpentinas,
Como é bom se ver, como é bom viver,
Como é bom sonhar.

Ainda o Rio de Janeiro em prosa e poesia
Esconde todo o choro mostrando a alegria
Como é bom viver, como é bom se ver,
Como é bom sonhar.

Mas vejo o carnaval na edição “O Dia”
Adeus toda a folia pra tantos foliões
E nos olhos de Deus, mais longe a harmonia.
E o que se passa na cabeça do Cristo Redentor?
Vendo o Rio de Janeiro O nosso Salvador,
Em cores de cinema.

"Rio em Cores de Cinema" é uma canção riquíssima e uma crítica social afiada de Chico Queiroga. Vamos desdobrar seu significado camada por camada.

Visão Geral
A música é uma profunda reflexão sobre a dualidade do Rio de Janeiro. Ela contrasta a imagem idealizada, turística e "cinematográfica" da cidade com a realidade violenta, desigual e complexa que seus habitantes enfrentam. O título é a chave: "cores de cinema" representam uma visão filtrada, editada e artificial, como a de um filme, que esconde os verdadeiros problemas.

Análise Detalhada dos Versos
1. O Refrão da Ilusão: "O Rio de Janeiro continua lindo/indo/rindo"

O uso do verbo "continuar" é irônico. Sugere que, apesar de todos os problemas, a cidade insiste em manter sua fachada.

"Lindos": A beleza natural e o corpo da "morena" são clichês da cidade-marca.

"Indo": A cidade "vai indo", sobrevive, mas ao custo de "esconder a violência e mostrar um paraíso". Esta é a denúncia central: a maquiagem da realidade.

"Rindo": A alegria do carnaval, da Portela, é mostrada como um espetáculo que mascara o sofrimento.

A repetição de "Como é bom se ver, como é bom viver, como é bom sonhar" soa cada vez mais como um mantra vazio, uma autoajuda forçada para acreditar na própria ilusão.

2. A Ruptura da Realidade: "Mas vejo..."

O "mas" é o ponto de virada da música, onde a crítica vem à tona.

"Bandoleiros de carroças atômicas": Uma imagem poderosa que mistura o arcaico ("carroças") com o moderno e destrutivo ("atômicas"). São criminosos com um poder de fogo desproporcional.

"Índios caras-pálidas": Uma contradição que fala sobre a perda de identidade. Povos nativos (ou metáforas para brasileiros originais) que foram assimilados, descaracterizados e marginalizados pela cultura dominante.

"Gaviões em batalhões lançando suas garras": Uma clara referência à violência policial ("batalhões") que, em vez de proteger, ataca como aves de rapina.

3. O Ponto de Vista do Cristo: A Pergunta Central

"E o que se passa na cabeça do Cristo Redentor?": Esta é a pergunta mais crucial da música. O Cristo, símbolo máximo da cidade, testemunha tudo de cima. O que Ele pensa? A resposta implícita é de tristeza, impotência ou julgamento.

"Eu vejo o Rio de Janeiro vendo O Salvador / Em cores de cinema": O eu lírico observa a cidade olhando para o seu símbolo de salvação (o Cristo Redentor) através de uma lente distorcida, a mesma lente que cria a imagem de paraíso. A "salvação" é apenas mais uma parte do cenário, inalcançável na vida real.

4. A Crítica ao Carnaval e à Mídia

"Vejo o carnaval na edição 'O Dia' / Adeus toda a folia pra tantos foliões": Aqui, a crítica se expande para a mídia sensacionalista (o jornal "O Dia"). A folia acaba na edição do jornal, mas para muitos "foliões" (o povo), a vida real de dificuldades retorna assim que a festa acaba.

"E nos olhos de Deus, mais longe a harmonia": Do ponto de vista divino, a verdadeira harmonia está cada vez mais distante, inatingível.

Significado Principal e Mensagem
O significado da canção é a denúncia da desconexão entre a imagem vendida do Rio de Janeiro e a vida real de sua população. Chico Queiroga está falando sobre:

A Commodificação da Cidade: O Rio é tratado como um produto para turistas, onde a pobreza e a violência são inconvenientes que devem ser escondidos.

A Alienação: A população é incentivada a "sonhar" e a "se ver" nessa fantasia, evitando assim enxergar e confrontar os problemas estruturais.

O Fetichismo da Paisagem: A beleza natural e a cultura (samba, carnaval) são usadas como um paliativo, um "ópio do povo" que adia a necessidade de mudanças reais.

A Ironia da "Salvação": A cidade que tem o "Redentor" como símbolo parece irremediavelmente perdida, olhando para sua salvação como uma imagem distante e irreal, como em um filme.

Em resumo, "Rio em Cores de Cinema" é um lamento poético e uma crítica contundente. É a constatação de que o "paraíso" carioca é, na verdade, um cenário de cinema, e por trás das cores vibrantes e da alegria performática, existe uma cidade real, com dramas reais, que a lente da propaganda se recusa a focar.




Após os 120 mortos na operação policial no Alemão e na Penha, no Rio de Janeiro, um setor extremista da sociedade começou a surfar em cima dos cadáveres, tentando fazer crer que qualquer crítica à quantidade de óbitos deixados pela Operação Contenção é uma defesa de bandidos. Quando, na verdade, é uma defesa da vida, seja de policiais honestos, seja de moradores de comunidades, e do Estado democrático de direito. Afinal, uma operação para cumprir 100 mandatos de prisão terminar com 120 mortos é sinal de fracasso do poder público. A menos que o motivo da operação fosse mais político e eleitoral do que judicial.
Parte da população, cansada da violência, apoia desvios de Justiça por parte do Estado. E festeja mortes aceitando sem questionar o julgamento sumário trazido pela bala: se a pessoa morreu pelas mãos da polícia, é porque era culpada de algo. Criticar isso não é proteger bandido, mas defender a lei. Postagens como “se levou bala, era bandido” circulam nas redes, distorcendo as críticas à ação policial. Não, o “choro” é por um Estado que permite que 120 mortes aconteçam de forma estúpida por incompetência e falta de planejamento. Quem acha que não é possível fazer diferente, que renuncie. Leia o meu texto na coluna no UOL.


CASTRANDO A VERDADE, SEMEANDO O CAOS
Chico Alencar (facebook)
A tática da “guerra aberta” contra o tráfico, desprezando planejamento e inteligência, como o governador Cláudio Castro pratica, desconsidera a população a ser afetada diretamente e não prevê a reação do adversário atacado. 
Sem esses princípios básicos, o que toda megaoperação vai produzir é morte - também de inocentes e policiais - e caos social. A megaoperação de ontem, nos Complexos do Alemão e da Penha (onde residem 200 mil pessoas!), foi a mais letal da história do RJ. 
Antes do fim da operação, Castro alardeou que "tinha sido um sucesso". Por que então tentou "jogar a culpa" no governo federal? Se a megaoperação "cumpriu seus objetivos", por que reclamou da falta de blindados das FA (que, mais tarde, reconheceu não ter pedido)? Se queria tanto esse reforço, por que sequer informou ao governo federal sobre a iniciativa?
PERGUNTAMOS: qual o resultado, em termos de melhoria da vida, para aqueles que vivem nessas áreas? Que ações são implementadas para cortar o abastecimento de armas, drogas e até drones para as organizações criminosas, cujos “empresários” estão no asfalto, nas coberturas de luxo, lavando dinheiro em fintechs? O que se tem feito para combater a infiltração do crime (inclusive das milícias) nas instituições políticas?
EM TEMPO: o governador pediu ao governo federal, no fim do dia, transferência de 10 chefes do CV para presídios federais - que, segundo ele, tinham "dado ordens para bloqueios e arrastões  das prisões" (estaduais) onde estavam. Não tomou providências para evitar isso, tão previsível?
O governo federal prontamente atendeu. E hj enviará para o RJ os Ministros da Justiça, da Casa Civil, da AGU e diretores da PF para dialogar com o governo estadual sobre modos eficazes e inteligentes de enfrentar as facções criminosas.
Arte: @senegambia81

O choro do Padre Edmar Augusto, pároco da comunidade da Penha, é o nosso choro. 😢
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