quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Sobre o artista e arte educador Lupércio Damasceno que nos deixa rumo a outra dimensão.



Personalidades Simãodienses – Lupércio Damasceno





Simão Dias é uma cidade de grandes personalidades no cenário sergipano. A cidade tem sido chamada de um “celeiro de políticos”. No entanto, há outras personalidades que nos representam, tanto a nível estadual, como a nível local. Precisamos conhecê-las! Vou destacar alguns nomes por aqui: com vocês: Lupércio Damasceno!
Graduando em Arte-Educação pela Universidade Federal do Piaui (UFPI). Especialista em Teorias Sociais e Produção do Conhecimento (2006). Tem experiencia na área de comunicação com enfase em cultura popular, teatro politico, literatura e musica popular brasileira. Estuda as relações mercantilistas entre agronegócio e industria cultural e seus impactos sobre o meio socioambiental e a produção artístico-cultural. Busca uma nova forma de representação da realidade através da arte na qual politica e estética possam se encontrar no mesmo plano como elementos fundamentais no processo de transformação social. Atualmente é coordenador de cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Meus grifos: Se alguém me perguntasse quem é Lupércio? Me colocaria em grande desafio, pois há duas vertentes a seguir! A primeira é o Lupércio “histórico” (agente de transformação histórica), que daria páginas e páginas de relatos, e outra vertente seria o Lupércio “Antropológico” (uma análise do ser revolucionário). Como isso enseja uma tese, não é aqui o ambiente adequado para essa tarefa, pois textos de mídias eletrônicas devem ser curtos.
Conheci Lupércio ainda muito jovem! Para mim era somente o guarda do banco, pois lá estava ele na entrada do BANESE, munido de um revólver 38, e abrindo a porta e cumprimentando as pessoas com alegria e delicadeza. Contrastando totalmente com o padrão de profissionais que desempenham essa função, pois vigias sempre são sisudos e ficam à distância, treinados para se antecipar diante de um possível assalto, Lupércio não se comportava como vigia, mas sim como um recepcionista, um atende prestativo, um amigo à disposição! É lógico que estava no emprego errado, na lógica errada e na hora errada. Por que digo isso? Simples! Lupércio não pertence a esse mundo! Ele pertence a um mundo de pessoas mais evoluídas!
Ao conhecê-lo melhor, descobri que era um intelectual de primeira linha, com ideias muito à frente de seu tempo. Era um ser libertário, inquieto, incontrolável, com visão de mundo holística, subversiva, transformadora e revolucionária. Logo, como poderia um homem com essas tendências, qualidades e aspirações ser um operário cuja função era ser a contenção, e defesa de uma instituição bancária, onde se guarda dinheiro e opera a exploração do capital. Além disso, munido de uma arma?! Era sem dúvida um paradoxo. Não sei se isso lhe provocou conflitos de identidade, mas lá todos os dias, estava ele, de bom humor, conversando com todos que chegavam, sendo prestativo e amigueiro.
A oportunidade de conhecê-lo na essência, e perceber que se tratava de um Intelectual engajado, deu-se na militância política. Eu filiado no PT, e exercendo a função de sindicalista do SINTESE, o conheci melhor na campanha de Lula presidente em 1989, e depois, na campanha municipal de 1992, quando então, ele foi candidato a vereador pelo PV (Partido Verde). Naquela campanha, ele que era um membro fundador do PT de Simão Dias, já estava trilhando por outros caminhos. Apaixonado pela natureza, e adepto do ativismo ecológico, já defendia que a esquerda deveria se modernizar e pensar o mundo de forma holística e integrada. Já era um crítico da esquerda que queria o “poder pelo poder”, já estava à frente do seu tempo, analisando a conjuntura mundial, abraçando bandeiras da esquerda europeia do pós-guerra. Já fazia as críticas ao totalitarismo da esquerda soviética, e já era um militante anti-sectário, voltado para possíveis alianças com partidos de centro, e pronto para o diálogo. Já estava muito a frente na reformulação estratégica da esquerda, e já vislumbrava a guiada para uma visão de centro-esquerda. No calor da campanha de 1989, o vi ser hostilizado por companheiros mais sectários, que o acusavam de estar indo para um tom verde, enquanto, todos permaneciam vermelhos.
Nas décadas posteriores, de 90 e no início do século XXI, não tardou em todos admitirem que ele estava certo. As alianças construídas pelo PT levaram Lula a presidência e a eleição de vários governadores petistas, e entres estes, Marcelo Déda em Sergipe. Continuando ainda no relato histórico, nesse intervalo, Lupércio finalmente sai do emprego paradoxal e se lança na militância engajada. Passa a militar no MST, no setor de cultura. Nessa militância, as experiências dão um riquíssimo acervo de relatos capaz de encher páginas vários livros. Entre as experiências, vão desde encontros com grandes personalidades da esquerda, intelectuais da cultura, artistas nacionais, além de célebre participação de uma série cubana, onde atua como ator. Lupércio acabou se tornado muito conhecido em Cuba, por conta de sua atuação televisa. Outra passagem importante foi a participação no “Teatro do oprimido”, sob a direção de Augusto Boal.
Mudando para uma análise em outra abordagem trata-se de um ser humano inquieto, incontrolável, criativo, sedento por alterar o mundo. Essa condição não lhe foi gratuita, acabou lhe custando muito caro. Como, acontece com outras pessoas com a mesma tendência, o mundo é as vezes insuportável. Não optar pela religião predominante, não aceitar a ideologia dominante, não gostar do padrão cultural e estético dominante, não absorver os costumes dominantes, não ser ambicioso, oportunista, capitalista, estrategista, dissimulado, o tornou alvo dos canalhas de plantão. Sejam os de direita ou de esquerda!
A batalha por fazer valer os sonhos e convicções sempre custou alto. Seja na questão alimentar quando tentou manter a prática vegetaria, como na produção artística, onde produziu dezenas de músicas primorosas, mas que a indústria cultural dominante insiste em deixar anônima. Seguir o que a mente quer e o que o mundo nega, sempre foi uma batalha. A maior batalha sem dúvida sempre foi contra o alcoolismo. Momentos de vitórias, e momentos de derrotas.
As vitórias foram predominantes, apesar de nosso modelo de sucesso ser pautado no acúmulo de bens, para mim está claro que se trata de um vencedor, de um construtor de sonhos, de um transformador social. Lupércio é um exemplo para vários jovens idealistas de nossa cidade, inclusive eu que escrevo esse texto. Nada foi ou tem sido em vão, e só temos o que nos orgulhar ao olhar essa linda trajetória.
Termino esse breve texto parafraseando uma música de Djavan que ele gosta muito. Sempre que estamos tocando juntos, ele sempre toca dezenas e mais dezenas de músicas da MPB, mas tem sempre aquela que ele passa o violão e me pede: “- Toca aquela, de Djavan”, e ai eu já sei”
Estória de um cantador – DJAVAN
Me apareceu tal rainha
Qual estrela pelo chão
No decote a sianinha
E a fileira de botão
Elogiei seu vestido
Pra dizer que era nobre
Feito um rei oferecido
Eu estou às suas ordens
As ordens foram servidas
Com muito amor e paixão
De mil juras prometidas
Surge um único varão
Na festa de Deus-menino
Após dois anos de corte
Levou um menino à lida
Quase me levou à morte
O que sobrou de nós dois
Não dá nem pra repartir
O pior veio depois
Quando pude conferir
Pelos traços desse filho
Dá pra ver a minha estória
Um sofrer que vem de longe
Acobertado de glórias

Informações coletadas do Lattes em 11/04/2019
Acadêmico
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Graduação em LICENCIATURA EM ARTE-EDUCAÇÃO
2007 – 2013
Universidade Federal do Piauí 
Título: ESTÉTICA TROPICALISTA SOB O LUAR DO SERTÃO
Orientador: MANOEL DOURADO BASTOS
FORMAÇÃO COMPLEMENTAR
2001 – 2002
Curso de Formacao de Curingas. (Carga horária: 320h). , Centro de Teatro do Oprimido, CTO-RIO, Brasil.
2000 – 2000
Realidade Brasileira. (Carga horária: 72h). , Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Brasil.
1998 – 1998
Curso de Capacitacao em Educacao Ambiental. (Carga horária: 40h). , Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SE, SEMARH, Brasil.
1997 – 1997
Curso de Atualizacao em Gerenciamento do Lixo Muni. (Carga horária: 16h). , Universidade Federal de Sergipe, UFS, Brasil.
1986 – 1990
Professor de Ensino de Primeiro Grau. (Carga horária: 1120h). , Secretaria da Educacao e Cultura do Estado de Sergipe, SEED, Brasil.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
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PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS
Seminario do Plano Nacional de Cultura.Plano Nacional de Cultura. 2008. (Seminário).
Seminario Estadual de Avaliacao do Projeto Campanha de Alfabetizacao em Areas de Acampamentos e Assentamentos de Reforma Agraria.Relato de experiencia. 2008. (Seminário).
I Conferencia Internacional Vozes de Nuestra america. Mistica Cultural de Abertura. 2007. (Congresso).
1o Seminario Nacional sobre Educacao Basica e Nivel Medio nas Areas de Reforma Agraria. 2006. (Seminário).
II encontro Nacional de Agroecologia. 2006. (Encontro).
Mostra Cultural do Brasil e Economia Solidaria. 2006. (Encontro).
Seminario Nacional Modelo Produtivo e Matriz Tecnologica. 2006. (Seminário).
Conferencia Internacional Dilemas da Humanidade-. 2004. (Congresso).
Seminario Estadual de Educaçao do Campo.Mistica Cultural de Abertura. 2004. (Seminário).
Congresso Nacional dos estudantes de Agronomia. Projeto Eco-Caatinga. 2003. (Congresso).
Seminario Internacional -30 Anos Allende Vive.O Papel da Arte e Cultura no MST. 2003. (Seminário).
COMISSÃO JULGADORA DAS BANCASJonas Rodrigues de Moraes
MORAES, Jonas Rodrigues de; BRUNACCI, M. I.; BASTOS, M. D.. ESTÉTICA TROPICALISTA SOB ?O LUAR DO SERTÃO?. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura em Artes Visuais e Musicais) – Universidade Federal do Piauí.
PRODUÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
  • BARBOSA, L. D. . Agronegocio e industria cultural – a mercantilizacao da Vida e da Arte. Caderno de Formacao do EIVE, Aracaju, 15 nov. 2011.
  • BARBOSA, L. D. . Boal Continua em Cena. Revista Sem Terra, Sao Paulo, 10 set. 2009.
  • BARBOSA, L. D. ; PROCOPIO, F. . Um Poeta para ser Lembrado. Jornal do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Sao Paulo, 07 abr. 2009.
  • BARBOSA, L. D. . Cultura e Etnoconhecimento. 2009. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).
  • BARBOSA, L. D. . I conferencia Internacional Vozes de Nuestra America. 2007. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).
  • BARBOSA, L. D. ; FEITOSA, V. . Mistica Cultural. 2004. (Apresentação de Trabalho/Seminário).
  • BARBOSA, L. D. . Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia. 2003. (Apresentação de Trabalho/Congresso).
  • BARBOSA, L. D. . Seminario Internacional -30 Anos Allende Vive. 2003. (Apresentação de Trabalho/Seminário).
OUTRAS PRODUÇÕES
BOAL, A. ; VILLAS BOAS, R. ; BARBOSA, L. D. ; AL, E. . A Peleja de Boi Bumba contra a Aguia Imperial. 2002. Teatral.
VILLAS BOAS, R. ; PROCOPIO, F. ; BARBOSA, L. D. ; AL, E. . Assedio no ônibus. 2001. Teatral.
VILLAS BOAS, R. ; CACHOEIRA, A. ; PROCOPIO, F. ; BARBOSA, L. D. ; AL, E. . Panfletagem. 2001. Teatral.
IPLAC, I. P. L. A. E. C. ; BARBOSA, L. D. ; DIAS, C. ; MORAES, T. ; AL, E. . Sim, Eu Posso. 2004. Vídeo.
BARBOSA, L. D. . Samba da Natureza. 2006.
Histórico profissional
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL





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