Guilherme Tagiaroli
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
 Para o bem ou para o mal, a internet pode fazer com que um pequeno fato
 se transforme em algo gigante. Com a onda de protestos realizada em 
várias cidades no Brasil, a rede teve o papel de espalhar informações 
importantes sobre as manifestações, antes e depois de elas acontecerem. 
Por outro lado, a rápida disseminação de assuntos também dá força a 
boatos que se espalham pelas redes como sendo verdadeiros.
 Esse tipo de compartilhamento impulsivo é chamado de "efeito manada", 
segundo Pollyana Ferrari, professora do departamento de jornalismo da 
PUC-SP e pesquisadora na área de mídias sociais. Consiste, basicamente, 
em alguém "pegar o bonde" de um assunto e replicar o conteúdo sem nenhum
 senso crítico. "Isso é perigoso, pois as pessoas muitas vezes não sabem
 direito do que se trata aquilo que elas compartilham [ao retuitar ou 
curtir no Facebook]", afirma Pollyana.
 A pesquisadora ressalta ainda se trata de um comportamento comum do 
brasileiro.Ao analisar as redes sociais durante a ocupação do Morro do 
Alemão, por exemplo, ela disse ter detectado vários usuários que 
"entraram" na conversa, sendo que a maioria deles nunca tinha discutido o
 tema em seus perfis.
 Em um post no último final de semana, o blogueiro
 Leonardo Sakamoto criticou a disseminação de histórias distorcidas ou 
informações descontextualizadas nas redes sociais. Ele 
ressalta a importância de as pessoas "controlarem as emoções" e pensarem
 antes de postar, além de sugerir alguns "mandamentos" para o bom uso de
 ferramentas sociais.
Veja a seguir alguns exemplos comuns de boatos disseminados em redes sociais:
Fotomontagens
 O aumento de protestos no Brasil motivou que internautas fizessem montagens utilizando fotos de celebridades.
 Geralmente, era escolhida a imagem de um famoso segurando algo. Em 
seguida, era colocado um cartaz (geralmente em inglês) de apoio às 
manifestações no país. Nada que uma busca na ferramenta de imagens do 
Google não denuncie e indique o verdadeiro contexto da foto original.
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Na imagem da esquerda, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, agradece os usuários da rede social por ter atingido a marca de 500 milhões de contas em 2010 (hoje já tem mais de 1 bilhão). À direita, a montagem feita por ocasião dos protestos no Brasil
 
Textos atribuídos a gente famosa
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Texto atribuído a Jô Soares que circulou no Facebook durante os protestos; o apresentador nega ter perfil em redes sociais
 
 Quando as redes sociais não eram tão difundidas, a onda na internet 
eram os textos falsos do cineasta Arnaldo Jabor espalhados por meio de 
correntes de e-mail. Passados alguns anos, a situação continua agora em 
outro ambiente. Uma das vítimas mais recentes de textos apócrifos foi o 
apresentador Jô Soares. Durante a onda de protestos no Brasil, diversos 
textos atribuídos a ele sobre as manifestações circularam pelo Facebook.
 O apresentador afirma, no entanto, que não tem conta em nenhuma rede 
social.
Compartilhamento de informação
 Não existe um "selo" de veracidade para conteúdos postados em redes 
sociais – e é até bom que não seja assim, pois estragaria muitas 
brincadeiras. Porém, vários usuários compartilham  informações (muitas 
vezes inventadas apenas para enganar) sem a confirmação de que são 
verdadeiras. Em novembro de 2012, por exemplo, uma paródia de um perfil 
do jornal "O Estado de S. Paulo" informou no Twitter que o arquiteto 
Oscar Niemeyer tinha morrido. A mensagem foi replicada centenas de 
vezes. No fim das contas, o arquiteto brasileiro morreu no dia 5 de 
dezembro de 2012.
Volta de histórias antigas
 De vez em quando, alguém ressuscita alguma postagem antiga feita em 
alguma rede social para causar confusão. Um exemplo disso foram os boatos no fim de 2012, no Twitter, sobre o cancelamento do Enem.
 Após uma pessoa postar que a prova seria cancelada e ainda divulgar um 
link antigo de reportagem sobre os problemas do exame em 2009, muitos 
acreditaram que não haveria mais a prova. Para atrapalhar mais a 
situação, ainda foi criada a hashtag #Enem2012cancelado. 
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Usuário utiliza hashtag #Enem2012cancelado durante os boatos de cancelamento do Enem no início de novembro de 2012
 
Promoções
 Outra modalidade comum de postagens que viralizam nas redes sociais são as promoções. Já houve, por exemplo, uma série de sorteios falsos de smartphones.
 Em março, por exemplo, havia um sorteio que prometia dar um iPhone 5 a 
quem curtisse uma falsa página da Apple no Facebook. Resultado: após 200
 mil curtidas, não houve ganhadores. 
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Sorteio de iPhone promete dar aparelho para quem curtir a página falsa da Apple
 
"Censura no Facebook"
 Há ainda o caso de boatos de censura no Facebook.
 No último final de semana, uma mensagem em português acusava a rede de 
bloquear menções ligadas às manifestações realizadas no Brasil. 
Contatado pela reportagem, o Facebook disse que não comenta casos 
isolados. No entanto, a empresa sugeriu que quando alguns termos são 
citados com muita frequência, uma ferramenta antispam bloqueia postagens
 e leva o usuário para uma página com informações sobre spam. Em alguns 
casos, os usuários chegaram a ser deslogados da rede após tentarem 
publicar esse conteúdo.
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