I - CAMINHOS PERCORRIDOS E A PERCORRER.
“Se muito vale o já
feito, mais vale o que será.” Como é afirmado na canção “O que foi feito
devera” da autoria
de Fernando Brant / Milton Nascimento / Marcio Borges (1978).
Porém o caminho está fechado, como diz uma
outra canção “Como nossos pais”
de Belchior (1976) , mas não apenas para os jovens, também para
todos os que desejam um Brasil
mais justo, democrático, plural, diverso, ambientalmente sustentável, tolerante
e criativo.
E pelo fato do caminho estar
fechado, minado, é preciso
caminhar lentamente, às vezes com recuos, às vezes parando para nos
fortalecermos, para retornamos o caminho virtuoso da construção de uma nação solidária.
Como cantou Alceu Valença no inicio da
década de 1980.
II - DIALOGANDO COM VALTER BENJAMIN
Assim, a partir
da busca em olhar ou reolhar o
passado, precisamos retornar aos caminhos tortuosos da construção de uma nação solidária. Uma nação partida, que organizou para se defender da outra parte, quilombos, canudos,
contestado, caldeirão, irmandades de negros e de pardos, associações de auxilio
mútuo, sindicatos, grupos culturais, ligas camponesas, movimentos de
alfabetização, guerrilhas urbanas e no Araguaia, associações de negros, associações de mulheres, associações de bairros e comunidades eclesiais de base e etc..
Olhar
ou reolhar o passado significa a tarefa de
“escovar a história a contrapelo”, como proposto por Valter Benjamin, filosofo e critico literário alemão que
suicidou-se pressionado pelo nazismo alemão. O que na definição da professora
Juliana Araújo Meato, que escreveu o artigo “Ensinando História a
Contrapelo: Reflexões Benjaminianas” significa:
“Escovar a história a
contrapelo, ou seja, escovar a história em sentido contrário, “às avessas”,
significa buscar a contranarrativa dos vencidos, isto é, dos indígenas, dos
negros, das mulheres, dos pobres, daqueles cuja existência fora marcada pela
violência e exploração, mas também pela resistência ao longo da História.
Resgatar sua tradição, aliás, arrancá-la do conformismo, é um desafio para o
professor/historiador empático aos vencidos, que deve, na sugestão de Konder,
farejar os sonhos e aspirações que nem chegaram a se expressar em realidades
duradouras, mas que contém a faísca necessária de agitação e vínculo entre
passado e presente. Uma sugestão que, sem dúvida, por ser ameaçadora de
privilégios, não é vista com bons olhos pelas frações da classe dominante.”
Ainda mais , porque o presente está suspenso, é como se
estivesse travado, interrompendo um ciclo progressista iniciado com a eleição
do presidente Lula em 2002, podendo ser comparado a um relógio com o ponteiro mudando
sempre em direção ao passado, a partir de determinado ponto e sob a liderança de um bando de verdadeiros exterminadores do futuro. Como pode ser depreendido por meio da noticia abaixo:
“ Num jantar com
lideranças conservadoras ontem à noite, em Washington (EUA), o presidente Jair
Bolsonaro disse aos presentes que o sentido de seu governo não é construir
coisas para o povo brasileiro, mas desconstruir. " (Site Valor Econômico,
18/03/2019)
Uma desconstrução ou destruição, a serviço de um "progresso" insano, inconsequente , excludente e predatório, como na icônica metáfora elaborada
por Valter Benjamin, a partir de um desenho de Paul Klee , adquirido em 1821
e descrita na nona tese do seu ensaio "Sobre o
Conceito de História".
“Há um quadro de Klee
que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de
algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca
dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu
rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de
acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína
sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar
os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e
prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa
tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as
costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o
que chamamos progresso.”
III - UM CENTRO DE
MEMÓRIA DA ECONOMIA SOLIDÁRIA TALVEZ?
Em termos bem objetivos, os caminhos da economia solidária
pode ser trazer o que de melhor foi produzido no passado no campo das relações
humanas e sociais que envolveram economia solidária, incluindo o passado
recente, o que parece estar sendo feito, mas intensificado ainda mais.
Incluindo os relatos e aprendizados adquiridos com os erros, desvios e equívocos
dos empreendimentos e dos agentes de apoio a organização e fomento.
Utilizar meios escritos, como também os meios imagéticos e
digitais para documentar e tornar estas
informações bem acessíveis a um grupo maior de pessoas.
A formação semi presencial e a distância, como no caso desse
curso deve ser ainda mais fortalecida, tendo em vista a redução de custos, o
alcance mais amplo em termos quantitativos e os fatores impeditivos das
distâncias de nosso país continente.
Outro aspecto fundamental é a busca de diálogo com atores
juvenis que praticam economia solidária, notadamente os ligados as atividades
de cultura, comunicação e novas tecnologias.
Zezito de Oliveira - Educador e agente/produtor/assessor de iniciativas culturais de base comunitária.
Zezito de Oliveira - Educador e agente/produtor/assessor de iniciativas culturais de base comunitária.
Referências
BENJAMIN, Walter. "Sobre o Conceito de História"
(1940). In: Obras Escolhidas, v. I, Magia e técnica, arte e política. Tradução
de Sérgio Paulo Rouanet. Prefácio de Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo:
Brasiliense, 1987, p. 226.
MEATO, Juliana Araujo. ENSINANDO A HISTÓRIA A CONTRAPELO:
reflexões benjaminianas. Revista Encontros, v.16, 2018, p. 04.
Considerando que estamos vivendo um momento de desmonte de direitos que já tinham sido conquistados no Brasil, grave um pequeno vídeo ou um podcast apontando caminhos que a Economia Solidária pode trilhar ou já está trilhando para ajudar na superação das desigualdades sociais. Se preferir, pode expressar suas ideias de outra forma.
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