quinta-feira, 7 de março de 2019

O Carnaval dá a pista. Com criatividade, irreverência e humor a massa vai às ruas para protestar e o país "freve".




06 de março de 2019, 18h07 - Revista Fórum

Vitória da Mangueira sacramenta derrota de Bolsonaro no Carnaval

Enquanto nas ruas os protestos contra Bolsonaro dominaram os blocos, na Sapucaí a Estação Primeira de Mangueira lavou a alma dos brasileiros ao desconstruir os heróis e as ideias defendidas pelo presidente e contar a verdadeira história do país

Foto: RioTur
A Estação Primeira de Mangueira conquistou, nesta quarta-feira (6), seu 20º título do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro.

A  vitória da escola de samba sacramentou a derrota do presidente Jair Bolsonaro neste Carnaval. Enquanto nas ruas os protestos contra o presidente dominaram os blocos, transformando a festividade em um verdadeiro ato nacional de resistência ao governo autoritário, a Mangueira, na Sapucaí, lavou a alma dos brasileiros ao desconstruir os heróis e as ideias defendidas pelo presidente e contar a verdadeira história do país. 

 A agremiação, com o enredo “História pra ninar gente grande”, fez um desfile histórico em que homenageou heróis esquecidos como lideranças negras, indígenas e mulheres – segmentos que Bolsonaro historicamente procura marginalizar. 

 Entre os “heróis esquecidos” homenageados pela escola, estão, por exemplo, o lendário Sepé Tiaraju, guerreiro indígena que lutou contra a dominação portuguesa e espanhola no Brasil, e mulheres negras do Quilombo dos Palmares, como Acotirene e Dandara. 

 A homenagem a Marielle Franco, citada no enredo, foi um dos destaques do desfile. O rosto da vereadora e ativista dos direitos humanos foi estampado em bandeiras e faixas na última ala, que contou com a presença, na avenida, do deputado federal Marcelo Freixo e do vereador Tarcísio Motta, ambos do PSOL, partido de Marielle, além da viúva da vereadora, a arquiteta Mônica Benício. 

Outro destaque do desfile da verde e rosa foi o carro que representou os assassinatos e                                perseguições da ditadura militar, em uma verdadeira provocação ao capitão da reserva que, além de um entusiasta do período, tem entre seus ídolos militares torturadores.

Representando a memória dos mortos e desaparecidos da ditadura, estava a jornalista Hildegard Angel,  filha de Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel, ambos assassinados pelo aparelho repressor dos anos de chumbo. Ela estava em cima de um livro gigante e a frente de um em que se lia “ditadura assassina”.

Em tempos de “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, a Mangueira ainda ousou ao apresentar uma bandeira do Brasil com as cores da escola onde, no lugar de “Ordem e Progresso”, se lia “Índios, Negros e Pobres”.

“Na luta é que a gente se encontra”, dizia o enredo da escola de samba. De fato, o Brasil se encontrou na luta deste carnaval.


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