terça-feira, 18 de junho de 2013

Sejamos criticos, mas não sejamos bobos e E DAQUI, PARA ONDE VAMOS?

 Sejamos criticos, mas não sejamos bobos.
Produzi esse texto depois de ter decidido parar e descansar, porém, um mote surgiu em minha cabeça e liguei novamente o computador por volta da 1 hora da manhã e então comecei a redigi-lo. E lá se vai, mais um dia.... (Zezito de Oliveira)

 

Este jogo politico no Brasil já estava mesmo muito parado, sem emoção ou então bastante dominado por temas de cunho moral e conservador, seja no plano religioso(bolsa crack, cura gay), como no plano sexual(kit ou casamento gay) ou politico (corrupção).
E eis que as ruas são mobilizadas de forma vigorosa, por uma demanda de caráter mais politico, como também social e econômico, potencializada pela repressão descontrolada da policia militar de São Paulo na semana passada. A redução das tarifas de transporte urbano, tendo a questão da mobilidade urbana como pano de fundo.
No desenrolar dos acontecimentos é perceptível a disposição de alguns em tentar aproveitar-se da situação para dar marcha a ré no processo de construção da nossa jovem e ainda frágil democracia, tentando de forma sorrateira e capciosa nos vender a idéia de que voltar a eleger políticos do/ou com os pés no passado resolverão todos os nosso problemas ou então defendendo o retorno a ditadura.
Há aqueles que acham que podem dar uma cavalo de pau na História e até sublevar as massas contra os poderes estabelecidos e iniciar a revolução.
E por último, há aqueles que precisam dar uma acelerada para acompanhar o passo, para não serem atropelados pelos acontecimentos.
No primeiro caso temos os grandes capitalistas, a mídia, a direita religiosa, setores ligados as policias, representados politicamente pelo PSDB, PSC, DEM, setores majoritários do PMDB e etc..
No segundo caso estão estudantes, trabalhadores e intelectuais, representados pelo PSTU, PCO e setores anarquistas do movimento.
No terceiro caso, estão o PT e o PC do B que representam uma parcela expressiva da população, em especial, no caso do primeiro.
No quarto caso, estão a Rede Sustentabilidade e o PSOL, o primeiro aqui, com posições que podem aproximá-los do primeiro grupo e matar a novidade como aconteceu com os partidos verdes ou aprender com os erros e acertos do PT e PC do B e avançar. E o PSOL oscilando entre o segundo caso e até mesmo o terceiro aqui como aconteceu na campanha a prefeitura de Belém, onde houve um racha por conta da condução e apoios políticos, considerada inaceitável pelo PSTU ou como no caso da campanha e gestão da prefeitura de Macapá, face a controvérsias relacionadas a apoio de setores de direita.
Se é incerto que não sabemos aonde podemos chegar, de uma coisa tenho certeza, agora, os temas políticos prioritários passarão a ser debatidos com a importância que merecem.
Decerto, que os vários projetos para o Brasil passam a merecer um papel de destaque que desde há muito não tem e se tornam objeto de discussão de uma parcela bem maior da sociedade.
Como disse Chico Science, um passo a frente e já não estamos mais no mesmo lugar, lugar da inércia, da acomodação, da alienação, das negociações por cima, da democracia limitada.
O desafio é avançar sem perder aquilo que já conquistamos.
Por isso, a leitura de determinadas obras históricas e literárias , não podem ficar de fora, assim como ouvir certas músicas e assistir determinados filmes irão nos ajudar bastante. Conhecer sobre lutas sociais e politicas de outros tempos em terras brasilis também se faz necessário.
Tudo isso, ajuda a irmos para as ruas sabendo reconhecer quem de fato está conosco e quem quer se aproveitar do momento, embora se aproveitar no bom sentido, também faça parte, conhecer novos amigos, inclusive alguns do face, rever alguns antigos, se enamorar de alguém, relaxar as tensões e/ou elevar a adrenalina, zoar sem precisar quebra nada ou ninguém e etc
Tudo isso também ajuda saber quais idéias, instituições ou pessoas precisamos de fato combater. Para não comprarmos e vendermos gato por lebre ou nos aliarmos a lobos vestidos em peles de cordeiro, tanto faz, se de direita, principalmente, como de esquerda ou pseudo esquerda.
Mesmo que estes termos, direita e esquerda em muitas situações pareçam líquidos ou incertos.
 

Leia o texto abaixo também no local de origem.  AQUI
E DAQUI, PARA ONDE VAMOS?
Hoje participei da manifestação que ocorreu em Belo Horizonte e sinto-me à vontade para dizer algo: Geraldo Alckmin conseguiu o que queria e entrou para a História do Brasil. Não como sonhava entrar, mas seu nome já está garantido ao menos como nota de rodapé nos livros didáticos.
Explico: até a noite de quinta-feira, 13 de junho, o movimento que ocorria pontualmente ao redor do Brasil em protesto ao aumento das passagens de ônibus era algo relativamente difuso, sem muito potencial para crescimento. Havia duas opções de desfecho: as passagens seriam reduzidas (como ocorreu em Porto Alegre) e tudo voltaria ao normal ou eventualmente a negativa das empresas e do governo deixaria claro que nada poderia ser feito quanto à questão. No entanto, a partir do instante em que Alckmin agiu como Alckmin (e Serra) e ordenou que a PM reprimisse a manifestação popular com força desproporcional, catalisou um processo que talvez levasse um tempo infinitamente maior para se cristalizar. Ninguém gosta de um bully – e o governo tucano, como já havia se mostrado em tantas outras ocasiões (com professores da rede pública, estudantes da USP, habitantes do Pinheirinhos e até mesmo com a Polícia Civil), não hesita em se entregar ao bullying sempre que questionado.
Desta vez, porém, Alckmin errou feio seu cálculo e criou um monstro que se espalhou por todo o país. A partir de quinta-feira, a questão definitivamente já não girava mais em torno de 20 centavos ou mesmo do transporte público livre; era uma questão de cidadania. E, como tal, deixou também de ser algo contra o governo tucano ou a prefeitura petista, passando a ser um grito de revolta generalizado, um berro de “chega!”.
Mas “chega” o quê?
E foi esta pergunta que vi tantos jovens se fazendo durante o manifesto em BH – mesmo que não percebessem o questionamento. Assim, voltei para casa feliz por testemunhar o despertar de uma juventude repleta de potencial, mas também inquieto por perceber claramente que ela não tem ainda uma ideia muito clara do que está fazendo ou de como prosseguir.
O que resulta numa combinação muito, muito perigosa.
(Aqui peço licença para um breve flashback pessoal para estabelecer por que me julgo detentor de certa experiência para discutir a questão: em 1992, depois de fundar e presidir por dois anos o grêmio do colégio no qual estudava – Promove Savassi -, fui eleito em assembleia estudantil como líder do movimento secundarista no Fora Collor. Como tal, participei da organização das manifestações em Belo Horizonte, discursei em carro de som na Praça da Liberdade e na Praça Sete e fui o rosto de meus colegas sempre que uma entrevista à imprensa era necessária – e certamente há fitas embaraçosas nas emissoras mineiras que trazem meu rosto moleque tentando parecer sério enquanto discute os motivos que tornavam necessária a saída do Presidente. Na época, fui um dos estrategistas do movimento em Minas, ajudando a decidir datas, locais e focos de protesto – e mais tarde presidiria o DA da faculdade até abandonar o movimento estudantil ao perceber que precisava me focar nos estudos. Não sou, portanto, um mero palpiteiro, creio eu. Fim do flashback.)
Ao caminhar entre a multidão de milhares de pessoas neste sábado, percebi duas coisas muito óbvias: uma imensa empolgação e uma preocupante falta de foco.
A primeira é fácil compreender: há anos a juventude não ia às ruas – e, como toda geração, eventualmente era inevitável que ela se questionasse acerca de sua própria revolução. A geração anterior teve o “Fora Collor!”; antes dessa, houve a luta contra a Ditadura. O que a geração pós-anos 90 tinha para protestar, porém? Quando e como poderia extravasar o impulso rebelde que faz parte do DNA jovem e que é algo tão belo e fundamental para o avanço da Humanidade?
Os últimos dias trouxeram esta oportunidade – e não é à toa que um jovem amigo pelo qual tenho imenso carinho me enviou uma mensagem por telefone na qual dizia, em parte, “estar em êxtase” após a passeata. Como não estaria? Lembro-me de meus dias de líder estudantil e ainda sinto o calor nostálgico da sensação de dever cumprido: como tantos antes de mim, eu estava deixando minha marca na História.
É um sentimento lindo, único, precioso. E sinto-me privilegiado por ter testemunhado o brilho que este trouxe aos olhos de tantos jovens hoje em Belo Horizonte. Eu olhava ao meu redor e via este êxtase em todos os rostos lisos que me cercavam – e sentia a vontade de abraçá-los com força e dizer: “Eu sei. É lindo, não é?”.
Sim, é lindo.
Mas eu também me sentia inquieto ao observar que, ao lado da euforia, havia uma clara dispersão de objetivos. Assim, puxei papo com vários jovens e observei atentamente os cartazes que carregavam.
“Pela humanização das prostitutas!”
“O corpo é meu! Legalizem o aborto!”
“Fora, Lacerda!”
“Viva o casamento gay!”
“Passe Livre já!”
“Passagem a 2,80 é assalto!”
“Pelo fim da PM no Brasil!”
“Cadê a Dilma da guerrilha?”
“Fuck you, PSTU!”
“Aécio NEVER!”
“Não à Copa no Brasil!”
E por aí afora. Era um festival desconjuntado de causas, ideologias e revoltas. Os cartazes tratavam dos sintomas, não da doença – e ao berrarem os sintomas pelas ruas de BH em vez de identificarem a patologia que os provocavam, aqueles jovens pareciam felizes, sim, mas também um pouco perdidos.
Passei a caminhar silencioso pela multidão. Sentia a energia gostosa, positiva, da ação juvenil, mas mergulhava cada vez mais em uma reflexão preocupada sobre o que via. Seria apenas um sinal dos tempos? Uma revolução do tempo das redes sociais, nas quais você pode “curtir” uma mensagem, uma causa, a cada segundo? Havia, sim, um componente de hiperlink até nos bordões cantados pela massa: um refrão sobre os ônibus levava a outro sobre a PM que levava a outro sobre a Copa que levava a outro sobre Lacerda que levava a outro sobre…
… sobre o quê?
Ao chegar em casa, manifestei esta dúvida no Twitter e alguns jovens imediatamente responderam: “Ninguém nos representa!” e “Sim, estamos contra tudo!”.
Mas “estar contra tudo” não é ideologia.
E sem ideologia não há movimento que se sustente. Ou, no mínimo, que se sustente de maneira consistente – o que abre espaço para a manipulação.
Foi isto, enfim, que me angustiou profundamente.
Vivemos em tempos perigosos: a direita religiosa se torna cada vez mais influente e as grandes empresas da mídia já perceberam que o PSDB não é uma oposição viável – e, assim, decidiram ser elas mesmas a Oposição. Não é à toa que, contradizendo todos os índices econômicos divulgados por órgãos independentes, a Globo, a Foxlha, a Veja e o Estadão vêm pintando um quadro de instabilidade crescente: inflação alta, dólar alto, PIB decrescente e por aí afora, pintando um país em crise que, sejamos honestos, não corresponde ao que vemos todos os dias nas ruas.
Enquanto isso, o aliado histórico dos movimentos populares, o PT, parece ter se esquecido de suas origens: tímido em sua resposta à brutalidade da PM, Haddad apenas embaraçou-se ao relativizar os excessos da polícia – e sua proposta de se reunir com as lideranças do movimento Passe Livre vem tardio, já que estas já não representam mais as massas na rua. Enquanto isso, Dilma é vaiada num estádio lotado por representar o poder – mesmo que, há pouco tempo, tenha oferecido subsídios justamente para diminuir as passagens de ônibus que, ironicamente, serviram como estopim da revolta.
Ora, se o PT não é visto mais como representante popular pelos manifestantes (e nem tem projeto que o aproxime da juventude) e o PSDB é claramente a mão pesada da repressão, para onde os jovens podem se voltar? Além disso, como não têm uma causa específica a defender, estes empolgados rapazes e moças criam um problema impossível, já que não há solução viável que os acalme. Como resultado, surge apenas um clima imponderável de insatisfação política generalizada – um clima complexo, intenso, raivoso e insolúvel.
É deste tipo de contexto que nascem os golpes.
E esta não seria uma solução que desagradaria os barões da mídia – lembrem-se das manchetes dO Globo pós-golpe em 64.
Claro que esta não é a única resolução possível para o quadro que se desenha. Uma revolução sem foco é uma revolução em busca de um líder, de um emblema, de uma figura messiânica. E não há, hoje, uma estrutura política mais equipada para preencher este vácuo que a direita religiosa.
A guinada reacionário-fascista, portanto, é uma possibilidade nada absurda para este movimento que nasce tão bem intencionado.
Isto, aliás, é que me deixa tão preocupado: os jovens que vi hoje na rua eram… lindos. Lindos. Felizes em seu papel democrático, acreditavam estar desempenhando uma função histórica fundamental. E estão. Mas se não surgir um foco para esta embrionária revolução, o perigo para que ela se desvirtue e seja cooptada pelo que temos de mais reacionário, conservador, atrasado e estúpido é real e imediato.
E veríamos, então, a destruição dos resultados trazidos por dez anos de um projeto político voltado de forma inédita para o crescimento social dos miseráveis. Ninguém duvida que, do ponto de vista social, o Brasil de 2013 seja infinitamente melhor que o de 2003. Mas se esta massa juvenil maravilhosa não encontrar o foco necessário, corremos um grande risco de regressarmos a 1993.
Foi isto, afinal, que me deixou tão triste após uma tarde de alegria ao lado daqueles admiráveis jovens.

 Pablo Villaça.

Nenhum comentário: