sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Relato sobre a visita de Célio Turino para propor parceria do programa “Scholas Ocurrentes” com o Governo de Sergipe e apresentação do programa para lideranças da sociedade civil.

Em termos gerais, o percurso aqui em Sergipe foi legal, embora um pouco tenso, considerando as expectativas de nos reunirmos com o governador Belivaldo Chagas, depois com o secretário da casa civil, José Carlos Felizola Filho e por último realizado com um assessor especial  ligado ao gabinete da casa civil, o Sr.  Geofrancio Reis, com designação do secretario da casa civil para essa finalidade.





Diga-se de passagem, o Sr. Geofrancio  Reis se portou de forma muito atenciosa, gentil e claramente afinado com os ideais  e gestos  do autor do  programa “Scholas Ocurrentes” (1) , o Papa Francisco. Por ter formação religiosa, ele nos informou que isso  foi uma das razões da escolha do seu nome para nos recebermos.


Segundo informações extra-oficial, o  governador precisou viajar a Brasilia para tratar de liberação de recursos. Já no palácio do governador fomos informados que o   secretário da casa civil precisou se ausentar , em decorrência  de precisar  acompanhar uma pessoa da família para consulta médica em outro estado, remarcada em cima da hora.


Outra razão de tensão, mas logo resolvida, quando contamos a presença de quatorze pessoas, pois fizemos  o convite dirigido a lideranças da sociedade civil, mas sem termos muito  clareza,  quais  agentes culturais e sociais afinados  interessaria a proposta da roda de conversa, além do dia e horário que dificultava a participação de alguns que mostraram interesse previamente.


Ao contrário do previsto, realizamos primeiro a reunião com os agentes da sociedade civil, em razão da transferência para o horário do final da tarde,  da audiência com a secretaria da civil,  programada para acontecer pela manhã. De tal maneira que as duas atividades ficaram encadeadas no turno da tarde.


No caso dessa primeira  tivemos uma boa quantidade e qualidade em termos representação, como já foi dito, éramos quatorze pessoas  da seguinte maneira. Da Assembléia Legislativa de Sergipe (Alese), deputada Ana Lúcia. Do campo ligado as igrejas e as organizações e movimentos socais, contamos com a  presença de   Frei Rutivalter;  do  Centro Ecumênico de Estudos Biblicos (CEBI), Irene Smith, entre outros (as);  da Pastoral da Criança e MTST, Leyla Menezes; do Sindicatos dos Professores (SINTESE), Ana Luzia; da Comunidade  Bom Pastor, Moisés da Silva; da Ação Cultural/Ponto de Cultura Juventude e Cidadania, Zezito de Oliveira, Maíra Ramos, Jéssica Santos, César Levines e Sandyele Ferreira como acompanhante; do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Itamar Peregrino. Do coletivo Juventude Unida do Santa Maria (Jussama), Lucivânia Ferreira.





Desses (as),  podemos afirmar como Milton Nascimento e Fernando Brant, são pessoas com vieram com a roupa encharcada e a alma repleta de chão. Educadores que buscam contribuir para que milhares de pessoas, incluindo elas mesmos,  construam uma vida menos superficial e mais cheia de significados, como diz a canção Muros e Grades dos Engenheiros do Hawaí. , Uma gente que trabalha com uma população  que muitas vezes não  vive, apenas aguenta. Mas que tem gana e sonhos sempre. Como afirma outra canção da dupla dos artistas citados. Esses educadores e agentes de transformação da sociedade, vivem aprendendo e ensinando , “andando a pé pelas estradas do sertão e das periferias, vendo coisa a grané.”  Tal qual relata uma canção do saudoso Gonzagão

Nessa reunião nos foi colocado duas questões de muita valia para a audiência a ser realizada logo após. A primeira questão diz respeito ao complemento da  informação que Célio Turino trazia,  acerca de Sergipe ser o segundo estado em homicídios no Brasil. Segundo Ana Lúcia este número diminuiu, passando Sergipe para a sétima  posição (2), ainda permanecendo porém com um número alto. Outra informação  complementada   por Lucivânia do Jussama, a qual acrescentou a o índice de mortalidade de jovens em Sergipe, com um numero bastante expressivo.


Outra informação importante conversada na roda de conversa ,  trata-se da questão acerca da fonte de receita para atender ao montante financeiro mínimo,  que o estado de Sergipe deve dispor para integrar a rede do programa “Scholas Ocurrentes”.   Como sucedeu-se com o  Ceará na conversa com autoridade ligada ao governo desse estado. A sugestão é utilizar-se de recursos do   fundo estadual de combate a pobreza no sentido de suprimento da receita para a adesão ao programa. (3)


Sobre esta reunião o relato de Irene Smith, representante do CEBI foi o seguinte:
Roda de conversa com  Célio Turino sobre "Scholas Ocurrentes" 


Uma proposta do Papa Francisco para contribuir no despertar, protagonizar e fortalecer o potencial criativo e cultural da juventude.

Apesar da fala muito boa sobre os meandros técnicos da proposta, eu não consegui anotar quase nada.
Alguns itens me chamaram atenção:

1- a proposta que surge em contraponto a preocupação da ida de jovens para servir a pátria no exército brasileiro... Então pode ser feito o mesmo processo na direção de vivenciar fazeres culturais, dentro das várias linguagens da cultura e ancestralidade,  contribuindo para emergir potenciais de beleza, alegria e de paz. Isso tudo sempre dentro da proposta de iluminar/ potencializar o que já existe na comunidade e na juventude.

2. De ter iniciado as conversas e escutas  pelo nordeste, nesse momento que precisamos ser juntados, animados e fortalecidos.

Fiquei feliz em poder ter participado desse momento. Atraves das pessoas que puderam se fazer presente, pôde ser feito um retrato de quem somos, o que pensamos e o que fazemos por essas bandas daqui. Essa proposta certamente  nos fortalecerá por demais.
Salve Francisco!!!!

Já na conversa com o interlocutor do governador Belivaldo Chagas , a qual fomos acompanhados pelo Sr. João Francisco dos Santos, Célio Turino colocou as seguintes questões: 
Quando aconteceu em  1994 um atentado a associação mutual israelense, o então cardeal  Bergholio resolveu reunir jovens de diversas religiões,  os quais deveriam se encontrar para encontrar soluções para problemas  comuns.


Já no ano 2000,  a Argentina mergulha na crise do governo Menem e o cardeal Berghólio sugere a escolas católicas de elite  apoiarem escolas da periferia.

Novamente os jovens devem se juntar, buscar alternativas a problemas comuns e procurar as autoridade locais, afim de levar suas reinvindicações. Sem deixar de realizar o que puder ser feito, que está ao alcance deles.

Ao mesmo tempo em que isso acontecia, o programa Cultura Viva iniciado no Brasil durante o o governo Lula, foi adotado  na Argentina em termos de grande  escala. O que fez a proposta chegar ao conhecimento do  Papa Francisco,  que também leu o livro do Célio Turino, sobre os primeiros tempos do programa no Brasil.

Essa situação contribuiu para o Papa Francisco chamá-lo  com a finalidade de colaborar com uma fundação que tinha sido criada por Francisco,  quando ainda arcebispo de Buenos Aires, chamada de “Scholas Ocurrentes” criada para fortalecer a proposta do Papa Francisco em favor da cultura do encontro.  O Papa buscou e busca fortalecer a cultura do encontro, considerando a necessidade de fazer com que cada vez mais, seja possível unirmos   mente, o que pensamos,  coração, o que sentimos, e mão, o que fazemos.  Ao chegar ao Vaticano, “Scholas Ocurrentes” foi transformada em fundação de direito pontifício.  

Em termos de atividades dessa escola em escala internacional, temos o exemplo de uma ação reunindo jovens palestinos  e israelenses apoiados pela Universidade de Jerusalém , o objetivo neste caso é buscar soluções e alternativas para melhorar a convivência entre os dois povos e diminuir  o sofrimento gerado pelo conflito milenar.


Outra iniciativa do Papa Francisco foi transformar o palácio de verão, o castelgandolfo, em espaço de formação e de acolhimento,  para os envolvidos  no programa “Scholas Ocurrentes” e outras iniciativas humanitárias do Vaticano, como a questão dos imigrantes.


Após um seminário  no Vaticano que contou com a participação do Célio Turino,  foi criado um programa  internacional que reúne o conceito e experiências das duas iniciativas,  Scholas e  Ocurrente e Cultura. Daí,  unindo pensamento e ação, surge o programa o UNI+ON, proposta para escala internacional.


O programa UNI+ON toma como ponto de partida a seguinte questão:  Se os jovens recebem um soldo para fazer formação militar durante um ano, porque não pode receber o mesmo para desenvolver ações solidárias e cidadãs?


Nesse sentido,  o UNI+ON  propõe atender 10 milhões  de jovens no mundo inteiro, acompanhados por  200 mil  Pontos de Encontro.   A proposta é que esses jovens recebam 150 dólares durante 9 meses.

Sergipe poderia ser um estado a participar de  forma pioneira dessa iniciativa tão inovadora quanto  necessária, em especial por conta do alto índice de homicídios que acometem adultos e jovens  no seu território.  Na ocasião foi lembrado outro agravante, o grande número de suicídios, isso foi  realizado por Francisco José dos Santos, diretor de programas e projetos  do Instituto Banese , o qual nos acompanhada, juntamente com Maíra Ramos, da Ação Cultural/Ponto de Cultura Juventude e Cidadania, a qual fez a cobertura fotográfica e  Ivanda Cristina Santos, turismologa e estudante de administração pública na UFS.


Em termos de vantagens,  foi citado o fato de Sergipe ser um estado de pequena  dimensão territorial, o que facilita a articulação,  o acompanhamento e o monitoramento do programa, caso aceito.
O governo do estado poderia contratar 1000 bolsas mensais com 20 Pontos de Encontro, para investir em locais com baixo IDH.


Em fevereiro,  haverá um encontro no Vaticano para reunir colaboradores, agentes e parceiros do projeto UNI+ON e o governador de Sergipe, Sr. Belivado Chagas poderia anunciar a adesão de Sergipe, se fazendo presente ao Vaticano para isso.


O Sr. Geofrancio Reis  informou que faria o repasse de tudo que foi conversado para o secretário da casa civil, por isso  foram trocados cartões de visita para ajudar no prosseguimento das  conversações.

Em razão da futura  vice governadora e atual vice prefeita de Aracaju, Eliane Aquino,  ficar responsável pela  coordenação da área social do futuro governo, conforme  declarações públicas do governador Belivaldo Chagas, solicitamos na chegada a Sergipe, audiência  com a mesma, ou conversa com pessoa autorizada, o que foi realizada com a Sra. Ivaneide Nascimento, chefe de gabinete da vice-prefeita, no dia seguinte a audiência com o representante da casa civil e com lideranças da sociedade civil, como descrito acima.





Perspectivas de nossa parte 
Realizarmos  uma reunião na segunda quinzena de  janeiro, ou primeira de fevereiro,  para fazermos socialização dos resultados da primeira jornada de apresentação do “Scholas Ocurrentes” em Sergipe, avaliação e planejamento de maneiras de fortalecermos  a defesa da proposta do Papa Francisco no seio do governo e da sociedade. Análise  sobre as perspectivas do que podemos aprender com a proposta, afim de utilizarmos  em nossas atividades e projetos. Também discutiremos  sobre questões da nossa mutualidade, das relações de solidariedade entre nós, inclusive no plano do escambo, da economia solidaria. Consideramos os tempos difíceis que nos aguardam, tempo de inverno ou tempo de seca. A depender da imagem climática que preferirmos escolher.

Um aspecto importante a destacar da presença de Célio Turino em Aracaju, um olhar positivo com relação a Aracaju, no plano urbanístico (limpeza, paisagem, asfalto e etc.)  Muito Legal o olhar de quem vem de fora, pois  afirma um modo de perceber a nossa cidade que nem sempre enxergamos.


O que pedimos a Deus para o ano de 2019? Que a proposta do programa da cultura do encontro, uma maneira concreta e imediata de investimento na construção da cultura da paz, apresentado pelo Papa Francisco, com a contribuição de pessoas e organizações de diversos países, possa ser acolhida por àqueles que estão recebendo o convite para aderir, inclusive aqui em Sergipe.


Penso ser uma grande contribuição para a tão propalada necessidade de nos reinventarmos, de nos rejuvenescermos, de nos recriarmos, como pessoas, profissionais, organizações, parlamentares e governos progressistas.


(2)- Esta e outras informações sobre a segurança pública no estado do Sergipe podem se ser conferidas no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014 a 2017
Edição especial 2018 – Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


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