Ontem eu vi um Brasil nas telas de
cinema. Mesmo que os filmes fossem sobre acontecimentos reais que
tiveram vez na Espanha e na Dinamarca.
O primeiro, 23-F, O filme,
retrata a quartelada promovida por um setor das forças armadas,
viúvas do ditador Francisco Franco, contra o governo civil instalado
pouco tempo após a morte do ditador, governo instalado com o retorno da
monarquia sob a liderança do rei Juan Carlos. O desfecho foi favorável a
democracia e ao assistir o filme e seus
personagens golpistas grotescos e caricaturais, não tive como não
deixar de lembrar dos muitos adeptos do pedido de intervenção militar no
Brasil, tipos a moda antiga que ainda entregarão flores para os
soldados, caso isso aconteça.
Já o filme “O atirador” , é mais contemporâneo e retrata o conflito de
interesse público cidadão, com os interesses capitalistas privados,
associados aos interesses do estado dinamarquês e ao estado americano. O
pivô disso tudo. A exploração de jazidas de petróleo descobertas na
Groenlândia, com os impactos ambientais decorrentes disso, em termos de
aquecimento global, pois trata-se de jazidas embaixo do gelo e em
região bem próxima do polo norte. Isso realizado sob a chancela de um
governo formado por uma aliança de sociais democratas com
ambientalistas.
Impossível não lembrar dos nossos impasses, nas
questões governo do PT e hidrelétrica de Belo Monte e da aliança Marina
Silva, Rede Sustentabilidade e Banco Itaú.
ZdO
14ª FESTIVAL DE CINEMA EUROPEU
“DEMOCRACIA EM CENA”
A democracia, cujo significado se desenvolveu durante
milhares de anos, é o tema escolhido para a 14ª Mostra de Cinema Europeu. O
evento coloca em foco este regime politico contemporâneo adotado por grande
parte dos países ocidentais e traz obras que abordam memórias relevantes para a
Europa.
Dezessete países participam do evento apresentando filmes
documentais e ficcionais que retratam o tema das mais variadas formas. Durante
os meses de maio até início de julho, a mostra percorrerá 11 capitais brasileiras,
incluindo Salvador, Curitiba e Belém.
A seleção apresenta títulos premiados em diversos festivais
internacionais, como o filme espanhol 23F, que conta a tentativa fracassada de
golpe de Estado, encabeçado por militares em 1981. O golpe começou com a
apreensão do Congresso dos Deputados e terminou com a libertação dos
parlamentares. A obra sob direção de Chema de la Penã foi indicada para o
prêmio Goya em 2011 e escolhida pela curadoria para abrir oficialmente a mostra
em todas as cidades.
O filme alemão Se não nós, quem? ganhou prêmios em festivais
populares no país, incluindo uma indicação para o Urso de Ouro no 61º festival
de Berlim. O drama dirigido por Andres Veiel traz a história de um casal,
Bernward Vesper e Gudrun Ensslin, os dois filhos de pais com papéis importantes
no governo Hitler, que se unem para abrir uma editora e darem continuidade a um
trabalho iniciado pelo pai de Bernward, um famoso escritor nazista.
Em plena ascensão do fascismo em Portugal, Manoel Teixeira
Gomes, escritor de literatura erótica e na época presidente, abandona Lisboa
para viver em exilio no norte da África. O drama Zeus dirigido por Paulo Filipe
Monteiro, conta a história real do sétimo presidente português e as razões que
o fizeram abandonar o cargo após 26 meses de sua posse. A obra ganhou o prêmio
de melhor ator no Festival de Cinema de Bombaim (2016), na Índia.
Esses são apenas alguns exemplos, mas a seleção de filmes
narra muitos outros aspectos e propõe velhas e novas discussões sobre o tema. Conhecer
o passado e pensar sobre ele, permite uma maior compreensão do presente e ajuda a refletir sobre as possibilidades de
futuro. Em tempos de crises políticas tão significativas no mundo é importante
relembrar, observar e debater tal assunto.
Tayná Haudiquet - Curadora
Programação em Aracaju - Entrada R$3.00
SINOPSES
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