informações sobre ações culturais de base comunitária, cultura periférica, contracultura, educação pública, educação popular, comunicação alternativa, teologia da libertação, memória histórica e economia solidária, assim como noticias e estudos referentes a análise de politica e gestão cultural, conjuntura, indústria cultural, direitos humanos, ecologia integral e etc., visando ao aumento de atividades que produzam geração de riqueza simbólica, afetiva e material = felicidade"
Ao final o campo de batalha não começa e nem termina no território fisico onde tombaram os 126 corpos, incluindo os corpos dos policiais, daqueles que não eram criminosos e dos piabinhas do comércio ilegal do tráfico, mesmo que ostentassem figurinos de combatentes e aparato bélico poderoso.
Na verdade, antes e depois da operação de guerra, por muitos chamada de operação policial, o campo de batalha são as nossas mentes e nossos corações e a luta por isso é árdua, longa e renhida.
É luta no campo cultural, aqui compreendendo como arte, educação, comunicação e religião. E não acontece somente nos grandes espaços , como nos pequenos, não é uma luta para vencer campanha eleitoral apenas, é luta de todo dia.. E exige dos lutadores que defendem o humanismo radical sabedoria sempre em escala ascendente... Ou avançamos, ou triunfo da barbárie capitalista neoliberal e neofascista.. E se brincar, nem humanidade sobrará..
Por isso, é tempo de falar do Vocacional (SP), dos CIEPs (RJ), do Proac (PE), dos CEUs (SP), dos Pontos de Cultura (BR). É tempo de falar de como Bogotá e Medellin na Colômbia conseguiram tornar uma potente politica cultural de base comunitária aliada da segurança pública..
É tempo de falar do programa "Escolas de Vizinhos", ou "Escolas de Encontros", também conhecido como "Schollas Ocurrentes" criado em Buenos Aires pelo cardeal Bergholio que transformou-o em programa pontifício quando se tornou Francisco.
Uma boa pauta para veículos de comunicação do campo progressista, inclusive das igrejas, dos parlamentares progressistas discutir e propor nos parlamentos e principalmente para prefeitos e governadores progressistas. Contem sempre com o blog da Cultura e com a Ação Cultural para colocar os exemplos citados acima em evidência. Este momento de tanta dor e sofrimento oferece condições favoráveis nesse sentido.
Zezito de Oliveira educador, agente cultural e editor do blog da cultura
Uma “operação” que não ocorreu num momento qualquer: por um lado, um grupo político que só consegue mobilizar a partir do caos e do medo – e vinha perdendo espaço e narrativa – reconquista seus instrumentos clássicos de manipulação. Por outro lado, o governo dos Estados Unidos, em nome de uma suposta “guerra às drogas”, manda embarcações de guerra para a costa América do Sul – atitude saudada e celebrada por ícones da extrema direita brasileira entreguista.
Quando a população das comunidades precisa empilhar em praça pública seus mortos, para que todos sejam contabilizados – ato que simplesmente dobrou o número de mortos de cerca de 60 para mais de 120, é porque o Estado faliu e falhou em sua missão de garantir segurança a todos e todas. O que o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), insiste em chamar de “operação bem-sucedida” é, na realidade, a maior chacina da história do Rio de Janeiro.
Esta não é apenas uma nota de repúdio. É uma nota de lamento profundo. Há 40 anos, antes mesmo da promulgação da Constituição de 1988, o Rio de Janeiro construía os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Uma rede de escolas em todos os cantos do estado, com ênfase na periferia e nos morros, que garantia às crianças (em turmas com número adequado de alunos) educação integral, alimentação, assistência médica e odontológica – e, principalmente, profissionais valorizados.
O projeto dos CIEPs foi criticado, desmontado e destruído, sob o argumento de ser muito dispendioso. Mas, seu idealizador, Darcy Ribeiro, dizia que cara, mesmo, era a ignorância.
Quarenta anos depois, a presença do Estado nas periferias apenas em “operações” policiais que custam centenas de vidas nos apresenta o alto preço da ignorância denunciado há algumas décadas por Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.
Mais que repudiar a ação da última terça-feira, o Sinpro lamenta profundamente a falência da educação no estado do Rio de Janeiro, que foi substituída por um forte aparelho de opressão extremamente violento – a mesma lógica que permeia a ideia da militarização das escolas tão defendida pelo governo Ibaneis Rocha no DF, e por outros representantes da extrema direita Brasil afora.
Dado revelado na sondagem mostra que situação nas comunidades mais pobres do país, onde o crime organizado impera, é insuportável para os habitantes, que exigem mudanças
P.S.: - Mesmo antes de terminar o artigo acima pensei em fazer um Pós Escrito destacando também a necessidade de mais investimento em inteligência policial e financeira como fez o governo federal de forma exemplar na operação carbono oculto, na necessidade da adesão de todos os governadores a PEC de Segurança que fortalece o Sistema Único da Segurança Pública, uma politica de segurança pública desenhando pelo Ministério da Justiça sob a batuta do ministro Lewandoski, assim como o uso da força policial quando necessário, ou seja, uma compreensão de segurança pública como um questão sistêmica e intersetorial.
Todavia o avançado da hora e o cansaço não nos deixou fazer isso, e até foi melhor assim porque agora pela manhã me deparo com o editorial do Canal Fórum através do jornalista Renato Rovai que foi muito feliz em sua fala, e que pode ser conferida abaixo.
Só discordo de Renato Rovai quando ele não evidencia a importância da discussão do que ele chama de discurso sociológico junto e misturado com a necessidade da inteligência , da articulação politica e social e uso da força policial, no caso dessa última, sempre precedida das duas premissas que levantamos aqui..
Do contrário, é como afirma a jovem estudante abaixo, operação lambança:
LUGAR DE CRIMINOSO É NA CADEIA. A clareza de @simonetebetbr sobre a posição do governo Lula: não queremos chacina, nem sangue nas ruas. Queremos cooperação, inteligência, investigação. A paz não nasce do gatilho, mas da razão e coragem de enfrentar o crime pela raiz: o dinheiro.
TIO REI CORRIGE JORNALISTA AO VIVO E DETONA GOVERNADOR DO RIO, CLAUDIO CASTRO | PLANTÃO NA BAND
Este vídeo https://www.youtube.com/live/zdc-o0-8vOY é da pesquisadora e professora Jacqueline Muniz, na área de seg. pública, no Tutaméia que participou da escrita dos planos de segurança dos governos Lulistas e que faz críticas ao próprio.
Ela apresenta um conjunto de aspectos que eu não conhecia e fala sim de suas propostas e análises. Fala aceleradíssima, vale ouvir e desdobrar.
No entanto, há críticas fortes a algumas análises que ela faz, de pessoas que tratam do tema.
De qualquer forma, penso que um desafio nosso é levantar e apresentar de forma o mais didático possível quais são os vários elementos que constitui esta trama.
São 2h33m de "entrevista" (ela é uma metralhadora).
Fala da grande gang, que é o que o Estado está fazendo, contra todas as táticas, estratégias, técnicas e o escambau da área de seg.públ.
Ela faz um raio-x da inconsistência dos debates e declarações. Aponta o quanto, direita, esquerda e população estamos imersos na ignorância do que significa segurança pública. Caímos na armadilha do debate espetáculo. Vale muito assisti-la e anotar.
O casal, figuras, Tutaméia conseguem perguntar pouco. Mas ela tem muito a apresentar. E apresenta, desenha, esmiuça...
Vale assistir e desdobrar.
UFF se manifesta após Jacqueline Muniz ser ameaçada por criticar massacre no RJ
Universidade Federal Fluminense divulgou uma nota pública sobre o caso envolvendo a docente do Departamento de Segurança Pública da instituição
Você se apropriou Da nossa identidade Você nos expulsou Do centro da cidade Você não publicou aquela entrevista Você não revelou que sou protagonista
[x2] Só porque você tem poder Acha que vai nos convencer Estamos prontos pra valer A nossa força é o saber
[x2] Tem hip-hop na comunidade Tem grafiteiro com dignidade O teatro é realidade Também tem literatura Dançadeira a sua vaidade Capoeira toda liberdade A bandeira da sinceridade Salve o ponto de cultura
[x2] Só porque você tem poder Acha que vai nos convencer Estamos prontos pra valer A nossa força é o saber
[x2] Tem hip-hop na comunidade Tem grafiteiro com dignidade O teatro é realidade Também tem literatura Dançadeira a sua vaidade Capoeira toda liberdade A bandeira da sinceridade Salve o ponto de cultura
[x4] Só porque você tem poder Acha que vai nos convencer Estamos prontos pra valer A nossa força é o saber
“Há vidros que separam o mundo, e há asas que não sabem disso.”
(verso anônimo recolhido na mata que avisto de meu quintal)
Com o bico, ela batia no vidro. Bicava e bicava, como quem tenta furar o tempo ou a muralha de silêncio. No início era um som distante, quase um eco, um tambor minúsculo ressoando entre os livros. Depois, a batida foi crescendo, ganhando corpo, como se o próprio coração da mata pedisse passagem. De onde viria? O som parecia brotar da janela de vidro atrás da estante, onde se viam as folhas da amoreira balançando com o vento. De dentro da biblioteca, onde me recolho entre sossegos e palavras, só se ouvia aquela batida ritmada, teimosa, urgente.
Até que...
Silvana avista a passarinha no chão. A passarinha golpeava o vidro com o bico, firme, determinada, como se buscasse arrebentar a parede invisível que separa o dentro e o fora. A ave estava no chão do quintal de nossa casa. O olhar dela, que não se via, mas se sentia, era de quem queria entrar. O que haveria em minha biblioteca que tanto a chamava? O reflexo do céu, talvez. Ou um corpo imóvel do outro lado.
Até que...
Silvana vê o reflexo: um passarinho, estático, refletido no vidro. Ou estaria dentro dele? Parecia morto. Talvez sonhando. Imóvel. Entre o reflexo e a sombra, não sabíamos se era espelho ou passagem. Ilusão ou lamento. A imagem era o resumo de uma transparência cega.
Até que...
Descobrimos o corpo do pássaro pequenino encolhido entre a estante e o vidro. Era real. Como chegara ali? Talvez tivesse entrado por uma fresta, atraído pela luz, pela promessa de liberdade e voado em direção à amoreira. No voo rasante e sem amarras encontrara a parede invisível batendo o corpo com força até cair entre os livros e a parede de vidro. E ficou ali, um dia, dois. Estático em um fosso onde as asas não conseguem se abrir e o saber não consola.
Até que...
A mãe, a pássara maior, veio em socorro. Com o bico, ela batia.
Batida após batida, sem pausa, sem descanso. Era dor transformada em ritmo, amor transformado em fúria. Queria romper o invisível, libertar o filho, restaurar o voo. Batia contra o vidro como quem enfrenta o impossível. Ou a injustiça.
Arrastamos a estante. Antes retirando meus livros de história, sociologia, filosofia, memórias de um mundo que insiste em se repetir. Livros ganhados também, de gente cuja vida não se detém. Livros sobre a natureza, um deles sobre aves, as águas, os ventos e as infâncias, brincadeiras. Livros a falarem da vida, que, naquele instante, se calavam diante da morte. Movemos a estante.
Até que...
Com cuidado. Com respeito. Retiramos o pequeno corpo e o depositamos sob a amoreira, no quintal de nossa casa, onde o vento é mais leve e o chão é mais macio. Ali jaz o passarinho, envolto pelo canto da mãe que ainda o procura. O corpo do passarinho ficará em nosso quintal até que sua mãe complete o luto.
Isso aconteceu um dia após a chacina que ensurdeceu o país. Enquanto lá, corpos jaziam sem rito ou consolo, aqui, uma mãe alada batia contra o vidro. E nós, vivendo no interior, atônitos, tentávamos entender o reflexo invisível do amor.
Escrevo essa crônica sob o impacto do fato. Da mãe-passarinha e das mães da favela. Inspirado por Silvana, que não disse nada além do que fez. Ela foi atitude. De quem observa e de quem age. A partir dos fatos procurei dialogar entre o simbólico e o real, O vidro, fronteira entre mundos, adquiriu densidade moral e metafísica como transparência opaca que separa o saber, da vida, a palavra, da ação, o humano, do seu reflexo.
O gesto instintivo da mãe-pássara a bicar o vidro espelha o luto coletivo diante da barbárie quando a dor busca fissurar o que o poder e o saber cegam e blindam.
Escrever essa crônica foi meu modo de fusão com a ternura insurgente, que não se insurge, todavia. Fábula trágica contemporânea onde o pequeno se torna universal e o íntimo se abre em denúncia silenciosa. Como a força-ternura da mãe-pássara, que mesmo ferida, continua a bicar o vidro.
(*) É historiador, escritor, doutor em Humanidades pela Universidade de São Paulo, mestre e licenciado em História pela Unicamp. Autor de diversos livros e mais de uma centena de ensaios publicados no Brasil e no exterior, entre os quais: Na Trilha de Macunaíma (2005), Ponto de Cultura – o Brasil de baixo para cima (2009), Por todos os caminhos – Pontos de Cultura na América Latina (2020), Sementeira (2025). Caminha por aí semeando as ideias da Cultura Viva e do Bem Viver.
Tema Principal: A
discussão central gira em torno da implementação, organização e desafios da
política "Cultura Viva" no Brasil, com foco nas "Teias
Estaduais" e no "Fórum Nacional" dos Pontos de Cultura, além de
questões relacionadas a financiamento, certificação e governança.
Pontos-Chave e Ideias Apresentadas:
Contexto
Geral da Política Cultura Viva:
A
realização das "Teias" (eventos preparatórios para o Fórum
Nacional) é competência do Governo Federal, enquanto o "Fórum
Nacional" é de responsabilidade da Comissão Nacional de Pontos de
Cultura (CNPDC).
Houve
uma longa demora para a aprovação do regimento do Fórum Nacional.
Os
estados de Goiás e Amapá já realizaram suas teias estaduais.
O
Ministério da Cultura atualmente não possui orçamento próprio para
eventos e fomento direto, dependendo de recursos federais
descentralizados, como os da Lei Aldir Blanc.
Desafios
de Financiamento e Organização das Teias:
O
Ministério da Cultura (MinC) tem recursos apenas para receber e manter as
delegações na teia nacional (alimentação, hospedagem, infraestrutura
técnica).
Os
estados são responsáveis por destinar uma porcentagem da Lei Aldir Blanc (até 10%
para Cultura Viva) para realizar as teias estaduais e custear o envio de
suas delegações para a teia nacional.
A
maioria dos recursos da Lei Aldir Blanc ainda não foi repassada aos estados,
causando atrasos.
O
prazo para a realização das teias estaduais foi prorrogado para 1º de
março de 2025 (inicialmente era 15 de dezembro). Isso pode levar a um
adiamento da teia nacional.
As
teias municipais podem ocorrer, mas com caráter de mobilização e
preparação para os fóruns estaduais, sem ter delegações próprias para o
nível nacional (a representação é por estado).
Certificação
de Pontos de Cultura e Participação em Teias/Fóruns:
Um
ponto de cultura pode ser considerado certificado se for aprovado em
editais estaduais/municipais (com publicação em Diário Oficial e
atendendo aos critérios do edital), mesmo que ainda não apareça no mapa
oficial da Rede Cultura Viva do Ministério.
A
plataforma digital da Cultura Viva apresenta inconsistências e não está
100% funcional.
Para
participar dos fóruns estaduais, a comprovação de ser um ponto de cultura
pode ser feita pelo certificado do mapa da rede ou pela publicação
oficial do resultado de edital.
Tipos
de Pontos de Cultura e Modalidades de Fomento:
A Lei
Cultura Viva reconhece "pontos de cultura" (instituições sem
fins econômicos) e "coletivos". "Pontões" são pontos
de cultura que atuam em rede.
A
distinção entre eles impacta o tipo de fomento que podem pleitear:
TCC
(Termo de Compromisso Cultural):
Valores maiores, exigem que a instituição tenha CNPJ, inviabilizando
coletivos.
Prêmios
para Coletivos: Valores menores, sem a
complexidade de prestação de contas de um TCC.
Pontões:
Editais específicos para atuação em rede, com valores mais elevados.
Crítica
à "Prestação de Contas Simplificada": É
considerada uma "fantasia" ou "latada" que induz ao
erro, pois, em caso de denúncia ou dúvida, a instituição precisará
apresentar prestação de contas completa, seguindo as normativas legais
(Leis 3018 e 3019 para convênios com o Poder Público).
Estrutura
e Governança da Comissão Nacional de Pontos de Cultura (CNPDC):
Os
GTs Estaduais (rede estadual de pontos de cultura) são autônomos e
escolhem seus próprios representantes para a Comissão Nacional.
Os
GTs Temáticos Nacionais são criados e definidos no Fórum Nacional. Para
propor um novo GT Temático, são necessárias propostas de pelo menos três
fóruns estaduais diferentes.
A
atual estrutura da Comissão Nacional, incluindo suas subcomissões, será
avaliada e pode ser alterada no próximo Fórum Nacional, com a
possibilidade de a comissão se transformar em uma instituição mais
formal.
Representantes
de GTs Estaduais são delegados natos ao Fórum Nacional, mas
representantes de GTs Temáticos não são.
Delegação
para o Fórum Nacional e Cotas:
Cada
estado pode eleger até 30 delegados (se tiver no mínimo 30 pontos de
cultura certificados ou comprovados no fórum estadual).
Existem
cotas obrigatórias para a composição da delegação (ex: 44% de mulheres, e
outras categorias como LGBTQIAPN+, pessoas negras, idosos, jovens). A
pessoa se autodeclara nas categorias aplicáveis.
Desafios
e Perspectivas Futuras:
Burocracia
e Editais: Crítica à política de
editais como elitista e excludente, que seleciona e cria concorrência
entre os próprios agentes culturais. Argumenta-se que os editais servem
para o governo "subcontratar" serviços que deveria fazer e
justificar investimentos, impondo exigências excessivas e desvirtuando o
propósito original.
Necessidade
de Reconhecimento e Fomento Direto:
Defende-se a criação de leis de reconhecimento para categorias culturais
(mestres, quilombos) e fomento direto a elas, em vez de cotas em editais
genéricos.
Organização
da Sociedade Civil: A importância da
articulação, formação e superação de individualismos para fortalecer a
luta por políticas culturais mais eficazes e representativas.
Ação
Local: Apelo para a organização
de uma "Teia Aracaju" (mesmo que não oficial para seleção de
delegados) como espaço formativo, de articulação e visibilidade,
aproveitando o prazo estendido.
Mapeamento
Civil: O interlocutor da CNPDC
menciona a criação de um cadastro civil de pontos, instituições e
movimentos culturais na Amazônia para fortalecer a rede e as lutas
regionais e nacionais.
Com base na transcrição, a organização e representação dos pontos de cultura nos fóruns estaduais e nacionais, e o papel das comissões estaduais, funcionam da seguinte forma:
Organização e Representação nos Fóruns:
Fórum Estadual: É de competência dos Pontos de Cultura estaduais, com cada Ponto de Cultura certificado no estado tendo direito a um representante.
Teia Estadual: É de competência do Governo Estadual (via recursos da Lei Aldir Blanc) para realizar a estrutura do evento e garantir a ida das delegações estaduais para a Teia Nacional. ([00:16:00])
Delegação ao Fórum Nacional: Cada estado pode escolher 30 delegados entre os pontos de certificados culturais ou aqueles que foram considerados pontos através de editais recentes (com comprovação oficial). Há cotas para esses delegados (ex: 44% mulheres). ([00:23:02], [01:38:12])
Critérios de Participação: Apenas pontos de certificados de cultura (via Mapa da Cultura Viva) ou aqueles que comprovem sua classificação como ponto no edital estadual/municipal publicado no Diário Oficial podem participar como delegados. ([00:23:02], [00:37:34])
Delegados Natos: O representante do GT estadual é um delegado nato da Comissão Nacional e não precisa ser eleito. ([01:38:46])
GTs Temáticos Nacionais: Não são delegados natos e não têm cotas específicas para os externos estaduais. Serão propostas e definidas no Fórum Nacional, exigindo propostas de pelo menos três fóruns estaduais para sua criação. ([01:38:59], [01:39:25], [00:57:16])
Papel das Comissões Estaduais:
Tem a função de monitorar (“vigiar”) e apresentar propostas de alterações e de aplicação de recursos para a Cultura Viva. ([00:33:09])
Devem atuar nas "escutatórias" (sessões de escuta) da Lei Aldir Blanc para influenciar os modelos de editais e sugestões de aplicação de recursos, garantindo que as necessidades locais sejam concedidas. ([00:34:32], [00:34:57])
Escolhem convidados para a Teia Estadual. ([00:02:01])
Com base na transcrição, os pontos de cultura enfrentam vários desafios na representação política dentro dos fóruns estaduais e nacionais:
Burocracia e Contratação/Fomento: A "prestação de contas simplificada" é vista como um engano, e as ONGs (pontos de cultura) acabam tendo as mesmas obrigações de uma Secretaria de Estado, tornando o processo de captação e gestão de recursos extremamente complexo e sujeito a erros. ([01:14:20], [01:16:41])
"Política de Editais": Os editais são criticados por serem "elitistas", "para excluir" e não para incluir. Muitas vezes, eles não chegam à base dos movimentos culturais, gerando competição entre os próprios pontos de cultura por recursos limitados (“nós contra nós mesmos”). ([01:11:50], [01:28:43], [01:42:30], [01:49:32])
Falta de reconhecimento e fomento direto: Há uma demanda por reconhecimento direto de categorias culturais (mestres, quilombos, terreiros) e fomento específico para elas, em vez de editais genéricos com cotas. As cotas são vistas como uma "fogueira das vaidades" que dá a impressão de atendimento sem resolver as necessidades reais. ([01:43:41], [01:46:41], [01:48:56])
Pouca representação legislativa: A cultura possui poucos representantes no Congresso, o que dificulta a criação de leis que realmente beneficiam e regulamentam as categorias culturais, ao invés de apenas criar o sistema do governo. ([01:33:18], [01:51:46])
Desorganização e Individualismo: A falta de uma "cultura de redes" e o individualismo entre os grupos de cultura enfraquecem a capacidade de articulação e a força política coletiva. ([01:52:57])
Problemas com plataformas de certificação: Inconsistências na plataforma "Cultura Viva" geram indeferimentos injustificados e burocracia adicional para os pontos de cultura que buscam a certificação. ([01:04:02])
Ocupação por "picaretas": O sistema de editais permite que oportunistas ("picaretas") driblem as regras, ocupando espaços e recursos que devem ser destinados a agentes culturais genuínos. ([01:34:20], [01:36:10])
Quais são os critérios específicos para que um ponto de cultura seja certificado e possa participar dos fóruns?
Certificação no Mapa da Rede do Ministério: O ponto de cultura deve estar oficialmente certificado no mapa da rede do Ministério da Cultura. ([00:23:02], [00:40:26])
Classificação em Edital Recente: Caso não fique no mapa, o ponto de cultura pode comprovar sua certificação se tiver sido classificado como "ponto de cultura" em um edital estadual ou municipal recente (mesmo que não tenha recebido um prêmio, mas atingiu a pontuação mínima útil). A comprovação deve ser feita com a publicação do resultado no Diário Oficial. ([00:23:02], [00:24:30], [00:37:34], [00:59:48])
Apenas os pontos que cumprem um desses dois requisitos (estar no mapa ou ter a comprovação por edital) podem ter um representante para participar do fórum estadual e serem eleitos delegados para o Fórum Nacional. ([00:23:02], [00:40:10])
Em suma, a conversa destaca um período de
reorganização da política Cultura Viva no Brasil, enfrentando sérios desafios
orçamentários, burocracia e a necessidade urgente de uma maior organização e
articulação da sociedade civil para advogar por leis de reconhecimento e
fomento mais justas e diretas, em contraste com a atual dependência de editais
que são vistos como excludentes e inadequados.
Abaixo, farei alguns apontamentos sobre a reunião de ontem, 29 de Outubro, com o mestre Wertenberg , integrante da subcomissão de legislação da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, e é importante o mesmo ser feito pelos treze participantes que pode disponibilizar um pouco do seu tempo.
A reunião visou tratar de aspectos organizativos da Teia e dos Fóruns estaduais e nacional dos Ponto de Cultura, sob a luz do regimento interno aprovado pela Comissão Nacional dos Pontos de Cultura e validado pela Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.
1-Foi uma reunião bastante produtiva sob o ponto de vista de informação e de reflexão ao mesmo tempo. Um indicador importante foi não ter ficado cansativo, mesmo quando estávamos perto de chegar ao teto de tempo máximo previsto que foi de 90 minutos.
2- Em termos de participação, o número poderia ser por baixo, bem por baixo, vinte participantes em um grupo constituído de cento e treze pessoas, embora o número ideal mínimo seria de quarenta. O que isso nos diz acerca do interesse real em construir uma rede de Pontos de Cultura qualificada, consequente, madura, responsável? O que busca quem pensa em ser delegado representando os agentes culturais de Sergipe que faz o Cultura Viva em nosso estado|? Como evitar a situação que ocorreu com a delegação da Teia 2014, em que o retorno de Natal, cidade sede da última Teia, significou pouca ou quase nenhuma mudança qualitativa na existência da Rede Sergipe de Pontos de Cultura, a despeito das tentativas de uns poucos abnegados...
3-Evidente que ao colocar um número bem baixo de vinte e um mínimo ideal de quarenta, deixando de fora , setenta e três pessoas, estou considerando aqui quem estuda ou trabalha no horário, tem necessidade de cuidar de criança ou de idoso, está viajando, está em luto por motivo de falecimento de pessoa próxima. Mas será que setenta e três pessoas estiveram impedidas de participar da reunião pelos motivos elencados acima?
4-Daí voltamos a questão colocada no ítem 2. Para que participar deste grupo? Para que participar do Fórum e até brigar para sair delegado?
5-Com essa pergunta, deixo evidente um critério bastante importante para a escolha de nomes para a delegação, a participação nessa e em outras reuniões, sem falar na qualidade dessa participação, o que vai além de uma fala bem colocada na reunião, o que significa dizer, o que fazemos em nosso cotidiano a partir do que ouvimos e do que dizemos, ou em outras palavras, “a prática deve ser a principal medida para sermos avaliados e avaliar nossos pares”, ou parafraseando Cazuza “Nossas ideias precisam corresponder aos fatos”.
6-E em matéria de participação, reiteramos o que foi dito logo no início dessa conversa escrita, o bom resultado da reunião em termos de reflexão se deveu a qualidade das questões levantadas por quem se manifestou, e não foram poucos. Assim como pela experiência e conhecimentos de nosso convidado.
7-E por dever de justiça quero reiterar, como já escrevi e falei em outras ocasiões, a importância do encontro da Rede Sacix, realizado sob a coordenação do Pontão de Cultura Digital e Mídias Livres, que tem a participação da Ação Cultural no conselho gestor, realizado em maio deste ano na cidade de São Paulo , e do qual participei na companhia de uma agente jovem cultura viva, onde essa questão da Teia Nacional foi colocada e onde conheci o mestre Wertenberg, a companheira Sttela, nesse caso presencialmente, onde pude reencontrar os companheiros Eduardo Lima e Célio Turino, conhecer pessoalmente o jornalista Antônio Martins do portal Outras Palavras e diversos outros queridos e queridas de caminhada rumo a democracia cultural.
8-Tudo isso para dizer que valeu a pena o investimento público na minha participação no referido evento, quando ao chegar a Sergipe nos colocamos a disposição para reativar, junto com outros companheiros da antiga e da nova geração de agentes cultura viva, a Rede Sergipe de Pontos de Cultura.
9-Essa citação não tem aqui nenhuma pretensão de auto elogio ou promoção pessoal, é meramente para dizer como podemos dar retorno do investimento público que recebemos , seja como pessoas, seja como coletivos ou organizações culturais, desse modo é esperado de quem recebeu ou recebe mais apoio governamental para viagens nacionais e internacionais e mais recursos públicos para realizar iniciativas culturais de base comunitária, consequentemente um maior engajamento e comprometimento com essa construção da Rede Cultura Viva, o que , como afirma Lia de Itamaracá com relação a arte da ciranda "Não é minha só, é de todos nós". O que significa dizer , não apenas o direito de fala para expressar o que é necessário fazer, mas o dever de investir tempo e recursos materiais e financeiros nesses processos de formação, articulação e produção cultural.
10-E para encerrar, um chamado especial aos Pontões de Cultura que recebem uma quantidade maior de recursos para o trabalho em rede. O que foi muito bem explicado pelo mestre Wertenberg ontem a noite, quando precisou explicar a diferença de um Ponto de Cultura para um Pontão.
11-E se precisamos investir mais em formação e qualificação cultural e em rede, faz-se necessário que os editais de TCC Cultura Viva, em especial de Aracaju (FUNCAJU) e de Sergipe (FUNCAP/SECULT), priorizem a criação de mais Pontões temáticos.
12-Assim, deixo claro como disse no primeiro encontro dos Pontos de Cultura do edital da Funcap, o quando estes aspectos ligados a formação técnica-metodológica, a articulação politica-cidadã e o intercâmbio artístico-cultural me atraíram para nos somarmos a organização da Teia Estadual, em razão da nossa carência crônica em Sergipe Del Rey quanto aos três aspectos centrais citados, o que comprometeu e compromete o nosso desenvolvimento integral, que não tem como ser assim, se não tiver a cultura como vetor de desenvolvimento.
13-E como gosto bastante de música, quase me tornei DJ, contrariando o desejo do meu pai, maestro José de Deus, que me queria músico, sem conseguir me transferir seu talento nessa seara, encerro com a canção Beleza Pura do querido e genial Caetano Veloso, mas aqui com uma observação. Não me amarra dinheiro não, porém nem tanto e nem tão pouco. Logo, que tenhamos mais orçamento para a cultura, que possamos defender isso com as nossas melhores qualidades e virtudes.
Beleza Pura
Caetano Veloso
Não me amarra dinheiro não!
Mas formosura
Dinheiro não!
A pele escura
Dinheiro não!
A carne dura
Dinheiro não!
Moça preta do Curuzu
Beleza pura!
Federação
Beleza pura!
Boca do rio
Beleza pura!
Dinheiro não!
Quando essa preta
Começa a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda trama da trança
Transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar
Pra botar no cabelo
Toda minúcia, toda delícia
Não me amarra dinheiro não!
Mas elegância
Não me amarro a dinheiro não!
Mas à cultura
Dinheiro não!
A pele escura
Dinheiro não!
A carne dura
Dinheiro não!
Moço lindo do Badauê
Beleza pura!
Do Ilê-Aiê
Beleza pura!
Dinheiro hié!
Beleza pura!
Dinheiro não!
Dentro daquele turbante
Do filho de Gandhi
É o que há
Tudo é chique demais
Tudo é muito elegante
Manda botar!
Fina palha da costa
E que tudo se trance
Todos os búzios
Todos os ócios
Não me amarra dinheiro não!
Mas os mistérios
Não me amarra dinheiro não!
Beleza pura!
Dinheiro não!
Beleza pura!
Dinheiro não!
Beleza pura!
Dinheiro hié!
Beleza pura!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Zezito de Oliveira
P.S.:1 - Para quem tem pouca ou nenhuma informação a respeito
A principal diferença é que o Fórum de Pontos de Cultura é uma instância deliberativa e de diálogo, enquanto a Teia é um evento de celebração e articulação que reúne esses pontos para troca de experiências e fortalecimento da rede. O Fórum é mais voltado para a construção de diretrizes e recomendações políticas, enquanto a Teia é um encontro de maior abrangência territorial, temático e de mobilização.
Fórum de Pontos de Cultura
Função: Instância de diálogo permanente, principalmente com a gestão pública, para discutir e construir diretrizes políticas para a Cultura Viva.
Objetivo: Estabelecer parcerias, eleger representantes e definir recomendações para a política pública.
Natureza: É uma instância deliberativa, com reunião presencial pelo menos uma vez por ano.
Teia de Pontos de Cultura
Função: Um evento amplo que articula e celebra a rede de Pontos de Cultura.
Objetivo: Promover a troca de experiências, a visibilidade da produção cultural local e o fortalecimento da rede.
Natureza: Um grande evento, como a Teia Nacional, que pode ter um tema específico (como justiça climática) e reúne grupos de base e pontos de cultura de diversas regiões.
P.S.: 2 - O relatório com o conteúdo da reunião será publicado até amanhã, 01/11/2025
E para fechar, faço minhas as palavras do mano Caetano nesse canção/oração..
“E continuou Abraão ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? Deus disse: Não o farei por amor dos quarenta. Disse Abraão: Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar: Se porventura se acharem ali trinta? Deus disse: Não o farei se achar ali trinta. Abraão disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor: Se porventura se acharem ali vinte? Deus disse: Não a destruirei por amor dos vinte. Ousou Abraão: Ora, não se ire o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez? Deus disse: Não a destruirei por amor dos dez. (Gn 18, 29-32)
No Complexo da Penha e do Alemão, na Zona norte do Rio, na “cidade Maravilhosa” como um todo, nem todos os habitantes pertencem ao Comando Vermelho! Os cidadãos de bem, moram e trabalham onde as circunstâncias da vida lhes permitem. Por óbvio, que nem todos podem residir na Barra da Tijuca ou no Leblon! Contudo, o Rio a partir dos anos oitenta vem sucumbindo ao domínio de facções que se tornaram num denotado Estado paralelo, dominando com tirania as ruas e os bairros, legislando e executando as suas leis. Um sentimento de impotência generalizado oprime gente simples que labuta desde madrugada até altas horas da noite. Um Narcoestado que move milhões e emprega milhares, tornando-se um caminho “mais fácil” para adolescentes e jovens. Esse Crime organizado invadiu casas Legislativas, Gabinetes, Polícias e Associações Comerciais. Tal como um grande molusco, estendeu os seus braços em inúmeros setores da sociedade, lavando o seu dinheiro, onde antes era impensável!
Esse é o quadro das nossas grandes cidades. Periferias, onde o massacre silencioso e permanente corrói a vida de gente de bem, pretos e pobres e onde o Estado de Direito não chega. E quando chega, deixa um rastro indiscriminado de sangue. Foi o que vimos no Rio há alguns dias.
Tratou-se de uma operação desastrosa em todos os sentidos. Antes de mais, porque Crime Organizado não se combate com metralhadoras e drones, invadindo espaços, onde a maioria absoluta é apenas vítima dessa organização! Mulheres e crianças, Escolas, Mercados, ruas repletas de moradores. Balas que foram disparadas com ódio contra quem estava na frente! Direitos mais elementares surrupiados em invasão de casas e agressões físicas, tudo ao arrepio da lei. Mais de uma centena de mortos (entre os quais alguns policiais). Embora tenha sido a operação mais letal da história do Rio, ela não é inédita! Que me lembre, esse sempre foi o modus operandi de se agir contra o Crime! Muita arma, muita munição, muito espetáculo mórbido, pouca ou nenhuma eficácia na perseguição dos verdadeiros objetivos!
Mas o que assistimos revela também uma perversidade politiqueira. Castro não se afasta da improbidade de seus antecessores. Foram sete os governadores do Rio afastados pela Justiça! Moreira Franco, Sérgio Cabral, Luis Fernando Pezão, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Wilson Witzel, este último que acreditava piamente no espetáculo do combate ao crime e protagonizou cenas ridículas de nefasta memória. O item segurança está na pauta de qualquer campanha eleitoral. O povo acredita, junto com o papai noel e sassi-perêrê, que aumentar o número de policiais e armá-los bem, resolve a chaga da criminalidade. Governadores, responsáveis pela Segurança Pública oferecem aos eleitores o que eles desejam! Alguns Prefeitos, forçando a corda da legalidade, armam até aos dentes Guardas Municipais, com o mesmo objetivo. Todos os estudiosos do assunto concordam que sociedades violentas como a nossa, exigem presença efetiva do Estado com Educação, Saúde, Habitação, principalmente nas periferias e coibição de bairros improvisados. Outrossim, a polícia deve privilegiar setores de inteligência em detrimento de armas! Não é isso que temos observado no Rio de Janeiro.
O pobre povo trabalhador que mora nos bairros mais vulneráveis receberia melhor os professores, enfermeiros e médicos, do que os policiais armados! Com uma agravante: a imagem destes últimos profissionais que expõem a vida para defendê-los, acaba se deteriorando e isso é per si uma injustiça!
Pe, Manuel Joaquim R. dos Santos
Arquidiocese de Londrina
Lula ficou 'estarrecido' com número de mortos no Rio, diz Lewandowski.
Cláudio Castro comanda desastrosa caça ao CV, operação mais letal na história do RJ mata ao menos 64
A farsa do ‘narcoterrorismo’: como o Rio virou laboratório da guerra híbrida contra o Brasil
A operação sangrenta desta terça-feira no Rio de Janeiro não é apenas uma ação policial — é parte de uma operação psicológica planejada para fabricar instabilidade, importar a doutrina de segurança dos EUA e enfraquecer o governo Lula em plena disputa de soberania.
Sob o pretexto de combater o crime, o governo do Rio e seus aliados na extrema-direita reeditam a velha cartilha da Guerra Fria: transformar segurança pública em palco de guerra informacional. Ao ecoar o termo “narcoterrorismo”, autoridades fluminenses ajudam Washington a testar uma nova forma de intervenção — agora travestida de “cooperação antiterror”.
O NASCIMENTO DE UMA PSYOP: COMO O “NARCOTERRORISMO” FOI PLANTADO NO RIO DE JANEIRO
Psyop é a abreviação de Psychological Operations, que em português significa Operações Psicológicas. Essas operações utilizam métodos psicológicos para influenciar a opinião, as emoções e o comportamento de um público-alvo, como tropas inimigas, civis ou grupos específicos. O objetivo é induzir reações psicológicas planejadas para atingir objetivos específicos, podendo ser utilizadas tanto em tempos de guerra quanto de paz.
Objetivos: Influenciar valores, crenças e emoções, obter confissões, reforçar atitudes positivas ou deprimir o moral do inimigo.
Público-alvo: Não se limita a soldados, podendo incluir governos, organizações, grupos e indivíduos, civis incluídos.
Técnicas: Incluem o uso de propaganda, guerra de nervos, "conquista de corações e mentes" e outros métodos que podem ser combinados com operações secretas.
Vou revelar um segredo. É sincero. Sabem o que mais eu queria ao assistir toda a tristeza, violência e chacinas acontecendo na Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro? Que o presidente da República me nomeasse Interventor no estado. Sei que daria jeito, nem que fosse com minha vida. Colocaria em prática tudo que aprendi sobre combate à violência urbana em Medellín e que está em capítulo do meu livro "POR TODOS OS CAMINHOS - Pontos de Cultura na América Latina". Na foto, a abertura do capítulo, com fragmentos biográficos de uma cidade.
(PS - sei que minha esposa e to@s que gostam de mim diriam que estou louco. Mas se eu pudesse desejar voltar a uma função pública, seria essa: Interventor no estado do Rio de Janeiro para demonstrar a todo Brasil como se enfrenta a violência -
Histórias escondidas: Célio Turino lança livro sobre experiências comunitárias na América Latina
Rio em Cores de Cinema - Chiko Queiroga e Antônio Rogério
RIO EM CORES DE CINEMA
(Chico Queiroga)
“O Rio de Janeiro continua lindo”
A praia de Ipanema, a pele da morena,
Como é bom se ver, como é bom viver,
Como é bom sonhar.
O Rio de Janeiro continua indo
Esconde a violência e mostra um paraíso.
Como é bom viver, como é bom se ver,
Como é bom sonhar.
Mas vejo bandoleiros de carroças atômicas
Índios caras-pálidas
Vejo gaviões em batalhões lançando suas garras.
E o que se passa na cabeça do Cristo Redentor?
Eu vejo o Rio de Janeiro vendo O Salvador
Em cores de cinema.
O Rio de Janeiro continua rindo
Portela na avenida, confetes e serpentinas,
Como é bom se ver, como é bom viver,
Como é bom sonhar.
Ainda o Rio de Janeiro em prosa e poesia
Esconde todo o choro mostrando a alegria
Como é bom viver, como é bom se ver,
Como é bom sonhar.
Mas vejo o carnaval na edição “O Dia”
Adeus toda a folia pra tantos foliões
E nos olhos de Deus, mais longe a harmonia.
E o que se passa na cabeça do Cristo Redentor?
Vendo o Rio de Janeiro O nosso Salvador,
Em cores de cinema.
"Rio em Cores de Cinema" é uma canção riquíssima e uma crítica social afiada de Chico Queiroga. Vamos desdobrar seu significado camada por camada.
Visão Geral
A música é uma profunda reflexão sobre a dualidade do Rio de Janeiro. Ela contrasta a imagem idealizada, turística e "cinematográfica" da cidade com a realidade violenta, desigual e complexa que seus habitantes enfrentam. O título é a chave: "cores de cinema" representam uma visão filtrada, editada e artificial, como a de um filme, que esconde os verdadeiros problemas.
Análise Detalhada dos Versos
1. O Refrão da Ilusão: "O Rio de Janeiro continua lindo/indo/rindo"
O uso do verbo "continuar" é irônico. Sugere que, apesar de todos os problemas, a cidade insiste em manter sua fachada.
"Lindos": A beleza natural e o corpo da "morena" são clichês da cidade-marca.
"Indo": A cidade "vai indo", sobrevive, mas ao custo de "esconder a violência e mostrar um paraíso". Esta é a denúncia central: a maquiagem da realidade.
"Rindo": A alegria do carnaval, da Portela, é mostrada como um espetáculo que mascara o sofrimento.
A repetição de "Como é bom se ver, como é bom viver, como é bom sonhar" soa cada vez mais como um mantra vazio, uma autoajuda forçada para acreditar na própria ilusão.
2. A Ruptura da Realidade: "Mas vejo..."
O "mas" é o ponto de virada da música, onde a crítica vem à tona.
"Bandoleiros de carroças atômicas": Uma imagem poderosa que mistura o arcaico ("carroças") com o moderno e destrutivo ("atômicas"). São criminosos com um poder de fogo desproporcional.
"Índios caras-pálidas": Uma contradição que fala sobre a perda de identidade. Povos nativos (ou metáforas para brasileiros originais) que foram assimilados, descaracterizados e marginalizados pela cultura dominante.
"Gaviões em batalhões lançando suas garras": Uma clara referência à violência policial ("batalhões") que, em vez de proteger, ataca como aves de rapina.
3. O Ponto de Vista do Cristo: A Pergunta Central
"E o que se passa na cabeça do Cristo Redentor?": Esta é a pergunta mais crucial da música. O Cristo, símbolo máximo da cidade, testemunha tudo de cima. O que Ele pensa? A resposta implícita é de tristeza, impotência ou julgamento.
"Eu vejo o Rio de Janeiro vendo O Salvador / Em cores de cinema": O eu lírico observa a cidade olhando para o seu símbolo de salvação (o Cristo Redentor) através de uma lente distorcida, a mesma lente que cria a imagem de paraíso. A "salvação" é apenas mais uma parte do cenário, inalcançável na vida real.
4. A Crítica ao Carnaval e à Mídia
"Vejo o carnaval na edição 'O Dia' / Adeus toda a folia pra tantos foliões": Aqui, a crítica se expande para a mídia sensacionalista (o jornal "O Dia"). A folia acaba na edição do jornal, mas para muitos "foliões" (o povo), a vida real de dificuldades retorna assim que a festa acaba.
"E nos olhos de Deus, mais longe a harmonia": Do ponto de vista divino, a verdadeira harmonia está cada vez mais distante, inatingível.
Significado Principal e Mensagem
O significado da canção é a denúncia da desconexão entre a imagem vendida do Rio de Janeiro e a vida real de sua população. Chico Queiroga está falando sobre:
A Commodificação da Cidade: O Rio é tratado como um produto para turistas, onde a pobreza e a violência são inconvenientes que devem ser escondidos.
A Alienação: A população é incentivada a "sonhar" e a "se ver" nessa fantasia, evitando assim enxergar e confrontar os problemas estruturais.
O Fetichismo da Paisagem: A beleza natural e a cultura (samba, carnaval) são usadas como um paliativo, um "ópio do povo" que adia a necessidade de mudanças reais.
A Ironia da "Salvação": A cidade que tem o "Redentor" como símbolo parece irremediavelmente perdida, olhando para sua salvação como uma imagem distante e irreal, como em um filme.
Em resumo, "Rio em Cores de Cinema" é um lamento poético e uma crítica contundente. É a constatação de que o "paraíso" carioca é, na verdade, um cenário de cinema, e por trás das cores vibrantes e da alegria performática, existe uma cidade real, com dramas reais, que a lente da propaganda se recusa a focar.
Após os 120 mortos na operação policial no Alemão e na Penha, no Rio de Janeiro, um setor extremista da sociedade começou a surfar em cima dos cadáveres, tentando fazer crer que qualquer crítica à quantidade de óbitos deixados pela Operação Contenção é uma defesa de bandidos. Quando, na verdade, é uma defesa da vida, seja de policiais honestos, seja de moradores de comunidades, e do Estado democrático de direito. Afinal, uma operação para cumprir 100 mandatos de prisão terminar com 120 mortos é sinal de fracasso do poder público. A menos que o motivo da operação fosse mais político e eleitoral do que judicial.
Parte da população, cansada da violência, apoia desvios de Justiça por parte do Estado. E festeja mortes aceitando sem questionar o julgamento sumário trazido pela bala: se a pessoa morreu pelas mãos da polícia, é porque era culpada de algo. Criticar isso não é proteger bandido, mas defender a lei. Postagens como “se levou bala, era bandido” circulam nas redes, distorcendo as críticas à ação policial. Não, o “choro” é por um Estado que permite que 120 mortes aconteçam de forma estúpida por incompetência e falta de planejamento. Quem acha que não é possível fazer diferente, que renuncie. Leia o meu texto na coluna no UOL.
CASTRANDO A VERDADE, SEMEANDO O CAOS
Chico Alencar (facebook)
A tática da “guerra aberta” contra o tráfico, desprezando planejamento e inteligência, como o governador Cláudio Castro pratica, desconsidera a população a ser afetada diretamente e não prevê a reação do adversário atacado.
Sem esses princípios básicos, o que toda megaoperação vai produzir é morte - também de inocentes e policiais - e caos social. A megaoperação de ontem, nos Complexos do Alemão e da Penha (onde residem 200 mil pessoas!), foi a mais letal da história do RJ.
Antes do fim da operação, Castro alardeou que "tinha sido um sucesso". Por que então tentou "jogar a culpa" no governo federal? Se a megaoperação "cumpriu seus objetivos", por que reclamou da falta de blindados das FA (que, mais tarde, reconheceu não ter pedido)? Se queria tanto esse reforço, por que sequer informou ao governo federal sobre a iniciativa?
PERGUNTAMOS: qual o resultado, em termos de melhoria da vida, para aqueles que vivem nessas áreas? Que ações são implementadas para cortar o abastecimento de armas, drogas e até drones para as organizações criminosas, cujos “empresários” estão no asfalto, nas coberturas de luxo, lavando dinheiro em fintechs? O que se tem feito para combater a infiltração do crime (inclusive das milícias) nas instituições políticas?
EM TEMPO: o governador pediu ao governo federal, no fim do dia, transferência de 10 chefes do CV para presídios federais - que, segundo ele, tinham "dado ordens para bloqueios e arrastões das prisões" (estaduais) onde estavam. Não tomou providências para evitar isso, tão previsível?
O governo federal prontamente atendeu. E hj enviará para o RJ os Ministros da Justiça, da Casa Civil, da AGU e diretores da PF para dialogar com o governo estadual sobre modos eficazes e inteligentes de enfrentar as facções criminosas.
Arte: @senegambia81
O choro do Padre Edmar Augusto, pároco da comunidade da Penha, é o nosso choro. 😢
Instagram - Igreja dos Pobres
Sem citar nomes, deputado do MDB diz que operação no RJ matou 4 jovens de famílias de sua igreja
O RIO NÃO ESTÁ PREPARADO PARA O QUE VEM DEPOIS DA OPERAÇÃO CONTENÇÃO
Segurança Pública no Brasil tem jeito? 🤔
A gente acredita que sim!
E trazemos a opinião de 5 especialistas sobre segurança pública pra confirmar.