O que mais mata os jovens no Brasil e no mundo, segundo a OMS
De acordo com a entidade, as principais causas de mortes entre adolescentes brasileiros de 10 a 15 anos são, nesta ordem: violência interpessoal, acidentes de trânsito, afogamento, leucemia e infecções respiratórias.
Já jovens na faixa de 15 a 19 anos morrem em decorrência de violência interpessoal, acidentes de trânsito, suicídio, afogamento e infecções respiratórias.
A OMS repassou esse ranking estimado com exclusividade à BBC Brasil, mas não ofereceu números absolutos para ilustrar a lista, pois o estudo foi organizado por regiões.
Mortalidade de jovens no mundo
O que mostra o levantamento da OMS
1,2 milhão
de óbitos precoces por ano-
3 mil mortes por dia no ano de 2015
-
43% de mortes em países de baixa-média renda nas Américas (incluindo Brasil) são atribuídas à violência
Getty Images
A tendência observada dentro desse grupo também aponta a violência interpessoal como principal causa da morte, representando 43% dos óbitos.
"O Brasil se insere exatamente no perfil da região", disse à BBC Brasil, por email, Kate Strong, especialista da OMS para o monitoramento de crianças e jovens.
Violência interpessoal
O conceito de violência interpessoal explorado no documento é bastante amplo, pois engloba desde a preponderante agressão relacionada às gangues e ao narcotráfico até o feminicídio."Inclui assassinatos, agressão, brigas, bullying, violência entre parceiros sexuais e abuso emocional", descreve o documento.
Nesse levantamento, que compilou dados de 2014, foi observado que jovens de 15 a 29 anos de idade representavam aproximadamente 26% da população do país, mas a participação deles no total de homicídios por armas de fogo era desproporcionalmente superior. O peso demográfico dos jovens nos casos de mortes com armas correspondem a quase 60% dos crimes.
No resto do mundo, as cinco principais causas de morte entre jovens de ambos os sexos, de 10 e 19 anos são: acidentes de trânsito, infecções respiratórias (pneumonia), suicídio, infecções intestinais (diarreia) e afogamentos.
Mais de dois terços dessas mortes ocorrem em países em desenvolvimento, revelam os dados de 2015 da OMS.
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As meninas da mesma faixa-etária têm mortes atribuídas a infecções do sistema respiratório, suicídio, infecções intestinais, problemas relacionados à maternidade e acidentes de trânsito
Essas tragédias poderiam ser evitadas se os países investissem mais em educação, serviços de saúde e apoio social, diz a OMS.
"O período da adolescência é um momento particularmente importante para a saúde, porque definirá hábitos que terão impacto na qualidade de vida pelas próximas décadas. É nessa época que a inatividade física, a má dieta e o comportamento sexual de risco têm início", disse a OMS.
A organização critica a falta de atenção dada a essa faixa-etária da população nas políticas públicas. "Adolescentes estiveram completamente ausentes dos planejamentos de saúde nacional por décadas", lamentou Flávia Bustreo, Diretora-Geral assistente da OMS.
Soluções
O documento aponta ainda soluções que podem ajudar a evitar essas mortes precoces. São sugestões de políticas públicas que podem ter grande impacto nas estatísticas. Um exemplo é a recomendações da implementação de leis e campanhas de conscientização pelo uso do cinto de segurança. Em 2015, acidentes de trânsito mataram 115 mil jovens de 10 a 19 anos no mundo todo.O Brasil é citado no documento como caso bem sucedido no combate a mortes no trânsito. "Entre 1991 e 1997 o Ministério da Saúde do Brasil registrou aumento dramático na mortalidade de jovens em acidentes de trânsito", afirma o documento.
"Em resposta, legisladores introduziram um novo código de trânsito em 1998 que tornava mais severa as punições aos infratores". O novo código de trânsito teria ajudado a salvar 5 mil vidas no período entre 1998 e 2001 segundo a OMS.
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Em regiões com boas condições econômicas como a Europa, o suicídio também aparece entre as principais causas. Cortar a si mesmo é o tipo de auto-violência mais comum observado no continente.
A estimativa global da OMS é de que até 10% da população adolescente mundial cometa algum ato de violência contra si.
"Melhorar a forma como o sistema de saúde atende aos adolescentes é apenas uma parte da melhora da saúde deles", diz Anthony Costello, médico da OMS.
"Uma família e uma comunidade que apoia os seus jovens são extremamente importantes", completa.
Entre as políticas básicas que os países devem tentar implementar para diminuir o risco de mortes precoces estão: programas de orientação sexual na escola, aumento da idade mínima para consumo de álcool, obrigatoriedade do uso do cinto de segurança nos automóveis e de capacetes para ciclistas e motociclistas; redução do acesso a armas de fogo, aumento da qualidade da água e melhoria da infra-estrutura sanitária.
A VIOLÊNCIA QUE ATINGE ADOLESCENTES E JOVENS DE UMA REGIÃO DO ESPÍRITO SANTO
Resumo
Objetivo: Investigar como a violência tem afetado a vida de
adolescentes e jovens de uma região composta por sete bairros
considerada altamente violenta do estado do Espírito Santo. Método: A
metodologia consistiu na realização de dois grupos focais com 13
participantes com idades entre 12 e 26 anos. Resultados e discussões: Os
resultados indicam que há diferenças na percepção da violência. Entre
os jovens esta se mostrou mais institucional, vinda principalmente da
polícia, de forma discriminatória contra seu estilo de se vestir e seu
local de moradia. Entre os adolescentes, a violência foi mais
perceptível nas relações interpessoais entre os próprios moradores, nos
espaços locais como a escola e/ou nos seus arredores e como fruto do
envolvimento com drogas. Considerações finais: As soluções para a
violência, segundo ambos os grupos, consistem em uma ação mais efetiva e
preventiva da polícia, que até o momento tem se comportado de modo
descomprometido com a comunidade local.
Leia mais:
https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/19721
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Estudo revela como a violência atinge jovens de áreas carentes
Pesquisa com estudantes da periferia da Grande Curitiba mostra que eles não confiam na polícia e quase todos tiveram parentes ou conhecidos assassinados
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/estudo-revela-como-a-violencia-atinge-jovens-de-areas-carentes-eflimls8gbsdkj4yv3h2po2fi
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Adolescência e violência:
mais uma forma de exclusão
Feizi M. Milani
RESUMO
O presente ensaio se propõe a discutir algumas das interfaces entre a questão da violência e a fase da adolescência na
sociedade brasileira contemporânea. O texto traz em destaque a complexidade das causas e manifestações da violência,com ênfase nos contextos da família e da escola. A partir de uma revisão de dados epidemiológicos, o autor pontua diferentes manifestações do fenômeno da exclusão e sinaliza possíveis estratégias de prevenção à violência cometida por, contra e entre adolescentes.
Palavras-chave
: adolescência, violência, prevenção.
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