sexta-feira, 28 de novembro de 2025

A RELIGIÃO SEM ESPIRITUALIDADE DE BOLSONARO. NOTA - Por Romero Venâncio (UFS)

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28/11 - Sexta -  As 20h

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Bolsonaro e todo esse pântano para o qual ele (e seus aliados) arrastou o/um Brasil deveria ser um sinal de alerta. Bolsonaro não está morto, por certo. Ainda respira pelos decadentes aparelhos que lhe restam. Uma bizarra família; um bando de alucinados que sabem quase nada de nada; um grupelho de políticos oportunistas; “religiosos” anticomunistas que viam nele um “messias” para além do nome e um rebotalho da direita internacional que o seguiam sem saber da falta de qualidade que tem a figura. Paciência. Uma insana guerra cultural e esse modelo hegemônico de uso das redes digitais levou (leva!) a estas coisas e situações. Não baixemos a guarda.

Vou me concentrar num ponto que vejo como relevante numa brevíssima análise de uma faceta triste desse ser mais triste ainda que é Bolsonaro. Quero recordar aqui um livro que li ainda durante a pandemia: “O cadete e o capitão: a vida de Jair Bolsonaro no quartel” de Luiz Maklouf Carvalho, editora Todavia, 2019. Metade do livro é de documentos e fontes primárias de como foi a vida militar de Bolsonaro nos anos 70 e 80. O livro acaba quando ele entra na política. A formação de Bolsonaro pela leitura de Maklouf Carvalho foi um “circo de horrores” e de um oportunismo sem igual. Um homem doente por dinheiro e por levar vantagem em tudo. Um militar típico formado numa força armada em tempos de ditadura. Só que o livro explica mais do que pretende. Aquelas divisas abstratas e quase-messiânicas que as forças armadas fazem seus militares decorarem, em Bolsonaro virou mera peça de retórica. Muito mais para intimidar as pessoas do que força de convicção para a vida. As “últimas horas do fim” deste capitão deste singular novembro de 2025 quando foi recolhido a carceragem da polícia federal em Brasília, demonstram tudo isto e muito mais. Vai do patético ao deprimente. Sem grandeza. Um homem sem qualidades.

Bolsonaro se pendurou num discurso religioso superficial e farsesco como lhe é próprio e pagará por isto quando precisar de uma autêntica espiritualidade. Verá não tem o que nunca foi seu. A experiência religiosa tem dessas peças. Podemos brincar com religião e até “teatralizar” uma fé que não temos. Mas isto terá um preço e no mais das vezes, amargo. Não quero me limitar aqui a uma dimensão catequética da fé. Não é isto. Trata-se de tentar buscar algo mais profundo de uma figura que fez gato e sapato da religião cristã para se eleger e para enganar religiosos-eleitores. Manipulou ao extremo o sentimento religioso que nunca lhe pertenceu. Talvez o momento real em que ele mais precisaria de uma espiritualidade que vem de dentro, ele não tem e nem terá. Essas coisas não nascem da noite para o dia numa vida. Ele tinha/tem um vazio compensado por atitudes de cafajeste que em nada lembra uma iniciação espiritual. Uma experiência religiosa séria não é fuga e nem trampolim político. Uma experiência religiosa séria não é trampolim para nada. Agora, pode muito nos ajudar nas adversidades inevitáveis na/da vida.



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