"A história
humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes
presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e
galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos,
nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a
minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e
injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é
justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que
não tem voz."
Ferreira Gullar
Um fator fundante e inspirador para a criação da banda afro Meninos do B.A, componente importante do projeto Reculturarte, foi o enorme sucesso das canções gravadas pelas bandas e blocos afro-baianos, que dominaram a paisagem sonora na periferia baiana, de Aracaju e de outros estados nordestinos, desde meados dos anos de 1980 até meados dos anos de 1990.
Eram
canções que se caracterizaram por duas vertentes, uma mais critica com ênfase
nas questões étnicas, históricas e do cotidiano, e outra
vertente mais ligada às questões das relações de amor e de amizade , às vezes
também destacando o jeito baiano de ser.
Este ano de 2019, cujo carnaval foi caracterizado pelos protestos contra o governo Bolsonaro, dois importantes blocos afros, Olodum
e Ilê Ayê, comemoram respectivamente 40 e 45 anos de existência. E o mais importante, estes
blocos comemoram o aniversário demonstrando muita força e poder, bastante
necessário nestes novos/velhos tempos em que brasileiros privilegiados ou enganados, acreditam
poder voltar a um passado de predomínio do autoritarismo e da exclusão,
características fortes dos anos de 1970, momento em que os dois blocos foram criados.
Já a banda afro meninos do B.A, durou aproximadamente 15 anos, de 1988 a
2003. Aqui incluindo o período inicial quando era apenas uma banda de
lata. O inicio, o auge e o fim dessa rica experiência, não apenas
artística/cultural, como de aprendizagem para a vida, estará contada em detalhes no livro
sobre a história da AMABA/Projeto Reculturarte.
O incentivo
que uns oito garotos do trecho tiveram para se encontrar afim
de batucar, com o objetivo de preencher o tempo com essa
brincadeira, foram as bandas marciais das escolas e os blocos afro
e bandas do carnaval baiano. Em especial, o Chiclete com Banana, o
Luiz Caldas, a Banda Mel e o Olodum, esse uma explosão musical do inicio até o
final da década de 1990, e um grande estimulo por causa da base de
percussão melódica e ritmica sustentada fortemente no uso de tambores.
“Eram tempos
de uma cultura afro baiana muito forte. Com Olodum, Timbalada
entre outros grupos de lá, detonando nas rádios. São muitas as músicas que
cantavam e que me marcaram. De tantas, destaco Requebra, Berimbau e
Rosa. Depois de pouco anos, quando já tocava na banda afro
de instrumentos oficial apoiada pela AMABA, cheguei a dar autógrafos para um bocado de
gente. Isso aconteceu após uma apresentação da Banda Meninos do B.A, encerrando
uma programação cujo destaque foi um show da banda Timbalada,
apresentado antes de nós. Foi no Parque da Sementeira em
Aracaju. Fazia parte de uma programação do dia das crianças organizada pela
Prefeitura de Aracaju.”
Ildevan
Birro – Primeiro cantor da banda Meninos do B.A
A criação autoral da Banda Meninos do B.A.
"A maioria das músicas que a banda cantava/tocava eram as conhecidas que tocavam no rádio. Mas Ito Evangelista, o maestro mirim fundador, também compôs algumas canções. Ele chegou a compor cerca de cinco que fizeram parte do repertório A mais conhecida recebeu o nome de Madagascar . “Mas qual é a dessa banda. Essa banda é pra gente tocar...”. "
Entretanto, como Ito Evangelista, pouco anos após o fim da banda que ocorreu em 2003, passou a apresentar problemas mentais, as letras e as melodias dessas canções se perderam no tempo.
A letra de uma canção composta por ou outro componente da Banda, será possível publicar por termos tido acesso a um folheto de divulgação da Banda Meninos do B.A.
A presença das canções das bandas e blocos afro-baiano no grupo de dança Reculturarte.
A criação autoral da Banda Meninos do B.A.
"A maioria das músicas que a banda cantava/tocava eram as conhecidas que tocavam no rádio. Mas Ito Evangelista, o maestro mirim fundador, também compôs algumas canções. Ele chegou a compor cerca de cinco que fizeram parte do repertório A mais conhecida recebeu o nome de Madagascar . “Mas qual é a dessa banda. Essa banda é pra gente tocar...”. "
Entretanto, como Ito Evangelista, pouco anos após o fim da banda que ocorreu em 2003, passou a apresentar problemas mentais, as letras e as melodias dessas canções se perderam no tempo.
A letra de uma canção composta por ou outro componente da Banda, será possível publicar por termos tido acesso a um folheto de divulgação da Banda Meninos do B.A.
VEM MORENA COMIGO DANÇAR
Compositor – Junior Baiano
Eu quero que você venha comigo amor
Sentir o novo toque dessa Banda
Seus olhos claramente vão brilhar
Meninos do B.A uma nova esperança
Vem morena comigo dançar
Vem morena que eu quero aprender
No seu corpo se deliciar morena só de prazer
Lê, Lê, Lê amor. Lê,
lê, lê amar (BIS)
Eu quero que você venha comigo amor sentir o novo
O toque dessa Banda,
seus olhos claramente vão brilhar
Meninos do B.A. uma nova esperança
Vem morena comigo dançar.
Vem morena que eu
quero aprender
No seu corpo se deliciar morena, só de prazer
Vem sentir a pureza do mar
Vem curtir o coral com amor
A presença das canções das bandas e blocos afro-baiano no grupo de dança Reculturarte.
Essa presença forte da cultura afro baiana no coração e nas
mentes das meninas do grupo de dança Reculturarte, é contada assim por Jussara
Rosa, que encontrou uma forte identificação com as canções e o modo critico de
ser de quem curtia aquele som.
“Elas
disseram que gostavam de Olodum protesto, da dança afro do Olodum, demonstravam
uma postura de militantes com um discurso afiado. Diferente de mim, eu não era
militante de nada, era uma aluna do curso de geografia na UFS e me limitava a
isso, a estudar.”
"
Jussara Rosa, educadora de dança moderna. 1992 e 1993.
"
"Lembro de um aquecimento que fiz com músicas do Olodum, porque as meninas
gostavam muito da banda. Aprendi a
gostar do Olodum com elas e trouxe para o conhecimento do grupo o som do Ile
Ayê. Buscava desse maneira trabalhar o empoderamento, a
afirmação da beleza negra. Auto estima como mola mestra para o aprendizado.
Como vocês são lindas, com essas bochechas, esses cabelos, esses lábios.
Se amem! Se gostem!
Jussara Rosa, educadora de dança moderna. 1992 e 1993.
Apresentação da Banda Afro Meninos do B.A no Parque da Sementeira em Aracaju - 1994
OS RETIROS/ACAMPAMENTOS DE CARNAVAL DO PROJETO RECULTURARTE.
Por outro, lado, a banda Meninos do B.A, não se apresentava no carnaval, uma parte dos integrantes se encontravam no retiro/acampamento de carnaval, pois o Reculturarte teve um propósito mais amplo e plural. Além da banda afro Meninos do B.A ser formada por garotos adolescentes ou pré adolescentes, Aracaju já tinha tido tradição mais forte em matéria de carnaval, porém na década de 1990, quem dominava a cena era o PRECAJU, a prévia antecipada do carnaval baiano, que tomava as ruas de nossa cidade cerca de quinze dias antes da data do carnaval oficial, esvaziando a cidade de foliões nos dias do reinado de Momo.
Conforme
recorda Crécia Maria, que foi educadora mirim da banda, além de integrante do corpo
de dança: “ Os retiros se pareciam mais com um acampamento de
férias do que com um retiro religioso. Era todo planejado antecipadamente pelos
educadores. Acontecia cerca de três vezes por ano, em feriados
prolongados, principalmente no período do carnaval e da semana santa, duravam
de três a quatro dias."
Foto tirada em Salvador (BA), em um dos lados do paredão do Farol da Barra. - Da esquerda para a direita: Zezito, Nilson, Everaldo (Vevé) e Crécia. - 17.03.1996
Foto tirada em Salvador (BA), em um dos lados do paredão do Farol da Barra. - Da esquerda para a direita: Zezito, Nilson, Everaldo (Vevé) e Crécia. - 17.03.1996
Importante repassar estes "pedaços" ou "recortes" do livro. Contamos com vocês, leitores do blog, pois pretendemos buscar apoio de pessoas amigas e/ou interessadas e comprometidas com o fortalecimento das iniciativas culturais de base comunitária, por meio do financiamento colaborativo ou crowdfunding. Daí, fazemos juntos uma espécie de pré campanha. Mesmo que busquemos o apoio de patrocínio na prefeitura e no estado, não podemos ficar dependente dessa segunda opção. Estaremos publicando mais recortes do livro, quinzenalmente, e depois mensalmente.
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