domingo, 27 de maio de 2018

A UNIVERSIDADE PERDIDA, VINCENNES, NA MOSTRA DO CINEMA EUROPEU.



 

PAÍS: França
Título em português: A universidade perdida, Vincennes
Título original: Vincennes, l'université perdue
Direção: Virginie Linhart
Ano: 2016
Duração: 1h 35min
Gênero: documentário
Sinopse: 
Aberta a todos, a universidade de Vincennes, criada no outono de 1968 e destruída em 1980, encarnava a possibilidade de outro sistema de ensino. Entre nostalgia e reflexão, este documentário homenageia uma historia esquecida.Na floresta de Vincennes, antigamente, existia uma universidade revolucionária. Maio de 1968 deixou seu legado e durante doze anos, Vincennes cresceu, se agitou, incomodou, atraindo os melhores professores do país: Michel Foucault, Gilles Deleuze, Hélène Cixous, ou ainda Jacques Rancière.

« A floresta que pensa » se torna um lugar de referência misturando militância e aprendizagem. As lutas são cotidianas. Mas este caos alegre se encontra enfraquecido por histórias de drogas, pretexto ideal para destruir os prédios de Vincennes no verão de 1980. Então, o que sobra destes doze anos efervescentes?
Programação:
BSB 13.05 20h30 • CWB 11.05 19h • SSA 12.05 15h • AJU 27.05 17h • GYN 30.05 16h30 • BEL 01.06 18h30 • FLN 05.06 19h • MAO 15.06 18h30 • BH* 18.06 19h • REC 20.06 19h • POA 29.06 19h

São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

 

+(h)istória

Escola feita de sonho


Com um projeto de emancipar pela educação, o Centro Universitário de Vincennes, na França, inaugurou uma utopia pedagógica


NICHOLAS TRUONG

Era uma época em que Vincennes sonhava.
Era uma época em que Edgar Faure, ministro francês da Educação de um governo gaulista que queria afastar a contestação estudantil do centro de Paris, autorizou, na esteira do Maio de 1968, a abertura de uma universidade experimental no bosque de Vincennes [leste de Paris].
Era o tempo em que o crítico de arte Jean Clair fazia o elogio da pintura muralista de estudantes revolucionários. Nessa época, o saber era um poder, e as salas de aula eram fumódromos. No departamento de filosofia, Alain Badiou e Jacques Rancière tiravam lições de Louis Althusser, a pouca distância de um bazar alimentício espantoso.
No departamento científico, Denis Guedj e seus amigos apresentavam os alunos à matemática e às lutas modernas, e a disciplina sulfúrea da sexologia causava espécie entre muitos observadores.
Baseado em fac-símiles e documentos de arquivo, fotos e textos sobre recordações, o jornalista e professor associado à Universidade de Paris 8 Jean-Michel Djian escreveu "Vincennes - Une Aventure de la Pensée Critique" [Uma Aventura do Pensamento Crítico, ed. Flammarion, 190 págs., 45, R$ 123], obra cuja forma inventiva reflete o fundamento de uma ideia educativa forte.
Criado em janeiro de 1969, o Centro Universitário Experimental de Vincennes, também chamado de Universidade de Paris 8, inaugurou concretamente uma utopia pedagógica.
Pois essa "floresta pensante", como disse a escritora Hélène Cixous, incansável defensora do projeto, foi sobretudo um ideal de emancipação pela educação.
Pluridisciplinaridade, ausência de distinção entre cursos magistrais e trabalhos dirigidos, igualdade de serviços entre docentes, inscrição de alunos que não tinham o diploma do ensino secundário e abertura a estudantes estrangeiros foram as principais inovações dessa heteróclita assembleia de acadêmicos precursores.
Reverenciados ou vistos como inofensivos "pensadores garantidos pelo Estado", como se dizia naquela época, Foucault, Barthes, Châtelet, Deleuze, Lyotard, Serres, Chomsky ou Marcuse eram os grandes nomes da equipe pedagógica de uma experiência certamente problemática, mas singular.
Para aqueles que viveram com amargura o fracasso do movimento dos professores-pesquisadores de 2009 [que fizeram greve contra novas regras referentes a seu trabalho e sua formação, vigentes a partir de setembro], essa obra de aniversário talvez traga algum consolo. Pois nela se traz de volta a ideia de que a universidade não se resume a um fluxo de estudantes a orientar, nem a uma enxurrada de departamentos a avaliar.
Ela é também uma certa ideia de universalidade e de um saber autônomo a ser compartilhado. Se Vincennes "teve seu tempo", como reconhece no prefácio do livro Pascal Binczak, o atual reitor de Paris 8, falta, segundo ele, inventar outras maneiras de ensinar que não se limitem unicamente aos objetivos da rentabilidade.

Este texto foi publicado no jornal francês "Le Monde". Tradução de Clara Allain .

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14ª FESTIVAL DE CINEMA EUROPEU
  
“DEMOCRACIA EM CENA”
​A democracia, cujo significado se desenvolveu durante milhares de anos, é o tema escolhido para a 14ª Mostra de Cinema Europeu. O evento coloca em foco este regime politico contemporâneo adotado por grande parte dos países ocidentais e traz obras que abordam memórias relevantes para a Europa.  

Dezessete países participam do evento apresentando filmes documentais e ficcionais que retratam o tema das mais variadas formas. Durante os meses de maio até início de julho, a mostra percorrerá 11 capitais brasileiras, incluindo Salvador, Curitiba e Belém.
A seleção apresenta títulos premiados em diversos festivais internacionais, como o filme espanhol 23F, que conta a tentativa fracassada de golpe de Estado, encabeçado por militares em 1981. O golpe começou com a apreensão do Congresso dos Deputados e terminou com a libertação dos parlamentares. A obra sob direção de Chema de la Penã foi indicada para o prêmio Goya em 2011 e escolhida pela curadoria para abrir oficialmente a mostra em todas as cidades.

O filme alemão Se não nós, quem? ganhou prêmios em festivais populares no país, incluindo uma indicação para o Urso de Ouro no 61º festival de Berlim. O drama dirigido por Andres Veiel traz a história de um casal, Bernward Vesper e Gudrun Ensslin, os dois filhos de pais com papéis importantes no governo Hitler, que se unem para abrir uma editora e darem continuidade a um trabalho iniciado pelo pai de Bernward, um famoso escritor nazista.

Em plena ascensão do fascismo em Portugal, Manoel Teixeira Gomes, escritor de literatura erótica e na época presidente, abandona Lisboa para viver em exilio no norte da África. O drama Zeus dirigido por Paulo Filipe Monteiro, conta a história real do sétimo presidente português e as razões que o fizeram abandonar o cargo após 26 meses de sua posse. A obra ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Cinema de Bombaim (2016), na Índia.
Esses são apenas alguns exemplos, mas a seleção de filmes narra muitos outros aspectos e propõe velhas e novas discussões sobre o tema. Conhecer o passado e pensar sobre ele, permite uma maior compreensão do presente e  ajuda a refletir sobre as possibilidades de futuro. Em tempos de crises políticas tão significativas no mundo é importante relembrar, observar e debater tal assunto.
Tayná Haudiquet - Curadora

Programação em Aracaju - Entrada R$3.00
SINOPSES



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