domingo, 30 de março de 2025

Série Adolescência veio na hora certa com questões urgentes"

 Maíra Marcondes Moreira: "Série Adolescência veio na hora certa com questões urgentes"





A necessidade da arte engajada. Filmes inspirados na vida e obra de Jacinta Passos aumenta número de visualizações por causa da discussão "Foi apenas pela inscrição na estátua com batom?".

 "Presa por ser uma mulher, Presa por ser uma comunista, Jacinta Passos", 2024.

Quando cheguei para morar aqui em Aracaju, ouvi de moradores lembranças de pessoas e lutas do passado e uma dessas memórias foi a da poeta e militante Jacinta Passos (1914-1973). Fiquei emocionado e em choque em descobrir sua luta e seu apagamento histórico, uma mulher que aos 48 anos de idade foi atuar em uma comunidade de pescadores em Barra dos Coqueiros e todos os dias, pegava o barco tototó para Aracaju (1962) para vender sua poesia e panfletar, quando foi pega pixando os muros da cidade, durante a ditadura militar, sendo então aprisionada em um hospital psiquiátrico até sua morte.

Nessa carta, consta os últimos escritos dela quando estava presa no hospital psiquiátrico aqui em Aracaju, uma foto com a sua filha, 3 fotografias do trajeto que fiz assim como ela de tototó e um livreto de memória que com uma linha de pesca encontrada em Barra dos Coqueiros, busco linkar a luta contra o conservadorismo e fascismo brasileiro desde os integralistas passando pela ditadura militar até os dias de hoje.

Além da carta, esse trabalho conta também com o videoarte poesia que gravei quando fui até Barra dos Coqueiros atrás da casa onde Jacinta morava e com ajuda da Gabriela Bandeira (@gabbruni ), revivemos sua memória-poesia conectando com a paisagem de hoje. A carta está sendo exposta na exposição @continuamos.expo da galeria da UFPR e o vídeo arte pode ser encontrado no meu canal no Youtube.

https://www.instagram.com/p/C_00oJZx8xe/?igsh=NnlwenMwdjduajlh

A luta continua!

#sergipe #aracaju #artepostal #videoart #ditaduramilitar #barradoscoqueiros #jacintapassos


Você conhece Jacinta Passos? Assista agora na Mangue o documentário sobre essa importante escritora que morreu esquecida em um sanatório de Aracaju.

https://manguejornalismo.org/voce-conhece-jacinta-passos-assista-agora-na-mangue-o-documentario-sobre-essa-importante-escritora-que-morreu-esquecida-em-um-sanatorio-de-aracaju/


Essa é a triste história de uma mulher culta, escritora e poetisa, que tbm agiu fazendo pichação, só que no caso dela foi uma pichação contra a ditadura de 1964. Então, diferentemente, da cabeleireira que agiu contra a Democracia com um pichação “Perdeu, mané”, Jacinta não teve direito a nenhum julgamento e nem o oferecimento de um acordo de não persecução penal. Ela foi, simplesmente, dentro de um Base de Comando militar, a partir de único laudo médico psiquiátrico, considera louca e internada em isolamento, com constantes tratamento de eletrochoques até a sua morte. Portanto, o que se passa hoje no julgamento dos golpistas de 08/01, não há qualquer paralelo com o que se viu na sanguinária ditatorial de 64, a qual todos esses condenados de hoje tinham o imenso desejo de tê-la de volta e sob o comando do golpista maior Jair Bolsonaro. 

https://documentosrevelados.com.br/presa-pichando-muro-contra-a-ditadura-militares-mantem-poetisa-internada-em-hospital-psiquiatrico-durante-nove-anos/ 



sexta-feira, 28 de março de 2025

Vacila reação contra a Anistia

 https://sairdainercia.blogspot.com/2025/03/reacao-contra-anistia-vacila.html

Já não somos mais os mesmos, como dizia Belchior. Me refiro à capacidade de convocar participantes a atos públicos. Tenho repetido que precisamos ir às ruas para marcar nossa posição contra a anistia. O deputado Guilherme Boulos deu um passo à frente e fez uma convocação para o próximo domingo (30): NÃO à anistia e SIM à prisão de Bolsonaro. Também extensiva ao 1° de abril, que deflagrou os 21 anos de ditadura militar.

Só ontem – portanto a quatro dias do evento -, encontrei algum serviço no site Brasil de Fato sobre o ato. Há convocações para todo o país. Porém, fiquei pasma com a decisão: no Rio haverá três encontros, todos às 10h30. No Aterro (sequer há um ponto definido, já que o parque é gigante), Feira da Glória e República (será o museu?). Parecem ter sido projetadas para esvaziar...Já, em São Paulo, a concentração ocorre às 13h, na Praça Oswaldo Cruz, na Paulista, perto do metrô da Brigadeiro, e às 14h segue em caminhada até o antigo Doi-Codi.

Ontem, por sinal, participei do ato “Ocupa Rubens Paiva, Tortura Nunca Mais”, na Tijuca, estrategicamente convocada para a Praça Lamartine Babo, em frente ao Doi-Codi. Eram cerca de 300 participantes, no auge da concentração (foto), com muitas bandeiras do PCdoB – o grupo político mais atingido pela ditadura militar.

O palco e as cadeiras foram montadas perto do busto de Rubens Paiva (abaixo), que morreu ali em frente, como outros milhares de militantes que lutavam pela volta da democracia.

Muita gente falou. Vera, a filha de Rubens e Eunice, justificou sua ausência por estar dando aulas na universidade, enquanto Marcelo lançava seu livro – que deu origem ao premiado “Ainda estou aqui” – na Europa. O deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ) era um dos presentes, e me disse: “É importante voltarmos às ruas, para disputar com a memória da ditadura”. Ele não participou da organização do ato de domingo, mas soube que os responsáveis preferiram investir todas as fichas em São Paulo.

Entre os palestrantes ecoaram alguns recados: “o fascismo não desaparece”, ou, a proposta de transformar aquela sede do Doi-Codi em Museu da Memória da Tortura Nunca Mais. E, entre uma maioria de cabeças brancas, a faixa “Por memória, verdade e Justiça – onde estão Rubens Paiva e os 210 desaparecidos da ditadura?” remetia a velhos tempos em que as redes sociais ainda não substituíam a presença física.

Me parece que a esquerda – temporariamente saciada pela cassação de deputados bolsonaristas e pela transformação do ex-presidente e dos sete mais influentes golpistas em réus – está de salto alto. Assim como as forças progressistas. Já tive uma amostra desse espírito nos primeiros atos contra o governo Bolsonaro, no pós-pandemia.

Nessa toada, vamos precisar de muita sorte para não sucumbir à voracidade transnacional da extrema direita... 

Para quem chegou até aqui e quiser entender o porquê das dificuldades da esquerda atrair mais pessoas nas manifestações de rua, recomendamos a leitura de Gavin Adams em Outras Palavras.

https://outraspalavras.net/gavinadams/?s=+Gavin+Adams

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PM diretor de escola cívico-militar mata jovem com um tiro no peito à queima-roupa

O PM Elias Ribeiro, que também é diretor de escola cívico-militar, se irritou com o fato de mulheres que estavam na sua mesa terem deixado ele para ficar com o rapaz. A vítima era um jovem inventor e talentoso que ganhou as manchetes da imprensa anos atrás após construir uma réplica da aeronave Super Tucano, da FAB, usando motor de Fusca, madeira, zinco e metalon

O tenente da PM-MT, Elias Ribeiro da Silva, que também é diretor da escola cívico-militar Tiradentes, no município de Colniza, foi preso após assassinar com um tiro no peito à queima-roupa Claudemir sá Ribeiro, de 26 anos .

O jovem foi morto sentado em uma mesa de bar, e segundo o delegado Ronaldo Binoti Filho, a motivação foi ciúmes, após mulheres que estavam com o sargento terem deixado ele para ficar com Claudemir.

“[O PM] Elias atirou em Claudemir simplesmente pelo fato de não ser correspondido pelas mulheres com quem esteve durante o dia”, relatou o delegado.

Uma funcionária do bar disse à polícia que Elias havia chegado ao estabelecimento com algumas mulheres e pagado cervejas a elas. Porém, depois de um tempo essas mulheres sentaram na mesa em que a Claudemir estava com o irmão.

A vítima tinha se tornado conhecida publicamente em 2019, após construir com seu irmão uma réplica da aeronave A – 29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira (FAB) usando motor de Fusca, madeira, zinco e metalon.


governo trump e a democracia americana ameaçada. Igual a viúva Porcina de Roque Santeiro, aquela que foi sem nunca ter sido.

 


O Assunto #1436: A pressão de Trump sobre estudantes e universidades
Rumeysa Ozturk, estudante turca que faz doutorado nos Estados Unidos, foi presa por agentes de imigração. No ano passado, ela escreveu um artigo em que pedia que a universidade cortasse laços com Israel. Professores relatam que precisaram tirar palavras como diversidade, inclusão, gênero e sustentabilidade, por exemplo, de programas de ensino.
Por Natuza Nery, g1 - 28/03/


A Viúva Porcina foi um dos personagens mais icônicos da novela Roque Santeiro (1985), interpretada pela atriz Regina Duarte. Ela era uma figura central na trama, conhecida por sua personalidade extravagante, ambição e envolvimento nos conflitos da fictícia cidade de Asa Branca. Aqui estão os principais detalhes sobre ela:

Quem era a Viúva Porcina?

Nome completo: Porcina da Silva.

Relacionamento com Roque Santeiro: Alegava ter sido casada com Roque Santeiro (José Wilker), o suposto herói morto que virou lenda em Asa Branca. Na verdade, ela nunca foi sua esposa, mas usou essa história para ganhar prestígio e influência na cidade 35.

Características:

Manipuladora e ambiciosa: Usou o mito de Roque Santeiro para enriquecer, tornando-se uma das pessoas mais poderosas da região.

Extravagante: Ostentava riqueza com roupas chamativas e mau gosto, reforçando sua imagem de "viúva santa" enquanto agia de forma questionável . 

Amante de Sinhozinho Malta: Tinha um relacionamento turbulento com o fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte), que era apaixonado por ela e até chegou a lamber sua mão em uma cena memorável para implorar perdão .  AQUI e AQUI

Seu papel na trama

Porcina era uma das principais antagonistas, lucrando com a farsa da santidade de Roque Santeiro e enfrentando resistência de personagens como Tânia (filha de Sinhozinho Malta), que desaprovava seu relacionamento com o pai . Sua figura representava a hipocrisia e a exploração da fé popular para benefício próprio.AQUI

Curiosidades

Originalmente, o papel foi oferecido à atriz Betty Faria, que recusou por achar a personagem "mau-caráter". Regina Duarte aceitou e tornou a Viúva Porcina um dos papéis mais marcantes de sua carreira .

Uma cena antológica mostra Sinhozinho Malta imitando um cachorro para agradá-la, tornando-se um momento emblemático da novela .

Porcina foi essencial para o sucesso de Roque Santeiro, uma das novelas mais assistidas da TV brasileira, com cenas que permanecem na memória do público até hoje .

Fonte: IA deepseek 

quarta-feira, 26 de março de 2025

Flávio Dino citou o filme Ainda Estou Aqui, falando que a arte também é fonte do direito. - Íntegra do voto histórico de Flávio Dino e Alexandre de Moraes no julgamento de Bolsonaro no STF




 

"INCLUIU O VÍDEO NA MADRUGADA E VAMOS TER QUE REPETIR SEMPRE PRA QUE NINGUÉM ESQUEÇA" | Cortes 247 - Voto de Alexandre de Moraes


O vídeo que Xandão levou ao julgamento e desmontou "narrativa" das defesas dos golpistas


O show de Flávio Dino | Réu, Bolsonaro parte pro ataque | 26.03.25



Fiquei deveras impressionado com a fala do assaz preparado e sensato ministro Flávio Dino no STF, citando a tragédia de Mersault, protagonista de “O Estrangeiro”, obra-prima de Albert Camus:

“Não importa se o personagem chorou no enterro da mãe. Não importa se ele tem a supostamente boa ou má índole. O que importa é o fato concreto, se ele foi provado ou não.”

Além da erudição, me encanta seu direcionamento antipunitivista, opondo-se à desumana teoria do Direito Penal do Inimigo, formulada por Gunther Jakobs, que parte de uma premissa maniqueísta ao dividir a sociedade em heróis e vilões, de acordo com o histórico de cada indivíduo.

A atuação de juristas brilhantes e humanistas, como Dino, Barroso Zanin e Moraes, reforça o meu otimismo a respeito de um processo civilizatório tardio que já se afigurava como imperativo. Mesmo os genocidas merecem o direito à ampla defesa e à condução transparente de seus processos criminais. Afinal, em uma república universalista, laica e calcada nos princípios do Estado Democrático de Direito, inexiste a possibilidade da abertura de precedentes para arbitrariedades características de épocas de obscurantismo, delírio e fanatismo.

Leiam “O Processo”, obra inacabada de Franz Kafka. Hoje jantei Gazpacho com croutons integrais.

Leandro JUDICIAL

https://encurtador.com.br/9aiSW 




segunda-feira, 24 de março de 2025

São Romero da América Latina & 45 anos do martírio de Óscar Romero e uma Igreja em libertação & Mensagem libertadora de Dom Oscar Romero, mártir e santo

 Publicado em março-abril de 2025 - ano 66 - número 362 - pp. 26-33 - Revista Vida Pastoral.

São Romero da América Latina

Por Emerson Sbardelotti*

O artigo pretende apresentar, reapresentar e homenagear São Romero da América, na comemoração de 45 anos de seu martírio, em San Salvador, capital de El Salvador, em 24 de março de 1980; a força espiritual de sua palavra em defesa da vida, em nome da esperança, da justiça e da libertação.

1. MEMÓRIA E COMPROMISSO

“Por que se mata? Mata-se porque atrapalha. Pra mim, são verdadeiros mártires no sentido popular. Naturalmente, não estou entrando no sentido canônico, no qual ser mártir supõe um processo de autoridade suprema da Igreja, que o proclama mártir perante a Igreja universal. Respeito essa lei e nunca direi que os nossos padres assassinados foram martirizados, ainda não canonizados. Mas eles são mártires no sentido popular. São homens que pregaram precisamente esta encarnação da pobreza” (Romero, in Gonzalo, 2022, p. 28).

No dia 24 de março de 2025, comemoram-se 45 anos do martírio de São Romero da América, pastor e mártir nosso! Dom Oscar Arnulfo Romero y Galdámez foi o quarto arcebispo metropolitano de San Salvador, capital de El Salvador. Nasceu em Ciudad Barrios, distrito de San Miguel, em 15 de agosto de 1917, numa família pobre. Em 1930 entrou no seminário de San Miguel. Seus superiores mandaram-no a Roma, para estudar e doutorar-se na Pontifícia Universidade Gregoriana. Foi ordenado padre em 4 de abril de 1942. Em 25 de abril de 1970, foi nomeado bispo auxiliar de San Salvador e, em 15 de outubro de 1974, bispo de Santiago de Maria. Em 3 de fevereiro de 1977, foi nomeado arcebispo de San Salvador. Escolhido como arcebispo por seu aparente conservadorismo, uma vez nomeado, aderiu aos ideais da não violência, posição que o levou a ser comparado a Mahatma Gandhi e a Martin Luther King.

Com a morte do amigo e padre jesuíta Rutilio Grande, em 12 de março de 1977, D. Oscar Romero passou a denunciar, em suas homilias dominicais, as numerosas violações aos direitos humanos em El Salvador e manifestou publicamente sua solidariedade com as vítimas da violência política, no contexto da guerra civil no país. Defendia a opção pelos pobres. Dom Romero afirmou que foi o exemplo do padre Rutilio Grande e sua morte que o convenceram a ficar firmemente ao lado dos pobres, dos esquecidos, dos perseguidos e dos injustiçados salvadorenhos. Depois da morte do amigo, ele passou a acusar frontalmente os capitalistas, os governantes, os militares e os ricos, responsabilizando-os por todos os males ocorridos no país.

No dia 24 de março de 1980, às 18 horas, o arcebispo de San Salvador celebrava missa na capela do Hospitalito,[1] hospital de religiosas que cuidavam de doentes com câncer. No momento da consagração, o tiro desfechado por um atirador de elite, escondido atrás da porta traseira da capela, atingiu o coração do pastor e matou-o imediatamente. Selou, assim, seu testemunho com sangue, como Jesus e todos os mártires cristãos. Entretanto, sua morte não pode ser desconectada de sua vida: foi o selo coerente desta. Calava-se assim a voz que defendia os pobres no regime cruel e sangrento que dominava El Salvador. E D. Romero passaria a estar vivo, a partir de então, no coração de seu povo, ao qual profetizou que ressuscitaria, se o matassem.

Em 23 de maio de 2015, foi declarado beato. O primeiro papa latino-americano reconheceu Romero como “mártir da Igreja”, pois havia sido assassinado por “ódio à fé”. Em 14 de outubro de 2018, foi canonizado. Sobre São Romero, disse o papa Francisco:

São Oscar Romero soube encarnar, com perfeição, a imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Por isso, agora e, sobretudo, desde a sua canonização, vocês podem encontrar nele “exemplo e estímulo” no ministério que lhes foi confiado: exemplo de predileção, para os mais necessitados da misericórdia de Deus; estímulo para testemunhar o amor de Cristo e a solicitude pela Igreja. Que o santo bispo Romero os ajude a ser, para todos, sinais da unidade na pluralidade, que caracteriza o santo povo de Deus.

São Oscar Romero concebia o sacerdote entre dois grandes abismos: o da infinita misericórdia de Deus e o da infinita miséria dos homens. Queridos irmãos, esforcem-se, sem cessar, para realizar este infinito anseio de Deus de perdoar os homens, que se arrependem de suas misérias, e abrir os corações de seus irmãos à ternura do amor de Deus, também mediante a denúncia profética dos males do mundo.

Ele repetia, com vigor, que todo católico deve ser mártir, porque mártir significa dar testemunho da mensagem de Deus aos homens. Deus quer estar presente em nossas vidas e nos convida a anunciar a sua mensagem de liberdade para toda a humanidade. Somente nele podemos ser livres do pecado, do mal, do ódio em nossos corações; livres para amar e acolher o Senhor e nossos irmãos e irmãs. Esta verdadeira liberdade, aqui na terra, passa pela preocupação com o homem concreto, para despertar em cada coração a esperança da salvação.

São Oscar Romero dizia que, sem Deus e sem o ministério da Igreja, isso não é possível. Certa vez, referiu-se à crisma como o “sacramento dos mártires”: sem a força do Espírito Santo, os primeiros cristãos não teriam resistido às provações da perseguição, não teriam morrido por Cristo.

A memória de São Oscar Romero é uma oportunidade excepcional para enviar uma mensagem de paz e reconciliação a todos os povos da América Latina (Papa […], 2018).

Para o povo de El Salvador e de toda a América Latina e Caribe, ele já era e é, há muito tempo, o nosso santo, pastor e mártir.

2. MÁRTIR DA ESPERANÇA, DA JUSTIÇA E DA LIBERTAÇÃO

“Cristo está dizendo para cada um de nós: se você quer que a sua vida e a sua missão sejam produtivas como a minha, faça como eu. Converta-se em uma semente que se deixa ser enterrada. Deixe que o matem. Não tenha medo. Aqueles que evitam o sofrimento permanecerão sozinhos. Ninguém é mais solitário do que a pessoa egoísta. Mas se você der a sua vida por amor aos outros, como eu dou a minha por todos, você obterá uma grande colheita. Você sentirá uma profunda satisfação. Não tema a morte ou ameaças” (Romero, in Wright, 2011, p. 86).

Nosso mártir primeiro é Jesus de Nazaré, e com sangue de mártir não se pode brincar. Mártir é palavra forte, inquieta e inquietante. A palavra grega mártys significa “testemunha”. O/A mártir é a testemunha da fé, que seguiu, por toda sua vida, os passos de Jesus de Nazaré, até as últimas consequências.

Romero sabia que seu comportamento alimentava a esperança de uma vida mais livre, mais humana, e agia assim levado por sua missão de cristão e bispo; sabia que isso poderia conduzi-lo à morte. Pelas virtudes de sua vida, podemos defini-lo como mártir da esperança (Vitali, 2015, p. 10).

Esperança é todo sentimento que leva o ser humano a olhar para o futuro, para o incerto, sabendo que colheu bons frutos do passado, aprendeu com os erros e experimenta, no presente, o amparo nos desafios cotidianos desta vida.

Romero percebia que suas atitudes eram de um profeta comprometido com o cotidiano e a dignidade do povo, com a justiça feita ao povo:

Com a linguagem da justiça, estamos outra vez ante um tema central na Bíblia. Nela, o termo justiça remete à justiça social, ao reconhecimento dos direitos das pessoas, com um acento na condição dos mais pobres.

A linguagem profética tem em conta o dia a dia das injustiças, prosternações, maus-tratos, mortes, lucros, sofrimentos, alegrias que se dão na história. É uma linguagem que denuncia o que vai contra a mensagem do Reino e que anuncia sua presença na história. A respeito disso, e por experiência, Romero rechaçava: “Uma palavra muito espiritualista, sem compromisso com a história, que pode soar em qualquer parte do mundo porque não é de nenhuma parte, não cria problemas, nem conflitos” (Homilia, 10 dez. 1977). Espiritualista, não espiritual. Era consciente de que sua palavra clara, precisa e próxima à situação que atravessava seu povo lhe atrairia dificuldades e hostilidade, mas não pronunciá-la seria trair o Evangelho.

[…] A linguagem da gratuidade dá horizonte à justiça, coloca-a no marco do amor gratuito de Deus, do Deus amor. Deus não é amor porque ama, mas, sim, ama porque é amor. Não é justo porque faz justiça, mas, sim, faz justiça porque é justo. Por sua vez, a linguagem da justiça dá concreção histórica à da gratuidade e contemplativa e contribui para inseri-la na história de pessoas e povos (Gutierrez, in Bingemer, 2012, p. 49-50).

Justiça é uma virtude moral que inspira o respeito e o cumprimento dos direitos e deveres do ser humano, representando uma maneira de amenizar e erradicar os efeitos das desigualdades sociais na sociedade em que se vive.

Romero entendia que a libertação é fruto da união de todo o povo de Deus. Entendia que a libertação engloba toda a natureza:

A libertação que a Igreja espera é uma libertação cósmica. A Igreja sente, em si mesma, que é toda a natureza que está gemendo sob o jugo do pecado. Que belos cafezais, que belos riachos, que lindas plantações de algodão, que fazendas, que terras que Deus nos tem dado! Que natureza bela! Entretanto, quando a vemos gemer sob a opressão, sob a iniquidade, sob a injustiça, sob a agressão, isso faz a Igreja sofrer e a faz esperar uma libertação. Libertação que não seja só o bem-estar material, mas que seja o poder de um Deus que livrará das mãos pecadoras dos seres humanos uma natureza que, com a humanidade redimida, vá cantar a felicidade no Deus libertador (Romero, in Richard, 2005, p. 15-16).

Libertação é a ação de pôr-se em liberdade ou de conceder a liberdade a alguém. Implica o ser humano desenvolver uma ação segundo a sua própria vontade. A liberdade está relacionada com outras virtudes, como a justiça, a fraternidade e a igualdade.

Romero era uma pessoa simples, aberta, perspicaz, de grande sensibilidade para com as crianças, de gestos proféticos e compromisso. Soube acolher as pessoas com amor e atenção, conseguiu manter viva a esperança fiel do povo salvadorenho, soube sentir o cheiro das ovelhas. Em sintonia com o Evangelho, fez da sua Igreja local uma Igreja em saída, como pede o papa Francisco (Xavier; Sbardelotti, 2022, p. 180).

3. FORA DOS POBRES NÃO HÁ SALVAÇÃO!

A situação de nosso país é muito difícil, mas a figura de Cristo transfigurado, em plena Quaresma, está nos mostrando o caminho a seguir. O caminho da transformação de nosso povo não está longe. É o caminho que a Palavra de Deus nos aponta hoje: o caminho da cruz, do sacrifício, do sangue e da dor, mas com o olhar cheio de esperança na glória de Cristo, que é o Filho eleito pelo Pai para salvar o mundo. Ouçamos a voz de Cristo! Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso (Romero, in Souza; Boff; Casaldáliga, 1980, p. 179).

Jon Sobrino nos diz que a fórmula extra pauperes nulla salus (“fora dos pobres não há salvação”) é uma novidade, um escândalo e, certamente, algo contracultural. Trata-se de sacudida para levar absolutamente a sério a prostração de nosso mundo e o que há de salvação debaixo da história, que tantas vezes se ignora, não se compreende e se despreza (Sobrino, 2008, p. 14).

O teólogo espanhol relembra uma frase dita a ele por Romero: “Gloria Dei vivens pauper” (“A glória de Deus é o pobre que vive”). É a partir dos pobres que se reformula o mistério de Deus. Os pobres deste mundo são o lugar teológico (locus theologicus) do encontro com o Deus da vida, com o Deus libertador. Desse lugar teológico provém a salvação:

O camponês entendeu bem a opção de Monsenhor Romero pelos pobres: “Ele nos defendeu como pobres”. Monsenhor defendeu os pobres e oprimidos do país. Ele não optou apenas por eles. Esta defesa significou promover a organização popular e a assistência jurídica para defender os camponeses e as vítimas daqueles que os oprimiram e reprimiram. […] E certamente, semana após semana, ele defendeu os pobres e as vítimas com a verdade que proclamava publicamente nas suas homilias. Fica claro, então, que Monsenhor defendeu os oprimidos.

Mas você também precisa entender o que significa defender. Defender significa enfrentar e, quando necessário, lutar contra aqueles que atacam, empobrecem, perseguem, oprimem e reprimem. Para defender os pobres, Monsenhor confrontou aqueles que mentem e assassinam, sejam pessoas, instituições ou estruturas – e aceitou o preço a pagar. E a sua defesa foi primária, que foi muito além do que se convencionou entender por “defender um caso” com o objetivo, ainda, de “ganhar um caso”, como frequentemente aparece nos programas de televisão. Ganhar um caso nunca foi a perspectiva do Monsenhor, obviamente. Trabalhou e lutou para que a realidade maltratada, a justiça e a verdade vencessem. Mais a fundo, trabalhou e lutou para que algum dia os habituais não perdessem.

Monsenhor foi um defensor dos pobres com tudo o que era e tinha (Sobrino, in Xavier; Sbardelotti, 2022, p. 36).

Romero concebia e fazia questão de orientar, em sua atuação pastoral e profética, uma volta ao mundo dos pobres, um mundo real e concreto, assumindo quatro pontos importantes: 1) encarnação no mundo dos pobres; 2) anúncio da Boa-nova aos pobres; 3) compromisso com a defesa dos pobres; 4) Igreja perseguida por servir os pobres.

Encarnação no mundo dos pobres. A aproximação com o mundo dos pobres, entendida como encarnação e conversão para fora da Igreja.

O anúncio da Boa-nova aos pobres. O encontro com os pobres revelou a verdade central do Evangelho:  “Felizes os pobres no Espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). À luz da Palavra de Deus, a esperança e a ação segundo os valores do Reino.

Compromisso com a defesa dos pobres. A Igreja deve pôr-se sempre ao lado dos pobres e assumir, sem dúvida, a sua defesa.

Igreja perseguida por servir os pobres. A perseguição faz a Igreja testemunhar com maior garra a opção feita por Jesus de Nazaré em defesa dos pobres. A perseguição e ataques sempre estão e estarão ligados à defesa dos pobres.

Em sintonia com o pensamento de Romero e pedindo sua ajuda na caminhada, com alegria e esperança, cantemos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BINGEMER, M. C. (org.). Dom Oscar Romero: mártir da libertação. Rio de Janeiro: PUC-Rio; Aparecida: Santuário, 2012.

GONZALO, L. A. São Romero dos direitos humanos: lições éticas, desafio educacional. São Paulo: Paulus, 2022.

IRMANDADE DOS MÁRTIRES DA CAMINHADA. Celebrações martiriais: tríduo e celebração da festa de São Romero da América, pastor e mártir nosso! Goiânia: América, 2015.

NOVA Bíblia Pastoral. São Paulo: Paulus, 2018.

PAPA: São Oscar Romero, exemplo e estímulo para os povos da América Latina. Vatican News, Vaticano, 15 out. 2018. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-10/papa-francisco-canonizacao-monsenhor-romero.html. Acesso em: 3 out. 2024.

RICHARD, P. A força espiritual da palavra de Dom Romero. São Paulo: Paulinas, 2005.

SOBRINO, J. Fora dos pobres não há salvação: pequenos ensaios utópico-proféticos. São Paulo: Paulinas, 2008.

SOUZA, L. A. G. de. BOFF, L.; CASALDÁLIGA, P. (org.). D. Oscar Romero, bispo e mártir: homilias. Petrópolis: Vozes, 1980.

VITALI, A. Oscar Romero: mártir da esperança. São Paulo: Paulinas, 2015.

WRIGHT, S. Oscar Romero e a comunhão dos santos. São Paulo: Paulus, 2011.

XAVIER, D. J.; SBARDELOTTI, E. (org.). San Romero de América: martirio, esperanza, liberación. Montevideo: Ameríndia, 2022.

[1]  Nome carinhoso como era conhecido o Hospital da Divina Providência pelo povo salvadorenho.

Emerson Sbardelotti*

*é doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Agente de pastoral leigo da paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Cobilândia, Vila Velha, arquidiocese de Vitória-ES. Membro do Grupo de Pesquisa Literatura, Religião e Teologia (Lerte). Membro da equipe de formação do Cebi-ES. Membro da equipe de formação do CNLB Regional Leste 3. E-mail: sbardelottiemerson@gmail.com

 Comemoramos 45 anos do martírio de São Óscar Arnulfo Romero 🌟

📅 Data: Segunda-feira, 24 de março de 2025

⏰ Horário:

16h (Brasília)

14h (Colômbia)

15h (Manaus)

13h (El Salvador)

19h (Reino Unido)

Junte-se ao conversatório:

“Defendendo os direitos humanos e a Igreja Latino-americana: São Óscar Romero e seu legado”

Uma iniciativa do @Celam e @CAFOD, com o apoio de organizações como @CaritasLAC, @INSPyRE, @Remam e @RadioProgreso.

📌 Temas destacados:

O legado de São Romero na defesa dos direitos humanos.

A campanha continental “A vida pende de um fio”, visibilizando líderes assassinados por defender a casa comum.

 Transmissão ao vivo:

Em espanhol:



#SãoRomero #DefensoresDaVida #IgrejaLatinoAmericana #LegadoDeFé

45 anos do martírio de Óscar Romero e uma Igreja em libertação. Artigo de Gabriel Vilardi

Ao canonizar Dom Óscar Romero, o Papa Francisco indicou para toda a Igreja o exemplo e o testemunho deste mártir latino-americano, brutalmente assassinado há 45 anos, em 24-03-1980. A despeito das estruturas clericais que tendem sempre a controlar e a “domesticar” tantas figuras radicais no seguimento de Jesus, São Romero não pode se tornar apenas mais uma festa litúrgica no calendário romano.

O artigo é de Gabriel dos Anjos Vilardi, jesuíta, bacharel em Direito pela PUC-SP e bacharel em Filosofia pela FAJE. É mestrando no PPG em Direito da Unisinos e integra a equipe do Instituto Humanitas Unisinos – IHU

Eis o artigo.  AQUI


Santo Oscar Romero no blog da cultura (textos, imagens e canções)

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MENSAGEM LIBERTADORA DE DOM OSCAR ROMERO, mártir e santo. Por Frei Gilvander Luís Moreira[1]

Dia 24 de março de 2025 celebramos 45 anos de martírio de dom Oscar Romero, arcebispo da arquidiocese de San Salvador, capital de El Salvador. Nomeado bispo por ser considerado conservador, passou por um processo de profunda conversão e assumiu a causa dos pobres. Sentiu profundamente o assassinato do padre Rutílio Grande, seu secretário, e de milhares de lideranças camponesas, de Comunidades Eclesiais de Base, que se levantavam contra a ditadura militar imposta sobre El Salvador.

Eis, abaixo, 17 anúncios e denúncias que ecoaram a partir da boca de Romero nas suas homilias. Através da Rádio a mensagem de Romero encontrou acolhida nos corações de tanta gente que segue vivendo se inspirando no ensinamento e testemunho libertador de Romero.

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Cultura é Investimento, Não Despesa: Diga NÃO aos cortes da PNAB! Observatório Ação Cultural Sergipe

 


🚨 É HOJE! LIVE NACIONAL CONTRA OS CORTES NA PNAB! 🚨

📣 Atenção, agentes culturais, produtores, técnicos, gestores, servidores, artistas, parlamentares e ativistas da cultura de todo o Brasil!

HOJE, segunda-feira, 24 de março, às 17h, vamos nos unir em uma grande LIVE NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO contra o corte de mais de 84% no orçamento da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), aprovado na Lei Orçamentária Anual de 2025 no Congresso Nacional.

PARTICIPE DA LIVE E FORTALEÇA A MOBILIZAÇÃO!

🔗 Assista hoje às 17h aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Y265RIf0du0

🔔 Ative o sininho no YouTube para não perder a hora

👍 Deixe seu like – isso fortalece o debate

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💬 Participe do chat ao vivo – sua presença importa!

VAMOS JUNTOS PELA CULTURA!

Comente, compartilhe e esteja presente!

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Governo Federal garante manutenção dos recursos da Aldir Blanc após aprovação da LOA 2025

Aplicação dos recursos continua obrigatória e repasses serão feitos integralmente aos entes que cumprirem as regras do Decreto nº 12.409. Entenda o que mudou

https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/governo-federal-garante-manutencao-dos-recursos-da-aldir-blanc-apos-aprovacao-da-loa-2025 

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UM CORTE INACEITÁVEL: CULTURA, ECONOMIA E TRABALHADORES PREJUDICADOS

A aprovação do Orçamento Federal de 2025 com um corte de mais de R$2,5 bilhões na Política Nacional Aldir Blanc (PNAB - Lei 14.399/2022) - que representa uma economia de APENAS 0,043% NO ORÇAMENTO FEDERAL DE R$5,8 trilhões - não é apenas um ataque ao setor cultural. É um retrocesso que impacta diretamente a economia brasileira, os trabalhadores da cultura e milhares de famílias em todo o país.

É preciso lembrar que a PNAB:

[ ! ] É a política mais sólida que tivemos até hoje para distribuição de recursos diretos para todo território nacional;

[ ! ] É um recurso que se propõe a chegar na ponta da cadeia produtiva, com mecanismos de reparação histórica e regionalização;

[ ! ] É o único recurso federal que garante a execução da PNCV - Política Nacional Cultura Viva - que visa fortalecer as culturas populares e tradicionais do Brasil, fazendo a manutenção de centenas de Pontos e Pontões de Cultura;

[ ! ] É uma política ESTRUTURANTE e que está favorecendo a implementação do Sistema Nacional de Cultura.

Assim como ocorreu com a PNAB, foram realizados cortes em políticas públicas fundamentais, como o Bolsa Família e o Programa Pé de Meia, que atendem diretamente às camadas mais vulneráveis da população. Enquanto isso, foram aprovados R$50 bilhões para emendas parlamentares, favorecendo interesses políticos (orçamento secreto).

A PNAB NÃO PODE FICAR EM RISCO A CADA DISPUTA POLÍTICA POR ORÇAMENTO!

O Ministério da Cultura e a Casa Civil afirmaram publicamente que os recursos da PNAB serão garantidos via portaria de suplementação de orçamento, em julho/25.

Esse é um passo importante, mas não basta confiar nesta promessa, é preciso fazer pressão!

Os instrumentos legais para a recomposição do recurso da PNAB dependem de mantermos articulação política e, como vem sendo defendido pelo Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura e pela classe cultural, a PNAB precisa se tornar uma política PERMANENTE, assim como o SUS e o FUNDEB.

INVESTIR EM CULTURA É ESTRATÉGICO E DADOS CONCRETOS MOSTRAM ISSO!

A cultura não é despesa, é investimento estratégico e tem um alto potencial multiplicador:

[ ! ] A Economia da cultura e das indústrias criativas representam mais de 3,11% do PIB e empregam mais de 7,4 milhões de brasileiros - isso é mais do que a indústria automobilística!

[ ! ] No RJ, um estudo da Fundação Getulio Vargas FGV mostrou que CADA R$1 INVESTIDO DA LEI PAULO GUSTAVO GEROU R$6,51 NA ECONOMIA DO ESTADO.

[ ! ] A PNAB segue o mesmo modelo da Lei Paulo Gustavo, garantindo repasses diretos para estados e municípios, descentralizando recursos e fortalecendo as economias locais.

>> A cultura movimenta comércio, turismo, serviços e gera milhares de empregos diretos e indiretos

O RISCO DA MP 1.274/2024

A PNAB não é um favor, é um direito garantido por lei.

Ela é classificada como despesa primária obrigatória – ou seja, sua execução é imposta legalmente. Cortar um orçamento desse tipo desrespeita a legislação vigente e compromete recursos destinados às políticas públicas já pactuadas com estados e municípios.

Apesar de trazer alguns avanços importantes, a aprovação da Medida Provisória nº 1.274/2024 também gerou insegurança no setor e abriu uma brecha perigosa que foi explorada: ela modificou o texto original da lei que instituiu a PNAB para permitir que o governo federal aplicasse “ATÉ” R$ 3 bilhões anualmente, ou seja, deixou espaço para o corte! Mas o texto original define que o valor integral deve ser aplicado.

>> Reforçamos: queremos a revogação dessa MP, que deveria ter expirado em 21/03/2025 mas foi prorrogada até 01/05/2025. A PNAB precisa ter garantia plena, sem margem para reduções arbitrárias.

NOSSA LUTA É COLETIVA: POR CULTURA, POR TRABALHO E POR RESPEITO AO NOSSO FAZER!

Enquanto aprovam bilhões em emendas parlamentares, cortam políticas públicas que garantem emprego, renda e direitos!

Nós, trabalhadoras e trabalhadores da cultura queremos:

[ X ] A recomposição integral do orçamento da PNAB

[ X ] A derrubada da MP 1.274/2024

[ X ] PNAB como política permanente

[ X ] Respeito aos fazeres culturais do Brasil

Também nos solidarizamos aos que lutam por condições dignas de existência e aos estudantes e apoiamos a luta para que os recursos destinados ao Programa Pé de Meia e o Bolsa Família sejam também restituídos ao Orçamento Federal!

E estaremos mobilizados, organizados e atentos até garantir que o orçamento da união esteja a serviço dos interesses do povo!

Assine AQUI

ASSINAM ESTE MANIFESTO:

FLIGSP (Fórum de Cultura do Litoral Interior e Grande SP)

ConECta (Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Cultura)

CUT BRASIL (Central Única dos Trabalhadores - Brasil)

CUT SP (Central Única dos Trabalhadores - SP)

Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais

RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua

Movimento Artigo Quinto

SATED - Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões:

SATED - São Paulo

SATED - Parahyba

SATED - Ceará

SATED - Santa Catarina

SATED - Paraná

SATED - Rondônia

SATED - Rio Grande do Sul

SINTRACINE - Santa Catarina (Sindicato dos Trabalhadores do Cinema e do Audiovisual)

Sâmia Bomfim - Deputada Federal SP (PSOL)

Mônica Seixas - Deputada Estadual SP (PSOL)

Guilherme Cortez - Deputado Estadual SP (PSOL)

Beth Sahão - Deputada Estadual SP (PT)

AGTB - Associação dos Grupos de Teatro de Belém

MCCSP - São Paulo

Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua

Cooperativa Paulista de Teatro

Cooperativa Paulista de Dança

Comissão Paulista de Folclore

Pontões de Cultura:

Pontão de Cultura Galpão da Lua

Pontão de Cultura Areté

Pontão de Cultura Jacarandá

Pontão Matrizes Amazônicas Pororoca da Cidadania

Pontão De Cultura Roraima

Pontão de Cultura Centro Cultural Obadará Africanidade

Pontão de Cultura Associação Musical da Amazônia

Pontao de Cultura Mestra Iracema Oliveira

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🚨 NOTA DO FÓRUM NACIONAL DE SECRETÁRIOS E DIRIGENTES ESTADUAIS DE CULTURA🚨

📢 O Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura manifesta seu profundo estarrecimento diante do corte de 84% no orçamento previsto para a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) durante a votação da Lei Orçamentária Anual de 2025 pelo Congresso Nacional.

Os secretários e dirigentes estaduais de cultura estarão em Brasília no dia 27 de março mobilizados e articulados para buscar soluções junto ao Congresso e Governo Federal que garantam a reversão desse corte e a plena alocação dos recursos necessários à efetiva execução da política.

📲 Leia a nota completa no Instagram do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura

 🔗https://www.instagram.com/p/DHcOgypNCUw/?igsh=dHg5cjh5aW8xN2dm

🚨Comente e compartilhe🚨

 PESSOAL URGENTE!!! ⚠ Desastre no setor cultural!

Está aqui o perfil do senador responsável pelo Corte de 85% dos recursos da PMAB! Chegando a 3 Bilhões de reais cortados por ele!

Vamos todos lá no perfil dele, registrar a nossa insatisfação, e deixar claro o quanto isso afeta o setor cultural no Brasil. 

Lembrando que todo o processo foi dado sem a devida transparência, para que o setor cultural acompanhassem de perto o retrocesso!

Tudo isso chega a ser um massacre e ser  maldoso!*Uma crueldade na realidade com os artistas Brasileiros!!! 

https://www.instagram.com/share/reel/BBXK4R7ne8

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CARTA ABERTA DO ConECta – FÓRUM NACIONAL DE CONSELHOS ESTADUAIS DE CULTURA

EM DEFESA DA CONTINUIDADE E INTEGRALIDADE DA POLÍTICA NACIONAL ALDIR BLANC

O ConECta – Fórum Nacional de Conselhos Estaduais de Cultura, coletivo que reúne conselheiros e conselheiras de cultura dos estados brasileiros, vem por meio desta carta manifestar publicamente sua preocupação institucional diante da drástica redução orçamentária destinada à Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), prevista na Lei Orçamentária Anual de 2025.

A PNAB constitui uma das mais relevantes políticas públicas estruturantes do campo cultural no Brasil, com caráter federativo, permanente e descentralizado. Fruto de um processo legislativo construído em ampla articulação entre sociedade civil e instituições públicas, sua concepção visa garantir o acesso equitativo aos recursos da cultura, fortalecer as redes locais, promover a diversidade cultural e consolidar o Sistema Nacional de Cultura (SNC) como eixo articulador das políticas públicas da área.

A supressão de recursos dessa magnitude compromete diretamente o pleno funcionamento da política, fragiliza sua execução nos entes federativos e desarticula os esforços feitos nos últimos anos pela sociedade civil nos estados e municípios para a construção de mecanismos técnicos, jurídicos e participativos para sua implementação. Trata-se de uma medida que contraria os princípios do planejamento público, ignora os avanços conquistados e desconsidera o impacto positivo que a PNAB tem gerado em diferentes regiões do país.

Cabe destacar que, desde a promulgação da Lei Complementar nº 195/2022, a sociedade civil, os conselhos de cultura e os gestores públicos têm trabalhado de forma integrada para assegurar que essa política se materialize nos territórios, inclusive em áreas historicamente excluídas das políticas públicas. A descontinuidade orçamentária representa, portanto, um risco não apenas técnico, mas simbólico e político para o setor. (continua nos comentários)👇🏼

                    https://www.instagram.com/p/DHlz9eERVL0/?igsh=MXR0emthYWw0MnhkYg== 

AÇÃO CULTURAL COMO LABORATÓRIO E OBSERVATÓRIO CULTURAL

Romero Venâncio (UFS)

"Então, veja, uma das coisas que me animou muito estar no grupo, nessa retomada do Ação Cultural, eu sinto que a gente é assim, a gente está entre um laboratório e um observatório.

Um laboratório no sentido que a gente vai, de certa forma, trabalhando como a gente entende cultura a partir de uma série de ações de gente que mexe com poesia, que mexe com teatro, que mexe com dança, que se interessa por audiovisual e tal.

Então eu acho que isso dá a dinâmica de laboratório. Mas eu diria que não é só um laboratório. Tem muito de observatório. A gente está observando dentro e fora do grupo, um pouco como estão andando esses debates em torno de política cultural.

Por exemplo, como é que estão as políticas para o audiovisual, para o teatro, para a literatura.

Por que eu acho importante isso como um dado conjuntural? Porque eu acho que o debate coletivo, e essas redes de certa forma facilitam, é uma coisa interessante nessas chamadas redes digitais, a gente discutir em grupo ajuda muito, porque nem todo mundo consegue dar conta de tudo, principalmente com a velocidade das coisas que estão ocorrendo.

É uma situação que eu acho que é papel do observatório, mais do que o laboratório, o observatório reflete sobre isso.

Porque, de uma maneira ou outra, o laboratório elabora, discute, realiza ações culturais.

O observatório está antenado com o que está ocorrendo.

Por isso que eu acho que é muito rico, a ideia da retomada da´Ação cultural nesse patamar."



domingo, 23 de março de 2025

Sergipe , país do forró. Começo , continuidade e permanência.

 Zezito de Oliveira

Recebi no dia de hoje pela manhã link alusivo a  programação de Sergipe Pais do Forró 2025.  A colega que me enviou colocou uma observação interessante “para análise”.

E penso ser importante, também de forma coletiva, por quem cria, faz/produz cultura  junina  no chão das comunidades,   por quem legisla, por quem  estuda e pesquisa arte e cultura politica/politica cultural, gestão, produção e ação cultural....

Particularmente, a primeira vista fica claro que o atual governo de Sergipe  decide colocar a cultura do forró de forma um pouco robusta como centro na agenda governamental,  novidade em nosso estado  e que só teve  paralelo em Aracaju na primeira gestão do prefeito  Jackson Barreto quando eleito  em meados de 1980, com os arraiais de bairro e outras ações culturais com foco na cultura local, infelizmente não repetida a  dose no segundo mandato como prefeito e nem depois quando assumiu o governo de Sergipe,  após o afastamento e falecimento do saudoso Marcelo Déda..

Em termos comparativos com o governo federal, a forma como a proposta da programação “ Sergipe país do forró” é apresentada,  nos lembra a politica cultural realizada no governoFHC,  anos 1990, com base no lema “cultura é um bom negócio”, operada principalmente  por meio da Lei Rouanet .

Em resumo: O que é positivo no proposto pelo atual governo de Sergipe, colocar a economia da cultura do forró na agenda politica estadual, tratando a cultura como ativo econômico -  fonte de geração de empregos e renda e de  aumento da arrecadação de impostos, em suma “fonte de movimentação da economia local”.

O que é negativo é fazer jsso sem descer  ao chão de nosso cotidiano e em articulação com outras ações de formação cultural na base, incluindo escolas públicas, visando  formar  a cadeia produtiva de uma economia sustentável da cultura do forró, e de forma democrática e inclusiva, assim como  institucionalizar a politica cultural,  a fim de  que a politica de valorização da cultura do forró se torne politica de estado , para além de politica de governo, visando  continuidade nas próximas gestões....

Como fazer isso?

1)      Entre outras sugestões apontamos a necessidade de reconhecimento da importância do sistema estadual de cultura,  em especial com a reformulação do modelo de funcionamento do conselho  de cultura, nos marcos do decreto LEI Nº 14.835, que institui  o marco regulatório do Sistema Nacional de Cultura (SNC), para garantia dos direitos culturais, organizado em regime de colaboração entre os entes federativos para gestão conjunta das políticas públicas de cultura.  

2)      Reformulação da Lei   Nº 4.490, de 21 de dezembro de  2001 que trata do Fundo Estadual de Desenvolvimento Cultural e Artístico - FUNCART,,  principalmente no que concerne a destinação de dinheiro direto do orçamento estadual para o fragilizado FUNCART, em razão das atuais fontes esquálidas de receita.

3)      Chamada pública para complementação do coração do Plano Estadual de Cultura, os planos setoriais de linguagens e áreas transversais da cultura.

Para quem quiser aprofundar um pouco mais sobre o propósito de tornar de fato e de direito, Sergipe, pais do forró,  recomendamos leitura do artigo escrito em 2024, da  autoria do jornalista e professor Thiago Paulino,  doutor em sociologia pela UFS com estudos e pesquisas em cultura do forró. AQUI 

 


Aracaju: Da Zabumba às Redes Sociais, a Política do Espetáculo

*Emanuel Rocha

Aracaju, tem sido palco de uma intigrante (e por vezes polêmica) transformação na forma como seus “líderes” municipais se conectam com a população. De um prefeito que marcou época ao aparecer publicamente tocando zabumba, a uma prefeita blogueira que prioriza as redes sociais

A cidade parece viver uma era em que a imagem e a visibilidade muitas vezes se sobrepõem à gestão pública em si.

O ex-prefeito, conhecido por seu jeito extrovertido e por usar a zabumba como um símbolo de sua aproximação com o povo, deixou um legado de popularidade, mas também questionamentos sobre o equilíbrio entre espetáculo e administração. Sua figura folclórica conquistou corações, mas muitos se perguntavam se o som da zabumba ecoava em obras e ações concretas para a cidade, principalmente no que se refere a proteção do meio ambiente.

Agora, sob a gestão da prefeita blogueira, Aracaju parece ter migrado do palco da zabumba para o feed do Instagram. Com posts nem sempre bem elaborados, stories diários e uma presença digital constante, a nova gestora prioriza a comunicação direta com os cidadãos por meio das redes sociais. No entanto, essa estratégia também levanta debates: até que ponto a prioridade dada às redes reflete em melhorias reais para a cidade?

É inegável que as redes sociais são uma ferramenta poderosa para a transparência e o diálogo com a população. Porém, o risco de transformar a gestão pública em um grande BBB político é real. Enquanto selfies e postagens ganham likes, os cidadãos esperam respostas para problemas cotidianos, como mobilidade urbana, saúde, meio ambiente, educação e segurança.

Aracaju merece mais do que espetáculo, seja ele musical ou digital. A cidade precisa de gestores que equilibrem a comunicação moderna com ações eficientes e transformadoras. Que a zabumba e os posts não sejam apenas um show, mas um meio para amplificar as vozes da população e os resultados concretos de uma administração comprometida com o progresso (e não com a Progresso).

Afinal, política não é sobre aparecer, mas sobre fazer. E Aracaju, com sua rica cultura e potencial, merece líderes que priorizem a cidade real, não apenas a virtual.

*Emanuel Rocha, é reporter fotografico, historiador, e poeta popular