quarta-feira, 10 de julho de 2019

Economia Solidária em Sergipe. O que fazer para não ficar andando como caranguejo?(*)


Em termos do território a partir das relações de poder. O que percebo no caso de Sergipe é uma tradição marcada por relações  baseada na  verticalização, bem mais do que no sentido da horizontalização.  Verticalização aqui,  pode ser  exemplificada  com a ênfase e a dependência com que a relação com os agentes do estado é tratada.  Ou seja, o protagonismo cidadão da busca de parceria intra e inter entidades e organizações sem a interveniência do estado, é pouco exercitada e quando isso acontece, não consegue durar por um tempo razoável ou indeterminado, como esperado.

A letra da canção Bomfim, da banda sergipana Naurêa, mostra isso em forma de  canção.


 Um parágrafo importante do texto,  território e poder local,  nos traz essa questão de maneira enfática: “Assim, podemos dizer que o território não é em si  o espaço geográfico delimitado por instituições do Estado, mas é a expressão das forças de poder nele exercidas que o delimitam. Ou seja, podemos dizer que a força, o poder, a capacidade de decisão das pessoas, de organizações, de grupos, de associações e de outras tantas formas da sociedade de se organizar é que irão dizer, determinar, conduzir as ações e, por conseguinte, os resultados de um determinado território e sua área de atuação, seus limites geográficos.” (Schutz, pág. 14)

O que fazer para mudar esta situação? 

Como educador popular  e agente cultural, sempre busquei e busco pensar a dimensão educativa e cultural como estratégica para reverter essa situação.

Nesse sentido,  considero primordial a atenção para a formação qualificada e permanente dos agentes da economia da solidária no campo da educação popular, concomitante a formação especifica no campo da economia solidária, no que concerne aos aspectos administrativos e legais.

O que para ser compreendido  como necessário, necessita de um histórico de práticas e de  leituras no campo da educação popular por parte  dos agentes e dos parceiros governamentais e mesmo por parte de algumas ongs de assessoria . Porém, nos governos do PT o que vimos foi a oferta de recursos financeiros para o investimento em iniciativas de economia solidária e isso atraiu muita gente, o que levou consequentemente a presença de muitas pessoas envolvidas,  sem a necessária  base ideológica e experiência virtuosa no campo da participação em atividades associativas.

Um exemplo prático, não diretamente ligado a economia solidária, mas que reforça o argumento que defendo acima: Neste ano de 2019, depois de muitos  anos sem se reunir, um grupo de agentes culturais resolveram retomar o fórum permanente de cultura. Após quatro reuniões, realizadas no mês de abril/maio, e provocados para isso, através de um seminário promovido pelo SESC,  não foi realizada mais nenhuma reunião. Das lembranças que trago me recordo de uma  liderança ligada ao sindicato dos artistas e técnicos em espetáculos e diversões, ter enfatizado  em alguns momentos a necessidade de mobilizações mas vigorosas e enfáticas junto ao  executivo e o legislativo, como por exemplo a  solicitação de audiência pública na assembléia legislativa de Sergipe, com as galerias cheias e gestos de protesto, mesmo silenciosos dentro da chamada  “casa do povo”, por conta das regras do regimento interno. Idéia baseada no que fez e ainda faz o sindicato dos professores das rede pública  estadual de ensino.  Porém, um questionamento que não é feito, qual o trabalho de formação permanente realizado pelo sindicato dos artistas nos últimos anos? Resposta: Pouco ou muito pouco. Sem contar o pequeno numero de filiados ao sindicato, em comparação com o grande numero de professores filiados ao  seu sindicato, o que compromete o  orçamento para organizar ações consistentes e permanentes de formação e de mobilização. Mas, porém, todavia...

Sobre tentativas para mudar isso? Mesmo que não tenham tido continuidade.

Trago aqui a experiência da Colaborativa Serigy. Outras existentes poderão ser trazidos nos comentários abaixo. Precisamos de boas iniciativas de protagonismo cidadão no campo da organização, da  formação/capacitação e mobilização de agentes culturais, artistas,  empreendedores sociais, ativistas sociais e etc..  



Primeiro relato-sintese das reuniões das propostas decolaborativas SE, realizadas no final de semana (13 e 14 de julho de 2018)


O texto abaixo foi preparado como resposta a seguinte questão:

Como são as articulações entre atores da Economia Solidária no território onde você atua (redes, cadeias, fóruns, espaços coletivos de comercialização, finanças solidárias, etc)? Quais são os avanços e as fragilidades dessas experiências? Se não existem articulações, porque será que não existem?

Aqui em Sergipe,  estamos na retomada de uma articulação estadual que deixou de existir de uns quatro anos para cá. Não participava, não posso dar muitos detalhes, mas entrou em crise, por conta de problemas de gestão de recursos federais, situação que envolveu alguns empreendimentos e gestores públicos, pelo que sei.
 Neste próximo sábado, 13 de julho,  estaremos reunidos o dia inteiro, conforme a carta convite abaixo:
Conforme encaminhado desde o ano passado pela coordenação da Frente Popular de Luta pela Economia Solidária do Estado de Sergipe, estaremos realizando no próximo dia 13 de Julho do corrente ano, na Escola Estadual Gov. Augusto Franco no Santos Dumont a I Roda de Conversa com o tema: A história de luta dos pequenos empreendimentos solidários em Sergipe. Na ocasião iremos procurar fazer um resgate das lutas travadas por essas pequenas organizações da sociedade civil, porém importantes agentes na economia sergipana e que contribuem bastante para sustentar a economia local nos municípios que atuam, além de prioritariamente matar a fome de muitos sergipanos que precisam da produção de alimentos saudáveis (orgânicos) e com preço e qualidade mais acessível ao pequeno transportador e consumidor.  Toda e qualquer economia que se preze, deve passar prioritariamente pela produção de alimentos e esta deve ter todo o apoio logístico do Estado para que esse alimento chegue a mesa de quem mais precisa sem atravessadores e de uma forma saudável e com qualidade. Temos o compromisso também com os nossos artesões (de diversas áreas) e com as novas formas solidárias de negócio que temos hoje, a exemplo das produtoras colaborativas, das redes de comercialização, dos grupos de serviços solidários, dos bancos de créditos solidários e de tantos outros pequenos e importantes segmentos do nosso meio.
O nosso desafio primeiro é a sustentabilidade das famílias produtoras, em seguida do mercado local, seja ele privado (mercearias, padarias, feiras, pequenos supermercados, comunidade em geral) ou públicos (em parceria com os Conseas municipais e estadual, abastecer as compras públicas para as secretarias de assistências, de educação e outros órgãos desses governos, assim como nas áreas de serviços que prestamos) sem intermediadores, sendo apenas realizados através de editais públicos com regras claras e distintas das grandes concorrências, mesmo sendo elas, cooperadas ou associadas, mais que sejam de médio a grande porte, pois estas tem maiores condições de concorrer entre si e deve ter editais específicos para elas.

Faz necessário também, que os desafios e as dificuldades para a execução dessas parcerias como logística, reconhecimento legal (selo), assessoria técnica em gestão administrativa, financeira, jurídica e tecnológica, seja prestada pelo Estado por seus técnicos ou em parceria com Centros Universitários Privados ou Universidades Públicas.
Por essa razão, neste dia 13 de julho, estaremos recebendo diversas organizações da capital e do interior com este perfil, para debater o cenário atual dos nossos governos (federal, estadual e municipal), conhecer a legislação vigente da Economia Solidária nos três níveis de governo, para que de posse desses conhecimentos possamos discutir saídas e novas alternativas com todos que se fizerem presentes a esta I Roda de Conversa de 2019, onde retomaremos a nossa luta.
Estarão presentes representantes da Frente e do Fórum Nacional de Lutas pela Ecosol, de Entidades Fomentadoras (apoio) do nosso estado, de agentes públicos de nossos governos (representantes) e da Assembleia legislativa de Sergipe (representantes). 
PROGRAMAÇÃO
8: 00 – Credenciamento.
8:30 – Ato Cultural.
8:45 – Formação rápida da Mesa. (Com os representantes do executivo e legislativo)
9:00 – Conjuntura Nacional da luta pela Ecosol: Sidney Porto – Articulador da Frente Nacional em Sergipe.
9:30 – Conjuntura Local da luta pela Ecosol: João  da ASA - Membro da Coordenação da Frente Estadual de Luta pela Ecosol e coordenador da ASA Sergipe.
10:00 – Abertura para participação da Plenária (Análises, criticas, propostas que serão anotadas e sistematizadas pela coordenação).
10:45 – Intervalo para o lanche e convivência.
11:00 – Ato Cultural.
11:30 – Apresentação da sistematização da Roda de Conversa da parte da manhã.
12:00 – Almoço
 13:30 – Ato cultural
14:00 – Resgate histórico com a professora, ex-secretária de inclusão do Estado e ex-deputada estadual Ana Lucia Menezes.
(onde comentará as primeiras discussões da política no estado ainda no governo Déda, passando por ela, enquanto secretaria de inclusão e formulação da política na secretária, até a apresentação da lei, já enquanto deputada, a sanção do governador Déda, os avanços e as dificuldades que se encontrou para a efetivação dessa política, tanto no governo Déda, quantos no governo dos seus sucessores). 
15:00 – Abertura para participação da Plenária (Análises, criticas, propostas que serão anotadas e sistematizadas pela coordenação).
15: 45 – Intervalo para o lanche.
16: 00 – Ato cultural.
16:30 – Apresentação da sistematização do debate com a deputada e os es encaminhamentos finais.
17: 00 – Encerramento.

(*)Significado de Andar como caranguejo = Atraso de vida ou Voltar atrás ou Recomeçar da estaca zero ou Perder terreno ou 








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