Definitivamente, Onyx Lorenzoni acendeu um barril de pólvora na UFS. Mentiu sobre os dados da pesquisa e pós-graduação, unificou setores de dentro e de fora da Universidade e provocou uma plenária histórica no Hall da Reitoria na manhã de ontem. Mas há problematizações.
Muitos setores, fustigados com o seu espaço de localização de privilégio, saíram em defesa da UFS justamente por esta cumprir um espaço de produção de status, desigualdade e distinção.
Defender a sua pós-graduação é correto e legítimo, defender o papel da UFS nos 90% dos alunos de mestrado e doutorado também, o caráter público da UFS, seus 30 mil alunos, 1500 professores e quase quatro mil trabalhadores. Mas, sinto em dizer, a UFS ainda está a anos luz de ser uma universidade ao alcance do povo sergipano e isso precisa ser enxergado, reivindicado e ampliado. O Restaurante Universitário, maior restaurante popular de Sergipe, está fechado na semana de início das aulas, os programas de Assistência Estudantil são incipientes para uma instituição que recebe 60% de discentes cujas famílias vivem com um salário mínimo e meio. Combater a política privatista e criminalizadora de Bolsonaro deve levar estes elementos em conta. Bradar "Somos Todos UFS" justamente por ela "não ser pra qualquer um" não nos interessa, nos interessa ser UFS a partir do momento em que ela se torna mais popular, mais periférica, mais diversa, e isto não acontece sem disputa política de longo curso e construção de projetos alternativos.
O nosso bordão chegou naqueles dois terceirizados da limpeza, que acompanham meio de canto a plenária que corria lá embaixo? Pois tem que chegar, porque os 30% de corte de verba de custeio proposto pelo MEC vai afetar diretamente eles, os trabalhadores mais precarizados e fragilizados da UFS, os que estão na primeira fila do corte.
A Universidade Públic que queremos precisa ser defendida para incluir e compor, não para distinguir um espaço ainda distante de boa parte do povo sergipano. Vamos com força.
PARA AS UNIVERSIDADES QUE ESTÃO SOFRENDO ATAQUE
Zezito de Oliveira
"Não esqueça dos pobres". Foi o que disse no
último conclave que escolheu Francisco I, o cardeal Cláudio Hummes para o
cardeal Bergholio, eleito Papa, cujo nome foi adotado pela associação dessa
frase com o legado de São Francisco de Assis.
Ainda há tempo...
Marcelo Ennes
Para enfrentar o Governo Bolsonaro: Em resumo: 1) A gente
precisa usar nossos pontos fortes como o conhecimento fundamentado (ciência)
contra as mentiras e as invencionices. 2) A gente não pode abandonar nosso
posto. Temos que permanecer atuante como professores e pesquisadores em salas
de aulas, em grupos de pesquisa. Temos que proteger a "cidadela". 3)
Temos que direcionar nossa atenção às pessoas que não tem "partido"
ou que tem se mantido "indiferentes" à situação (por exemplo, pessoas
que não tem direito à aposentadoria, pessoas que estão fora do mercado formal
de trabalho. O que e como dizer a estas pessoas que a reforma da previdência é
ruim), 4) a estas pessoas temos que não apenas esclarecer e demonstrar pq o
governo Bolsonaro é mentiroso e cínico, mas construir alternativas em conjunto
(quais seriam as fontes de renda e trabalho em um contexto dominado pelo
desemprego estrutural) 5) temos que aproveitar a grande mídia e as redes
sociais para desmentir o Governo. 6) Temos reconhecer que eles avançam também
sobre nossas fraquezas (aquilo que não fizemos/fazemos direito ou deixamos de
fazer).
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