O meme acima é recorrente no carnaval, gosto dele e nos últimos anos, tenho-o trazido por ocasião da época do carnaval, sem antes não deixar de lembrar que é necessário considerarmos o contexto de época em que as palavras acima foram ditas.
Decerto
que eram tempos mais delicados do que estes, ou tempo em que
poderiámos encontrar mais pessoas e gestos delicados do que na
atualidade, mesmo que situações de sofrimento e dor também pudessem ser
encontradas fora ou dentro dos espaços de carnaval.
Como
acredito mais na segunda alternativa, a de que mesmo com a poderosa
mercantilização e as tentativas do eterno regresso à um tipo de
sociedade mais "falso moralista", repressora, anti-democrática e
injusta, de muitos contrários ao carnaval, é possivel encontrarmos e
fortalecermos locais e formas de brincar o carnaval, da forma mais próxima ao espirito preconizado por Dom Hélder.
A
este propósito, sabemos de programas socioculturais, de convivência e
fortalecimento de vinculos, além de escolas, familias, comunidades
tradicionais ou alternativas que buscam fazer algo neste sentido.
Que
cresça sempre mais este movimento em prol de um carnaval menos
comercial e mais comunitário, mas que cresça com atenção apurada aos
aspectos artisticos e culturais mais genuínos e criativos.
Que tal como em um espetáculo, filme ou exposição de época, possamos nos sentir ao adentrar a estes espaços de carnaval redivivo como nos
tempos de Dom Hélder? Que bom podermos entrar como em uma espécie de
tunel do tempo e por algumas horas, termos a sensação de voltarmos a
uma espécie de paraiso perdido.
Para
isso, não podemos esquecer de profissionais como historiadores ou
artistas de teatro, artistas plásticos e etc., que poderão colaborar
bastante neste sentido, criar o clima, o ambiente, as sensações, e, na
falta deles, com sensibilidade, pesquisa e compromisso estético pode-se
conseguir um bom resultado.
Por
outro lado, em nossos tempos atuais, podemos participar com o mesmo
espirito de Dom Hélder. Como podemos constatar no relato crônica do
pastor Mozart Noronha.
Zezito de Oliveira - Educador e Produtor Cultural
E já que falamos em tempos da/de delicadeza..
Zezito de Oliveira - Educador e Produtor Cultural
E já que falamos em tempos da/de delicadeza..
ANTES QUE CHEGUE A QUARTA-FEIRA
Pastor Mozart Noronha
07 de Fevereiro de 2016
07 de Fevereiro de 2016
Fomos, o Pastor Jose Kowalska
Prelicz, Leonir Knaul Kowalska, Ana Sophia Knaul Kowalska, a Diácona Vilma
Petsch e eu, um Pastor Emérito, todos pertencentes, com certo orgulho, à Santa,
Católica e Apostólica Igreja Evangélica de Confissão Luterana.
Todos nós tínhamos estado no
culto matutino e participado da Santa Comunhão, antecipada da Confissão
Comunitária, através da qual fomos absolvidos dos nossos pecados que na verdade
nem eram tantos.Eu,por exemplo,tinha passado a noite dormindo e entendo que
enquanto dormimos não cometemos pecados pois "...aos seu amados o Senhor
dá enquanto dormem".(Sl.127,2)
Convictos do perdão antecipado fomos
ver um pouco do famoso carnaval de rua em Ipanema. Vimos gente de todas as
cores, de todos os sexos com uma incrível variedade de fantasias. Alguns jóvens
me abordaram admirados e procuravam tocar nas minhas barbas pensando que eu
estava fantasiado de Papai Noel. Logo descobrimos que a multidão não nos
permitia caminhar pelas ruas e resolvemos voltar para casa de Deus onde Ele
permite que moremos. Entretanto estávamos todos fascinados com as pessoas que
passavam pela Rua Barão da Torre, número noventa e oito, onde está encravada a
Paróquia Bom Samaritano.
Fizemos uma rápida assembléia e
tomamos, por unanimidade, a decisão de colocarmos cadeiras na porta do templo
que fica protegido por um grande portão. A ideia que partiu do Pastor José Kowalska
e da Diácona Vilma foi de transformarmos a tarde de hoje em uma oportunidade
para evangelização dos carnavalescos.
O pastor abriu a porta principal
de igreja. Leonir, fiel à tradição sulista, trouxe chimarrão e têrêrê(não sei
como se escreve), Vilma contribuiu com várias cervejas,Ana Sophia sentada emsua cadeira de praia distribuindo
simpatia. Tudo estava preparado.Agora deveríamos esperar os
evangelisáveis. Foi um sucesso! Logo um rapaz parou em frente do templo e leu a
inscrição: Paróquia Bom Samaritano (IECLB). Do lado de fora sorriu e disse:
Sou um padre da Igreja Católica na Paraiba. Abri o portão e ele entrou. Logo lhe foi oferecida a cuia de chimarrão. Ele tomou um gole e não gostou. Eu como um pernambucano agauchado disse-lhe que ele tinha que beber até o fim. Ele fez a gentileza e bebeu tudo. Só que jurou por todos os santos jamais passar perto de um ritual chimarrônico. Chegou a vezde se agir de forma diaconal. Três ou quatro mocinhas pararam em frente do portão principal, uma olhou para nós com cara de desespero e pediu para entrar e fazer xixi. Eu abri o portão e lhe disse: Menina, "aqui você tem lugar", inclusive para fazer xixi!
Sou um padre da Igreja Católica na Paraiba. Abri o portão e ele entrou. Logo lhe foi oferecida a cuia de chimarrão. Ele tomou um gole e não gostou. Eu como um pernambucano agauchado disse-lhe que ele tinha que beber até o fim. Ele fez a gentileza e bebeu tudo. Só que jurou por todos os santos jamais passar perto de um ritual chimarrônico. Chegou a vezde se agir de forma diaconal. Três ou quatro mocinhas pararam em frente do portão principal, uma olhou para nós com cara de desespero e pediu para entrar e fazer xixi. Eu abri o portão e lhe disse: Menina, "aqui você tem lugar", inclusive para fazer xixi!
Ana Sophia a conduziu ao toalete.
Ela agradeceu o nosso gesto de termos aplicado a pastoral do apóstolo Tiago de
que a fé sem obras é morta e ganhou folhetos evangelísticos da Comunhão Martim Lutero. Uma moça que já tinha bebido
umas dez cervejas não teve tempo de pedir para ir ao banheiro, fez xixi na
frente do portão. Os dois pastores fecharam os olhos. Não recorreram à
conhecida "lei do xixi". Aproveitamos aqueles momentos para resolver
todos os problemas da nossa querida e amada Igreja Luterana(IECLB).
Amanhã estaremos no mesmo lugar e no mesmo horário. Fiquei pensando se no próximo ano não seria interessante que a paróquia organizasse um Bloco de Carnaval com o lema Salvos Por Graça e Fé. A Diácona Vilma seria a Porta Bandeira e o Pastor José o Mestre Sala.
Amanhã estaremos no mesmo lugar e no mesmo horário. Fiquei pensando se no próximo ano não seria interessante que a paróquia organizasse um Bloco de Carnaval com o lema Salvos Por Graça e Fé. A Diácona Vilma seria a Porta Bandeira e o Pastor José o Mestre Sala.
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Quando adolescente morei no Rio
de Janeiro e lembro de ter visto/ouvido o pastor Mozart, em um ato ecumênico em
favor dos padres franceses presos no Araguaia e ameaçado de expulsão do Brasil por defender posseiros oprimidos pelo latifundio na amazônia. Foi no
Instituto Bennet em Botafogo. Me recordo de um ato na cinelândia e que contou
com a presença dele, não lembro o motivo. Muito bom poder compartilhar dos seus
pensamentos e práticas por aqui.
Zezito de Oliveira
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